Aceitando Ajuda de Estranhos escrita por Beel-chan


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Essa foi a minha primeira fanfic, então não soube ao certo como descrever certas partes... Por favor comentem, e me digam o que posso melhorar, e assim darei meu o meu melhor para acertar na próxima ^^



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"Hoje é realmente meu dia de azar! Pegar engarrafamento logo na hora da apresentação com a Yutaka & Cia... Se ao menos não estivesse chovendo, podia ir a pé. Mas deste jeito, certamente iria estragar a maquete e as folhas iriam ficar manchadas. Além de que não iriam permitir que eu entrasse na empresa todo encharcado. Eu podia ter acordado mais cedo... Mas qual a necessidade de engarrafar justo hoje? Não podia ser amanhã? Depois de amanhã? Ou talvez esse idiota daí da frente podia ter deixado para ser atropelado em um momento melhor. Porque justo no dia mais importante da minha carreira?"

De repente meus pensamentos foram interrompidos por uma ligação. Só podia ser Akihiko, meu chefe. Trêmulo, peguei o telefone de uma vez, numa tentativa falha de me acalmar. Certamente eu ouviria um sermão, ou algo como "se você não chegar aqui em cinco minutos, está demitido!". Suspirei, e atendi. ,

-Alô.

-Cadê você? - Surpreso, notei que essa não era a voz de meu chefe.

-Quem é você?

-O cara que está tentando acalmar Akihiko enquanto você fica demorando aí.

-Desculpe se estou preso num engarrafamento!

-Isso não importa. Falta muito para chegar?

-Faltaria apenas 10 minutos se não fosse o transito.

-Então venha á pé!

-Por acaso já notou que está chovendo?

- Ficamos em silêncio por um tempo, como se ele tivesse ido conferir se realmente estava chovendo. Ele era idiota ou o que?

-Uh. Você não tem guarda-chuva?

-E você acha que se eu tivesse eu ainda estaria aqui?

-Se acalme, droga! Não faço isso por obrigação, não! É apenas boa vontade. Deveria era estar agradecido por eu estar te ajudando.

-Desculpa. Apenas estou um pouco nervoso. E quem é você afinal de contas?

-Onde você está? - Me ignorou completamente... Ele por acaso quer me irritar?

- Em Shinjuku.

-Ótimo, nem está tão distante assim. Vou aí te buscar.

-Não pr... - E desligou. "Ótimo. Agora um desconhecido que desligou na minha cara vai vir me buscar. Ele é realmente idiota. Nem sabe como meu carro é! Ou como eu sou. Será que levou o telefone? Apesar de não estar muito tarde, essa parte de Tóquio á noite podia ser bem perigosa... Argh, não preciso me preocupar com uma pessoa dessas!

Apesar das intenções serem aparentemente boas, tudo o que deve querer é impressionar meu chefe... Se ele se importasse realmente comigo teria ao menos dito seu nome!" E meus pensamentos foram novamente interrompidos pelo mesmo idiota. Como esperava, o telefone tocou novamente. Porém, para minha surpresa, não era o mesmo de antes que falava.

-Que foi?

-Noriko?

-Chefe?!

-Ah, que bom que atendeu. Onde você está? Sabe, não podemos deixar mais o chefe da Yutaka & Cia esperando. 

-Sim, desculpe. Irei o mais rápido que puder. - Ele estava estranhamente calmo. Será mesmo que aquele cara o havia acalmado?

-Tá. Irei pedir para ele esperar um pouco mais. - De repente recebi outra ligação. Era o cara de antes.

-Vou desligar, estou recebendo uma ligação. - Desliguei e aceitei a nova chamada.

- Alô.

-Ééé... Como é mesmo o seu carro?

-Se você fosse mais inteligente e não tivesse desligado na minha cara, não teria corrido até aqui á toa. Não precisava ter vindo.

-Claro. Para você ser despedido?

-Akihiko estava bem calmo para mim.

-Sim. Porque alguém o acalmou.

-Meu carro é um Murano preto. - Desliguei, e olhei para a rua, procurando por alguém que pudesse ser ele. O encontrei facilmente. Ele tinha olhos castanho-escuro e cabelo curto no mesmo tom dos olhos. Estava com um guarda-chuva azul-marinho, e olhava para todos os carros, á procura do meu. Até o chamaria, se a situação não fosse tão divertida.

Porém ele me encontrou bem mais rápido do que imaginava, e veio sorrindo feito um idiota. Qual a graça de me ajudar? Logo começou a bater no vidro incessantemente, até eu o abaixar um pouco, forçar um sorriso e pedir para ele aguardar. O entreguei a maquete e as folhas, e fiz menção de ir atrás na chuva, porém ele negou.

-Você realmente acha que se você estiver ensopado irão deixá-lo sequer entrar?

-Desse jeito você irá se molhar.

-Tudo bem, o importante é a sua apresentação, certo? - disse entregando me a maquete e os papéis. Os peguei, e aceitei o guarda-chuva.

-Ah, eu ainda nem sei o seu nome. Eu me chamo Noriko.

-Meu nome é Miyako. - Caminhamos em silêncio, até chegarmos na portaria. Ele estava realmente molhado, e chegou até a espirrar, porém eu não podia perder tempo: devia ir até a reunião o mais rápido o possível. Cheguei na sala, e percebi que na reunião haviam mais pessoas do que esperava. Além do meu chefe havia mais 5 pessoas. Dois em pé, totalmente de preto, muito provavelmente os seguranças do dono da Yutaka e Cia. O próprio dono, a mulher dele que administrava os negócios enquanto ele viajava, e mais o conselheiro dele, que sempre o dizia se aquele era um bom negócio ou não. Encarei a todos sorrindo, e andei até a mesa que ficava na frente do quadro, num lugar que podia ser visto por todos.

Acabei saindo apenas 22:00. No fim consegui me apresentar bem, apenas tive que esconder a maquete, que acabou desmoronando, provavelmente na hora em que a deixei nas mãos de Miyako, e ele em seguida me devolveu de volta. A Yutaka & Cia aceitou o projeto, e acabamos fechando um acordo de  ¥ 250.000.000.

Quanto ao meu carro, eu já tinha certeza de que o haviam roubado, ou no mínimo quebrado todas as janelas, e roubado tudo o que tinha de mais caro por ali. Apesar de só ter me dado conta de que isso podia acontecer depois da apresentação, não era bobo de acreditar que alguém recusaria roubar um carro novinho que nem aquele.

De fato, ao chegar no local onde meu carro deveria estar, só havia um vazio, indício de que a primeira suposição era a correta. Apalpei meu bolso, na esperança de que ao menos meu celular estivesse salvo. O encontrei no meu bolso esquerdo, desligado. Ótimo. Eu tinha um celular, mas ele estava totalmente sem bateria. E meu dinheiro também estava no carro. Não tinha como ir para casa, e se tivesse, não poderia abrir a porta, pois minhas chaves ficavam no porta-malas. Andei até o trabalho, pensando em pedir o telefone emprestado para a secretária, porém esbarrei em uma pessoa. Era Miyako.

-Que foi?

-Nada. - Ele cutucou minha testa, e só então notei como nossa diferença de altura era grande. De fato, eu não sou lá muito alto, pois tinha apenas 1,70. Porém ele era bem maior que eu, e parecia beirar uns 1,89, o que só serviu para me irritar mais ainda.

-Aconteceu alguma coisa sim. Porque não vai para casa? - Disse ainda me cutucando. Prefiro morrer na rua do que pedir ajuda á esse cara irritante!

-Porque não tô a fim.

-Sei... Roubaram seu carro e você não tem dinheiro? - o encarei perplexo

- Imaginei.

-Se imaginou isso, então porque não me contou?!

-Porque assim fica mais divertido.

-Idiota! Aquilo foi caro, sabia? Você dev...

-Assim como foi divertido me deixar na chuva procurando por você, estou certo? - Não era comum as pessoas me surpreenderem, porém ele tirava isso de letra. Desta vez não tive coragem de encará-lo, apenas abaixei o rosto. Tá, eu não tinha direito de reclamar. - Sabe, o vidro do seu carro não é tão escuro quanto você pensa.

-Desculpe.

-Que?

-Não pense que vou repetir. - Ele sorriu. -Você quer ajuda?

-Não.

-Mas vou te ajudar mesmo assim.

- Ele me colocou sobre o ombro, e começou a andar. Imediatamente comecei a me debater.

-O que pensa que está fazendo?! 

-Não é óbvio? Te ajudando.

-Não! Isso é sequestro!

-Pense como quiser. 

-Me solte!

-Vai se debater até quando?

-Até você me soltar.

-Então desista.

-Porque faz isso?

-Eu já disse. Porque é divertido.

Ele me levou até a garagem do trabalho, e parou em frente a um Doblô preto. Destravou as portas com um botão, e me colocou cuidadosamente no banco do passageiro, sentando depois no do motorista. Deu a volta com o carro, e foi para a rua. Passamos grande parte do tempo em silencio, até que ele decidiu começar.

-Onde você mora?

-Não vou te falar.

-Porque?

-Não é normal uma vítima contar suas informações pessoais ao sequestrador por conta própria, não acha?

-Está sugerindo que eu te machuque para descobrir? - O olhei, avaliando se ele realmente contava com essa hipótese.

- Sabe, você a qualquer momento pode pular do carro, se realmente quer tanto assim ir embora.

-Não com ele em movimento.

-Tudo bem. Não pergunto mais nada.

E realmente não perguntou. Relaxei, fechando os olhos inicialmente, e dormindo depois. Quando acordei, estava fora do carro sendo carregado por ele, porém de forma mais amistosa do que antes, como se eu fosse um bebê. Estávamos em um corredor desconhecido, e eu não tinha ideia das horas.

-Onde a gente tá?

-Minha casa.

-Porque?

-Porque você não quis me dizer onde morava. - O encarei.

Estava com tanto sono que não conseguia nem discutir direito. Fechei os olhos novamente, me aninhando em seus braços, vendo que ele olhava fixamente para mim. Dormi de novo.

Acordei deitado em uma cama que não era minha, em um quarto que não era meu, com um cara que não sabia quem era deitado no sofá próximo de mim. Um relógio indicava que eram 2:00 da manhã. Uh... Isso quer dizer que havia ficado ali esse tempo todo? E a minha apresentação? Lembro vagamente de algo. 

De repente todas as lembranças vieram de uma vez. A apresentação fora feita, meu carro roubado, fui sequestrado pelo idiota do Miyako, e... Espere. Este no sofá é Miyako! E porque ele está neste lugar desconhecido comigo? Não, ele havia me avisado algo sobre isso... Sim! Esta é a casa dele! Estou no apartamento dele. Uma ótima chance de encontrar defeitos para irritá-lo depois. Mas porque raios estou aqui ainda?! Agora que ele está dormindo, devo aproveitar a chance para fugir... Mesmo que vá para a rua, será melhor que ficar ali. Agora, onde será que ele guarda as chaves? Saí do cômodo o mais silenciosamente o possível, e comecei a procurar em outros lugares.

-Sabe, eu não sou o tipo de pessoa que larga a chave por aí.- Me virei assustado. Ele havia acordado. - É completamente imaginável que você tentaria fugir durante a noite.

-Ótimo. Agora que você acordou, venha abrir a porta para mim.

-Você tem certeza de que quer sair deste jeito? - Olhei para mim mesmo e percebi que estava sem o casaco e a camisa.

-Idiota! Onde colocou tudo?

-Está para secar. Sua roupa ficou ensopada depois que saiu na chuva sem mim.

-Então me devolva!

-Prefiro você dormindo. Acordado é muito barulhento.

-Ótimo, então me leve para casa que eu paro de te incomodar! 

-Não. Prefiro voltar a dormir.

-Pois saiba que não vou deixá-lo dormir! Vou ficar fazendo barulho, até você abrir essa porta! Nem precisa mais me levar para casa!

-Não sabia que você queria minha atenção tão desesperadamente assim.

-Que? - Ele caminhou até mim, e me encarou tão profundamente, que não consegui me mexer.

-Se é assim - ele envolveu minha cintura - então eu prometo te dar mais atenção.  E então ele me beijou. Inesperadamente, retribui. Não tentei me soltar, não tentei pará-lo. Percebi que na verdade ansiava por aquilo. Ansiava aquilo mais do que tudo, mais do que todos. Não, eu precisava daquilo. Naquele momento percebi também, que na verdade não o odiava. Era um sentimento igualmente forte, porém totalmente o contrário. Eu o amava. Nossas línguas se mexiam como em uma dança ensaiada, embora não houvesse planejado nada daquilo. Nossos corpos entrelaçados respondiam aos movimentos um do outro. Nosso sentimento era igualmente forte, apesar de ter sido recentemente descoberto. E então, quando o ar começou a faltar, nos soltamos. Ele me encarou, porém desviei o olhar, vermelho. Era como se todo o sangue do meu corpo houvesse congelado. Tudo o que podia fazer era me virar para não ser obrigado a encará-lo. O que dizer depois de descobrir este sentimento? O que fazer depois de um beijo desses? Não seria melhor nunca te-los descoberto? Não seria mais fácil continuar a viver deste modo?

-Que foi?

-Me leve para casa.

-Como?

-Não ouviu?! Me leve para casa! Não, deixe, eu vou sozinho. Não quero sua companhia. Apenas abra a porta para mim.

-Você é idiota por acaso? São quase 3:00 da manhã!

-Ótimo. Eu encontro a chave.

Procurei por ela, e logo notei que ele a segurava. Eu não conseguia mandar em meu próprio corpo. O correto era ir embora. Eu queria permanecer ali. Que instinto devo seguir? Comecei a chorar. Devo ficar ali? Devo viver este amor recém-descoberto? Ou devo agir que nem as normas, e rejeitá-lo, ignorando meus sentimentos? Como pode uma pessoa agir tão friamente, sem se importar com a outra? Se ele fez isso, é porque me ama, certo? Mas se me amasse, teria pensado em mim antes, não? As lágrimas rolavam sem poderem ser controladas. A algum tempo atrás estava tudo tão bem... Tão bom. Porque agora eu fazia isso? Eu chorava e fazia esta cena? O que importa é ser feliz? Ou agir como a sociedade queria?

Não havia percebido, porém estava de joelhos. E ele estava me abraçando carinhosamente. Não há dúvidas disso. Ele está aqui por mim. Ele não me ajudou antes para impressionar Akihiko. Fez isso por mim. E eu devia retribuí-lo. Mostrando meu amor neste momento, e não chorando.

-Tudo bem. Me desculpe. Eu não pensei em você.

-Não precisa se preocupar com isso.

- O encarei.

Ele não falava com sinceridade, isso estava estampado em seu rosto. Ele na verdade queria era que eu ficasse ali. Seus sentimentos eram iguais aos meus. Ele continuou falando, porém não prestei atenção. Que se dane que isso era errado. Se isto for um pecado, então pecaremos juntos. O surpreendi dando-lhe outro beijo. Este foi mais curto, porém mais proveitoso.

-Eu te amo. - Não pensei antes de dizer estas palavras. Apenas as soltei. Se era para vivermos deste jeito, então viveremos ao máximo.

-Eu também.


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