Olhava admiradamente para aquele céu estrelado. A terra em que estava era muito bonita, assim como outras pelas quais tinha passado, mas não me lembrava de como havia chegado nela. As lembranças da luta com Malefor estavam confusas, embora eu tenha certeza de que o derrotamos.

 Ouvi o barulho de passos por trás de mim. Nem precisei me virar para saber quem era a dona deles.

 -Olhando para o céu de novo, Spyro? – falou ela

 -Estava pensando... – respondi

 -Nos outros? – interrompeu ela – Fique tranquilo. Nós conseguimos. Todos estão em segurança, e graças a você.

 Senti-me lisonjeado, principalmente por ter sido um elogio feito por ela. Dentro desse tempo que ficamos acorrentados um ao outro, percebi que sentia mais do que sentimentos de parceria e amizade. Decidi parar de pensar nisso antes que se tornasse perceptível.

 -Sabe, acho que não me lembro de como viemos parar aqui... – retomei o diálogo

 -Do que você lembra? – perguntou

 -Lembro quando derrotamos Malefor. – parei um pouco, pensativo – Lembro quando Ignitus falou comigo e eu descobri o que fazer para restaurar o mundo. E só.

 -Você não se lembra de mais nada?

 Pude notar um tom de tristeza na voz dela. Virei o rosto na direção de Cynder, encarando-a. Seus olhos, de um tom tão belo de verde, me diziam que havia algo importante que eu deveria me lembrar.

 -Há algo que você precisa me dizer, Cynder? – indaguei

 Ela rapidamente desviou o rosto da direção do meu olhar, e direcionou para o céu, enquanto gaguejava.

 -Eu? C-claro q-que não... N-não, é... Mas é que é estranho você não se lembrar, só isso...

 Tenho certeza de que meu rosto estava demonstrando completa confusão naquele momento. Conhecendo ela, sabia que estava me escondendo algo.

 Talvez... Ela tivesse dito algo para mim, algo importante, e não tivesse coragem de repetir novamente!

 -Cynder... – comecei, sem jeito – Se você tem algo a me dizer... Pode falar, afinal... Estou do seu lado, ok?

 Ela voltou seu olhar para mim, e seus olhos reluziam, embora sua feição expressasse a dúvida de falar ou não.

 -Spyro, eu... – ela respirou fundo antes de continuar – Eu te amo.

 Minha primeira reação foi arregalar os olhos e recuar alguns centímetros, denotando minha surpresa. Cynder suspirou e abaixou a cabeça, pensando que isso fora uma rejeição. Então eu sorri e completei

 -Eu também.

 Instantaneamente levantou sua cabeça e olhou para mim. Havia um brilho tão belo e forte de felicidade no olhar dela que não pude evitar abrir mais o sorriso. Cynder se aproximou e passou sua cabeça por baixo da minha, em uma carícia amorosa. Pouco depois, subitamente se afastou e alçoou voo, me deixando com uma expressão surpresa.

 -Venha me pegar. – provocou ela, já há alguns metros de distância

 Dei um sorriso travesso, e logo abri minhas asas e me joguei aos céus, sentindo o vento bater em meu rosto. E não havia nada que eu pudesse desejar para me deixar mais feliz.