Destinos Partilhados escrita por shamps_e_washu


Capítulo 5
Passeios


Notas iniciais do capítulo

Contém spoilers do anime e do mangá, ao menos até o episódio 25.

IMPORTANTE: os capítulos que contém cenas lemon/hentai estarão devidamente sinalizados, para que os leitores que não curtem esse tipo de cena possam pula-lás.

Obrigada a todos que leram e comentaram!!Chegamos ao próximo capítulo!!Boa leitura!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/15608/chapter/5

Passeios

A perícia não demorou a acontecer, e o resultado foi incontestável: anorexia. A doença comum entre jovens modelos estava matando Misa-Misa aos poucos. Algo difícil de acreditar, considerando a energia e alegria que ela emanava o tempo todo. Mas era comum, segundo os médicos, que as pessoas ao redor só descobrissem o avanço da doença quando já fosse tarde demais. Ainda assim, o choque foi grande.

Para Raito, o choque não poderia ter sido maior.

- Minha Misa... como pude deixar isso acontecer a ela? Amou-me tanto, e eu nem pude perceber sua doença... isso é imperdoável...imperdoável.

-E eu estava tão PERTO!Maldição, Misa... não poderia esperar só mais um pouquinho para morrer??Inútil... inútil até o final!

Os detetives tentavam consolar o pobre e triste Yagami-kun após o velório, fosse partilhando da responsabilidade pela desatenção, fosse insistindo que não era culpa do garoto. Uma fatalidade, sim, era que todos estivessem ocupados demais para prestar atenção em Misa, e que ela tivesse escondido tão bem seus problemas... inclusive do próprio Raito.

- Sim...racionalmente eu entendo, mas..mas ainda assim dói perda tão repentina de alguém tão importante.

-Como Remu não percebeu isso?Não devia ter visto o tempo de vida dela? Que eu saiba ainda era consideravelmente alto. Mas o único jeito de encurtar a vida de alguém assim...

Um toque suave no ombro direito fez Raito interromper sua linha de raciocínio.

- Sinto muito, Raito-kun.

Virou-se e encarou Ryuuzaki com os olhos pesados. Era a primeira vez que ele se pronunciava a respeito do que acontecera.

-Sim, é verdade... teoricamente nos tornamos bons amigos nesse período, portanto é natural que ele tenha uma atitude que não seja parte de sua bem. Ao menos é bom saber que ele me tem nesse nível de aproximação.

- Obrigado, Ryuuzaki. - sorriu tristemente, deixando transparecer a dor nos olhos.

- Deixe que a peça continue, então.

Abraçou o amigo, demonstrando fragilidade e tendo um velado interesse nas reações dele.

- Isso é mesmo doloroso... você me entende, não é?Meu amigo.

- Não se preocupe, Raito.

Após um momento, L retribuiu o abraço, confidenciando algo em voz baixa.

- Eu não vou deixar você cair.

De repente, um aperto sincero invadiu o peito de Raito e ele se viu de novo pendurado na janela do 39º andar. Reviu todas as brigas com Ryuuzaki. O fatídico sonho. As conversas antes de dormir. Como o carregara até a enfermaria por causa dos pés rasgados dele, e como cuidara dele na recente indigestão que tivera. Relembrou o sentimento de querer ajudá-lo de verdade. Nenhum plano, nenhuma estratégia. Apenas por amizade, de uma forma que ele não se imaginava capaz de agir.

Não poderia simplesmente abdicar dessas lembranças e desse sentimento?

- O..obrigado, ê é...um bom..amigo...- o abraçou mais forte e lágrimas brotaram,e ele sabia que não eram por Misa. Deixou que corressem, pois eram convenientes, mas jamais admitiria que estivesse difícil segurá-las...

- Não há motivo para isso, L. Nada mudou. Nada. Não somos amigos. Seus dias estão contados. Logo vai terminar.

Quanto mais ele pensava, convencendo a si mesmo daquelas afirmações, mais chorava e apertava Ryuuzaki junto a si. Todos se condoeram, acreditando que ele sofria por conta da perda repentina de Misa.

Exceto L. Ele tinha certeza de que aquele choro sentido nada tinha a ver com Misa, e sim com o próprio Yagami.

- Mas o que você perdeu que o faz sofrer tanto, Raito-kun? Ou...o que você perderá?

Sem poder fazer mais nada, só continuou a abraçá-lo forte, como quando o puxara de uma queda mortal. Aquele dia voltou à sua mente com clareza.

L não tinha certeza do que aconteceria dali para frente, mas de uma coisa não tinha dúvidas: não importava quão fundo Raito caísse, ele sempre usaria todas as forças para puxá-lo de volta.

Ou morreria tentando.


Nos dias que se seguiram, Kira voltou a julgar com toda a força.

- De volta à velha forma, hein? KKKKKKKKK...

- Poupe-me de suas chacotas, ou pode esquecer as maçãs.

- Você voltou mais mal-humorado do que nunca. Vou dar um rolé.

O shinigami atravessou a janela, deixando Raito sozinho no quarto com seus pensamentos. O garoto suspirou, jogando-se na cadeira e repassando seus planos até o momento.

Não tivera escolha a não ser desenterrar o caderno por si mesmo, já que o que pertencera a ele originalmente estava em posse de L e não poderia reavê-lo. A perspectiva de que o detetive estivesse com um Death Note era preocupante, mas ao menos as regras falsas o protegeriam.

- Mas não posso me garantir nisso. Ao menos foi fácil alegar que eu precisava me afastar da investigação após o trauma da morte de Misa. Não poderia agir como Kira por lá, sob as fuças de Ryuuzaki.

Apoiou o queixo nas mãos, correndo desinteressadamente os olhos pela tela do PC. Era difícil voltar ao começo, quando já avançara tanto. Mas se reestruturava para a nova situação. Nesses dias, voltara à escola, até aceitara um encontro com uma garota simpática - Akiko?Ou Akane? - Ninguém condenaria um jovem de 17 anos por estar tentando superar a perda trágica da namorada.

Teria uma vida normal e saudável, impecável.

- OK. Sou apenas eu, mais uma vez. Talvez isso nunca devesse ter mudado. Apenas eu e L. - estreitou os olhos e os fixou, parecendo enxergar o rosto de Ryuuzaki através da tela.

- Então, é uma pena termos perdido a ajuda de Yagami-kun. Mas já faz alguns dias que Kira voltou a agir, e precisamos encontrar esse Death Note.

- Ahn, depois de tanta aventura para capturar Higuchi, agora tudo isso de novo... dados, informações, gráficos...E agora, nem mesmo a presença de Misa para alegrar o ambiente! - Matsuda lamentava, sintetizando a situação atual. A rotina de investigação voltara a ser tediosa e maciça.

- Matsuda!Pare de reclamar, nós avançamos muito no caso. Se você não pode enxergar o fim disso, eu posso!

- Desculpe chefe... eu vou me concentrar...

Matsuda voltou ao computador, completamente desmotivado. L apenas observava com o canto dos olhos, degustando de um pote de guloseimas.

-O fim disso...não. Ainda está longe de terminar. Preciso pensar em um jeito.

- Ryuuzaki, preciso falar com você – Soichiro aproximou- se, a expressão séria – Eu sei que estamos em um momento delicado, mas aconteceu um imprevisto sério.

- Pode falar, Sr. Yagami. – girou 180º a cadeira, ficando frente a frente com o chefe de polícia. Imaginou se algo acontecera a Raito.

- Ontem à noite, quando saí daqui, Sachiko me telefonou. Os pais dela, em Nagano, estão com problemas... para ser mais específico, meu sogro está hospitalizado, e provavelmente não sairá de lá com precisa ir até lá...

- Entendo, Sr. Yagami. Não deve deixar sua esposa sozinha nessas horas. Obviamente terá de ir. – engoliu mais alguns cubos de açúcar. – E vá sem receios.

- Sim. Raito ficará, pois ele já perdeu aulas demais e creio que mais um velório seria demais para ele... se precisar de alguma coisa, contate-o.

- Tudo bem. Agradeço sua colaboração. Imagino que Raito ficará bem sozinho.

- Ele ficará. – sorriu orgulhoso – É um garoto maduro e centrado.


PoRque EStá triS

te?

NãO está feIiz e

m Me VEr?

Eu sEnti sua Fa

LTa. Não tE

VE nem Um poucO de saUDAdes?


O
TÉDIO não

correu em tuas VEIas, enveNENAndo-o

lEnTaMeNtE?

A INDIGNAÇÃO não espalHOU-se em

teu coração, como um

CânCEr?


A
IMPOTÊNCIA não te

deprimiu?


Pois bEm, EU EStou de
volta para cuRAR os teus

MALES. Pois foi

para isso que nAsCI

de Ti.Essa é Minha

RAZÃO

de

viver.

VOcê me dEu vida.Por qUe Me

olha HoRRo

riZado assim?

Houve uma época em que tinha orgulho

de

NÓS. De nossa
juStIçA.

nós sOmos UMSÓ.

cOMIGo, VOcê É maIs DO qUE

yAgAMi raITO.

COMIGO, você é

o DeUs dO NoVo MunDo.

Então, aja como tal.


Raito abriu os olhos de súbito. Olhou o relógio, que marcava 3h da manhã. O silêncio imperava no quarto.

- Ryuuk ainda não voltou?Está ficando bem independente, esse shinigami... bem, tanto melhor.

Sentou-se na cama, passando os dedos pela os cabelos um pouco molhados de suor, indícios de que realmente estava tendo um sono intranqüilo.

-Ao menos, nada mais de sonhos estranhos...Nada como estar afastado de L. É aliviante.

Olhou na direção da gaveta, onde guardava o seu instrumento de justiça.Não precisaria escrever nomes ali por alguns dias, e Kira continuaria agindo.

-Mas é o suficiente?Ryuuzaki pode me parar a qualquer momento.

Levantou-se e acendeu a luminária, e só voltou para a cama após preencher mais uma folha inteira com nomes até o fim da semana.

-Não vou ser pego novamente. Não mesmo.

Ainda assim, não conseguia dormir. Revirou-se na cama por uma eternidade, até perceber que eram quase 5 da manhã. Inconscientemente, massageou o próprio pulso.

- Maldição. É como se ainda estivesse preso a mim!

Levantou-se indignado, e foi até o banheiro lavar o rosto. Olhou pela janela e decidiu dar uma volta, já que estava impossível dormir.

Vestiu o casaco e pôs-se a caminhar pelas ruas desertas, acalmado pela brisa fria da madrugada. Com a taxa de criminalidade baixíssima, não precisava se preocupar muito com a própria segurança.


-Você acha que Kira quer um mundo melhor para todos?

Perguntou isso de repente.

- Isso é mais uma tentativa de me incriminar, Ryuuzaki?

- Não, mas é o que o povo pensa. Você acha que é isso o que ele realmente quer, matando os criminosos?

Raito cruzou os braços, falando decididamente.

- Isso não passa de uma desculpa esfarrapada. Típico de um psicopata com idéias megalomaníacas.

- Mesmo sendo uma desculpa esfarrapada, acha que ele realmente acredita nisso?

- Talvez sim, talvez não. O que isso importa?

- Se for isso, tenho pena dele.

Isso era novidade.

- Pena??Que história é essa, Ryuuzaki?

- Mesmo que as taxas baixem, o número de criminosos não diminuirá. Bem, isso você já sabe. Estão apenas entocados, com medo. Cada vez que ele parar, eles voltarão com mais raiva.

- É, isso já se mostrou verdade. Certamente Kira já percebeu também. Talvez até esteja fazendo pausas de propósito, para pegar justamente esse perfil de criminosos.

Raito recostou-se na cadeira, pensando sinceramente no assunto.

- Se o objetivo de Kira é limpar o mundo do mal, ele vai acabar louco. Porque o mundo é grande demais para um único ser humano limpar. E não é possível limpar sangue com sangue. Não é verdade?

- É isso o que acha, sinceramente, Raito-kun?

- É, Ryuuzaki, é o que eu acho. Sinceramente. Clichê demais para você?

- Não. Achei interessante mencionar o fator 'louco’.

- Por quê?Não pensou nisso?O que pensou, então?

- Sozinho. Ele acabaria sozinho, ganhando ou perdendo.


- Por que me lembrei dessa conversa agora...? – sorriu irônico - Obviamente não ficarei louco, pois tenho força de vontade de sobra. E com o Death Note, sei que é possível, mesmo sendo um único ser humano. Sangue com sangue... o posso soar tão romântico assim?

Parou, observando o céu que já começava a clarear. O silêncio era quase palpável. Por algum motivo aquilo o incomodava e, aos poucos, o sorriso desmanchou-se.

- Sozinho, ganhando ou perdendo...?Parece-me um preço barato... afinal, todos estamos sozinhos...

Lembrou-se novamente de vários momentos em que ele e Ryuuzaki conversaram, e de como ele se sentia bem na companhia do mestiço esquisito. Não só pela inteligência, pelas conversas de alto nível, mas até mesmo pelo que não parecia tão bom à primeira vista. As brigas, as discussões. As mancadas. Como era bom estudar cada detalhe do estranho detetive, sabendo ser ele um cofre de sete chaves. Certamente a vida não era nada entediante ao seu lado.

-Como seria estar ao lado dele... de verdade?Mas que pergunta, eu sei como é isso. Já que até alguns dias atrás eu estava ao lado dele de verdade. E nós formamos um time incrível.

- Maldito Ryuuzaki.

Foi necessário acalmar a ânsia de matá-lo devido ao novo panorama que se formou com a morte de Amane. E com a cabeça fria, muitas coisas que ele não havia percebido ficaram claras.

- Preciso me livrar disso. Não é verdade?Com Misa foi tão fácil... não me deixarei levar por coisas tão banais, desnecessárias a um Deus.

Já tomava o caminho de volta para casa, quando avistou uma pracinha na próxima ir até lá e sentar-se um pouco, talvez esperar a padaria abrir para tomar um café.

- Uma quadra a mais não faz diferença...

Seguiu sem pressa rua abaixo, e quando a fraca iluminação da praça afastou as sombras dos bancos,definindo uma silhueta encurvada e esguia, Raito quase pensou estar vendo uma alucinação o fitando na penumbra, com seus grandes olhos negros e nada surpresos.

- Raito-kun.

Com as mãos fechadas dentro dos bolsos do casaco, encarou demoradamente aqueles olhos antes de responder.

- Ryuuzaki. - aproximou-se. – O que está fazendo aqui a essa hora?Esfriando a cabeça da investigação?

- Sim, é mais ou menos isso. Saí para andar um pouco sozinho. E você?

- Não consigo dormir.

- Não esperaria encontrá-lo aqui. - coçava os dedos dos pés um no outro, como costumava fazer.

- Eu menos ainda encontrar você.

- Deve ser o destino, então.

Raito sentiu um calor subir pelo rosto, esquentando suas faces geladas do vento. O que L queria, afinal?

- E você acredita nessas coisas?

- Acredito que tudo é possível. - L sorriu da sua maneira infantil, e pela primeira vez Raito notava o quanto a expressão pueril era bela - Quando vai voltar para o time?

- Não sei. Nem sei se volto. Isso já me cansou.

- Tem razão. Se algo o cansa...

L fez uma pausa antes de continuar, então olhou bem dentro nos olhos de Raito.

- É melhor parar antes que se desgaste inteiro.

Os dois sabiam muito bem a que essa frase se referia. Fosse aviso ou ameaça, Raito não se importou e sorriu mansamente.

- Por algumas coisas, vale a pena o desgaste.Não é isso que suas olheiras refletem?

- Não. Elas simplesmente refletem minha teimosia.

- Deve entender-me, então. Mais alguma lição de moral?

- Só estou preocupado com você. Com sua saúde.

Tentava ignorar ao máximo que as palavras de Ryuuzaki o tocavam no fundo do peito, como quando se remexe o carvão e encontra-se uma brasa escondida em meio às cinzas. Respirou fundo.

- Minha saúde... está ótima...diferente da só.Nem para colocar uma blusa nesse clima...não está com frio? - apontou as unhas arroxeadas dos pés e mãos dele.

- Não estava frio assim quando eu saí.

- Parece criança, mesmo... - tirou o casaco e o colocou nas costas de Ryuuzaki - Assim é melhor, não é?

- Obrigado. - abraçou-se ao casaco, pensativo.

- Eu deveria perguntar o que ele pretende com tudo isso. Mas não o farei. Deixarei que continue... e vamos ver onde paramos.

- Que tal tomar um chá lá em casa? - Raito perguntou isso de repente, e L diria que foi um movimento calculado.

Mas nem o próprio garoto sabia por que dissera aquilo. O fato é que Ryuuzaki estava com as unhas arroxeadas de frio. Sem casaco algum. Descalço. No meio de uma praça, sozinho. E alguma parte de Raito que se importava com tudo isso se manifestou, depois de um período de torpor.

- Por que não? -sorriu, se levantando - Você está sozinho?

- Sim, meus pais foram até Nagano, como você sabe, e Sayu está em uma excursão na escola.

- Então espero que minha companhia seja agradável.

- Não há uma corrente em meu pulso, isso já é deveras agradável. – sorriu sem perceber, sentindo-se leve.

Caminhar fizera bem ao seu espírito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Notas finais: ahhhhhhhhhhh eu estava esperando TANTO pra postar essa parte!!Agora as coisas vão engrenar entre esses dois, podem ter certeza!!O palco está armado...e o próximo capítulo é IMPERDÍVEL!!Tudo bem que isso é muita auto-promoção, mas esses dois são tão fofos!!Sobre a Misa, se algo ficou nebuloso, não se preocupem; tudo se esclarecerá a seu tempo...e infelizmente, a formatação da página estranha não ficou tão legal quanto no word...malditos formatos do FF.

No próximo capítulo: chuva, casa do Raito...e entre quatro paredes, todos os gatos são pardos.

Shamps e Washu