Há sempre 1 Sapato Velho pra Um Pé Torto escrita por mirco25


Capítulo 1
Há sempre um sapato velho para um pé torto


Notas iniciais do capítulo

Para fazer esta história, me baseei levemente em duas outras, a quem devo dar crédito: são Let Rain Pave the Way, da Pearlbutton http://www.fanfiction.net/s/5839405/1/Let_Rain_Pave_the_Way e Six Times and Counting http://certainti.livejournal.com/9327.html . Os dois autores são muito bons, vale a pena dar uma olhada nas fics deles.



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Com passos fortes e nervosos, Sam caminhava pela rua em direção ao Edifício Bushwell. Bastante diferente do seu estilo usual, ela trajava um vestido sem mangas vermelho, com um cinto branco. Para completar, uma bolsa branca, além de desconfortáveis sapatos de salto vermelhos, que, aliás, em vez de estarem em seus pés, estavam em suas mãos, pois seus pés já estavam doendo de andar com aquelas coisas. Como é possível que as mulheres gostassem tanto desses instrumentos de tortura?

A cara da garota era de poucos amigos. Seu semblante estava fechado.

Chegou ao Edifício e, na recepção, o repugnante Lewbert já ia protestar. Contudo, antes que pudesse sequer esboçar uma reclamação, congelou, pois Sam virou bruscamente o rosto em sua direção, cabelos loiros ondulados esvoaçando, e o encarou com um olhar tão aterrador que provavelmente faria até mesmo Chuck Norris olhar em outra direção.

“Boa noite, senhorita.” murmurou, enquanto baixava a cabeça.

Ela pressionou o botão para chamar o elevador, quase afundando-o no painel.

Ao chegar no oitavo andar, rumou direto à casa da melhor amiga. A porta estava trancada. Já ia arrombá-la, quando se lembrou que ela e o irmão passariam o fim de semana fora para uma exposição de artes à qual Spencer fora convidado para expor suas peças. Encostou a testa na porta e bufou. E agora?

Olhou para o apartamento em frente ao dos Shay. Pensou por alguns segundos, e rumou em direção ao elevador. No meio do caminho, porém, parou novamente, refletiu bem, deu meia volta, parando em frente ao apartamento 8-D. Bateu à porta.

Freddie atendeu. Estava com uma camiseta surrada da franquia 'Galaxy Wars' e uma bermuda preta.  Seu cabelo estava bagunçado.

“Sam? Você não ia sair hoje com o Preston?”

“Posso entrar, bobão?”

“Hã, claro...” ele deu passagem para a loira entrar.

Ela atirou os sapatos e a bolsa no chão, sentou-se no sofá da sala e cruzou os braços.

“Cadê a Louca?”

“Foi visitar uma prima em Nova Iorque, deve voltar só domingo.”

“Ah. Tem alguma coisa pra eu comer aí, tipo, presunto ou bacon?”

“Bem, posso te fazer um sanduíche de presunto...”

“Beleza.”

O garoto rapidamente preparou um sanduíche de presunto extra-grande para a amiga. Colocou-o em um prato, pegou uma garrafa de soda e serviu a refeição a Sam, que devorou tudo em menos de 3 minutos.

Freddie percebeu que a amiga estava de mau humor, e até estava com vontade de perguntar o que ocorrera, mas amava demais a vida para arriscar. Sentou-se ao seu lado no sofá e assistiu TV, sem, no entanto, prestar atenção no que passava.

Após 20 minutos meio constrangedores, finalmente a loira falou:

“Meu encontro foi uma merda.”

“O que aconteceu?'

“Vocês homens são todos babacas, isso é o que aconteceu.”

“Desculpa discordar, mas nem todos são assim.”

Sam voltou a olhar para a TV e permaneceu muda por mais 10 minutos. Nunca se abrira para o nerd, mas... o que de mal poderia acontecer? Além do mais, precisava desesperadamente desabafar.

“Que se dane”, pensou.

“Sabe, aquele Preston parecia ser gente boa...” Freddie permaneceu mudo, apenas acenando com a cabeça.

“Me levou numa danceteria da hora, a gente conversou sobre coisas que eu gosto. Por um momento, até pensei que finalmente tivesse achado um cara pra mim.”

“Nos beijamos na danceteria e eu até estava gostando... até que, no carro, ele começou com um monte de mãos em cima de mim.” Freddie fez uma cara de espantado, jamais Sam se abrira assim com ele.

“Falei que não queria, mas ele não desistiu, o filho da puta queria me arrastar pra um canto aí...”

“E aí?” Freddie perguntou, preocupado com o que tinha acontecido.

“Digamos que talvez ele tenha que fazer uma cirurgia plástica no nariz...”

“Mas que pilantra... foi bem feito.”

“Fiquei meio bolada com o que ele falou... que eu era uma sapata, por andar colada à Carly, e que nunca iria arrumar ninguém na vida que gostasse de mim. Eu só sei que peguei minhas coisas e saí de perto.”

Freddie não sabia exatamente o que falar, e mais alguns minutos incômodos se passaram até que ele se levantou e estendeu a mão à loira:

“Quer ir comigo pra um lugar aonde vou quando quero me sentir melhor?”

Surpreendentemente, ela pegou a mão do rapaz e se levantou.

Foram ao terraço do prédio. Estava uma bela noite estrelada e a lua estava linda, era possível ver os detalhes de sua superfície.

“Sabe, a cada fora que eu levava da Carly eu me perguntava se algum dia eu conseguiria alguma coisa com ela ou mesmo se eu acharia alguém pra ficar comigo algum dia.”

“Você conseguiu ficar com a Carly.”

“É. Não foi o que pensei que seria.” Sam franziu a testa, isso era novidade para ela.

“Sério mesmo? Tá dizendo que você não gosta mais dela?”

“Gosto. Como amiga.”

“Ah...”

Freddie se apoiou no muro do prédio, observando as luzes na cidade.

“O fato é que, por mais clichê que pareça, ainda acredito que sempre há um sapato velho para um pé torto. Basta procurar por aí.”

“Mesmo um sapato que dá bolha no pé como eu?” Sam sorriu para o garoto.

“Claro, é só te lacear!” disse, rindo muito.

“Babaca!” ela disse com um sorriso simpático, dando um soco leve no braço de Freddie.

Após alguns momentos contemplando a cidade, Sam diz:

“Você acha que fiz mal não deixando ele ir adiante?”

“Não fez não. Se você não queria, ele não tinha direito de exigir nada.”

“Valeu nerd.”

“De nada, demônio loiro. Abraço?” Freddie fez a pergunta já esperando alguma agressão física e/ou verbal da amiga.

No entanto, diferente do que ele esperava, a loirinha abriu os braços e lhe deu um apertado abraço.

Sam fechou os olhos e inspirou fundo. Nunca tinha reparado como o cheiro de Freddie era bom. Por sua vez, Freddie também não tinha reparado no agradável cheiro de frutas do cabelo da loira.

Os dois se separaram, sem, contudo, perderem o contato, pois Freddie permanecia com as mãos nos ombros dela e Sam com suas mãos na cintura do garoto.

Olhavam fixamente nos olhos um do outro, e, instintivamente, ambos se aproximaram lentamente, até seus lábios se tocarem.

O beijo, em princípio tenro, foi se intensificando conforme um deles ousou usar a língua, o que prontamente foi respondido pelo outro. Os dedos de Sam, entrelaçados nos cabelos castanhos dele, acariciavam sua nuca. Freddie, por sua vez, movimentava as mãos para cima e para baixo nas costas dela.

Quando finalmente quebraram o beijo, Sam olhou de forma terna para Freddie e disse:

"Bem melhor que o nosso primeiro beijo."

"Sou obrigado a concordar. Acho que tanto eu quanto você aprendemos algumas cositas neste meio tempo."

Beijaram-se novamente, com igual fervor. Vários minutos depois, separaram-se novamente, e Freddie andou alguns passos até a beira do prédio.

"AÊ SEATTLE, É SEDDIE FOR THE WIN!!!"

"Você ficou doido, cara?!!"

"Sinceramente, Sam, estou tão insanamente feliz neste momento que tô cagando e andando pro que os outros pensam."

Beijaram-se pela terceira vez na noite e nesse ritmo continuaram por um par de horas, até Freddie perceber que Sam começara a sentir frio.

"Vamos lá pra casa."

Chegando lá, Freddie perguntou:

"Está tarde, eu te levo pra casa."

"Hã... será que eu poderia passar a noite aqui? Não é muito seguro você ficar dirigindo pelas minhas paradas..."

"Claro, sem problema. Quer tomar um banho? Te empresto umas roupas pra você dormir."

"Tá bom, nerd."

Ele entrou no quarto, pegou uma camiseta e um short e entregou as roupas dobradas à loira.

Ela foi ao banheiro, despiu-se, ligou a ducha, ajustando a temperatura, e entrou debaixo dele. Foi provavelmente o melhor banho de sua vida.

Sam se enxugou e fitou o espelho embaçado à sua frente. Passou a mão por ele e vislumbrou seus belos olhos azuis. Ela estava com um sorriso bobo na boca. Pensou consigo mesma: "Essa sou eu mesmo?"

Vestiu as roupas que Freddie lhe deu e saiu. Reparou que o sofá tinha um travesseiro e uma coberta. Provavelmente ela dormiria ali.

"Olha, eu te falaria pra dormir no quarto da minha mãe, mas não sei por que ela tranca aquilo quando sai... vai ver, tem alguma coisa ali que ela não quer que eu veja. Vamos fazer o seguinte, eu durmo aqui no sofá e você na minha cama, OK?"

"Não é muito justo, eu fico aqui."

"Não, eu insisto. Por favor, vou ficar chateado se você dormir no sofá."

"Tá bem..."

Sam se deitou na cama de Freddie e reparou no quarto, com vários bonequinhos de ação, naves espaciais, sabres de luz... "Esse Freddie é muito nerd mesmo..."

Cobriu-se e, ao encostar a cabeça no travesseiro, deu outra inspirada profunda, deliciando-se com o cheiro do garoto que impregnava a roupa de cama. O doce sono não tardou a aparecer.

De manhã, acordou com o delicioso aroma familiar de bacon frito. Levantou-se e viu que Freddie já estava de pé, preparando o desjejum.

"Bom dia, princesa. Teve uma boa noite de sono?"

"Tô com fome."

"Peraí que já tá saindo, esfomeada!"

Foi um café da manhã decente. O nerd sabia cozinhar, afinal de contas.

Ela pôs o vestido novamente e aceitou a carona que Freddie lhe oferecera para casa. Chegando lá, despediram-se:

"Te vejo hoje à noite, loira?"

"Beleza, vem me buscar aqui, bobão?"

"Claro..."

Deram um selinho de despedida.

Já dentro de casa, ela afasta a cortina da janela e olha Freddie partindo. Com um amplo sorriso na boca, ela pensa consigo:

"Será que achei o meu pé torto?"


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!