Eu sou uma contradição e foge da minha mão
Fazer com que tudo que eu digo faça algum sentido. (Pitty, Memórias)

— Você vai fazer algo amanhã?

— Eu ainda não pensei sobre isso. – O Michel disse estacionando a carro de frente para minha casa. – Seus pais estão em casa? – Perguntou olhando através da janela.

— Acho que ainda não. –Respondi dando de ombros. Apesar de ter absoluta certeza que não.

– Então a gente pode conversar. – ele disse de repente ficando sério.

Uglh. Seja o que for não era minha culpa.

— Eu preciso me preocupar. – claro que eu tinha que perguntar.

— Isso vai depender o tanto que você gosta de mim. — ele disse sorrindo.

Humm... Ta legal eu não tinha entendido o que ele queria dizer com aquela frase. Mas algo dentro de mim me mandava fugir... Droga porque mesmo eu nunca o ouço.

— Legal agora eu estou preocupada. – Eu disse me remexendo no banco.

Suspirei fundo três vezes então me virei para ele. – Pode soltar a bomba. – pedi.

Mas ao invés de me dizer qualquer coisa ele apenas sorriu.

—La dentro. — ele disse fazendo um sinal com a cabeça em direção a minha casa.

— Ok, você esta querendo que eu sofra um mini ataque do coração é isso. — eu reclamei saindo do carro.

Que merda ele queria dizer que era tão importante assim. Eu imaginei mil coisas mais não cheguei à conclusão nenhuma. Então eu repassei mentalmente nossa ultimas vinte quatro horas, acho que não havia muita coisa com que se preocupar.

— Pronto. – eu disse assim que abri a porta.

— Você sabia que fica linda quando esta curiosa?— ele perguntou entrando e sentando no sofá.

— E só se for porque a bela adormecida acordou dentro de mim de tanta curiosidade. —Reclamei impaciente.

— Vem cá. — ele disse me puxando pela mão e me fazendo sentar no seu colo.

Cara parecia que ele estava contando a historia do gato que caiu do telhado falava e falava e não dizia nada

— Tudo bem se você matou alguém, eu não quero saber, eu não quero ser sua comparsa. – Eu disse mordendo meus lábios, se o que estava acontecendo com o Michel, até parecia que ele tinha dificuldade de para falar, mas as coisas finalmente estavam andando para nós. Eu não conseguia acreditar que ele ia jogar merda no ventilador justo agora.

-Ta ficando nervosa ratinha. – Ele perguntou me provocando.

-Você me deixa nervosa. – Eu disse sem pensar. Agora ele ia ficar se achando.

- Serio? –ele sorriu, era aquele sorriso que eu amava tanto,aquele sorriso idiota, aquele mesmo sorriso que me tirava do serio.

Eu sabia, agora ele estava se sentindo o ultima coca do planeta. Mas ele não me deu tempo para com uma, ou duas palavras. Ele havia tomado minha boca com um desejo enlouquecedor.

Não era um simples beijo, era um beijo apaixonado e quente. Um beijo de quero mais. Um beijo, apenas um beijo, que podia fazer acontecer tudo.

Ele puxou o meu corpo em para cima do dele, fazendo com que nós dois caiássemos em cima do sofá.

Sua mão percorreu a textura nua da minha perna. Estremeci ao toque e arrepiei por completo. Nossas respirações foram ficando ofegante de repente, enquanto as caricias tomavam um rumo quente, muito quente.

-Você é perfeita. –ele disse antes de seus lábios ocuparem minha nuca, meu colo, o lóbulo da minha orelha e toda a extremidade do meu corpo. Eu fechei  os olhos sabendo que estava perdendo o controle da situação.E eu sabia que se não parasse agora seria muito tarde depois.

Eu não tinha muita certeza sobre o que eu queria, era obvio que eu sabia que o Michel era o cara perfeito para mim. Mas eu não queria que minha primeira vez fosse ali na sala da minha casa, sabendo que meus pais podia chegar a qualquer momento.

Quem sabe realmente eu era lesada e tinha perdido meu cérebro quando criança porque não conseguia ser como as outras garotas.

—Michel. - Eu sussurrei quando suas mãos alcançaram o zíper do meu short. Ele me ignorou por um momento prosseguindo.

—Para Michel. – Eu disse empurrando ele para longe de mim.

Ele se afastou quase instantaneamente de mim. Com os olhos fechados ele deu um suspiro de irritação.

—Porque não Iza? – Ele perguntou ainda sem abrir os olhos, seu tom de voz um décimo acima do normal.

Eu fitei o teto também, essa era uma pergunta difícil de responder. O fato era que minha mente borbulhava de duvidas. Eu tinha o estranho dom de estragar tudo mesmo.

– Você diz que gosta de mim... – Ele prosseguiu quando percebeu que eu não iria responder.

— E eu gosto.

— Então você duvida do que eu sinto por você? – Ele perguntou se apoiando no braço para poder ver meu rosto.

—Michel. — como eu ia explicar uma coisa que eu não tinha idéia. Será que ele não podia entender.

—Eu só estou tentando entender o por quê. – Ele insistiu. –Afinal

somos namorados.

—Porque eu acho que ainda não é a hora. – eu disse alterando um pouco a voz, incomodada com a insistência dele.

— Você esta falando que não confia em mim o suficiente. —Ele deitou novamente a cabeça no sofá, impedindo que eu visse seu rosto.

—eu estou falando que ainda é se cedo para avançar a esse passo. — eu tentei soar calma. — Você esta apressando as coisas.

—Eu sou homem, pra mim as coisas são diferentes. — Ele parecia bastante irritado.

— e eu sou mulher pra mim as coisas também são diferentes. — eu quase gritei na cara dele.

Nos olhamos por um instante em silencio, então ele se levantou, e ajeitou o cabelo. Seu celular começou a tocar.

—Aonde você vai? —Perguntei por um impulso.

-Tomar um banho gelado. –Ele disse ironicamente. Meu queixo caiu.

Será que era tão difícil de entender? Ou eu é que tinha sérios problemas.

-Michel eu... - Ele fez um sinal com a mão me interrompendo e atendendo o celular.

—Oi.

—eu não vou prometer nada. –Então ele deu uma longa pausa no que a outra pessoa falou sem parar.

—Ta ta eu vou. – ele disse parecendo meio irritado então desligou.

Eu esperei ele dizer alguma coisa, mas ele parecia que estava esperando o mesmo de mim.

—Eu não estou querendo agir por impulso. — Eu disse sem saber se aquela era a verdade.

—Eu não estou querendo te pressionar, desculpa sério... —Seu pedido de desculpa não pareceu sincero e eu não sabia se me surpreendia com isso ou não. —Eu tenho que ir. — Ele disse de repente caminhando para porta.

Eu o segui esperando que a qualquer momento aquele clima tenso sumisse.

—Bons sonhos Ratinha. — ele disse dando um beijo que mal tocaram nossos lábios e então se virou e foi embora.

Eu tentei pensar no que estava acontecendo entre nós. Quer dizer o que não estava rolando ou sei lá.

O fato era que independentemente de gostar dele, quando é que a gente sabia que era o momento certo. Tipo acho que não tinha nem um botão para isso. E claro que esse não era um assunto que eu conversava com a minha mãe principalmente agora que eu tinha um namorado.

Oh quem poderia me ajudar.

Ah o chapolin colorando nunca aparece mesmo, não que eu ia perguntar isso a ele. Eu ia ter que dar o meu jeito sozinha.

Eu peguei meu telefone e liguei para Nice, sem ter certeza que essa realmente era a coisa certa a se fazer.

-Oi. – ela finalmente atendeu.

-O que você esta fazendo?- Eu perguntei me jogando na cama.

- O que você acha que eu estou fazendo à uma hora dessas?- Ela perguntou irritada.

- Não sei dormindo. - Eu disse dando de ombros.

-Que que eu te de seu premio por ter aceitado.

-Vixi que mal humor.

Silêncio.

-Nice... Cadê você... eu vim aqui... NICE.

-To esperando você falar. – Eu podia apostar que ela tinha dormindo.

-Eu estou com uma duvida...

-Fácil. –Ela me interrompeu. —Procura no GOOGLE que ele responde tudo para você. Agora eu preciso dormir.

Ela desligou o telefone na minha cara. Eu tinha resolver tudo sozinha mesmo.