Tentava manter meus pensamentos em ordem, mas era quase que impossível já que a picape do garoto loiro não parava de balançar, não que fosse culpa dela afinal as estradas aqui são um lixo por que nem tem estrada é basicamente uma poça de lama que te mostra à trilha. O carro tinha bancos de couro, oque não combina muito com uma picape, mas não me importei.

-É engraçado- o carinha fala sim carinha afinal agora que percebi que não sei seu nome. Olhei para ele que mantinha seus olhos na “estrada”, mas ele sorria e eu não sabia exatamente o motivo.

Finalmente perguntei:                                                                      

-Oque é engraçado?

Ele ri tirando uma das mãos do volante e passando pelo cabelo, eu admito ele é bonito e incrivelmente sexy, seus braços deixavam claro sua força física e seu sorriso... Interrompi meus pensamentos, ele era um estranho, um desconhecido que eu nem mesmo sabia o nome.

-Você- ele responde ainda rindo.

- Eu?- me sinto uma idiota por não estar entendendo.

-Você sempre entra em carros de desconhecidos que carregam uma faca no cinto?

A faca. Certo eu não havia dado a mínima pra isso estava tão desesperada que simplesmente ignorei totalmente a possibilidade daquele menino ser um psicopata, Agora eu provavelmente ia ser mutilada e ele ia jogar meus restos mortais na floresta e dizer a minha irmã que provavelmente foi alguma “animal selvagem”. 

-Não vou te matar – ele fala rindo – não sou nenhum psicopata pra sua sorte.

Forço um sorriso, quem sabe se eu fingir que acredito no que ele me diz talvez ele não me mate, olho para fora do carro não há nenhum sinal de civilização. Perfeito, vou morrer.

-Eu sei... - oque as pessoas costumam fazer em filmes em uma situação desta?- Você tem musica?

-Dentro do porta luva tem alguns CDs- ele responde.

Abro o porta luvas acompanhando ele pelo canto do olho, ele não tira os olhos da estrada. Dentro do porta luvas existe vários CDs, Desde sertanejo a AC/DC, mas oque me chama atenção é a coleção de CDs do Green Day, sorrio e pego eles, minha banda favorita! Olho mais fundo no porta-luvas e paraliso. O menino me encara e eu forço um sorriso.

-Tem bom gosto- digo mostrando os CDs.

Ele sorri e não diz mais nada. Ele provavelmente esta imaginando como vai me matar. Coloca um CD pra tocar, mas continuo assustada, não existe chance dele ser apenas uma pessoa boa me dando uma carona, olho pra dentro do porta-luvas. Então é assim que ele vai me matar me mutilar com um facão e depois atirar na minha testa. O carro para. Não, não estamos no hospital ou próximo da cidade, estamos parados em uma estrada de terra próximo a um matagal.

-Oque aconteceu?- pergunto.

Ele abre a porta do carro. Chegou a hora.

-O pneu furou, eu acho – ele responde saindo do carro.

Pego a arma do porta-luvas com as mãos tremulas, o menino esta abrindo o porta mala, provavelmente pegar algo pra me matar. Aponto a arma pra ele.

Ele começa a rir. Só que não uma risada de psicopata, mas sim uma gargalhada.

-Você esta brincando né?- ele começa a se aproximar de mim com as mãos para alto.

-Fica quieto se não eu atiro- ameaço, tentando manter a arma em minhas mãos.

-Thalia para de graça me dar à arma- ele estica a mão para pegar a arma.

Sem pensar eu puxo o gatilho.