- Muito bem, a reconciliação de vocês foi linda, mas precisamos voltar à aula!

Ao dizer isso, a professora (que parecia ter se recomposto) indicou um local para a Manu sentar, que ficava lá na ponta. É claro que os alunos não gostaram disso, mas eles não podiam fazer muita coisa, então eles voltaram às suas carteiras (com alguns dizendo “parabéns, Carol!” e “sejam felizes!”). A professora começou sua aula.

Ah, que chato. Eu não to nem um pouco a fim de assistir aula... Então acho que vou prestar atenção às protagonistas do drama!

Protagonista n° 1: Carol. Ela ainda estava vermelha, mas parecia ter se acalmado um pouco. Ela estava fingindo prestar atenção à professora, o que era bastante incomum; talvez fosse para impressionar a Manu. Hum... Acho que é por isso mesmo. De vez em quando ela olhava em direção à garota e sorria, mas logo voltava a olhar para a professora. Não parecia a Carol de sempre...

Protagonista n° 2: Manu. Diferente da Carol, ela não prestava atenção à aula, e sim olhava para ela o tempo todo, suspirando. Estava claro que ela queria alguma coisa com ela... E não era só amizade. Só a tonta da Carol que não percebia isso.

Interessante...!

Mas tem uma coisa que eu não entendo... Elas passaram esse tempo todo sem se ver e agora se tratam como se nada tivesse acontecido... E a Manu nem perguntou por que elas não se comunicavam. Estranho. Se fosse eu, queria saber de tudo ou então nem falaria mais com ela!

Definitivamente estranho... Mas vai saber, não é?

Esse drama originalmente deveria ter apenas duas protagonistas, mas quis o destino (e eu estou adorando isso!) que uma terceira protagonista aparecesse.

Protagonista n° 3: Bia. Essa prestava atenção à aula, mas dava para ver a raiva em seus olhos! Parecia que ela estava descontando a raiva no caderno; ela escrevia com tanta força que rasgava a folha!

Medo.

Acho que se ela pudesse atirar raios lasers com os olhos a sala inteira estava destruída. E a Manu nem existia mais. Fiquei me perguntando por que a Bia sentia tanta raiva... Aquilo certamente me intrigava.

Então, como um clarão de um raio, me veio a resposta:

Ela estava com ciúmes da Carol!

Olhei para ela de novo, agora com um sorrisinho no rosto. Será que ela também...?

- Finalmente você percebeu, hein?

Ugh! Olhei para trás, assustada. Quem estava sussurrando era a Dani, que estava em uma carteira atrás da minha! Por que ela estava ali, se ela senta quase lá no fundo...?

- Antes que você pergunte, eu troquei de lugar com o menino que sentava aqui atrás durante a confusão. – disse ela calmamente enquanto passava a mão nos seus cabelos negros lisíssimos e curtos. – Foi fácil. Era só dar comida a ele. Ele parece um vira-lata abandonado; come tudo o que jogam.

Eu fiquei bastante irritada com esse comentário!

- Olhe aqui... – elevei minha voz, mas ainda estava sussurrando – Não fale mal do Tomas! Você não sabe o que ele está passando em casa. Além disso, eu não gosto que falem dele assim.

- Por quê...? – ela apertou os olhos (se é que era possível apertar mais) – Você gosta dele?

Quê...? Eu fiquei vermelhíssima com o que ela disse. Mas eu vou entrar no jogo dela! Forcei um sorriso maldoso e blefei:

- E se for...?

Ela pareceu bem surpresa com essa resposta. Depois ela ficou com raiva. E por último... Ela deu aquele sorrisinho maldoso e sussurrou no meu ouvido:

- Se for... Eu vou ter que fazer você desgostar.

Hunf. Por essa eu não esperava. Tava na cara que ela estava blefando. Como se uma garota perfeita como ela pudesse se apaixonar por um garoto idiota daqueles...!

Ah, Ana. Minha Ana.

Ela fica tão linda com vergonha. Depois do meu comentário sexy ela se virou bem rápido e fingiu prestar atenção à aula. Ela achava que podia me enganar, mas eu sei quando ela está mentindo. Eu sei tudo sobre ela. Tudo. Ah, minha Ana...

Achei que meu plano de provocar a curiosidade dela não daria certo, mas graças àquelas garotas ela está se interessando pelo assunto. Talvez, se...

Sorri. Definitivamente, meu plano iria dar certo.

E eu ia colocar em prática agora mesmo.