Duas semanas se passaram, duas semanas anormalmente calmas e com pouquíssimas brigas. As aulas puxavam muito de todos os alunos, de modo que não havia tempo para derrotas fenomenais como a que Rose dera em Scorpius. Além do mais, ele deliberadamente evitava passar perto de sua expressão radiante de uma felicidade vingativa, e no tempo livre que lhe restava, tentava dar atenção à menina que pedira em namoro fazia alguns dias, chamada Aleto.

Aleto era bonita. Loira, olhos azuis, simpática, mas um pouco preguenta. Mesmo assim, os dois andavam ficando há um ano, e ele tinha medo de que ela se zangasse se o relacionamento não evoluísse. Ele próprio não sabia o que sentia a respeito dela, e aquele pedido garantira a companhia da jovem até que ele descobrisse a resposta.

Rose, ele agradecia mentalmente, também parecia bastante ocupada.  Tinha assuntos de monitoria a tratar, além dos pesados deveres. E, chegara aos ouvidos de Scorpius, que ela estava saindo com Jonathas Johnson, um corvinal, exímio jogador de quadribol e muito popular com as meninas.

As coisas em breve ficariam ainda mais complicadas; logo seriam feitos os testes para o time de quadribol, e, logo ele, era o capitão. A equipe não ganhava o campeonato à alguns anos,  e o Malfoy estava disposto à fazer a Sonserina recuperar os dias de glória.

Eram sobre essas resoluções preocupadas que Scorpius comentava com Albus, à caminho da primeira aula do dia.

_Ah, eu tenho a sensação de que vou ficar louco!_ exasperou ele, passando a mão pelos cabelos loiros.

_Mas não vai. São só coisas demais na sua cabeça. Assim que você selecionar o time de quadribol, as coisas melhoram._ Albus parecia anormalmente calmo. Jogava como artilheiro desde o segundo ano, e tinha absoluta certeza de que não perderia a vaga pra quem quer que fosse.

_Mas você é um bom artilheiro, ano após ano voltando com excelentes testes... Mas o resto do time é fraco, e como Edward se formou no ano passado, bem, estamos sem um apanhador! Como é que nós vamos fazer? Tem dez anos que a Sonserina não ganha nada, nada!_

_Acalma garoto! Cadê a sua frieza quando você precisa dela? Pega um pouco da arrogância que você usa com a Rose e utiliza agora, moleque! Separa o time, a gente vê o que faz depois. Espera as pessoas começarem a te pressionar pra você ficar desesperado, ok?_

_Aham..._

Entraram na sala, e tanto ele quanto Albus ofegaram. Aquela era uma cena bastante incomum.

Parados do lado da professora, havia um casal, obviamente irmãos. A mulher era de uma beleza estonteante, com belíssimos cabelos louros sedosos que estavam presos numa trança comprida que descia por suas costas. Seus olhos eram de um tom belíssimo de azul cobalto, e seu porte elegante a fazia parecer um anjo, um anjo belo e tentador.

O homem ao seu lado também tinha cabelos loiros, e os mesmos olhos azuis da irmã. A diferença morava no seu porte arrogante, seu olhar de desprezo que se sobressaía no meio de sua estonteante beleza. Scorpius viu Aleto visualizá-lo com admiração no olhar, e os ciúmes transbordaram em algum lugar de seu peito.

_Vem..._Albus parecia hipnotizado pela beleza da menina._Vamos nos sentar._

Todas as meninas da sala olhavam o garoto com visível admiração, da mesma forma que os homens babavam na garota ao seu lado. De relance, Scorpius focalizou Rose, e viu no seu olhar alguma coisa que passava longe de admiração: poderia ser desprezo, ou até mesmo raiva. Ele não sabia, mas ficou intimamente feliz que não fosse o único que não se sentiu encantado pela beleza da mulher. Sua única preocupação era Aleto, que não desgrudava os olhos do garoto.

_Olá, bom dia alunos... Bem, nós sabemos que não é comum Hogwarts receber alunos no meio do ano letivo, mas foi aberta uma exceção. Quero que conheçam Natasha e Robert Lewis. Vocês gostariam de dizer alguma coisa?_ perguntou ela para os dois, parecendo meio abobada pela sua beleza.

_Na verdade, eu gostaria sim._ foi Natasha que falou; sua voz era um agudo profundo, e soava quase como música. Vários garotos ofegaram, e Albus foi um deles. _Estou muito de estar aqui! Minha mãe é veela, e nos disse maravilhas sobre este colégio. Espero que eu me divirta tanto quanto ela disse que se divertiu._

E abriu um sorriso encantador, que fez o aposento parecer pequeno e abafado.

_Eu não tenho mais nada a acrescentar. A não ser, é claro, o fato de que estou solteiro._Robert não pareceu achar seu comentário indecente. Seu sorriso se alargou ao perceber as expressões iluminadas de todas as garotas, inclusive Aleto, para o desespero de Scorpius.

_Ah..._a professora estava desnorteada._Podem se sentar._

Natasha sorriu, e começou a andar pela sala, todos os homens se espremendo em suas mesas na esperança de que ela se sentasse ao seu lado. Depois de analisar toda a sala, decidiu-se por se sentar ao lado de Jonathas Johnson. Scorpius viu os olhos de Rose queimarem, e uma vontade súbita de rir apossou-o.

Já Robert não precisou andar tanto. Depois de uma analisada rápida, sentou-se ao lado de Rose.

Scorpius fez sua melhor carranca e sentou-se ao lado de Aleto, que olhava invejosa para uma Rose vermelha e irritada.

_Olá, Leto._ disse ele, num tom frio.

_Ah, oi, Scorpius._ e voltou a admirar Robert, sonhadora.

E a aula começou.  Estavam estudando a segunda ascensão e queda de Lord Voldemort, e a professora rapidamente começou a fazer perguntas sobre detalhes do acontecimento.

_Quando foi a primeira queda de Lord Voldemort?_

Rose levantou a mão, e Natasha interrompeu-a solenemente.

_31 de outubro de 1981._

_Quem foi o traidor do segredo?_

_Peter Pettigrew._ a voz de Natasha novamente se ouviu, cortando a mão de Rose que se erguia no ar.

_Diretor de Hogwarts que impôs apenas a presença de bruxos mestiços e puro-sangue em nosso colégio?_

_Severus Snape._

Rose estava se avermelhando, enquanto Natasha cortava suas vagas tentativas de dar uma resposta descente. Scorpius começou a sentir certa simpatia pela meia-veela, e segurava firmemente a vontade de rir.

_Quem foram os fiéis amigos de Harry Potter, aqueles que lhe ajudaram na busca das Horcruxes?_

_Herm..._

_Hermione Granger e Rony Weasley, senhora._ cortou uma irritada Weasley, encarando Natasha com os olhos queimando fúria.

_Em outras palavras, seus pais, Srtª Weasley._a professora deu um sorriso agradável.

Focado na reação de Natasha, ele viu um sorriso duro se desenhar nos lábios da jovem.

Poucos minutos depois a aula acabou, e a professora saiu ligeira, parecendo ainda atordoada pela presença dos belos irmãos.

_Você é Rose Weasley, não é?_ perguntou Natasha, sua voz cordial.

_Oh, sim. Sou._ o olhar de Weasley estava fixo em Jonathas, que parecia completamente fora de órbita.

_Gostei de você. Vamos jogar alguma coisa? Temos um horário livre, e meu irmão e eu somos da Sonserina agora. Poderia nos mostrar o caminho das masmorras?_

_Ah, tudo bem Natasha, eu mostro._ Aleto se prontificou, perante a um Scorpius chocado. Os dois três saíram, Jonathas no encalço, e a Weasley virou-se chocada para uma menina de cabelos castanhos lisos e compridos da Sonserina, que ele vagamente se lembrava como Amara Parkinson, filha da ex-namorada de seu pai.

_Mas que merda é essa?_

_São dois irmãos, chegaram ontem._

Ela revirou os olhos de modo irritado, mostrando o quanto já sabia dessa resposta.

_Se ferrou, hein Weasley, a menina mal chegou e já colocou você no chinelo!_ implicou Scorpius, sorridente.

_Ela pode ter me superado, mas a minha derrota gloriosa não foi apagada só por causa da chegada de uma garota nova._

_Tem certeza?_ o sorriso dele não se desfez.

_Vai se danar, Malfoy._

E saiu da sala, pisando duro. Rindo, Scorpius passou por Amara e foi se encontrar com Blás, para pegar com ele a lista dos alunos que se matricularam para os testes de quadribol.

Quinze minutos depois, ele pretendia ir até a sala da Sonserina para adiantar um trabalho de dois metros para Defesa contra as Artes das trevas, quando encontrou Albus parado na porta, barrando sua entrada.

_Cara, você não vai querer entrar aí agora._alertou ele.

_Eu quero passar._

_Sério, eu se fosse você ficava aí fora._

_Eu quero passar._ insistiu Scorpius, começando a se irritar.

_Por favor, cara, me escuta..._

_Deixe-o entrar, Albus. É bom que ele veja com seus próprios olhos._ Susan Bulstrode apareceu na porta, com sua cara antipáticae  fria beirando a solidariedade.

Preocupado, Scorpius entrou—o choque dominou-o inteiramente.

_MAS QUE MERDA É ESSA?_