Em Um Dia Qualquer de Agosto escrita por Sophie Queen


Capítulo 2
Capítulo 2




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Disclaimer: Twilight não me pertence, infelizmente.

*** EM UM DIA QUALQUER DE AGOSTO ***

Parte 2

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- Que porra foi essa? – exigiu saber, ainda esfregando a sua face que ardia diante da força do golpe que recebeu. – Por que aquela louca que me agrediu? Se não quisesse me beijar, não participasse da brincadeira! – vociferou o ruivo.

Emmett e Alice trocaram mais um olhar, decidindo se ignoravam as perguntas e dúvidas de seus novos amigos e corriam atrás de Bella, ou se respondiam e depois iriam até onde a amiga estava. Optaram por escolher a segunda alternativa, sabendo que provavelmente Bella estaria tão ou mais irritada do que Edward se encontrava.

Alice suspirou pesadamente para começar a falar, mas Emmett a cortou e respondeu sem rodeios:

- O sobrenome do ex-namorado da Bella era Black. – os efeitos do álcool pareciam ter desaparecido do corpo do jogador de basquete.

- E o que eu tenho haver com isso? – gritou Edward irritado. – Eu estava fazendo uma brincadeira por causa do ballet ‘O Lago dos Cisnes’ e do filme ‘Black Swan’ que a Natalie Portman ganhou o Oscar este ano. – defendeu-se exasperado. – Porra, a amiga de vocês me lembra ela pra caralho, isso era para ser um elogio, porra! – o ruivo estava com o rosto completamente rubro de raiva, suas mãos apertavam em seus punhos prontos para socar alguém, mas por segurança passou elas por seus cabelos acobreados os puxando com força.

Alice fechou seus olhos.

- Edward, nos desculpe pelo comportamento da Bella – pediu a baixinha suplicante, o ruivo somente rolou os olhos e bufou algum impropério que ninguém ouviu, mas que todos poderiam ter certeza que era destinado à morena que o havia agredido. –, eu sei que nada justifica a atitude dela, mas antes que você se revolte, tente entender, por favor, que esse ex-namorado dela, o Black, meio que... hum...

- Fodeu. – falou Emmett, vendo que a amiga não achava uma palavra para explicar o que havia acontecido concisamente.

- É... fodeu literalmente – riu nervosa a pequena Brandon, tentando amenizar a tensão da sala, não adiantando em nada. – a vida dela. Digamos que a Bella, deu a sua vida toda para ele. Se ele quisesse a lua, ela daria para ele. Era uma... paixão, por assim dizer, doentia. – deu de ombros. – Então ele começou a usar drogas e como não tinha mais dinheiro para pagar seu fornecedor começou a vender as coisas dela. – explicou Alice.

- Que horror! – admirou-se Rosalie.

- É, foi foda, pra caralho. – concordou Emmett. – Mas tudo veio por água a baixo, ou piorou, ou fodeu mais ainda quando ele tentou pagar o traficante dele com a Bella. Ele estava oferecendo a própria namorada como uma prostituta para que o traficante a fod... comesse em troca da heroína que ele precisava. – explicou com visível ódio o jogador, que somente de se recordar daquele dia lhe dava vontade de socar a cara de Jacob até a sua morte.

Jasper e Rosalie arregalaram os seus olhos azuis completamente atordoados com o que haviam acabado de ouvir.

- Que filho de uma puta! – brandiu Jasper, externando o pensamento da irmã.

- Seu idiota, insensível. Qual é a porra do seu problema, Edward? – gritou Rosalie para o amigo lhe jogando uma almofada com força atingindo em cheio o rosto do ruivo que ainda estava completamente absorto em seus pensamentos.

- Isso é mentira, certo? – perguntou retoricamente. Emmett e Alice negaram com suas cabeças enfaticamente. – Porra, o cara fez isso com a própria namorada? Ele tá morto, certo? Por que juro eu sou capaz de ir até o inferno para matá-lo por fazer isso com ela! – exclamou irritado Edward, levantando-se da poltrona em que estava.

Os cinco olharam temerosos para o músico e futuro filósofo, que parecia uma pessoa controlada e divertida, mas que naquele segundo tremia em sua fúria, ele queria ferir, machucar, fazer o desgraçado que havia feito aquela garota sofrer pagar pelo que tinha feito, e depois quem sabe de torturá-lo, deixá-lo a míngua, arrancar sua cabeça e atear fogo em seu corpo.

Suas narinas inflaram, conforme ele tomava uma respiração profunda e errática. Todos olhavam para ele cautelosos, sem aviso o ruivo começou a caminhar a largas passadas em direção por onde Bella tinha corrido e escapado, todos sem exceção gritaram juntos, para fazê-lo parar.

- Onde você está indo, Edward? – pediu Jasper com a voz comedida, evitando indicar o pânico que se alastrava por seu corpo e de todos os outros, pelo comportamento do amigo.

- Indo pedir desculpas a Isabella. – expôs como se fosse óbvio. – Eu lhe devo um pedido de desculpas por ter sido um completo asno, idiota, estúpido, sem filtro, sem noção. Um retardado. – suspirou envergonhado o ruivo.

- Quem é você, e o que você fez com Edward Anthony Masen Cullen que eu conheço? – provocou Rosalie com um sorriso orgulhoso em seu rosto por conta da atitude do amigo. O ruivo arqueou suas sobrancelhas e encarou o rosto da amiga.

- Às vezes eu posso ser um cara legal, Hale. Só com você que essa regra não vale. – replicou com um sorriso torto em seu rosto. Rosalie gargalhou, enquanto Edward dava um rápido aceno de cabeça e saía pela mesma porta que Bella havia saído alguns minutos atrás.

- Podemos confiar nele? – perguntou urgentemente Alice para Jasper e Rosalie, ainda incerta se podia ou não confiar em Edward.

- Mais do que em qualquer um de nós quatro nessa sala. – respondeu Jasper. – Edward é um moralista por natureza, e ter conhecimento que alguém fez mal para alguma mulher que ele possa conhecer ou não, é o suficiente para deixá-lo enervado, revoltoso, com sangue nos olhos, literalmente.

- A Bells está em boas mãos Alice. – disse Emmett, desabando no sofá que estava antes, ao lado de Rosalie. – Sou só eu, ou a sala está rodando? – inquiriu o basqueteiro.

- Nah, eu também estou vendo tudo rodando. – concordou Jasper, que encostara a sua cabeça no encosto do sofá e cerrou seus olhos com força.

Os dois casais concordaram que poderiam deitar e descansar, e se tiverem sorte não terem a ressaca que provavelmente os consumiria no dia seguinte.

No momento em que Edward pisou na varanda da casa, invés de ir à procura de onde Isabella estava e se desculpar, fechou seus olhos e respirou profundamente sentindo o aroma da chuva e das árvores que rodeavam a casa onde estavam. Por alguns minutos fez exercícios de respiração que havia aprendido durante seu primeiro ano estudando música, gradativamente seus músculos relaxaram e seu nervosismo diminuiu. Enfim confiando-se em si mesmo o ruivo começou a andar lentamente por toda a varanda a procura de Bella.

Felizmente não tardou para que o futuro filósofo encontrasse a futura atuária, sentada completamente encolhida, abraçando suas pernas e uma de suas bochechas apoiada em seus joelhos, enquanto seus olhos fechados expeliam lágrimas grossas, que corriam por seu rosto. Aquela cena fez que um aperto crescesse no coração de Edward, que odiava ver uma mulher chorando, e com uma prece silenciosa encerrou a distância de onde estavam.

Suas mãos lentamente tocaram os cabelos castanhos e ondulados de Isabella, fazendo um singelo cafuné em sua nuca. Vagarosamente a morena abriu seus olhos castanhos como chocolates derretidos, se surpreendendo em encontrar os esmeraldinos olhos de Edward a sua frente. Ele sorriu meio pesaroso, meio culpado e meio meigo para ela, que o retribuiu.

- Me perdoa, Bella. – disse acima de um sussurro, fazendo com que o ar quente que saiu de seus lábios tocasse o rosto dela delicadamente. – Me desculpa por ter sido um idiota insensível. Juro que não queria te provocar. Eu estava tentando te elogiar. – completou suavemente, colocando uma mecha dos cabelos da morena atrás de sua orelha, ela deu de ombros e sorriu tristemente. – Alice e Emmett me contaram o que aconteceu, e eu... Deus... como eu estou arrependido do que eu disse, queria poder voltar no tempo e nunca ter dito nada daquilo. – confessou pesaroso.

- Tudo bem Edward, você não tem culpa. Não teria como você saber o que... o que aconteceu. – murmurou suavemente Isabella, fechando seus olhos lentamente e depois o abrindo evitando que novas lágrimas rolassem por seu rosto. Ela havia prometido a si mesmo há meses atrás que não derramaria mais lágrimas por causa de Jacob, contudo logo descobriu que essa promessa era totalmente ridícula, pois era impossível que ela não chorasse quando se recordava do que havia acontecido, por mais que ela tentasse.

- É, não teria, mas mesmo assim se eu quisesse te elogiar deveria ter dito corretamente e não fazer referência a um estúpido ballet ou filme. – falou exasperado. Bella sorriu.

- Eu te devo um beijo. – lembrou depois de alguns minutos em silêncio, onde um ficou observando o rosto do outro.

- Não. Não deve. – rebateu Edward.

- Mas a garrafa que eu girei caiu em você! – protestou à morena fazendo bico. Edward sorriu torto.

- E você quer me beijar, mesmo eu tendo sido um asno com você? – inquiriu o ruivo, acariciando os longos cabelos castanhos de Isabella.

- Hum... – refletiu por alguns segundos. – Não agora na verdade, sinto a minha cabeça rodando e pesando. – confessou, enquanto suas bochechas se enrubesciam diante da confissão. Edward sorriu mais uma vez, não mostrando a evidente decepção de que se alastrou por seu corpo ao enfim perceber que não beijaria aqueles lábios.

- É o álcool que ingerimos. – relembrou com um sorriso. – Venha, vamos para a cama, você está cansada teve um longo dia hoje. – disse o ruivo, levantando-se do sofá de vime e couro em que estavam sentados na ampla varanda.

Como um cavaleiro Edward estendeu a sua mão para ajudar Isabella. Quando suas mãos se tocaram aquela corrente elétrica que sentiram mais cedo naquele dia, quando ele a segurou evitando sua queda, passou novamente pelo corpo dos dois, mas a sensação que fora ligeiramente incomoda no primeiro momento, era extremamente confortável agora.

Entretanto, quando Bella se levantou, suas pernas fracas – provavelmente por causa da grande quantidade de álcool que havia consumido – sucumbiram-se quase a levando para o chão, mas Edward agilmente e com reflexos impressionantes a segurou junto a si. Mais uma vez seus corpos estavam colados um ao outro, somente com as camadas de roupa impossibilitando o toque de suas peles. O ruivo sorriu torto para a morena, que retribuiu o sorriso, apesar de suas bochechas se tingirem de vermelho.

- Parece que alguém bebeu demais essa noite. – divertiu-se o músico.

- É... – concordou lentamente a morena.

- Sem mais vinho ou vodka para a senhorita. – advertiu Edward, colocando um de seus braços atrás dos joelhos de Bella e a levantando em seu colo, para que a levasse para dentro da casa.

- Wow. – exclamou surpresa, quando sentiu o estudante de filosofia a pegar em seu colo. – Vai me levar para a cama, é? – brincou a estudante de ciências atuariais. Edward riu.

- Vou, mas não no sentido malicioso da sentença. – refutou dando uma ligeira piscadela para a morena, que levou suas mãos a boca percebendo que falara algo inapropriado, o ruivo riu mais largamente enquanto caminhava para dentro da casa.

A sala onde todos haviam brincado e onde fora cenário do embaraço entre aqueles dois jovens estava vazia. As garrafas e copos que haviam utilizado anteriormente estavam espalhados por todas as superfícies. Algumas luzes estavam acesas para não deixar que a completa escuridão tomasse todo o lugar. Edward mal sentia o peso de Isabella sobre seus braços, na realidade ela era tão leve que ele não se incomodaria de segurá-la o dia todo. Ela mantinha seus olhos fechados, com a cabeça apoiada no ombro largo e de músculos esguios do músico.

Inesperadamente a mão suave como uma pétala de rosa dela tocou a face dele onde havia desferido o golpe anteriormente. Edward sentiu um arrepio inexplicável, ou talvez explicável como tesão, tomar o seu corpo, mas conteve seus desejos luxuriosos por Isabella para si mesmo, contudo ela continuou lhe acariciando o rosto.

- O que foi? – perguntou subitamente ele a ela, contudo não por estar incomodado com o toque, mas sim pelo crescente problema entre suas pernas.

- Eu não lhe pedi desculpas pelo tapa que te dei. – disse Bella, ainda acariciando o rosto angelical de Edward.

- Eu mereci. – falou o ruivo.

- Não, não mereceu. – contrapôs Bella, fazendo um biquinho. – Me deixa pedir desculpas direito. – comandou, Edward somente acenou com a cabeça. Ela sorriu largamente. – Perdão meu nobre salvador, meu nobre cavaleiro por ter salvado e perdoado essa terrível donzela. – recitou poeticamente, dando um beijo estalado na bochecha em que já havia recebido o golpe, o carinho e agora o beijo dela.

Edward sorriu torto, mas absteve-se de comentar qualquer coisa.

- Sabe – começou Bella, com um sussurro meio alto para Edward. – você, Edward é lindo! – exclamou. – Perfeito, e juro que se não estivesse em celibato o beijava agora e... – ela riu, largamente roncando feito um porquinho por um segundo, o que fez o ruivo aumentar seu sorriso, porque aquele som era tão lindo, assim como ela. – dormiria nua na sua cama com você também nu. – profetizou sonhadora.

- Vou me lembrar disso. – disse o ruivo com a voz estagnada por conta do desejo que crescia em si e exigia atenção entre suas pernas, enquanto entrava no quarto onde ela e a amiga Alice deveriam dormir, contudo Edward não se surpreendeu ao notar que a cama da amiga estava completamente vazia, sem nem sinal de que fora usada. Ele sorriu consigo mesmo, percebendo que com toda a certeza que a baixinha deveria estar no quarto de Jasper, com ele.

Lentamente o músico colocou Isabella sobre a cama. Ela murmurou algo inteligível quando sentiu a maciez do colchão e do travesseiro. Suavemente Edward retirou suas sapatilhas vermelhas e as colocou do lado de sua cama, pegando em seguida um edredom que estava ao pé da cama e a cobrindo.

- Boa noite, doce Bella. – sussurrou, e por mais que quisesse conter o instinto que crescia dentro de si, o estudante de filosofia deu um suave beijo em sua testa, antes de se afastar de seu leito e de seu quarto.

Todavia, quando estava próximo a porta ouviu:

- Edward... – a estudante de ciências atuariais chamou, com longas passadas o ruivo chegou à beira da cama, somente para verificar que a morena estava dormindo pesadamente, provavelmente sonhando. Por fim ele deduziu que sua mente cansada, alcoolizada e a excitação que estava sentindo que eram responsáveis por aquilo, por imaginar que ela o chamou.

Arrastando-se para o quarto que sempre ocupara quando vinha a Spring Creek, o músico adormeceu imediatamente, assim que seu corpo tocou o macio colchão.

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Um sol típico de verão, fazendo jus à estação em que estavam, brilhava escaldante por todo o condado de Elko. Os habitantes do enorme casarão branco, atrás das colinas verdejantes dormiam pesadamente em suas camas, completamente alheios ao raro dia ensolarado e quente que fazia no vale entre os montes de Elko e as montanhas Ruby. Era praticamente impossível dizer que aquele lugar há menos de seis horas estava debaixo de uma horrenda tempestade que parecia preceder o fim do mundo.

Isabella se mexeu inquieta na cama em que estava por volta da uma da tarde quando o canto de um Canário Selvagem a despertou. Demorou alguns segundos para que ela se situasse, e quando fez sentiu tudo ao ser redor girar.

Ressaca. Constatou consigo mesma.

Desafiando, provavelmente, as leis da física, girou seu corpo na cama para ver se Alice ainda estava dormindo, se surpreendeu ao encontrar a cama da amiga feita, como estava ontem à noite quando chegaram ali. Mesmo com o seu corpo exigindo que ela permanecesse na cama, a morena respirou profundamente sentou-se na beirada do leito onde havia dormido. Instantaneamente sentiu tudo rodando ao seu redor. Fechou seus olhos e apertou os lados de sua cabeça para conter a tontura que parecia engoli-la.

Lutando contra si mesma, Isabella levantou-se da cama, e literalmente se arrastou até o banheiro para lavar seu rosto e esvaziar a sua bexiga. Os azulejos brancos com detalhes verdes e marrons das paredes do banheiro intensificavam a dor na cabeça e a tontura que a morena sentia. Ela se sentia doente.

Sabendo que lavar o seu rosto não seria o suficiente para passar pelo menos 1% do seu mal estar, a futura atuária optou por tomar um banho. A água morna pareceu melhorar um pouco a ressaca que tomava conta de seu corpo, vestindo a mesma roupa que estava na noite anterior, que inclusive ela havia dormido, a morena fez sua higiene pessoal e rumou ao primeiro andar da casa atrás de uma xícara de café extremamente forte.

O sol intenso do verão no norte do estado de Nevada penetrava pelas altas janelas de vidro da casa, iluminando de maneira quase que criminosa todo o ambiente. Aquela claridade absurda, fez com que Isabella desejasse ter colocado seus óculos de sol para vir até ali.

Não tardou muito para que a filha de Charlie Swan e Renée Dwyer constatasse que nenhum de seus amigos haviam despertado ainda. Com movimentos lentos e atrapalhados a morena procurou os ingredientes que usaria para preparar um café, felizmente dez minutos mais tarde ela estava sentada confortavelmente em um sofá mais na penumbra da sala saboreando o seu quente, forte e um pouco amargo café. Aos poucos ela foi sentido mesmo que minimamente os efeitos da ressaca passando.

Com os olhos fechados e com a cabeça jogada para trás apoiada no encosto do sofá que Isabella sentia os efeitos do álcool ingerido noite passada deixando o seu corpo. Sobressaltou-se quando ouviu o ruído de alguém descendo a escada, abriu seus olhos em uma fenda conseguindo distinguir Edward sem camisa, com seus cabelos mais bagunçados do que normalmente já eram, óculos escuros cobrindo seus olhos se arrastando em direção a cozinha.

- Dia. – grunhiu o ruivo, abrindo alguns armários e retirando uma caneca para abastecer com café e depois retirando de outro um imenso pacote de Pop-Tarts de blueberry.

- Bom dia. – murmurou Bella, tornando a fechar seus olhos.

- Quem fez o café? – inquiriu sentando-se pesadamente ao lado da morena minutos depois.

- Eu.

- Hum... – concordou o músico, com a xícara em seus lábios. – Ninguém acordou ainda? – tornou a questionar. Bella somente negou com um murmúrio. – Tart? – ofereceu a garota.

- Não. Obrigada. – tornou a negar Isabella.

- É de blueberry. Sabe aquela frutinha azul que dá em blueberry trees? – explicou atordoadamente Edward.

- Eu sei o que são blueberries, mas obrigada eu não quero, por mais que adore pop tarts de mirtilo. – respondeu a morena com a voz baixa sentindo sua cabeça doer.

Os dois ficaram um longo tempo em silêncio, saboreando seus cafés. Bella quando terminou colocou sua xícara sobre uma mesinha ao lado do sofá, tornando a jogar sua cabeça para trás, no encosto. Edward que havia colocado sua caneca e a caixa de pop-tarts no chão deitou-se no largo sofá apoiando sua cabeça sobre as coxas da morena.

- Nunca mais vou beber na minha vida. – murmurou o estudante de filosofia contra a pele das coxas de Isabella que o shorts que vestia não cobria. Uma estranha vibração que se expandiu por ali em ondas enormes, similares a um tsunami pelo corpo da estudante de ciências atuariais, imediatamente sentiu seu ponto íntimo entre suas pernas se contrair, mas tentou ignorar a sensação, deixando que seus dedos deslizassem pelos sedosos cabelos bronzes de Edward.

Os dois podem ter adormecido ou não, mas quando o barulho de alguém tropeçando em algo ecoou pela sala, imediatamente os dois levantaram seus rostos à procura da origem do som. Rosalie e Emmett estavam meio que caídos sobre um tapete de lã perto da lareira.

- Tudo bem aí? – questionou Edward para os dois.

- Yeap! – exclamou Rosalie, tentando levantar-se de onde estava caída-embolada com Emmett. – Faz tempo que vocês levantaram? – quis saber a loira, que finalmente havia conseguido se levantar meio trôpega do tapete.

- Não faço à mínima ideia. – respondeu Edward, voltando a sua cabeça para as coxas de Bella, as afagando com seu nariz, sentindo o perfume, a maciez e o conforto de sua pele.

- Alice já levantou? – pediu Emmett, ainda jogado no tapete.

- Não. – respondeu Bella, fechando seus olhos novamente.

Jasper e Alice se uniram aos quatro amigos algum tempo depois reclamando a plenos pulmões que nunca mais iriam colocar uma gota de álcool em suas bocas. Como Isabella e Edward, já haviam se levantado há um tempo consideravelmente maior do que seus amigos, e possivelmente porque tinham bebido menos que os quatro, por volta das seis da tarde já se encontravam recuperados da ressaca. Notando que ninguém mais parecia estar apto a cozinhar e ponderando que todos necessitavam comer alguma coisa, Bella assumiu a cozinha, enquanto Edward ia para o seu quarto, com a promessa de que em quinze minutos retornaria para ajudá-la a preparar o jantar.

Duas horas mais tarde, com todos os amigos recuperados, pelo menos parcialmente de suas ressacas, Isabella com a ajuda de Edward colocava na mesa da sala de jantar a enorme panela de strogonoff de carne, acompanhado de uma de arroz e batata palha que havia feito. Os seis devoraram o alimento com ferocidade, e entre uma garfada e outra; tomavam longos goles de refrigerante e conversavam despreocupadamente.

- Sabe o que me recordei agora? – perguntou Jasper que colocava em seu prato uma segunda rodada do alimento. – Que não perguntei para vocês o que estavam fazendo aqui, tão longe de Boston.

- San Francisco. – respondeu Emmett com a boca cheia.

- Por que vocês estão indo para San Francisco? – emendou Rosalie.

- Hum... para um festival? – respondeu Isabella soando mais como uma pergunta.

- Outside Lands? – admirou-se Edward.

- Sim. – concordou Alice. – Sabe, 3 dias de música a la Woodstock, com Muse, Arctic Monkeys, Sia, Arcade Fire, Eskmo e mais um monte de bandas de DJ’s que não me recordo agora. – deu de ombros a baixinha.

- Não acredito! – exclamou animado Jasper. – Nós também estamos indo para o Outside Lands. Nosso plano era sair daqui, na quarta à noite, para conseguir descansar na quinta para agüentar sexta, sábado e domingo. Poderíamos ir os seis juntos, o que vocês acham? – perguntou visivelmente animado o loiro.

Alice, Emmett e Bella se entreolharam em uma conversa muda. Alice e Emmett sorriam cúmplices, Bella dava de ombros sabendo que a sua opinião não afetaria os amigos que claramente gostariam de ir junto com Jasper, Rosalie e Edward.

- Porque não? – disse Emmett. – Vai ser divertido ficar na companhia de vocês mais alguns dias.

Os dois dias que antecederam os planos para irem a San Francisco os três amigos de cursavam Harvard conheceram mais afinco os três que cursavam da Universidade da Pensilvânia e vice e versa. Descobriram também que o Jeep de Emmett estava com o motor fundido, e até que a fábrica conseguisse mandar um para o mecânico primo de Rosalie trocar demoraria pelo menos cinco dias. Desta forma começou uma longa discussão como eles fariam para ir a San Francisco.

Havia o Volvo prata de Edward e a BMW vermelha de Rosalie, contudo ambos os carros eram para duas, no máximo três pessoas, e nem Edward, muito menos Bella estavam a favor de ficarem de vela para os casais Emmett-Rosalie e Jasper-Alice. Por fim a solução pintou diante dos seis em vermelho e amarelo.

- Duh! – exclamou Rosalie batendo a palma de sua mão em sua testa. – Porque não pensei nisso antes, não cabemos nos nossos carros, mas cabemos os seis, confortavelmente na Sunset!

Todos sorriram animados diante da solução que a loira havia encontrado, todos, exceto Isabella que estava na cozinha pegando um copo de suco de laranja quando ouviu a resolução da situação que se encontravam. O copo de vidro – felizmente vazio – que estava na mão da morena se espatifou no piso marmóreo, imediatamente os cinco foram à cozinha verificar se ela estava bem.

- Você está bem, Bells? – pediu Emmett com urgência.

- Não! – exclamou raivosa.

- O que aconteceu Bella? – pediu Rosalie e Alice praticamente em uníssono.

- Você se machucou? – ecoou Jasper preocupado.

- Aconteceu que eu não, quer dizer, eu me recuso terminantemente a viajar mais de 500 milhas, quer dizer, me recuso a sequer entrar para andar mais do que 10 milhas naquela lata velha que mal se agüenta nas quatro rodas que vocês chamam de Sunset! – gritou apontando freneticamente em direção aonde ela sabia que a Kombi estava estacionada no quintal da casa. – Vocês podem ir naquela geringonça, eu prefiro pegar um ônibus ou quem sabe um avião em Elko e encontrar vocês em San Francisco. – explanou cruzando seus braços, numa postura claramente inflexível.

- Mas Bella – começou Jasper. -, a Kombi agüenta atravessar o país de costa a costa, norte a sul, umas 10 vezes.

- Agüenta, como o Jeep de Emmett agüentou? – protestou. – Essa coisa de vocês e o... agrr... a coisa do Emmett são duas latas velhas, que deveriam estar no ferro velho, ou melhor, deveriam ter virado latinha de refrigerante! – brandiu, de maneira que encerrava a discussão.

- Escuta aqui Isabella Swan. – começou ferina Rosalie, dando um passo a frente e ficando cara a cara com a morena, estendendo seu dedo indicador exatamente no meio do rosto pálido e em forma de coração da outra. – Aquela ‘coisa’ como você esta chamando foi reformada por mim, há exatos dois anos eu troquei todas as peças originais e velhas, por peças novas e mais modernas, a única coisa que a Sunset permanece igual como veio da fábrica é a sua carcaça, porque até uma pintura nova nós fizemos, e posso te garantir ela é muito mais segura do que muito ônibus e até mesmo aviões. – brandiu a loira ofendida com a atitude da mais recente amiga.

- Não importa, eu não irei! – disse teimosamente a morena.

- Bella, minha princesa, minha donzela – começou Edward, caminhando até onde Rosalie estava, atraindo a atenção de todos pelas palavras escolhidas por ele para tratar a morena, todos já tinham observado que os dois pareciam muito próximos nos últimos dias, compartilhando segredinhos, apelidos e até piadas próprias, algo que Bella só fazia com Emmett. –, será como em Pequena Miss Sunshine. – concluiu o músico com um sorriso torto, levando todos os amigos a rirem, inclusive a própria Isabella.

- Carregaremos um defunto dentro da Kombi também? – perguntou sarcasticamente à morena.

- Qual é Bella, andar na Kombi não vai te matar. – protestou Alice cruzando os seus braços no peito e olhando decepcionada para a amiga.

- Nem cortando os meus pulsos eu ando naquela coisa! – advertiu a futura atuária.

- Bem... no filme tinha um que cortou os pulsos. – comentou Emmett despreocupadamente, cinco pares de olhos o encararam atordoados. – Ué gente, o tio da Olive, irmão da mãe dela, que era gay, que tentou suicídio cortando os pulsos por causa de um cara. Steve Carell, galera? Vai dizer que vocês não se lembram? – inquiriu o jogador de basquete confuso.

Meio minuto depois dos cinco amigos gargalhavam sonoramente por causa das palavras do amigo, até mesmo o próprio Emmett riu de sua piada, por mais que não estava entendendo o motivo da graça ao todo. Com o clima mais descontraído depois da brincadeira sobre o filme ganhador do Oscar de melhor roteiro original e ator coadjuvante em 2007, nem mesmo Bella tinha mais alegações a expor para dizer que não iria com os amigos na Kombi vermelha e amarela.

Desta forma doze horas depois, na quarta-feira Edward conduzia a Kombi vermelha e amarela que mais lembrava um pôr do sol, com Isabella ao seu lado no banco do passageiro, enquanto Alice e Jasper que pareciam ter se tornado um casal oficial, Emmett e Rosalie que seguiam para o mesmo caminho se agarravam sem nenhum pudor nos bancos que tinha na parte de trás do carro.

A trilha sonora do carro era uma aula de musicalização sobre a história do Rock’n Roll, indo desde os pioneiros que introduziram o estilo no final da década de 40, passando por Elvis Presley, The Beatles, The Rolling Stones, Jimi Hendrix, Iggy Pop, Janis Joplin, The Who, The Doors, Led Zeppelin, Bob Dylan, indo até Nine Inch Nails, Aerosmith, Red Hot Chilli Peppers, Nirvana, Foo Fighters, e até algumas bandas que iriam tocar no festival que estavam indo como Muse, Arctic Monkeys e Arcade Fire.

Oito horas mais tarde, já no estado da Califórnia a poucas milhas de San Francisco os seis amigos concordaram em passar o dia de descanso em Berkeley em um hotel confortável. Apesar dos casais se juntarem em quartos privados, Bella e Edward optaram por cada um ficar em um, separados, clarificando para qualquer um que ainda pudesse ter dúvidas que eles não eram um casal, e nem tinham a intenção de ser.

Na manhã de sexta-feira apesar da distância de 17 milhas, Edward demorou cerca de duas horas para conseguir chegar ao Golden Gate Park, espaço onde ocorreria o festival por causa do longo congestionamento que estava nas redondezas. Bella concluiu felizmente na fila de carros para entrar no parque que eles não eram os únicos que faziam o uso de uma Kombi, pois a maior parte dos carros na fila eram exatamente modelos similares ao que eles estavam, entretanto alguns mais bem cuidados do que outros.

- Parece que vocês não são os únicos com síndrome de hippies. – comentou despreocupadamente quando uma Kombi rosa e azul cheia de símbolos e dizeres que fizeram sucesso na década de 70 passou por eles, sendo conduzida por um rapaz usando roupas típicas das fotos do movimento hippie nos anos 70, assim como todos seus companheiros no carro.

- Eu te disse Bella, usar uma head band e um tie dye, não iria te matar. – comentou Alice de seu banco na parte de trás da Kombi, onde ela estava sentada no colo de Jasper. – Ambos estão na moda.

- Alice, caso você tenha se esquecido eu estou usando o short, a regata, os colares, as pulseiras, as botas e o tal head band que você me obrigou a vestir. – contrapôs Bella, lançando um olhar sobre o seu próprio corpo e para as roupas que vestia, um short jeans curtos, uma regata creme, meias ¾ do tom da regata, botas negras, diversos colares e pulseiras coloridas e um head band de contas bronze.

- E você está sexy como o inferno. – elogiou Edward do lado de Bella, lançando um olhar luxurioso para as pernas da amiga que estavam descobertas, evidenciando sua pele pálida.

- E... strike! – exclamou Emmett como um grito de vitória do fundo da Kombi. Todos explodiram em risada, até mesmo Bella ria enviesado com suas bochechas completamente coradas quando virou seu corpo para encarar seu amigo de longa data.

- Você sabia que era suposto me defender como um irmão mais velho nesta situação, certo Emmett? Regra do código de amizade. – explanou a morena com os olhos em fendas para o amigo.

- Desculpa Bella, mas é algo natural sabe? ‘Bros over hos’. – explicou o jogador dando de ombros, novamente todos no carro gargalharam enquanto Bella rolava os olhos.

- Idiota. – murmurou a morena para si mesma.

Quando alcançaram finalmente o lugar onde deveriam estacionar os carros, Alice, Jasper, Emmett e Rosalie saíram rapidamente da Sunset com a desculpa de que queriam comprar algo para molharem suas gargantas, deixando Isabella e Edward para trás para fecharem a Kombi. O ruivo que tinha uma destreza espetacular saiu rapidamente de sua posição do motorista, correndo, literalmente, para abrir a porta para a morena sair.

Involuntariamente a estudante de ciências atuariais corou intensamente, para disfarçar o efeito que o músico causava em si tentou cobrir suas faces com seus longos cabelos castanhos avermelhados, o que não adiantou muito por causa do head band que ela usava. Edward sorriu torto diante do gesto tão característico de Isabella.

- Hum... obrigada. – murmurou à morena, saindo do carro.

- É... – começou o ruivo coçando a parte de trás de sua cabeça, bagunçando ainda mais seus cabelos acobreados. – Desculpa meu comentário inapropriado antes... eu... er... hum... sei lá... escapou? – disse por fim enterrando suas mãos nos bolsos de sua calça jeans e erguendo seus ombros timidamente.

Bella levantou seu rosto e encarou o suavemente corado de Edward, um sorriso genuíno brotou em seus lábios ao ver o tão sempre seguro e sedutor futuro filósofo envergonhado.

- Não tem problema Edward – respondeu a morena suavemente, sorrindo para o ruivo. –, eu meio que... hum... gostei do seu comentário. – imediatamente suas faces já rosadas, ficaram mais vermelhas, fora a vez do músico sorrir torto e sedutor para a futura atuária.

- Bom, não posso esquecê-lo de fazer o mesmo comentário amanhã. – rebateu com uma ligeira piscadela. Bella novamente corou, mas para evitar o seu embaraço deu um suave tapa no braço de Edward, que somente ampliou seu sorriso torto.

Quando a Kombi já estava devidamente fechada, os dois jovens foram à procura de seus amigos para adentrarem o parque para apreciarem o festival.

Catorze horas de música e muita diversão depois, e sem sinal de Emmett, Alice, Jasper ou Rosalie, Edward e Bella decidiram por esperar seus amigos na Kombi, entretanto quando estavam dentro do automóvel – Edward deitando nos bancos da frente e Bella nos de trás – ambos adormeceram quase que imediatamente, somente acordando sete horas depois com Alice batendo freneticamente no vidro do carro para chamar os amigos para tomarem café, banho e trocarem de roupa.

Após o café da manhã no Mcdonalds próximo ao Golden Gate Park, eles caminharam para um hostel próximo para seus banhos. Apesar da super lotação da hospedaria todos os seis conseguiram fazer sua higiene e trocar as suas roupas, contudo Edward que esperava Bella para os dois irem lado a lado para o parque, já que seus amigos estavam fazendo uma espécie de competição para ver quanto tempo conseguiam ficar beijando seus parceiros, não gostou ao todo da vestimenta da nova amiga.

- Você irá assim hoje para o festival? – questionou analisando de cima a baixo seguidas vezes a roupa da morena que consistia em uma saia jeans que batia no meio de suas coxas, um suéter de mangas três quartos e relativamente largo cinza com a estampa de uma caveira, uma regata preta que ficava acima de seu umbigo por baixo do suéter, um meião cinza que terminava acima de seu joelho, alguns colares e pulseiras e as mesmas botas que ela usava no dia anterior.

Bella observou seu reflexo na porta de vidro do albergue. Ela deu uma voltinha ou outra, analisando se sua roupa estava mostrando algo que não deveria, quando constatou que não, evidenciando que estava muito feliz com a sua escolha de figurino para o dia, declamou:

- Não vejo nada demais. Não mostra nada que a roupa que usava ontem não mostrava. – deu de ombros. Edward gemeu em frustração.

- Você não irá trocar de roupa? – perguntou, mesmo já tendo conhecimento da resposta.

- Não! – exclamou a morena em indignação, os ombros do ruivo caíram em desespero, antes de proclamar:

- Então eu não sairei de perto de você durante todo o dia. – os olhos de Isabella se arregalaram em surpresa. – Você está sexy sim, Bella, mas não é por minha causa que não sairei de perto de você, caso você não tenha percebido ontem, mesmo usando short jeans todos os caras que passavam por você pareciam hipnotizados com suas pernas, tive que ter muito auto-controle ontem para não socar alguns deles, e se você vai enfrentar essa multidão usando uma micro saia jeans e uma camiseta que mostra toda a sua barriga, eu não sairei de perto de você nem para você ir ao banheiro. – explicou protetoramente.

A estudante de ciências atuariais abriu sua boca para protestar, mas simplesmente as palavras tinham lhe sumido, somente balançou sua cabeça, e começou a caminhar, meio segundo depois Edward estava ao seu lado.

Como era de se esperar, fazendo eco as suas palavras no hall de entrada do hostel, Edward Cullen não saiu do lado de Isabella Swan nem mesmo quando ela ia no banheiro, permanecendo como um cão de guarda em frente a porta do banheiro químico que a morena usava. Por mais que a situação há deixasse um pouco irritada, Bella gostou mais do que queria assumir da atenção que o músico dava a ela.

No final do segundo dia de festival, quando ambos estavam exaustos foram à procura de seus amigos, que para a surpresa dos dois já estavam os esperando na Sunset. Deixaram a pé o parque onde rolava o festival a procura de um lugar para passarem a noite, contudo logo concluíram que seria impossível encontrar um local para passar a noite na região. Como sabiam que sair dali seria uma loucura, retornaram ao estacionamento do Golden Gate Park e seguindo o exemplo de muitos outros participantes do festival optaram por passar a noite em barracas.

Escusa-se a ponderar que sem qualquer tipo de conversa ou discussão Emmett e Rosalie dividiam uma barraca, Alice e Jasper outra, deixando a terceira e última para que Edward e Bella dividissem. Era palpável a hesitação da morena quando observava o ruivo montando a barraca.

- Depois de você. – disse Edward segurando aberta à ‘porta’ de lona da barraca para duas pessoas. Isabella levou seu lábio inferior aos seus lábios e começou a mordiscá-lo com força. O ruivo notou a hesitação da morena. – Bella, não é como se eu fosse me aproveitar de você. Estamos cansados, a única coisa que eu quero neste momento, assim como você é dormir, e de preferência em algo plano e mais confortável do que os bancos da Sunset. – esclareceu.

- Hum... – murmurou a futura atuária com seu lábio inferior preso em seus dentes. – Você tem razão. – concordou por fim, entrando na diminuta barraca.

Como haviam conseguido tomar um banho no mesmo hostel que havia tomado de manhã, Edward rapidamente retirou a camiseta que usava os seus tênis e caiu sobre seu saco de dormir, ignorando completamente a manta de malha que deveria usar para se cobrir para evitar os mosquitos. Bella observou o ruivo meio incerta se ele estava mesmo ou não dormindo, decidindo que ele estava dormindo retirou mais discretamente que podia o macacão que usava para colocar algo para dormir.

Mesmo que não tivesse a intenção de olhar os olhos perspicazes de Edward se abriram minimamente tenho uma visão espetacularmente graciosa da curva de sua cintura, da lateral dos seios e dos mamilos eriçados e obviamente de sua bunda que estava coberta por uma mínima calcinha de renda azul que deixava mais da metade de suas nádegas a mostra. O músico teve que suprimir o gemido gutural que cresceu em sua garganta e disfarçar o tesão que crescia entre suas pernas.

Bella estava levando Edward à loucura, a praticamente o deixando com as bolas azuis desde o momento que ele bateu os olhos nela. Talvez esta noite fosse um bom momento para ele pedir o beijo que ela devia a ele, pela a brincadeira do gire a garrafa. Tão rápido como o pensamento veio em sua cabeça, ele se foi – ou melhor se modificou – na mente do ruivo, assim que Isabella deitou ao seu lado, usando nada mais, nada menos do que uma camiseta de Harvard e uma samba canção vermelha.

Foi um descanso revigorante para todos, contudo a maior surpresa matinal daquele domingo de agosto foi Bella acordar nos braços de Edward, que a abraçava numa espécie de conchinha e a sua ereção cutucando de maneira nada gentil entre as nádegas da morena.

Apesar do claro constrangimento matinal o ruivo, deixou a barraca com pedidos de desculpa à morena para que ela pudesse mudar de roupa sem preocupação para eles irem tomar café da manhã e tomar um novo banho no albergue próximo ao parque.

Felizmente o desconforto que tomou os dois jovens naquela manhã não voltou a acontecer, por mais que Edward vestindo uma calça jeans, camisa xadrez e tênis, tenha ouvido muitas provocações de Bella que a pedidos insistentes do músico usava um short jeans, regata branca, sob um colete vermelho, tênis keds brancos, seus colores e pulseiras coloridas características e um chapéu estilo Charles Chaplin vermelho.

As provocações dos dois sobre as roupas que usavam eram palpável, Bella ria da camisa xadrez de Edward, ele por sua vez sempre que possível fazia piadas sobre o chapéu da morena. Fora após o show do Arcade Fire por volta das oito da noite que os dois estavam completamente esgotados, mesmo tendo conhecimento que por ser a última noite do festival deveriam aproveitar, os dois saíram juntos da área de show, ignorando completamente seus amigos e foram até uma das hospedarias próximas ao parque na esperança de tomarem um bom banho.

Isabella que não se agüentava em suas próprias pernas pediu com olhos de cachorro pidão para que Edward a carregasse, e ele por mais que estivesse tão ou mais exausto que ela como um legítimo cavaleiro a carregou em suas costas. As respirações dela em seu pescoço o deixavam sedento de tesão, ele sentia novamente suas bolas completamente azuis por baixo da roupa que usava. Bella parecia disposta a provocar o ruivo sexualmente até que ele chegasse ao seu limite, pois a cada cinco minutos roçava seus lábios na nuca ou no pescoço de Edward dando singelos beijos.

Quando chegaram ao hostel que foram para se banhar, os dois jovens descobriram que havia um quarto vago, e mesmo tendo pleno conhecimento que este tinha somente uma cama de casal os dois aceitaram prontamente, completamente extasiados com a ideia de finalmente dormirem em uma cama.

O ruivo foi o primeiro a se banhar, enquanto a morena ia à lanchonete do albergue pegar algumas coisas para que eles pudessem comer. No momento que Edward desocupou o banheiro Bella agilmente se apossou deste para se lavar. Quando a futura atuária deixou o banheiro não se surpreendeu ao encontrar o estudante de filosofia devorando os oreos, fritos, cookies, chex mix e m&m’s, que ela havia trazido não se preocupando com o que era doce ou salgado enquanto bebia longos goles de sua coca-cola. Um típico homem americano.

- Acho que você estava com fome. – brincou a morena, sentando-se ao lado do ruivo na cama, abrindo sua própria coca-cola e tomando um longo gole, em seguida reivindicando um pacote de fritos e um de chex mix para ela.

- Te confesso que não agüento mais comer Mcdonalds, Subway, Taco Bell, Pizza Hut e essas coisas. – disse com a boca levemente cheia apontando para os quitutes espalhados sobre a cama e relembrando as comidas disponíveis no festival.

- Eu também. – concordou Bella, devorando o seu fritos.

Pelos próximos 40 minutos os dois comeram em relativo silêncio assistindo uma reprise Friends, ambos riam demasiadamente dos seis amigos de NY, que lembravam e muito os dois e seus quatro outros amigos. Quando já estavam satisfeitos de seus lanches improvisados, eles limparam a cama e escovaram seus dentes para dormirem.

Minutos depois estavam os dois deitados confortáveis na cama, com o grosso edredom os cobrindo por causa do ar condicionado do quarto, entretanto o sono que sentiam antes parecia ter evaporado, e uma tensão sexual dominava os dois de maneira esmagadora.

Edward sentia novamente suas bolas ficando azuis diante da excitação que sentia. Bella ouvia seu coração batendo ruidosamente em seu peito. Cinco minutos depois, que mais pareciam uma eternidade Bella enfim disse com uma voz acima de sussurro:

- Eu ainda te devo um beijo.

O músico sentiu seu coração falhar uma batida. No mínimo ele deveria estar delirando ou sonhando porque nunca Bella lhe diria aquilo assim, inesperadamente, por conta disso optou ignorar, porém a morena não estava disposta a ignorar, repetindo outra vez:

- Eu ainda te devo um beijo, do gire a garrafa. – o ruivo fechou seus olhos, fazendo uma prece aos céus para que ele não estivesse ouvindo errado.

- E você quer isso? – perguntou também em um sussurro. Por mais que queria aquilo, Edward queria ter certeza que a atitude de Bella era genuína.

- Sim. – disse a morena com a voz mais aguda do que se esperaria. Edward fechou novamente seus olhos e disse seguidos ‘obrigados’ as forças superior por aquela resposta. Tomando uma respiração profunda ele abriu seus olhos e se equilibrou em seus cotovelos, pairando o seu rosto a centímetros do de Isabella. Ele podia sentir a respiração fresca, doce e feminina da estudante de ciências atuariais batendo em seu rosto, ela também sentia a respiração masculina, doce e cítrica do estudante de filosofia em seu rosto.

- Você tem certeza disso? – perguntou Edward mais uma vez. Bella confirmou enfaticamente com a sua cabeça. – Bella, esteja ciente que quando eu começar a te beijar, eu provavelmente não conseguirei parar, ok? – confessou sem nenhum tipo de inibição.

- Eu não quero que você pare. – afirmou a morena com uma certeza arrebatadora.

Mesmo sobre a penumbra do quarto os olhares de ambos estavam conectados, e iam sem cerimônia de seus orbes brilhantes aos seus lábios, em uma troca de olhar cúmplice, ele abaixou-se até onde os lábios de Isabella estavam entreabertos a beijando cautelosamente, como um leve roçar de lábios.

Edward tentava equilibrar seu peso com seus cotovelos, Bella, entretanto parecia desesperada para encurtar a distância entre eles enlaçando seus dedos entre os cabelos bronzes e sedosos do ruivo. Involuntariamente o músico gemeu, e sem qualquer hesitação da parte dos dois, o beijo que era suave tornou-se intenso, sôfrego em questão de poucos segundos.

Suas bocas se encaixavam com uma exatidão inexplicável, eram como peças de um mesmo quebra-cabeça. Suas línguas não competiam pela dominância, muito pelo contrário, juntas elas se exploravam, se acariciavam, dançavam. Era como se fosse um tango, sensual, irresistível, apaixonado, talvez.

Edward perdeu a batalha de controlar seu próprio peso com seus cotovelos, colando o seu corpo ao de Bella, enquanto suas mãos ansiosas vagavam pelo corpo da mulher que estava debaixo dele. Ela lamuriava contra a boca do futuro filósofo, tamanho era o desejo que estava sentindo. O músico explorava a boca da morena como fervor, assim como suas mãos pareciam ter sido multiplicadas.

O desejo, o tesão, a luxúria os consumia, ambos tinham uma vaga consciência que deveriam interromper aquele contato, antes que ele se tornasse algo que ambos pudessem se arrepender depois, todavia, nenhum parecia capaz de parar o beijo.

Fora só quando Edward se encontrava entre as pernas de Bella, onde ela sem a sua camiseta de Harvard que era o seu pijama e ele parecia um viajante sedento no deserto atrás de água beijando, sugando e chupando os seios dela com extrema volúpia é que os dois se separaram cientes de que tinham ido longe demais naquilo.

Agilmente Edward rolou para o seu lado da cama, completamente irritado consigo mesmo e por causa de seus hormônios aflorados, fazendo-o parecer mais um adolescente hormonal do que um cara com quase vinte e quatro anos nas costas, tanto que ele tentou arduamente ignorar a sua dolorosa ereção que parecia gozar da cara dele, não só em sentido figurado.

Bella estava completamente ofegante no mesmo lugar que estiver durante todo o beijo, suas mãos estavam trêmulas assim como suas pernas que pareciam ter virado gelatina. Com as mãos ainda incertas puxou a sua camiseta que estava ao seu lado a vestindo com rapidez.

Tendo conhecimento que o seu problema entre as pernas não iria sumir facilmente, Edward fechou seus olhos e tentou controlar a sua respiração superficial para falar algo a Bella. Percebendo que os seus exercícios de tranquilização não estavam funcionando, o ruivo sentou na cama e lançando um olhar sobre o seu ombro em direção a Bella, murmurou de maneira mais arrependida possível:

- Desculpe por isso... eu... porra! Eu simplesmente não consegui me controlar. – falou completamente frustrado consigo mesmo, puxando seus cabelos bronzes. Antes que Bella pudesse expressar qualquer pensamento ou fala, o ruivo levantou-se da cama e andou a largas passadas até o banheiro para dar um jeito em sua situação.

Isabella continuou ainda na cama, contudo todo o sono ou cansaço que deveria estar sentindo por conta dos últimos três dias tinha se evaporado com a mesma rapidez que o beijo com Edward havia se tornado tão intenso. Ela tentou entender de onde vinha essa atração voraz por ele, mas por mais que pensava mais ela via que desde o momento que seus olhos se encontraram pela primeira vez a tensão sexual estava lá presente, como uma necessidade.

O músico deixou o banheiro minutos mais tarde, cabisbaixo e completamente envergonhado de suas atitudes. A morena o admirava com curiosidade, mas ele sequer olhou para ela em tudo, pegando o travesseiro que deveria usar e o jogando no chão, ao lado da cama.

- O que você está fazendo? – perguntou Bella, sentando-se na cama completamente atordoada pela atitude de Edward.

- Irei dormir no chão, não confio em mim mesmo para dividir esta cama com você depois do que aconteceu Bella. – respondeu ainda envergonhado não dando um olhar sequer em direção a morena.

Isabella Swan bufou irritada. Aquilo era enervante. Inacreditável.

- Larga de ser idiota Edward! – exclamou fechando seus punhos e golpeando o colchão ao seu lado. – Você não fez nada sozinho, eu também concordei com tudo. Se tiver alguém que é culpado em toda a situação esta sou eu, quer dizer, não completamente digamos 50% da culpa é minha. – divagou por alguns segundos, antes de continuar explanando o seu ponto. – Você está cansado, por favor, deite na cama ou se não eu também irei me deitar no chão. – disse com veemência, Edward desde que havia pedido desculpas antes de se trancar ao banheiro não havia encarado os olhos da morena, mas diante de tal mando ele não conseguiu combater a sua necessidade de encarar aqueles intensos olhos castanhos, que estavam mais brilhantes do que ele se recordava.

- Bella. – gemeu o músico entre os dentes. – Isso é inapropriado. – a estudante de ciências atuariais rolou seus olhos inconformada com o argumento do futuro filósofo.

- Por favor, Edward! – debochou, se jogando novamente na cama e cruzando seus braços sobre o peito. – Quem vê até pensa que eu sou o tipo virginal, inocente, provinciana. Se alguém te escuta falando assim vão acreditar que no mínimo você andou me seduzindo, quando obviamente foi ao contrário. – expôs. – Desta forma, para de ser teimoso e deita logo nesta cama!

Por alguns segundos Edward somente admirou a futura atuária que estava deitada sobre os lençóis brancos de algodão. Um misto de admiração, ímpeto e incredulidade crescia em si por conta daquela mulher.

‘Quem ela era, e o que ela estava fazendo com sua sanidade?’ O ruivo se questionava mentalmente.

- Você é sempre tão teimosa assim? – questionou o músico atordoado.

- Só aos domingos, segundas, quartas e sextas. – brincou. Edward rolou seus olhos indignado, mas por fim cedendo a ordem da morena e colocando o seu travesseiro novamente na cama ao lado de onde se encontrava a cabeça de Isabella.

- Você às vezes é irritante. – bufou o músico enterrando sua cabeça no travesseiro ao lado da morena, fechando seus olhos evitando olhar para a ela ou para os seus lábios voluptuosos que pareciam o convidar para acariciar.

- Só às vezes. – concordou com um sorriso Isabella, que escutou Edward gemer ou bufar silenciosamente, ela tentou suprimir uma risada.

Os dois caíram em um silêncio incomodo. Qualquer sinal de sono que os dois sentiam parecia ter desaparecido completamente. Suas cabeças insistiam em permanecer no beijo que compartilharam há poucos minutos.

- Sabe Edward – começou Bella inesperadamente. –, eu realmente gostei do beijo que compartilhamos, será que... hum... podemos fazer outra vez? – pediu a morena hesitante prendendo seu lábio inferior com seus dentes.

- Você tem certeza? – inquiriu completamente surpreso Edward. – Quer dizer... depois do que aconteceu, você confia em mim para iniciarmos um novo beijo? – indagou perplexo.

- Sim, não acho que iremos muito mais longe do que uns beijos. – certificou-se a futura atuária. – Então eu posso te beijar? – pediu mais uma vez. Edward somente murmurou uma afirmação, e no segundo seguinte os lábios sedentos da morena atacavam os do ruivo com uma fome urgente.

Minutos mais tarde eles se separaram completamente satisfeitos e ofegantes com o beijo, ou melhor, beijos que partilharam. Bella ondulou-se ao lado do músico, deitando sua cabeça em seu peito, enquanto ele a abraçava trazendo-a mais próxima dele. Pela primeira vez em suas vidas os dois jovens compartilharam uma paz interior estrangeira. Seus olhos se tornaram pesados, mostrando que todo o cansaço e tensão dos últimos dias e dos últimos minutos caíram sobre os dois. Edward encontrava-se semi-inconsciente sentindo a respiração quente e cadenciada da Bella em seu peito nu, ela por sua vez ouvia atentamente as suaves batidas de seu coração.

- Edward? – chamou Isabella depois de longos minutos, despertando o ruivo do seu sono inicial.

- Bella? – murmurou o músico com a voz carregada de sono, afagando com sua mão os braços da futura atuária.

- Talvez nós podemos continuar... hum... er... as carícias de antes no seu quarto no rancho Hale. – disse a morena, sentindo suas faces esquentando.

- Você fala sério? – perguntou o ruivo, inesperadamente desperto se curvando para admirar o rosto de Isabella que só confirmou com um aceno de cabeça. Edward grunhiu. – Porra! Isso soa... interessante. – disse com a voz estrangulada.

Bella ampliou seu sorriso e depositou um beijo em seu peito, em cima de seu coração apertando seu abraço no corpo dele, o que foi imitado pelo estudante de filosofia. Em poucos segundos os dois estavam embalados no sono dos justos.

Impressionantemente ou não, quando acordaram no meio da manhã da segunda-feira, nem Edward, muito menos Bella pareciam atordoados com a intimidade que crescera sobre eles do dia para a noite. Ela era confortável. Extremamente confortável.

Depois de seus banhos matinais, os dois jovens encontraram com seus amigos que estavam ligeiramente irritados porque os dois haviam dormido em camas confortáveis e quentes, enquanto eles tiveram que mais uma vez suportar dormir em barracas. Edward contrapôs que na primeira noite deles em San Francisco os quatro tinham dormido em camas, enquanto ele e Bella tiveram que se acomodar desconfortavelmente nos bancos da Sunset.

Escusando-se os protestos dos dois casais, todos pareciam alheios que o músico e a estudante de ciências atuariais estavam mais próximos e íntimos do que haviam sido desde quando se conheceram, e tanto Edward quanto Isabella se sentiam agradavelmente divertidos que partilhavam um segredo.

À volta a Spring Creek foi feita novamente por Edward que conduzia a Kombi e Bella ao seu lado, ocupando o lugar do passageiro, enquanto seus amigos dormiam pesadamente nos bancos de trás completamente exaustos.

Durante todo o caminho o músico e a futura atuária trocavam olhares cheios de insinuações e uma luxúria palpável. Em Elko os seis decidiram fazer uma parada para comerem algo que usava uma mesa, pratos e talheres. A tensão sexual dos dois parecia os consumir como um fogo em um palheiro. Crescente, quente, intenso e incontrolável. Os minutos pareciam se arrastar tortuosamente lentos.

Quando pararam finalmente a Sunset em frente à imensa casa branca, Edward e Bella desceram do mesmo com tanta rapidez que surpreendeu seus amigos que até então estavam completamente alheios aos olhares abarrotados de luxúria dos dois.

- Ei! – exclamou Emmett, chamando a atenção dos dois amigos que subiam apressadamente as escadas que davam acesso à varanda do rancho.

- Onde vocês estão indo? – perguntou Rosalie ofendida com os dois, que não estavam ajudando os outros a tirar as bagagens da Kombi.

- Indo para o meu quarto conversar. – respondeu Edward abrindo a porta da casa.

- Conversar? – repetiu Jasper confuso.

- Oh. Meu. Deus! – gritou Alice, dando ligeiros pulinhos onde estava. – Vocês? Vocês estão... Oh meu Deus! – exclamou novamente atordoada.

- Bingo Alie! – exclamou a morena. – Você já pode abrir uma tenda no campus e adivinhar o futuro de todo mundo. – brandiu Bella entrando na casa seguida por Edward, ignorando completamente os amigos enquanto iam rapidamente ao quarto que o ruivo ocupava no rancho do Senador Hale.

Três dias depois do retorno de San Francisco Emmett, Alice e Bella estavam todos dentro do Jeep para fazer sua viagem de volta para a capital do estado de Massachusetts. A despedida entre os casais eram cheias de juras e promessas, e sabendo que não poderiam mais tardar a volta para casa os três amigos se acomodaram no carro e seguiram pela rodovia que os trouxera até ali.

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Em um dia qualquer de agosto, dois anos depois...

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- Eu não acredito que vou ter que te deixar aqui! – disse uma chorosa Alice nos braços de sua amiga. Bella sorriu compassiva com a baixinha, ela também dividia o mesmo sentimento de angústia e abandono de sua melhor amiga.

- Alie, nós duas sabemos que isto mais cedo ou mais tarde estaria acontecendo. – contrapôs racionalmente a atuária.

- É tão injusto! – protestou novamente a pequena morena com um ligeiro bico.

- Alice, nós já conversamos sobre isso – argumentou à morena. – é seu futuro, você não pode ignorar. Você mesma disse que é quase impossível uma recém formada conseguir um emprego na Maison Chanel em Paris. – lembrou Bella a amiga o motivo para que ela estar se mudando para a Europa.

- Sim, você tem razão, mas é só tão injusto que você vai ficar aqui sozinha. – lamentou-se a pequena senhorita Brandon. Isabella lhe lançou um sorriso apologético.

- Alice eu tenho trabalhado exaustivamente, não é como se eu ficasse sozinha, sempre tenho a companhia dos números, como diz Emmett. – ela deu de ombros. – Sem contar que o grandão pode ser uma estrela da NBA, mas a sede do Boston Celtics nem é tão longe daqui de casa e ele sempre vem aqui me atormentar. – expôs divertida. Alice rolou os olhos em um gesto nenhum pouco característico dela.

- Ainda acho completamente atordoante que Emmett e Rose funcionaram como um casal, eu e Jasper também, mas você e Edward... puft... simplesmente não deu certo. – falou Alice cruzando seus braços sobre o seu peito e olhando indignada para a sua amiga, como sempre fazia quando iniciavam aquela conversa.

- Alice, não deu, não funcionou. Nem todos os casais são perfeitos como você e Jasper. – disse cansada a amiga. – Edward é um artista, um músico, um filósofo que tem que propagar a sua inteligência para os outros, seus talentos a todos. Enquanto eu – ela suspirou pesadamente e tragicamente. –, estou fadada a viver atrás de uma mesa, brincando com a minha calculadora e entendendo o que eu entendo mais do que deveria admitir: números. – deu de ombros. – Era o destino. Edward foi somente a minha cura pelo que aconteceu com Jake. – argumentou com extrema maturidade.

- Odeio quando você é racional desse jeito. – bufou a estilista, contudo se jogando nos braços da amiga em um abraço apertado. – Vou sentir tanto a sua falta. – murmurou chorosa.

- Alice! Não é como se estivéssemos indo para a guerra. – contrapôs a atuária divertindo-se do drama da amiga.

- Me prometa que você irá a Paris em dezembro, por favor, eu preciso de você comigo na cidade luz, pelo menos por uma semana. – pediu chorosa. Bella rolou os olhos.

- Eu já disse que irei tentar Alie. E outra você estará vivendo com Jasper não é como se você fosse me dar alguma atenção. – ponderou divertida, rolando seus olhos como se fosse óbvio o seu ponto.

- Você sabe que quando ele começa a brincar de Batalha Naval ou War com seus mapas ele esquece completamente do mundo, nem me dá atenção. – bufou Alice, fazendo Bella gargalhar.

- Uma eterna Drama Queen. – brincou com a amiga a abraçando com força. – Agora vai Brandon, chispa, antes que você perca seu vôo para Nova Iorque e me culpe por nunca ter conhecido o Karl Lagerfeld.

- Como se eu não fosse ser o capacho dele na Chanel. – devolveu a estilista com indignação. – De qualquer maneira eu devo ir, mas Bella me prometa que iremos conversar todo dia? – pediu afastando-se do abraço que dava na amiga.

- Eu prometo Alice, iremos conversar todos os dias por Spype. – sorriu Bella, vendo pela sua visão periférica o taxista visivelmente irritado com a enrolação de sua passageira. – Agora vá, antes que eu me arrependa de todas essas promessas. – brincou dando mais um abraço apertado em sua amiga.

- Como se você fosse capaz de não realizar qualquer uma de suas promessas a mim. – brincou Alice. – Mas você tem razão, tenho que ir senão perderei meu vôo. – admitiu tristemente.

- Dê um abraço em Jasper por mim, e nos falamos quando você estiver disponível. – disse dando uma ligeira piscadela para a amiga, que ampliou seu sorriso.

Foi com lágrimas dominando seus olhos que Bella viu o carro em que sua amiga estava sumir de suas vistas pela rua que haviam morado pelos últimos 5 anos, desde que deixaram os dormitórios da Harvard. Sabendo que retornar para casa só iria ampliar o sentimento de solidão e tristeza que crescia dentro de si a morena optou por aproveitar um dos últimos finais de semana do verão e seu último de férias indo ao Isabella Stewart Gardner Museum.

Nos últimos dois anos, Bella havia criado o hábito de visitar todos os museus da cidade, de longe o seu favorito era justamente aquele que levava o nome de sua xará, os jardins suspensos do museu traziam uma paz de espírito que ela só saboreara uma vez em toda a sua vida: nos braços de Edward.

Ela tentou controlar o nó que crescia em sua garganta. Bella e Edward depois dos dias acalorados que compartilharam em Spring Creek mantiveram contato por alguns meses somente, já que apesar da proximidade da Filadélfia com relação à Boston não estavam dispostos a manter um relacionamento a longa distância como seus amigos, quer dizer, ele não estava disposto, e assim romperam, nem mesmo contato mantiveram depois do fim amigável.

Isabella sabia pouco sobre a vida de Edward atualmente, Jasper e Rosalie que de vez em quando traziam o nome do ruivo em alguma conversa mantendo-a assim atualizada. Um ano depois do verão em Nevada Edward se formou em filosofia e conseguiu uma vaga na pós-graduação em filosofia jurídica na UCLA. E depois de uma temporada tocando piano em bares na cidade dos anjos, o filósofo conseguira se juntar a Orquestra Filarmônica de Los Angeles e estava noivo de uma harpista da mesma, segundo Jasper.

A atuária não podia fazer nada, mas saber que o músico sequer se importava com o que viveram em Spring Creek a deixara completamente magoada, principalmente porque os melhores amigos dele, namoravam os melhores amigos dela.

Cansada e um pouco desgastada com a enorme carga emocional que fora a despedida de Alice, Bella colocou os seus fones de ouvido e caminhou tranqüilamente para o seu apartamento ouvindo as suaves, porém intensas canções da Adele.

A morena estava tão distraída nas letras cheias de angústia e paixão da inglesa, sobre relacionamentos confusos ou sua inadequação social, algo muito parecido com a própria Isabella, fazendo com que seus pensamentos voassem nas recordações de Edward, quando viu algo que a deixou completamente confusa e atordoada.

Caminhando impacientemente de um lado para o outro na frente do prédio de arquitetura européia em que vivia estava Edward, com os cabelos bronzes mais curtos do que a morena se recordava, contudo com a constante e característica bagunça de sempre, provavelmente provocada por seus dedos que corriam sem parar por eles os puxando levemente.

Isabella sorriu torto consigo mesma antes de retirar os seus fones de ouvido e desligar seu ipod, com um suspiro pesado ela caminhou confiantemente até onde estava o filósofo que ainda não tinha visto a atuária. Tremendo ligeiramente ela parou a alguns passos do ruivo que finalmente a viu. Um sorriso torto característico brotou nos lábios de Edward e sem conseguir se conter ela imitou o gesto.

- O que você faz aqui? – questionou a morena dez minutos depois, completamente curiosa para saber o que ele fazia ali, em frente ao edifício que ela morava.

- Fiquei sabendo que você está precisando de um colega de quarto. – respondeu divertido, enterrando suas mãos nos bolsos de sua calça jeans surrada.

- Mas... – começou ela incerta, colocando seus pensamentos em ordem. – Jasper e Rose me disseram que você estava em LA. Fazendo pós na UCLA, tocando na Filarmônica de lá, e... noivo de uma harpista. – enumerou a morena. Edward que sorria, ficou sério e ligeiramente confuso.

- Noivo? – repetiu atordoado. – Eu nunca estive noivo. Tanya era só uma amiga. – defendeu-se. Fora a vez de Bella dar de ombros e encará-lo confusa.

- Foram o que seus amigos disseram, mas levando em conta quem é você, não me surpreenda que a coitada da harpista assim como seus amigos mal sabiam do relacionamento. – comentou sarcasticamente a profissional de ciências atuariais.

O músico e filósofo bufou encolerizado.

- Ok, eu mereci isso. – confessou tristemente. – Mas saiba que aqueles dias em Spring Creek nunca saíram da minha cabeça, eu simplesmente não te tirei da minha cabeça nos últimos dois anos Bella, eu... – ele sorriu torto, enquanto bagunçava seus cabelos da nuca. – eu... estou apaixonado por você. Bella Swan eu te amo! – afirmou com convicção Edward.

- Você o quê? – perguntou estridentemente, completamente perplexa.

- Eu te amo Bella, eu sempre amei. Só não era homem suficiente para assumir antes. – explanou sorrindo agora largamente a morena.

- Então você precisa de uma colega de quarto? – pediu Bella com um sorriso hesitante em seu rosto, enquanto mordiscava nervosamente seu lábio inferior.

- É... eu estava me perguntando se você conhece alguém que está precisando de alguém para dividir um apartamento, acredite viajar três mil milhas por causa de uma mulher que eu sou completamente apaixonado é um pouco desgastante. – comentou dando uma ligeira piscadela para a morena.

- Oh! – fingiu surpresa a morena. – Então não deixaremos você esperando, aposto que tem uma cama quente e um prato de comida que posso te oferecer. – gracejou.

- Eu tenho outra coisa em mente que você pode me oferecer. – falou Edward puxando Bella para os seus braços e sem qualquer hesitação a beijando sofregamente.

- Ok Cullen – declamou ofegante Isabella afastando seus lábios dos do ruivo. –, acho que deveríamos pular a parte do prato de comida e ir direto para a cama quente. – disse rebocando Edward para dentro de seu edifício.

Este fora o primeiro dia de um eterno verão para Edward e Bella. Tudo começou para aqueles dois jovens em um dia qualquer de agosto.

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Notas finais do capítulo

N/A: E aí amores?! Já conseguiram adivinhar quem eu tirei?! *HUAHUAHUAHUA*
Nesta parte 2 dei muitas dicas de quem foi a minha amiga secreta, mas para deixar claro eu tirei à linda, maravilhosa, talentosa e minha amiga BLUEBERRYTREE, a autora de uma fic maravilhosa que acredito que todo mundo conhece: Celebridade do Mês. ;D
Bom, pra quem não sabe, eu e a Berry ou Carol (sim ela é Carol também!) nos conhecemos pessoalmente, então confesso que escrever uma fic para ela tinha suas facilidades e suas dificuldades. Uma das minhas facilidades foi conhecer um pouco da personalidade da Berry, uma pessoa viciada em filmes (ela tem quase uma locadora em casa), uma adoradora de música em geral e óbvio, uma amante fervorosa de comida (sim, esse monte de comida durante a fic não foi mera coincidência!).
Brincadeiras a parte a Berry tem um lado muito meigo, sentimental, amigo, companheiro, adorável que ela teima em atribuir que o culpado é seu signo Câncer, mas nah... é ela mesma! Ela é tudo isso que eu disse e mais um pouco. Tanto que para escrever esta one-shot em segredo e principalmente agradá-la, eu fiz uma de Sherlock Holmes (claro que não adiantou, porque quando revelamos o amigo secreto ela já sabia que eu tinha tirado ela), mas enfim... conversando como não quer nada com ela no MSN inquiri o que ela queria na one, e ela me disse que a música que tinha escolhido da Vanessa Carlton – White Houses (http://www(PONTO)youtube(PONTO)com/watch?v=SM3fEJyPrrg&ob=av2e) era uma fic pronta com um final triste, claro que eu fui ouvir a música até eu cansar para ter uma ideia, então com a letra da música e uma das fotos que ela havia selecionado para que quem a tirasse se baseasse caso fosse necessário (http://data(PONTO)whicdn(PONTO)com/images/1932473/tumblr_l0rve5tFqz1qbydq6o1_500_large(PONTO)jpg?1271105832), acho que consegui criar um plot com a cara da Berry, coloquei um festival – Outside Lands (ele existe de verdade e esse ano vai ser realizado dias 12, 13 e 14 de agosto com Muse, Arctic Monkeys, Arcade Fire, entre outros) – porque eu sei que ela tem uma paixão por esses festivais a la Woodstock, e fiz referências um monte de filmes que se encaixavam na história, e o resultado foi isso que vocês viram. Espero ter agradado o cliente, ou no caso minha amiga secreta.
Agora vem aquele momento extremamente constrangedor em que eu serei toda cheia de nhem, nhem, então quem quiser pular essa parte fica a vontade, ok?!
Berry, eu sei que eu não sou a pessoa mais fácil de lidar, na verdade eu sou um porre! Mas apesar dos apesares você me atura.*risos* Temos altos e baixos, na maioria das vezes discordamos de algumas coisas, brigamos, falamos coisas que não deveríamos, ficamos chateadas, mas toda amizade é assim, e é por isso mesmo que se chama amizade, porque se fossemos concordar com tudo o que a outra diz ou aceitar tudo o que fazemos não seriamos amigas; seriamos colegas, conhecidas e olhe lá. Te conhecer pessoalmente, assim como todas as meninas foi extremamente gratificante, porque querendo ou não mostrou ser algo totalmente diferente do que eu imaginava ou imaginávamos. Lembra que estávamos completamente paranóicas que talvez não teríamos assunto? Deus... que coisa absurda, o que mais tivemos foi assunto, e engana-se quem pensa que foi sobre fanfics ou Twilight, porque se tem uma coisa nesse fandom que participamos é que somos totalmente fora os estereótipos que se esperam; ou vai dizer que nossa malditisse e nosso jeito meio indie não é algo questionável? *gargalhadas*
Enfim... para quem esperava que não teríamos assunto, tivemos para todos os dias, todas as horas, e se duvidar até mesmo dormindo, ou essa fui eu?! Poutz... a gente não calava a boca! *KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK*
Assumo para quem quiser (e estou fazendo isso publicamente agora) que nossas férias foram uma das melhores da minha vida, eu adorei conhecê-la pessoalmente, assim como as meninas porque foi ótimo! Eu poderia dizer um milhão de coisas sobre o que passamos, por nossa amizade, elogiá-la, e todas essas coisas clichês, mas nada disso seria suficiente porque as minhas palavras soariam piegas, vagas, ridículas e até mesmo inapropriadas, e partindo desse princípio serei humilde o suficiente para somente te agradecer. É isso mesmo, eu só quero te agradecer por ter entrado na minha vida, por deixar que eu entrasse na sua, como também ser a minha amiga, porque pra mim isso é o que é mais importante: ser a sua amiga, mesmo que não seja a melhor delas, ou a mais legal, o fato de estar neste grupo restrito já me deixa imensamente feliz, e como eu já disse anteriormente para você e para as meninas, se um dia eu fosse escrever uma biografia sobre a minha vida existiria um longo capítulo sobre vocês, as minhas melhores amigas inesperadas e virtuais que eu pude ter em toda a minha vida.
Damn it! Como eu estou sendo menininha e sentimental! Bem... acho que é isso... OBRIGADA por tudo e desculpa qualquer coisa, essa sou eu, única, original, totalmente imprevisível e completamente estranha. Ou vai me dizer que você conhece outra pessoa venancia mais do que eu?! *KKKKKKKKKK* Vocês me tornaram um verbo, isso é inesperado, incrível! Ok, chega! Estou divagando.
Bom... espero que todos tenham gostado, mas principalmente a Berry, já que... Mirtila eu fiz pensando em você, se caso você não tenha gostado MINTA pra mim na review dizendo que amou, mas depois em off no MSN você, POR FAVOR, diga a verdade, ok?!
É isso gente, não sei mais o que dizer... mas a todos MUITO OBRIGADA, por ter paciência de ler essa coisa gigante que por conveniência eu acabei dividindo (50 páginas de um arquivo de Word estava me assustando), assim, por favorzinho, não deixem de deixar reviews e claro dar uma olhadinha nas outras fics da brincadeira, tudo bem?!
Mais uma vez obrigada!
Beijos,
Carol Venancio.