Michelle POV (ON)

Não aguentava mais. Havia chorado só ontem mais do que eu chorei na minha vida inteira! Por que tudo isso tinha que acontecer?

Eu sabia que entre eu e Eric provavelmente nunca rolaria nada e se rolasse não daria certo!

Nós somos completamente diferentes um do outro. Viemos de classes humanas completamente diferentes.

Ele é tudo o que eu não sou e mais um pouco. Ele nunca ficaria com uma tapada como eu. Ele é o tipo de garoto que namora a Belinda, Tabitha ou a Lucy. Só as populares. É a lei da vida!

E é claro que a Sam se encaixa nesse perfil. Afinal, ela é bonita e super estilosa. É claro que ele sentiu uma atração por ela.

Eu deveria ficar feliz por eles... Mas a única coisa que eu estou sentindo agora é tristeza, mágoa e rancor.

Que droga, eu não paro de chorar.

Eu to aqui andando pelos corredores e todos me olham com cara de ponto de interrogação.

Estava tentando ao máximo ignorá-las e tentar inutilmente conter as lágrimas, mas as mesmas caíam sem parar.

Continuei meu caminho até a biblioteca. Por incrível que pareça, a mesma é o único lugar onde consigo pensar sem interrupções e mais claramente na minha vida e nos problemas que nela surgem.

Abaixei a cabeça a fim de evitar comentários desnecessários do povo alheio, quando de repente sinto braços me envolvendo confortavelmente.

Olhei pra cima e me deparei com Eric me abraçando. Afastei-me por reflexo e o mesmo me olhou com a expressão confusa e preocupada.

- Licença. – pedi limpando meu rosto e tentando conter as lágrimas que se seguiam.

- Não vou sair até me deixar falar. – disse ele com um sorriso meigo.

- Ótimo. Tem outro caminho mesmo. – dei de ombros e dei meia volta já voltando de onde eu tinha vindo, mas o mesmo segurou meu braço me impedindo. – Me solta! – falei um pouco mais alto sem me virar. Ainda não estava completamente preparada para encará-lo olho no olho.

- Por favor. Deixe-me explicar. – pediu ele com a voz doce.

- Não preciso de explicações. Eu sei o que eu vi. – falei um pouco mais baixo segurando as lágrimas.

As lembranças do dia anterior vinham como facas atravessando meu peito.

Doía saber que eu estava sendo egoísta demais a ponto de sentir mágoa ao saber que ele está feliz com outra pessoa.

Egoísta! Era exatamente isso que eu estava sendo. Egoísta! Eu só estava pensando em mim. Sem me importar com os outros e com seus sentimentos.

Mas não adianta. Toda vez que me lembro dele com a Sam aquela maldita dor no meu peito aparece de novo.

Se isso é realmente amor. Eu não quero senti-lo.

Por que quando falam de amor como um sentimento maravilhoso, lindo e mágico? Não explicam em livros, revistas ou quadrinhos que o amor pode ser terrivelmente doloroso... Quando ele não é correspondido.

Há um mês... Admito que eu realmente cheguei a pensar que as coisas entre mim e Eric poderia acontecer. Eu ficava pensando: “Quem sabe daqui a alguns meses?”. Acontece que quando eu estava com ele, pode até parecer meio clichê, mas o tempo parecia mesmo que parava para nós dois. É estranho descrever, mas a questão é que... O quero comigo. O quero pra mim. Só para mim!

Egoísta! Egoísta e egoísta. Como pode ser tão egoísta Michelle?

Que droga! Eu sou a pessoa mais horrível do mundo.

- Por favor... Eu só te peço que me ouça. – fui acordada de meus pensamentos pela voz doce e gentil de Eric.

Eu me virei de modo que olhasse diretamente em seus olhos. Ele me encarou alguns segundos para ter certeza que eu estava ouvindo e se pronunciou:

- Michelle você entendeu errado. Quando você me viu com a Sam no refeitório... – o interrompi.

- Ela já me falou Eric e eu... – ele colocou o dedo indicador em meus lábios para que eu parasse de falar. Tremi com seu toque, mas resolvi ignorar.

- Deixe-me terminar. – disse ele com a expressão séria e pensativa. Ele ficou olhando em meus olhos por um tempo e depois foi deslizando seu dedo delicadamente pela minha boca até chegar no meu queixo e deixá-lo cair. – Eu... Eu estava pedindo ajuda dela para marcar um encontro com você novamente, só que dessa vez só nós dois como antes sem a interrupção delas. – explicou ele. Sam havia dito a mesma coisa, mas a essa altura do campeonato eu já desconfiava de tudo.

Abri a boca para falar, mas ele continuou:

- Michelle eu... Eu queria te dizer tudo aquela noite. Tudo o que sinto por você. Queria dizer lá no jardim porque eu sei que você adora ir lá. Eu queria que você finalmente soubesse o que eu sinto por você e o que eu sempre vou sentir. Eu e a Sam não somos nada além de colegas de classe.

- Eric eu... – ele me ignorou e continuou:

- Michelle eu amo você. Amo você e ninguém mais. Eu jamais faria algo de ruim com você. Jamais a magoaria dessa forma. – ele falou em um tom baixo, mas mesmo assim era audível para todos que estavam ao nosso redor.

O que ele estava dizendo? Primeiro que ele nunca havia falado comigo em público e segundo que ele estava dizendo coisas impossíveis e incompreensíveis.

Será isso verdade? Não pode ser...

- Mi? – chamou-me ele com a expressão preocupada e aflita.

Eu estava confusa. Completamente confusa, eu já não estava entendendo mais nada. Eu queria dizer algo, mas minha voz não saía. Ainda estava tentando entender suas palavras e sua atitude.

- Michelle? – perguntou ele um pouco mais alto dessa vez.

- Para de mentir Eric! – finalmente achei minha voz.

- Não estou mentindo! – ele alterou-se.

- Sim, você está! – falei mais alto. – Você não me ama. Nunca amou e nunca vai amar. Eric nós não nascemos para ficar juntos. Somos total e completamente diferentes um do outro. – disse com as lágrimas já molhando meu rosto.

- Como pode dizer isso? Acha que eu encontraria você quase todos os dias se eu não gostasse de você? Acha que eu ajudaria você quando você tem problemas se não a amasse? Acha que eu pensaria em você em cada segundo do dia se não a amasse? – ele dizia isso alto fazendo todos ao redor olharem confusos e surpresos. – Eu amo você Michelle. Eu amo muito você.

- Você nunca falou comigo em público... Você nem olhava pra mim se estivesse alguém além de nós dois. – falei encarando o chão.

- Sabia que entenderia errado essa parte. – falou ele com um olhar decepcionado e preocupado. – Michelle o único motivo por eu não ter falado com você em público era porque eu não podia magoar a Lucy. – ele falou e eu fiquei mais confusa ainda.

- Lucy? – perguntei.

- Sim. Lucy é a irmã do Logan e a garota que eu te falei que havia se declarado para mim. Depois que ela se declarou, meus amigos começaram a inventar de que eu tinha que ficar com ela já que ela era bonita e popular, e além de tudo estava afim de mim e... – o interrompi.

- Por eu não ser popular nem bonita você não falava comigo? – perguntei com a voz baixa.

- É claro que não. Eu só queria esperar até que Lucy se interessasse por uma outra pessoa para que ela não se magoasse mais. Mas se você ficou magoada pelo que eu fiz me perdoe. Prometo que não farei de novo. Se quiser eu... Eu paro de falar com a Sam e anuncio para a escola inteira o que eu sinto por você... Só não vou suportar ver você assim comigo... – disse ele e abaixou a cabeça.

Tudo bem. Agora eu estava completamente confusa. Como assim? Ele...? Ele realmente me ama?

- I-Isso é verdade? – perguntei perplexa.

- É claro que é. – falou ele com um sorriso meigo. – Eu amo você Michelle Russeau. Eu amo você, eu amo você. Poderia falar isso o dia inteiro.

Ele sorriu e eu sorri também. Meu primeiro sorriso depois de um dia de choro!

- M-Me desculpa por ter tratado você daquele jeito. – me desculpei.

- A culpa foi minha. – disse ele dando um tapa na própria testa. – Mas... Você pode fazer algo para se desculpar? – perguntou ele com um sorriso.

- Qualquer coisa. – falei de imediato.

- Saia comigo. Um encontro de verdade, fora da escola e sem ser escondido. E sem a interrupção de ninguém. Tudo bem pra você? – propôs ele e eu ri fraco.

- Tudo bem. – sorri e ele sorriu também.

Ele colocou sua mão direita em meu rosto e sua mão esquerda em minha cintura. Ele me puxou delicadamente para ficarmos mais próximos um do outro. Lentamente ele foi se aproximando de mim. Quando sua boca estava a centímetros de distancia da minha... O sinal tocou anunciando o café da tarde. Nos separamos e fomos até o refeitório de mãos dadas.

Michelle POV (OFF)