O Clube dos 27 escrita por Sally F4ce


Capítulo 1
Capítulo 1




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Acendi um cigarro do meu pacote recém-aberto e senti o calor do clube envolver-me com o frio de uma noite chuvosa. O clube dos 27 era um clube de jazz novo na cidade. As mesas estavam cheias de gente, casais rindo e falando alto enquanto assistiam as atrações da noite. A inalação da fumaça inundava meus pulmões antes de deixá-lo lentamente escapar de meus lábios, os olhos crédulos percorriam a sala em busca de um lugar vago

Perto do palco mal iluminado, uma mesa vazia com uma cadeira. Rapidamente fiz o meu percurso entre a multidão até o local. O ambiente era rodeado pela fumava branca, as luzes lançavam uma névoa sobre os outros clientes. Acomodado no banco, descansei meu casaco sobre as costas da cadeira

Bati as cinzas da ponta do meu fumo no cinzeiro de cerâmica antes de se voltar para o meu lugar. Uma dama de altura respeitável, risonha, com seus óculos arredondados veio à minha mesa. Suas vestes um tanto desgrenhadas, com diversos adereços, algumas nas mãos outros pendurados ao pescoço. Ela lançou a densa cabeleira atrás de seu ombro e observou-me por trás daqueles profundos olhos

-Poderia me oferecer uma tragada meu rapaz?

-Claro

A moça deu uma boa sorvida, parecia carente de um cigarro, então lhe ofereci mais alguns, ela agradeceu, disse que já fazia um bom tempo que não se deliciava com um bom fumo

-Muito obrigada meu rapaz, não gostaria de se juntar a nós?

Ele apontou para uma mesa bem ao centro do bar, onde havia algumas pessoas lá presentes, que pareciam conversar animadamente.

Não querendo parecer indelicado, fui até o local, pelo que parecia eram mais cinco pessoas

-Quem você trouxe para nos hoje?

-Esse rapaz estava sozinho pensei em convidá-lo para nossa mesa

O sujeito acenou com a cabeça para que eu me sentasse ao seu lado, pareciam um pouco apaziguado, suas vestes evidenciavam seu peitoral mulato e onde um grande pingente descansava, ele portava uma guitarra em sue colo, já bem velha, seus cachos eram contidos por uma faixa que terminava com um rabo atrás da nuca, apesar da seriedade apresentou-me um sorriso franco, arrancando algumas notas do instrumento

-O garoto é novo, seja mais gentil, não se acanhe ele é assim mesmo

Eu vire-me para agradecer, como quem estava bem com a situação, retribui-me com um tapinha nas costas, ele se sentou logo em frente a mim, parecia tão jovem quanto os outros, mas trajava um uniforme social, seus cabelos loiros pareciam estrategicamente alinhados ao rosto, seu porte elegante fazia jus a um rosto bem desenhado de traços finos

-Já viu a grande atração da noite?

-Não?

-Ela é fantástico, nova aqui no clube, mas ótima.

Olhei para o palco. As luzes tinham caído e de onde eu estava avistei a silhueta de uma dama que caminhava até o centro do tablado. Quando as luzes retomaram, estava satisfeita com a imagem fascinante que tinha presenciado

 Razoavelmente alta, algumas polegadas mais curta do que eu. Seu cabelo admirável fora perfeitamente enfeitado com uma grande flor vermelha fixada a lateral da cabeça. A pele da mulher era intocada, seus olhos grossamente delineados e seus lábios rubro de sangue foram afastados em uma respiração macia. Meus olhos arremessaram aos seus, fechados e quando os abriu minha respiração travou. Eles eram como duas ásperas amêndoas

Flertou a platéia. Eu deixei o meu olhar vagar para a região inferior. O inchar dos seios demarcados pelo vestido. A seda abraçou seu corpo transparecendo suas tracejadas curvas de menina. Seus pés estavam amoldados em um par de saltos negros, que davam a ilusão de seu pudor.

Sua voz era assombrosa e sensual. A voz parecia resvale-ser pelos lábios famintos. Eu assisti avidamente como a mão dela acariciou o fino rosto, desejei que eu estivesse afagado aquela pele. Seus movimentos eram pausados e sedutores acompanhando o ritmo do jazz. A melodia fluía através do salão e todos os clubes eram em servos de sua voz. Tudo passou rapidamente. A música terminou e eu fechei as mãos aplaudir. Senti meu coração apertar quando ela olhou nos meus olhos, ela piscou e o encanto foi quebrado. Senti meu peito arfante e minha a respiração ofegar como se tivesse roubado a distância entre nós.  Mas só aquela noite era dela.


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Notas finais do capítulo

foi curto, mas não quis escrever muito, Amy era tudo com poucas palavras. Adeus Amy =/



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