Minha Vida Antes... (annabeth) escrita por Marina Leal


Capítulo 8
Capítulo 8: GANHO UMA NOVA FAMÍLIA


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas enfim pude postar, espero que gostem. O próximo será do ponto de vista de Atena novamente.
Beijossssss.



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(POV: ANNABETH)

Eu precisava de tempo, e era exatamente o que eu não tinha disponível naquele momento, eu precisava fugir e logo, em breve os outros monstros iriam voltar para o beco e iriam ver: uma semideusa jogada no chão ao lado de um montinho de areia que há pouco tempo atrás fora um monstro, amigo deles por sinal, com uma coruja no braço e com um broche apertado em uma das mãos.

Totalmente desnorteada e com medo eu me levantei e saí do beco, fugindo dos outros monstros que eu sabia que iriam me perseguir em breve, sem ter muita certeza de para onde estava indo.

“Perfeito Annabeth.” Resmunguei comigo mesma andando por aí, sem um rumo certo. “Agora você conseguiu atrair mais alguns monstros para te seguir, você está com fome e não sabe o que fazer com os dracmas que sua mãe enviou para você e agora o único presente que você tem para usar para se defender só pode ser usado mais uma vez, absolutamente perfeito.”

Um pio abafado em minha orelha me advertiu a parar de reclamar tanto, mas mesmo assim continuei caminhando e resmungando até ficar muito tarde, eu não tinha para onde ir então entrei em uma loja cujo nome estava muito no alto e em letras vermelhas em neon e não ajudou em nada que minha dislexia estivesse embaralhando o nome, tudo o que eu conseguia ver era: FOINICA LAMICERGUTA ROMDCHIN. Suspirei de frustração por não conseguir ler direito, mas entrei com Courage (sim, coragem, esse foi o nome que escolhi para a ave que salvou a minha vida e que me transmitia coragem também) para passar a noite do mesmo jeito.

Entrei na loja, não parecia em nada especial, muitos materiais de construção jogados no chão e em cima de prateleiras no alto. Olhei para o lado e vi um martelo grande e de aparência pesada, mas que mesmo assim parecia perfeito para mim. O peguei do chão e parecia ser muito leve em minhas mãos. Adorei. Coloquei-o em minha mochila, seria minha arma quando eu não pudesse mais usar a espada. Como se tudo fosse combinado ouvi um barulho vindo do porão e rapidamente peguei o broche, eu havia aprendido da pior maneira que os monstros preferem lugares escuros e úmidos.

Caminhei lentamente em direção ao local de onde eu ouvi o barulho, apenas para ficar paralisada no lugar antes de chegar a minha meta, uma aranha enorme parecia olhar diretamente para mim, mas fui distraída do meu medo ao ouvir uma voz vinda da porta que eu não poderia atravessar agora:

“Esssssstou dizendo, há alguém além de nósssssss aqui.” Disse uma voz que eu reconheci e que fez meu sangue gelar, e eu percebi que não era nada bom.

“Você essssstá ouvindo demaissssss, sssssabia? Pare com issso e venha, ossss outrossssss doissss vem vindo e esssstão cercadosss, acabei de receber uma mensssagem do nossso messsstre e ele disssse que a garota não pode esssscapar, me entendeu?” Sibilou outra voz rispidamente.

“Ssssssim” respondeu a outra voz, mas parecia relutante em aceitar as ordens da outra.

Fiquei congelada no meu lugar. A garota não pode escapar, essas palavras se repetiram em minha mente, e se a garota fosse eu? Não parei para pensar na aranha que me encarava e que estava me deixando mais nervosa do que nunca (ela realmente estava olhando para mim, ok?) e tirei o broche do meu bolso e o abri, a linda espada apareceu fiel e segura em minha mão, não parei para pensar que aquela era a última vez que eu iria poder utilizá-la e avancei devagar e ao ver que havia uma redoma de vidro ali por perto eu tive uma idéia.

Peguei a redoma e coloquei a aranha dentro, cobri com um pano para que aqueles olhos estranhos e redondos parassem de olhar para mim, e fui por trás das duas dracaenae que estavam olhando através de uma cortina, os corpos escamosos pareciam sentir a minha presença, mas as duas me ignoraram. Coloquei cuidadosamente a redoma, com a aranha dentro, no chão atrás das duas e me preparei para o ataque, era um plano arriscado, mas era o melhor que eu podia fazer naquele momento.

“Ahhhhhh.” Gritei ao atacar as duas com a espada erguida, denunciando minha presença.

Elas se viraram, mas não tiveram tempo para me atacar, pois no momento que completaram o movimento para me encarar, suas pernas bateram na prisão da aranha e elas caíram no chão e minha espada fez contato com a pele escamosa do pescoço delas e elas explodiram em uma chuva de areia de monstro a qual eu já estava acostumada.

Quando ambas sumiram em areia que se espalhou pelo chão a espada se desfez devagar como se estivesse me dizendo adeus, ela se desfez até que virou um broche comum que eu guardei para sempre me lembrar dessa vitória, mas não pude me concentrar nisso por muito tempo, ouvi um barulho do outro lado da cortina, duas vozes que pareciam humanas. Courage apareceu esvoaçando ao meu lado, soltou um pio abafado que mais parecia uma despedida.

“Adeus, Courage, você foi um ótimo amigo. Vamos nos ver de novo um dia?” eu não queria que ele fosse embora, mas ele parecia precisar.

Passei a mão em suas penas e fiz com que ele voasse por dentro da loja, quem quer que estivesse do outro lado da cortina não teria a oportunidade de machucar minha coruja.

“Você tem certeza?” uma voz de garota perguntou quando voltei a prestar atenção nas vozes.

"Tem alguma coisa aqui. Eu posso sentir.” A voz de um garoto respondeu.

Um estrondo ecoou, como se alguém tivesse batido em uma folha de metal. Baixei rapidamente minha mochila e peguei meu martelo, me coloquei bem ao lado da cortina e para minha sorte percebi que a loja que eu estava ia dar em um beco, eu já havia lutado em um beco, não era muito fácil, mas era um bom desafio, resolvi ir parar atrás de uma pilha de caixotes velhos que estavam empilhados em um deque de carga do outro lado do beco, que estava coberta por uma grossa folha de alumínio.

Fui para lá bem devagar, mas a folha de alumínio tremeu quando me escondi lá, torci para quem quer que fosse não tivesse visto e então de repente ficou muito silencioso, como se alguém soubesse que eu estava ali, vi a sombra de uma mão vir em direção ao meu esconderijo e contei silenciosamente até três.

Uma mão puxou o alumínio rapidamente e eu pulei em cima do garoto que estava parado completamente atordoado, tudo o que percebi foi que ele era loiro e que seus olhos eram azuis e que ele estava muito magro, mas não me importei com nada disso na hora que o ataquei com meu martelo.

"Ui!" o garoto disse parecendo surpreso.

Ele agarrou meu pulso rapidamente, e meu martelo caiu no chão de cimento fazendo um barulho de trituração e foi apenas por isso que não quebrei sua cabeça, olhei rapidamente para o lado e vi uma garota que estava com uma armadura horrível, o escudo estava completamente cheio de pequenas cobras de metal que se projetavam da cabeça de uma mulher.

Se eles eram monstros e iam me matar, pensei, pelos menos eu ia morrer lutando, chutei o ar e dei murros contra a força das mãos que me prendiam, mas nada parecia adiantar.

"Chega de monstros!” Gritei totalmente desesperada. “Vão embora!” a garota com a armadura estranha e aterrorizante parecia surpresa enquanto eu falava para eles dois e me debatia selvagemmente, meus cachos loiros voaram para o meu rosto, mas o garoto manteve o aperto firme em minha mão.

"Está tudo bem!" o garoto disse arfando como se estivesse sendo difícil para ele conseguir me manter presa. "Thalia, guarde seu escudo. Você a está assustando.”

A garota que devia ser Thalia deu uma batida em sua armadura, que encolheu e virou uma pulseira de prata comum, eu mirei aquele bracelete com certa desconfiança por um momento antes de voltar a tentar escapar.

"Ei, está tudo bem" disse ela um tanto hesitante. "Não vamos machucar você. Eu sou Thalia. Este é Luke."

O garoto que devia ser Luke e que no momento estava me segurando estava carregando uma faca de bronze muito bonita. Thalia tinha sua lança e o escudo do terror que havia me assustado, que no momento estavam escondidos sob a forma de pulseira. Luke e Thalia pareciam famintos e magros, com os olhos de animais selvagens, como se eles estivessem sendo atacados, eles tinham a mesma aparência do monstro que eu matei no beco, mais cedo. 

"Monstros" gemi me encolhendo, mas sem parar de tentar me soltar do aperto do garoto.

“Não.” Ele falou com convicção. “Mas sabemos tudo sobre os monstros. Nós também lutamos contra eles.”

Lentamente, parei de me debater. Estudei Thalia e Luke com uma cautela muito grande. Eles pareciam estar falando a verdade, mas também podiam estar mentindo, durante todo o tempo que eu morei com meu pai meus irmãos viviam mentindo para mim, eu precisava estar preparada para algum truque. Thalia era bonita, com a cor dos olhos de um azul-elétrico vivo, com sardas em seu rosto e seus cabelos eram espetados para os lados e eram pretos, ela devia ter talvez cerca de 12 ou 13 anos. Luke era muito bonito, seus olhos pareciam duas piscinas de tão azuis que eram e ainda assim eram mais claros que os de Thalia e seu cabelo era loiro e muito bonito seu rosto era fino, mas ainda assim isso o tornava mais bonito, eu achei que ele tivesse cerca de 13 ou 14, e me lembrava alguém que eu já havia visto, eu só não conseguia me lembrar de quem era.

“Vocês são como eu?” perguntei suspeitando um pouco, eles não cheiravam como monstros, mas poderia ser um truque.

“Sim” disse Luke. “Nós... bem, é difícil explicar, mas nós também lutamos contra os monstros. Cadê a sua família?”

“Minha família me odeia,” eu disse virando o rosto para que eles não vissem a raiva e a tristeza nele. “Eles não me querem. Eu fugi.” Era como eu podia resumir tudo o que havia acontecido, não havia modo de eu falar tudo o que eu passei sem chorar.

Thalia e Luke fecharam se entreolharam e em seguida fecharam os olhos como se soubessem exatamente o que eu estava dizendo. 

“Qual é o seu nome, garota?” Thalia perguntou.

“Annabeth.” Respondi. 

Luke sorriu para mim.

“Bonito nome. Vou lhe dizer uma coisa, Annabeth... você é bastante corajosa. Uma lutadora assim poderia nos ser útil.” Ele pareceu falar a sério, e percebi que estava sendo aceita entre outros dois garotos que eram como eu, eu não consegui acreditar, pude sentir meus olhos se arregalando, mas não consegui fazer nada para impedir minha surpresa de aparecer.

“Poderia?” eu disse com uma felicidade súbita, me esquecendo que alguns segundos antes estávamos prestes a brigar.

“Ah, sim.” Luke virou sua faca ao contrário e me ofereceu o cabo. "Que tal uma arma que mate monstros de verdade? Isto é bronze celestial.” Ele disse e eu reconheci a lâmina, mas algo me disse que ele não podia saber do broche que eu havia ganhado. “Funciona muito melhor que um martelo.”

Agarrei o cabo rapidamente, admirando o presente enquanto ele sorria para mim com expectativa.

“Facas são apenas para os lutadores mais bravos e mais rápidos,” Luke me explicou rapidamente. “Elas não têm alcance ou o poder de uma espada, mas são mais fáceis de esconder e podem encontrar pontos fracos na armadura do inimigo. É preciso um guerreiro inteligente para usar uma faca. Tenho a impressão de que você é bastante inteligente.”

Eu o olhava no que só poderia ser adoração.

“Eu sou!” eu disse.

Thalia forçou um sorriso para mim. “É melhor irmos, Annabeth. Temos uma casa segura no Rio James. Vamos providenciar roupas e comida para você.”

“Vocês... vocês não vão me levar de volta para a minha família?” eu disse, e minha voz estava tomada de pânico. “Prometem?”

Luke colocou a mão sobre meu ombro em um gesto de conforto.

“Agora você faz parte da nossa família. E eu prometo que não vou deixar que nada machuque você. Eu não vou desapontá-la, como nossas famílias nos desapontaram.” Prometeu. “Combinado?” ele perguntou.

“Combinado!” eu disse totalmente feliz. 

“Agora, venham,” Thalia disse olhando ao redor com preocupação. "Não podemos ficar muito tempo parados!"

****

“Vou montar guarda lá fora, virei avisar se for necessário fugir.” Luke disse saindo do nosso abrigo. “Thalia, veja o que ela tem na mochila que pode ser útil para nós.”

Thalia assentiu com a cabeça e estendeu a mão para pegar minha mochila que estava encostada num canto da nossa cabana improvisada.

“Thalia, quem é sua mãe?” perguntei assim que Luke fechou a porta. Durante o caminho eu andei querendo saber de qual deusa, ou deus, ela era filha, mas ela sempre evitava minhas perguntas, Luke não me disse em hipótese nenhuma de qual deus ele era filho, mas eu não ia me preocupar com aquilo naquele momento, eu estava preocupada em descobrir de que Deus Thalia era filha.

“Minha mãe é uma atriz.” Ela respondeu um pouco dura, parecia estar se esforçando para não chorar. “Ela nunca cuidou de mim... então decidi fugir.”

“Ah, então quem é o seu pai?” eu não ia desistir assim tão fácil, ela precisava saber.

“Não importa muito. Ele não vai fazer nada por mim. Ele nunca fez.” Seu tom estava amargo e eu me perguntei porquê.

“Desculpe,” eu disse me afastando dela e indo me sentar num canto para limpar a minha faca “eu não queria me intrometer na sua vida.”

“Não, espere, você é quem tem que me desculpar.” Ela disse um tanto constrangida por ter falado comigo daquela forma.

“Pelo que? Você não fez nada.” Respondi dando de ombros. “Eu é que tenho que aprender a controlar melhor a minha curiosidade.”

“Não é o que fiz, nem nada que vou fazer.” Ela disse parecendo ainda mais constrangida e com raiva. “É o que eu... ou melhor, é quem eu sou e o que eu sou.”

“Como assim?” perguntei. “Você não gosta de ser uma semideusa?”

“Para falar a verdade Annabeth, não, eu não gosto. E você também não gostaria, se o seu pai fosse o deus dos deuses.” Ela falou.

Eu pisquei, precisei de um segundo para que a ficha caísse.

“Então é você? A menina de quem os monstros falavam? A que nasceu da promessa quebrada de Zeus?” Perguntei sem pausa para que Thalia pudesse responder, eu sei que não era momento para aquilo, mas eu não consegui evitar.

“É, sou eu.” E assim que disse isso Thalia se levantou e virou de costas para mim e quando falou novamente sua voz demonstrava sua mágoa. “Eu não devia existir, Annabeth. Eu sou um perigo, tanto pra você quanto para o Luke,” ela se virou de volta para me encarar “e mesmo assim vocês dois me aceitam.” Ela sorriu, não pude evitar e sorri de volta.

“Claro que sim!” Falei. “Nós fazemos parte da mesma família, não é mesmo?”

Ela concordou com a cabeça.

“Acho que sim. Mas agora que você sabe quem é meu pai. Eu quero que você me diga quem é o seu.” Ela falou e eu apertei com firmeza o cabo da minha faca, eu não queria responder e ela percebeu que não era um bom assunto para mim. “Tudo bem, eu já entendi.” Ela falou num tom tranquilo como se entendesse o que eu passei, e eu pude ver a mesma dor que eu sentia no fundo de seus olhos azuis, sim, ela entendia o que eu havia passado. “Então quem é a sua mãe?”

“Atena.” Eu disse com um sorriso e de repente eu percebi uma coisa importante. “Foi ela quem me guiou até vocês.”

Thalia pareceu confusa e eu falei sobre a coruja que apareceu até mim no beco, mais cedo. Não falei sobre o homem que me entregou os dracmas, aquela parte ainda me deixava arrepiada, mas contei tudo sobre o meu sonho e o que eu havia feito até encontrar os dois.

“Você deve ser realmente especial para sua mãe.” Ela falou assim que terminei de contar a ela. “Se ela fez isso que você disse é porque deve gostar muito de você.”

Eu abaixei a cabeça, senti meu rosto ficando quente.

“Eu só queria tê-la visto pessoalmente.” Murmurei triste.

Thalia afagou meu ombro.

“Ei, quem sabe um dia você não encontra com ela?” Ela falou e eu olhei para cima, ela sorria para mim. “Mas enquanto isso, que tal a gente treinar um pouco? Não sei por quanto tempo vamos ficar por aqui, mas você precisa de um pouco de treinamento antes que a gente parta de novo, Luke me ensinou algumas coisas, acho que posso passar um pouco do que aprendi para você.”

Ela me estendeu a mão para ajudar a me levantar e eu a peguei nenhum pouco hesitante, Thalia havia me mostrado que eu realmente podia ter uma família que me aceitava como eu era, ela e Luke jamais me desapontariam, eu tinha certeza que eles sempre me protegeriam.

“Obrigada.” Eu disse enquanto me levantava, eu estava feliz por Thalia ser tão companheira naquele momento. “Se eu não tivesse vocês provavelmente teria continuado a vagar por aí, sozinha. Encontrar com vocês foi a melhor coisa que aconteceu comigo.”

Ela sorriu para mim, um sorriso de verdade, era incrível o quanto ela parecia diferente quando sorria daquela maneira. Parecia que toda a dor que ela vinha sentindo tivesse sumido do nada, e eu me senti feliz por ter feito aquilo por ela, sem conseguir me conter sorri de volta.

“De nada.” Ela falou. “Na verdade, eu e Luke fomos quem tivemos sorte ao encontrar você, precisávamos de mais alguém conosco e agora percebo que esse alguém era você.” Ela foi até o canto e pegou uma espada. “Pronta?” Ela perguntou com a espada empunhada para mim e eu ergui minha faca.

“Como sempre.” Falei com um sorriso e ela atacou, iniciando assim nosso treino.


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Notas finais do capítulo

e aí, gostaram? espero que sim. Um aviso, no próximo eu vou voltar um pouco no tempo, mas depois vai voltar ao normal. Beijos e até o próximo capítulo. Recomendações? Reviews? Puxões de orelha?