Minha Vida Antes... (annabeth) escrita por Marina Leal


Capítulo 10
Capítulo 10: THALIA GANHA UMA INIMIGA ETERNA


Notas iniciais do capítulo

oi gente, só vou poder postar hoje, então aproveitem. beijosss



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Alguns dias depois...

(POV: ANNABETH)

“Thalia?” Perguntei um tanto hesitante, ela estava de costas para mim no lado de fora de nosso abrigo improvisado, estávamos indo para o norte, embora não tivéssemos um plano de verdade para onde iríamos.

“Sim?” Ela se virou, parecia preocupada.

“Porque o Luke está assim?” Ele estava dormindo dentro da nossa cabana, apontei pra ele encolhido no canto, Thalia estava de guarda e eu não estava com sono, então resolvi fazer companhia a ela, mas me preocupava que Luke sempre ficasse aborrecido quando eu falava sobre o parente Olimpiano dele. “Quer dizer, porque ele age dessa forma quando eu pergunto sobre o pai dele?”

Ela olhou por sobre o ombro, uma expressão sombria cruzou seu rosto por alguns instantes ao olhar para ele, então seu olhar voltou para mim e ela suspirou e seus ombros se vergaram, como se ela carregasse um peso enorme e tivesse o deixado cair.

“Se eu pudesse te contar, Annabeth, eu contaria. Mas isso é algo que nem eu sei. Só posso dizer que pelo que Luke mesmo me contou o pai dele nunca deu atenção a ele, nunca apareceu para ele, mas talvez se nós perguntarmos a ele mais tarde, quem sabe ele não conte pra gente o motivo disso tudo?” Ela olhou para a floresta que ficava à nossa frente e eu segui seu olhar, ela não pareceu ter falado a última parte para mim e sim para ela mesma.

Ficamos alguns minutos sem dizer nada, parecia natural e era bom.

“Estou cansada disso.” Ela disse de repente me tirando dos pensamentos que estava tendo.

“De quê?” Perguntei confusa.

“De correr por aí, sem uma casa, sem uma família.” Ela olhou para mim um tanto alarmada. “Não dizendo que você e Luke não sejam a minha família, é só que...”

Eu assenti, ela não precisava falar mais nada.

“É muito para aceitar.” Murmurei com compreensão. “Mesmo com o tempo que você teve para aceitar, isso ainda te incomoda. Eu entendo.”

“É.” Ela falou com tristeza, mas depois voltou a antiga expressão que eu estava me acostumando, Thalia geralmente se mostrava forte, era raro vê-la demonstrar suas emoções. “Amanhã teremos que sair daqui, Luke está pensando em ir para Nova York, mas eu não tenho certeza de que é uma boa idéia.”

“Pra mim qualquer lugar está bom, desde que seja com vocês.” Falei olhando para ela que sorriu.

“É bom que você confie tanto em nós.” Ela falou rindo, então de repente seu corpo ficou tenso e seus olhos varreram o lugar a nossa volta, preocupados, a diversão se fora. “Annabeth, vá chamar o Luke, tem algo aqui, nos observando.”

Olhei rapidamente para o lugar que ela observava e não vi nada então fui para dentro chamá-lo, aprendi a confiar no instinto de Thalia a muito custo, no caminho para cá ela havia salvado nossas vidas várias vezes.

“Luke!” Chamei balançando seu ombro. “Luke!”

Ele abriu os olhos, sonolento.

“O que...?” Ele murmurou.

“Acorde, por favor!” Eu falei sacudindo seu corpo um pouco mais forte.

“O que houve?” Ele perguntou ao ver a minha expressão.

“Thalia está te chamando.” Eu disse tentando parecer calma, mas seus olhos azuis viram que havia algo errado e ele se levantou no mesmo instante, seus cabelos loiros completamente bagunçados, mas ele não se importou.

“Arrume suas coisas.” Ele falou para mim antes de ir até Thalia. “Só irei verificar o que é, mas é provável que partamos imediatamente.”

“Luke...” Thalia chamou, sua voz um tanto mais aguda. “... você tem ver isso.”

Eu e ele fomos correndo para fora e o que vimos fez nós dois pararmos no mesmo momento, completamente pasmos. Thalia já estava com a mão a meio caminho da sua pulseira de prata, mais alguns centímetros e Aegis seria apresentada ao monstro que agora nos observava.

Eu dei um passo para frente, mas Thalia gritou:

“Não! Fique bem aí, vamos esperar que ele ataque primeiro.” Eu achei que aquela cena não podia ficar mais estranha, mas é claro que eu estava enganada.

Égua e grifo ao se unir e acasalar./ Fazem sua cria curiosa sorte compartilhar.” Luke começou a falar e eu não sabia de onde ele estava tirando aquilo, sua voz parecia mais grave que o comum, como se não fosse ele. “Cavalo com cascos e cauda até o meio é,/ O resto Águia, com garras e unhas até.” Olhei de Luke para o monstro e percebi que o que ele estava falando era a descrição do animal que parecia prestes a nos atacar, realmente parecia com um cavalo, mas era somente a partir do meio para baixo, o resto do seu corpo parecia veloz e gracioso como uma águia, numa cor cinzenta. “Como cavalo ele gosta no verão,/ De pastar em prados imersos na cerração,/ Voar ainda como Águia lhe apraz./ Sobre as nuvens como os sonhos é capaz.

Eu não sabia dizer quem estava mais perplexa, se era Thalia ou se era eu, então ele falou o nome daquela criatura.

Com tal besta quedei-me encantado,/ O Hipogrifo, assim ele é chamado.” Assim que terminou de falar ele piscou, e seus olhos estavam estranhamente fora de foco e alguns segundos depois ele pareceu voltar ao normal.

“Ah? Luke?” Thalia chamou quando o bicho começou a atacá-la, peguei minha faca e dei um passo para ajudá-la, mas Luke me impediu em seus olhos vi preocupação e algo mais, mas Thalia não percebeu nossa troca silenciosa. “Será que pode parar de falar rimas e vir me ajudar?” Completou.

“Já estou indo Thalia!” Ele falou, mas seus olhos não me deixaram. “Dê a volta, agindo assim você vai ficar vulnerável. Pegue ele pelo flanco esquerdo que eu vou pelo direito enquanto Thalia o distrai.”

Eu assenti, parecia um bom plano.

Luke conseguiu dar a volta e eu imitei seus movimentos seguindo para o lado oposto, por um momento eu achei que fosse dar certo, mas tudo foi por água a baixo quando Luke atacou, o hipogrifo decidiu que não ia mais atacar Thalia e virou-se para ele a uma velocidade incrível, considerando seu tamanho.

“Annabeth!” Thalia gritou e me empurrou para o lado, fazendo com que nós duas caíssemos no chão, algo que não era preciso ela fazer, pois eu havia percebido o que iria acontecer se eu ficasse parada no mesmo lugar.

Rolei para o lado e rapidamente me levantei enquanto ela fazia o mesmo, dei um passo na direção do bicho.

“O que você vai fazer?” Ela perguntou pegando meu braço e me impedindo de avançar.

“Temos que ajudar o Luke!” Falei enquanto soltava meu braço e corria na direção do lugar que ele estava, ele estava indo bem, mas se continuasse a recuar em breve o hipogrifo teria uma chance de acertá-lo. Num ato desesperado e muito mal pensado, peguei impulso e saltei para as costas do monstro, minha faca ajudou com que eu conseguisse me segurar no lugar apesar de ele se mexer muito.

Uma coisa eu tenho que dizer: Estar pendurada nas costas de um hipogrifo raivoso não é uma coisa legal de fazer, e com certeza não está no topo da minha lista de coisas que eu gostaria de fazer de novo. Os pelos-penas dele faziam tudo ficar difícil de segurar e não ajudava que ele ficasse se mexendo de um lado para o outro. Se eu puxar a minha faca vou cair, pensei. Nos meus ouvidos soava um zumbido estranho, quase não conseguia ouvir as coisas ao meu redor.

Então uma coisa estranha aconteceu, que desencadeou uma porção de coisas estranhas em seguida: ouvi um grito alto, que reconheci como sendo de Thalia, em seguida um barulho alto de trovões, e por último, mas não menos importante, percebi que o monstro ficou imóvel embaixo de mim. O ar estava com um cheiro estranho, o mesmo cheiro de alguma coisa queimada.

Aproveitei que o hipogrifo estava imóvel e puxei minha faca do meio de suas costas, um líquido azul e gosmento escorreu do buraco onde antes estivera minha faca.

Desci de suas costas o mais rápido que pude e fui até onde Thalia e Luke estavam parados, minhas pernas tremiam, mas consegui chegar até eles. Percebi que as roupas de Thalia estavam fumegando e que ela estava arfante. Sua expressão estava apavorante, mas mesmo assim me obriguei a ir até ela.

“Annabeth?” Ela perguntou quando parei na sua frente, sua voz soava estranhamente frágil, mas firme. “Você está bem?”

Fiz que sim com a cabeça.

Mas antes que ela pudesse falar mais alguma coisa Luke pegou meus ombros com força.

“Em que você estava pensando?” Seus olhos estavam turbulentos e sua voz não estava muito diferente da de Thalia, mas eu não me intimidei.

“Em salvar a sua vida.” Falei e minha voz tremeu. “Não quero perder você, ou Thalia. Não quero algo passageiro.”

Com as minhas palavras ele pareceu amolecer um pouco.

“Tudo bem, eu entendo.” Ele falou me soltando. “Mas, por favor, não faça isso de novo está bem?” Ele falou, sua voz estava estranha em tom frágil, mas ele não pareceu se importar.

“E se vocês precisarem de verdade? Eu vou poder fazer alguma coisa?” Perguntei, não que Luke não estivesse precisando da minha ajuda alguns minutos antes.

Eles se olharam como se duvidassem daquela possibilidade.

“Tudo bem,” disseram juntos “mas apenas se precisarmos de verdade.”

Um som estrangulado ecoou atrás de mim, me lembrado que tínhamos problemas mais urgentes.

“Mas afinal, o que aconteceu com ele?” Perguntei apontando para o hipogrifo que estava com algumas penas pretas ao invés de cinzas.

“Thalia.” Luke falou enquanto dava um passo atrás e me puxava junto com ele. “Ela tem seus truques de filha de Zeus.”

“Ah!” Foi o que pude dizer enquanto olhava para o monstro, que parecia mais mau-humorado do que machucado de fato. “Mas então como não aconteceu praticamente nada comigo?”

Luke olhou rapidamente para mim.

“Depois a gente pergunta para Thalia.” Ele disse.

“Como a gente mata essa coisa?” Thalia perguntou quando o hipogrifo lançou a ela um olhar maligno, como se soubesse que havia sido ela a fazer aquilo com ele.

Nós nos preparamos para atacá-lo juntos, mas naquele momento eu ouvi um som claro e penetrante: o chamado de uma trompa de caça soando de dentro da floresta.

Era difícil dizer quem de nós três estava mais confuso quando alguma coisa passou por mim, uma coisa prateada e fina que se cravou no pelo do hipogrifo e eu percebi que se tratava de uma flecha prateada como o luar.

O hipogrifo olhou para o local de onde a flecha havia vindo e se moveu agitada e rapidamente para trás, mas no mesmo instante várias flechas de prata foram lançadas na direção do monstro que cambaleou por alguns instantes e depois caiu ao chão, se desfazendo em poeira amarelada.

Então os arqueiros vieram por entre as árvores, eram todas garotas, cerca de catorze ou talvez quinze delas. A mais nova devia ter cerca de dez anos. A mais velha provavelmente tinha catorze. Todas usavam parcas de esqui prateadas e jeans e todas estavam armadas com arcos.

Uma das arqueiras mais velhas deu um passo à frente com o arco preparado. Ela era alta e graciosa, com a pele cor de cobre. Diferentemente das outras garotas tinha um diadema de prata preso no alto do cabelo escuro e comprido, que fazia com que ela parecesse uma princesa, tinha um rosto atemporal, que podia ter tanto catorze quanto mil anos, ela nos estudou por um momento, seu olhar se fixou em Luke por um momento, percebi raiva claramente estampada em sua face.

“Três meios-sangues, minha senhora.” Ela falou dando um passo estudado à frente, mas não percebi com quem ela falava, pois seu olhar estava indo e vindo entre mim e Thalia, seus olhos se estreitavam sempre que viam Luke.

“Sim Zoë, posso ver isso.” Disse outra garota, pela altura eu diria que ela era mais velha que eu, devia ter uns doze ou talvez treze anos. Tinha cabelos castanho-avermelhados presos num rabo de cavalo e olhos estranhos, de um amarelo prateado como a lua e seu rosto era muito bonito, parecia de porcelana. Seus olhos se fixaram em Thalia com preocupação.

Ela caminhou até nós lentamente e pegou Thalia pela mão.

“Filha de Zeus, quero conversar com você.” Sua voz era suave e gentil, mas ainda assim pude perceber que não era um pedido.

“Tudo bem.” Thalia falou antes de se afastar com a menina ela perguntou. “Mas, quem é você?”

“Ah sim, eu sou Ártemis. A Deusa da Caça.” Ela falou fazendo sinal para que Thalia a seguisse enquanto as Caçadoras começaram a abrir as mochilas e a montar acampamento.

A menina que se chamava Zoë lançou um olhar sereno para mim, fuzilou Luke com o olhar e depois partiu para supervisionar as atividades, seu arco pendendo em suas costas.

Assim que ela se foi eu caminhei para perto de Luke.

“Quem são elas?” Perguntei assim que cheguei mais perto dele, não estava frio, mas eu não queria andar por entre o acampamento e por aquelas garotas e estar perto dele sempre me acalmava.

“Nos mitos é dito que Ártemis,” ele apontou para a garota que estava no canto mais distante do acampamento com Thalia indo para uma tenda grande “possui um grupo de servas que são denominadas as Caçadoras.”

Percebi por sua expressão que ele não gostava muito daquela parte dos mitos, ele acenou para que eu me sentasse ao seu lado.

“Parece que elas não gostam muito de garotos.” Observei me colocando ao seu lado.

“E não gostam.” Ele falou olhando para Thalia com preocupação. “Quando decidem se unir a Ártemis elas abandonam o amor romântico, para sempre. Todas juram ser virgens, exatamente como a deusa. Garotos não são permitidos aqui.” Ele abaixou a cabeça parecendo alguém prestes a perder algo. “Provavelmente Ártemis decidiu convidar Thalia para se unir a elas.”

Eu suspirei e não falei mais nada.

As Caçadoras montaram acampamento em questão de minutos. Sete tendas grandes feitas de seda prateada formando uma lua crescente em torno de uma fogueira que elas acenderam. Uma das garotas soprou um apito de prata e uma dúzia de lobos brancos surgiu de dentro da floresta e começaram a andar pelo acampamento como cães de guarda, olhei para as árvores e vi muitos falcões nos observando, eu tremi.

Suspirei de impaciência até que a garota chamada Zoë veio na nossa direção, olhou com desprezo para Luke antes de dar um sorriso caloroso para mim.

“Vós sois Annabeth?” Não consegui distinguir muito bem o que ela quis dizer, suas palavras soaram estranhas, como se ela não fosse da nossa época.

“Sou.” Consegui responder.

“Vinde comigo, Lady Ártemis deseja vos falar.” Ela ofereceu a mão para ajudar com que eu me levantasse.

Ela me levou para a tenda que parecia ser a maior e mais imponente do acampamento, a mesma que eu havia visto Thalia e Ártemis entrarem alguns minutos antes. Olhei para trás, para Luke, e percebi que as Caçadoras evitavam o lugar que ele estava sentado, ele estava certo sobre elas não gostarem de garotos e não parecia dar a mínima para aquilo, seus olhos me seguiam, pude ler a angústia neles antes de virar o rosto e acompanhar Zoë.

Nós fomos até a barraca que eu supus ser de Ártemis, era a maior, mas isso era a única coisa que a diferenciava das demais, então achei que poderia ser dela. Assim que entramos percebi que Thalia estava sentada perto da garota de cabelos avermelhados que era Ártemis, a deusa sorriu quando de me viu.

O interior da tenda era quente e confortável, mantas de seda e almofadas cobriam o chão, e bem no centro tinha um braseiro dourado que parecia queimar sem combustível ou fumaça. Atrás de Ártemis, num suporte de carvalho polido, estava um imenso arco de prata, esculpido a parecer chifres de gazela, deduzi que aquele arco pertencesse a ela. As paredes da barraca estavam cobertas de peles de animais, eram tantos que eu nem tentei reconhecê-los. Por um instante pensei que houvesse mais uma pele jogada ao seu lado, mas então percebi que era um animal vivo, um cervo com pelo lustroso e chifres de prata, com a cabeça pousada no colo de Ártemis.

“Junte-se a nós Annabeth Chase.” A deusa falou com um sorriso tão belo que não havia como não retribuir.

“Esta é...?” Comecei a perguntar, mas Ártemis me interrompeu.

“A corça Cerinéia? A minha corça?” Ela falou e eu assenti com a cabeça. “Sim. Gosto de deixá-la livre para andar por todo o país, mas quando ela quer sempre volta para mim.” Ela falou e eu assenti.

Olhei para Thalia, mas ela não me olhou nos olhos e eu me perguntei o que havia de errado, para ela evitar olhar para mim.

Zoë foi sentar-se ao lado direito de Ártemis e olhou para mim com expectativa, então seus olhos foram para a porta de entrada da tenda e ela soltou um muxoxo de desaprovação baixinho. Eu segui seu olhar, mas não vi nada.

“Desculpe-me pelo tratamento que seu amigo está recebendo.” A deusa falou chamando minha atenção e a de Thalia, acho que ela percebeu mais no muxoxo de Zoë do que eu consegui perceber. “É raro algum garoto ser autorizado ficar nesse acampamento, ou chegar perto de uma de minhas caçadoras. O último que tentou invadir... o que aconteceu a ele Zoë?” Ela olhou para a Caçadora.

“Aquele garoto no Alaska.” Respondeu Zoë fazendo uma cara de repugnância. “Minha senhora o transformou em uma mistura de guaxinim com esquilo.”

Ártemis sorriu como se lembrasse de algo.

“Ah, foi” assentiu a deusa com satisfação. “Gosto muito de fazer essas experiências. Na próxima vou fazer uma mistura de lebre com antílope. Deve ficar interessante, não Zoë?” A deusa perguntou.

“Claro minha senhora.” Ela respondeu. “Muito interessante.”

“Mas agora eu tenho algo a falar com você, Annabeth.” Os olhos dourados da deusa se fixaram em meu rosto e eu não soube o que fazer. “Você ainda é muito jovem para se unir às Caçadoras, mas desde já eu gostaria de fazer a você o convite, você poderá nos chamar quando achar que está pronta para ser uma de minhas servas, se assim você desejar.”

Eu não tinha resposta, pude sentir meu rosto congelado em choque.

“Mas como?” Consegui perguntar.

“Tomai, com isto vós poderá nos chamar quando quiserdes.” Zoë me estendeu um folheto e um cartão pequeno com um número de telefone assim que a deusa fez o convite, não prestei muita atenção, mas coloquei no bolso.

Ártemis voltou sua atenção para Thalia.

“Então filha de Zeus? Já tomou sua decisão?” A deusa perguntou e eu olhei para Thalia, confusa.

“Estou pensando.” Thalia respondeu olhando para Ártemis e evitando meu olhar.

“Em que?” Perguntei, meu coração se acelerando, de repente percebi que Luke tinha razão, as palavras dele voltaram a soar em meus ouvidos Provavelmente Ártemis decidiu convidar Thalia para se unir a elas.

Thalia me olhou parecendo culpada.

“Ártemis me chamou para fazer parte das Caçadoras.” Ela disse e eu precisei de um segundo para assimilar o que ela havia me dito, mesmo que as palavras dela estivessem confirmando o que Luke falou. “E eu estou pensando em aceitar.”

“O quê?” Eu não podia acreditar que Thalia iria nos deixar para se unir às Caçadoras, pelo que Luke havia me dito ela só poderia voltar a me ver, mas e quanto a ele? Ela seria capaz de fazer isso?

“Pensai bem,” disse Zoë ficando empolgada enquanto eu me sentia sendo abandonada “vós seríeis imortal, teríeis um arco e flechas, facas e percorrereis todo o mundo atrás de monstros, junto a Lady Ártemis e as outras Caçadoras, vale muito a pena.”

“Imortal?” Thalia pareceu assustada com a possibilidade. “Mas e Luke e Annabeth?”

“Annabeth, como eu já mencionei, poderá se juntar à Caçada daqui a alguns anos, mas o garoto... Terá que ficar longe daqui, para sempre. Você não poderá voltar a vê-lo.” Falou a deusa em tom decisivo.

Eu estava nervosa. Será que Thalia ia nos abandonar? Ela não pode nos deixar, mas ela estava pensando em aceitar...

Thalia respirou fundo, parecia lutar contra algo dentro de si, então pareceu tomar a sua decisão.

“Não posso deixar Luke... Nem Annabeth... Obrigada Lady Ártemis, mas não posso aceitar seu convite.” Não pude conter meu suspiro de alívio com a frase de Thalia, ela havia escolhido ficar conosco, teve a chance de ser imortal, mas nos escolheu.

A deusa pareceu aceitar a decisão de Thalia, mas Zoë, que estava acompanhando a conversa, assim como eu, explodiu.

“Como? Vós não ides de se juntar a Caçada por causa de um garoto?” Sua voz não estava amistosa, muito menos seu rosto. “És tão cega a ponto de não verdes o erro que estais cometendo?”

“Zoë,” disse a deusa repreendendo a Caçadora que havia se armado com o arco “ela tem o direito de escolha, mesmo que essa escolha me decepcione. Nem todas as meninas veem que homens não prestam.”

A Caçadora olhou para Ártemis e sua expressão se suavizou minimamente.

“Minha senhora está certa, como sempre, ainda mais homens como aquele filho de Hermes.” Zoë disse em tom de crítica.

“Ei! Luke é um ótimo garoto!” gritou Thalia, se irritando. “Vocês não o conhecem para ficar falando isso. Não têm o direito de comentar nada.”

Eu não sabia como reagir, tive a sensação de que Thalia já havia passado dos limites, mas Ártemis parecia estar disposta a ignorar o que ela estava falando e eu estava mais que grata por ela estar agindo assim, mas Zoë pareceu um tanto mais com raiva.

“Então escutai-me filha de Zeus, esse garoto, por qual vós tanto preza, irá vos decepcionar um dia, e nesse dia vós irá lembrar-se de minhas palavras.” disse Zoë. E com esse comentário dela Thalia se descontrolou, puxou a lança das costas e bateu em sua pulseira de prata revelando Aegis (o que fez Zoë se assustar, mas ela se manteve no lugar com firmeza enquanto colocava uma flecha em seu arco, pronta para atirar) e eu me meti no meio das duas antes que a briga entre elas ficasse pior, eu não havia gostado do comentário de Zoë, mas não era motivo para nós brigarmos, ela não conhecia Luke como eu e Thalia.

“Thalia! Não vale a pena brigar por causa disso.” Gritei desesperada, tive que fazer um esforço enorme para não me encolher com a visão medonha da cabeça da medusa gravada no bronze e ignorar a garota que estava atrás de mim com um arco nas mãos. “Vamos embora, por favor, não temos mais nada para fazer aqui, e o Luke está nos esperando ali fora, você já deu sua resposta, pronto, acabou.”

“Ela sabe o que está falando, escutem a filha de Atena.” Falou Ártemis, calmamente, como se nada estivesse acontecendo entre Thalia e Zoë, ou talvez ela estivesse acostumada a desentendimentos como aquele. “O sangue de sua mãe é forte em você pequena.” Completou olhando para mim e eu desviei o olhar.

Thalia não estava satisfeita com aquilo, parecia com vontade de estrangular Zoë, mas olhou para mim e assentiu.

“Você tem razão.” Ela disse, e com um tapa um pouco forte demais fechou a Aegis, guardou a lança em suas costas antes de comentar mais alguma coisa. “Vamos Annabeth, não consigo mais ficar aqui. Temos que ir para Nova York, acho que Luke vai ficar contente.”

Ela veio até mim e pegou meu braço ao passar para que fôssemos embora, mas antes que pudéssemos sair Ártemis nos chamou, ou melhor, chamou Thalia.

“Filha de Zeus” Ártemis disse com calma, em seus olhos havia uma tristeza profunda “não posso fazer nada, nem mesmo dizer uma palavra sobre isso, mas Zoë tem razão, Luke irá te decepcionar um dia, talvez mais cedo que você pensa.”

“Não.” Thalia respondeu. “Luke não irá me decepcionar, nunca.”

Ártemis suspirou com tristeza e Zoë deu um passo a frente, parecendo extremamente perigosa.

“Vós não serdes mais bem vinda aqui.” Ela falou. “Marcai o que estou a dizer-te: A próxima vez que virdes aqui no acampamento das Caçadoras, perderás alguém que lhe é muito importante. Agora andai, ide embora bem depressa.”

E com esse feliz comentário, saímos da barraca, Thalia não quis parar nem mesmo para esperar Luke se arrumar.

“Luke vamos!” Thalia falou passando direto por ele e pisando duro, as Caçadoras por qual passávamos nos olhavam com extrema cautela, mas nos deixaram passar.

Luke parecia querer uma explicação, mas pareceu perceber que aquela não era a melhor hora para pedi-la a Thalia.

Olhei para trás, antes de entrarmos ainda mais na floresta, Ártemis nos olhava na porta da tenda, sua expressão não era de raiva e sim de determinação, a deusa murmurou algo e então Zoë apareceu ao seu lado.

“Até breve.” Murmurei baixinho, para que nem Thalia, nem Luke pudessem ouvir, talvez, quem sabe algum dia eu quisesse me tornar uma Caçadora?


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Notas finais do capítulo

O poema que Luke fala é esse: O Hipogrigfo (Poema de Arnold Sundqaard), agora só vou postar semana que vem, beijosss.