Pov. Taylor

          - Eu vou com você.

- Não vai não.

- Eu vou sim.

- Não vai.

- Vou.      

- Não.

- Sim!

- Que parte de “vá sozinho” você não entendeu, Taylor?

- Vá se foder.

- Sozinho.

- Comigo.

Ele deu um sorrisinho bobo.

- Frase bastante sugestiva a sua.

Na mesma tarde em que achou o bilhete de resgate abaixo do tapete de seu carro, Jared me fez ir até sua casa para ver aquilo.

Estávamos na mesa de jantar, eu havia me sentado na cabeceira e ele, ao meu lado. Eu lia e relia o bilhete escrito em letra cursiva despreocupada e corrida, como se a pessoa que escreveu não ligasse para o fato de que eu poderia reconhecê-lo pela caligrafia, e também como se precisasse colocar aquele bilhete no carro de Jared o mais rápido possível.

 - Por que no 55 da 59th Street? O que tem lá? Acho que nunca reparei.

- Não sei. Vou descobrir hoje à noite.

- Ah, tudo bem então Senhor-tenho-um-encontro-no-sábado-à-noite-com-o-sequestrador-do-meu-gato-e-como-pretendo-comer-esse-sequestrador-não-vou-deixar-a-minha-namorada-ir-e-fim-de-papo.

Jared parou por um segundo antes de responder, pra separar as palavras e conseguir me entender.

- Você acha que eu sou gay? -  ele perguntou, me fitando.

- Não é?

- Não.

- Tenho minhas dúvidas. – franzi o cenho e dei um sorriso cínico.

Jared chegou sua cadeira mais pra perto da mim, minha abraçou pela cintura e fixou seus olhos nos meus.

Eyes.

Your eyes.

- Você quer que eu prove?

- Claro. – sussurrei, a expressão indiferente.

Na mesma hora, Jared tomou meus lábios num beijo quente e rápido.

Correspondi por um segundo, mas logo me afastei.

Ele me encarou.

- Não aguenta? – perguntou, num sorriso desafiador.

- São 19:30. – ignorei sua gracinha e seu sorriso. – Você tem que se arrumar pro seu encontro.

Ele abafou uma risada, me encarou mais um pouco e depois levantou e se dirigiu ao seu quarto.

- Então tá, eu vou tomar banho. – disse e entrou no banheiro da suíte.

*controla a vontade de correr até lá só pra entrar no chuveiro com ele*

- Tá bom. – gritei, mas ele já havia fechado a porta.

          Sentei no sofá da sala e peguei o telefone na base. Disquei um número que eu já conhecia até de trás pra frente e esperei atender.

- Alô?

- E aí. – falei.

- Ah, oi.

- Lilo... me desculpa?

*Silêncio constrangedor e banhado na culpa: parte 1*

- Tá.

- Mesmo? – tentei controlar a alegria no meu tom de voz.

*Silêncio constrangedor e banhado na culpa: parte 2*

- Sim. – ela disse, por fim.

- Eu amo você.

*Silêncio constrangedor e banhado na culpa: parte final*

- Eu também te amo, sua viada. Aonde você tá?

- na casa do Jared.

- E onde ele está?

- No banho.

- Hum, vocês hein...

- Cala a boca, garota. – soltei uma risadinha.

- Mas e aí, o que vai fazer hoje?

- Sei lá, nada.

- Nem com o namorado gatão?

- Que nada, amiga. Ele vai encontrar o tal sequestrador do Banana hoje.

- QUE SEQUESTRADOR? SEQUESTRARAM O MEU GATO???

- Não surta, garota. – ri. – O gato não é seu, é dele. E sim, seqüestraram. Na verdade, ele vai encontrar o cara hoje, no 55 da 59th Street e...

Sábado, 15 de setembro de 2011, 20:45 hrs.

- Vou indo, gata. Você vai ficar aqui? – Jared disse, pegando as chaves do carro e abrindo a porta de sua casa.

- É né, já que você não quer que eu vá com você... – forcei uma carinha triste.

Ele caiu.

Fuck yeah.

- Não vai dar. Você vai ficar aqui, e eu vou voltar logo, junto com o Banana, tá bom? – ele segurou meu queixo e me deu um beijo curto e calmo.

Assenti, ele sorriu e foi embora.

Como eu não tinha o que fazer naquela casa, resolvi ligar para Lindsay novamente.

Mas ela não atendeu. O que era estranho, porque eu sabia que ela não ia sair.

Mas, bom, eu resolvi assistir qualquer coisa na TV.

Um filme cachorros. Que ótimo.

Vi algum tempo do filme, mas logo adormeci no sofá que tinha o cheiro de Jared Leto.

Pov. Jared

          Eram exatamente 21 horas quando eu pisei em frente ao número 55 da 59th Street, naquela noite.

O número 55 era somente um prédio, totalmente normal, como a maioria: cinza, alto e sem graça.

Entrei no prédio pelas portas duplas de vidro temperado que se abriram assim que me aproximei delas.

Havia uma portaria, mas ninguém guardava o lugar.

O que é estranho, porque não é aconselhável deixar um prédio inteiro sem segurança em Nova York.

Fiquei parado na recepção, a espera de alguém, de algum sinal, ou sei lá, de um cara colocando um revólver na minha cabeça e dizendo que atiraria em mim e no meu gato se eu não lhe desse dinheiro.

O problema é que ninguém me pediu dinheiro, então, eu só tinha a quantia que costumava carregar na carteira.

- Ei. – disse uma voz, atrás de mim.

Me virei.

Não havia ninguém, então voltei meus olhos para onde eles estavam antes: o balcão da portaria do 55.

- Olá. – me disse a mesma voz. A voz que, agora eu podia ver, era de uma mulher sentada na cadeira onde deveria estar o porteiro daquele prédio.

- Cadê o meu gato? – perguntei.

- Há muito tempo desde a última vez que nos vimos, e mesmo assim eu não mereço nem mesmo um “olá”? - disse ela, rodando na cadeira amarela do porteiro e aparentando estar feliz com o ato infantil.

- Olá. Me dá meu gato. – respondi num tom firme.

Ela sorriu.

- Olá, Jas. Lembra de mim?

- Como se desse pra esquecer de uma velha amiga, não é mesmo? – fingi alegria.