Como Deixar de Ser Idiota em 30 Dias escrita por Lie-chan


Capítulo 17
Capítulo 17




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Como deixar de ser idiota em 30 dias.

 

Capítulo 17:

 

Segunda-feira, sexto dia desde que eu decidira deixar de ser idiota. Logo, me restavam apenas 24 dias para conseguir um convite à festa da Zoey. Pensar nisso não estava fazendo muito bem à minha sanidade mental... Ou melhor, ao que restara dela. A maioria aparentemente se esvaiu antes mesmo de eu completar dez anos.

 

O fim de semana decorrera sem maiores complicações, comigo em casa, lendo e usando o computador. No máximo um tombozinho de nada na escada quando levantei para beber água no meio da noite.

 

Certo, certo, uma queda onde eu acabei descendo metade dos degraus rolando e deixando um pedaço da minha canela no meio do caminho. Entretanto, sem ninguém olhando para registrar o fato. Aí não conta... Né?

 

De todo modo, agora, na escola, tinha de me policiar para não fazer nada estúpido. Principalmente depois de Charlie ter me cumprimentado hoje de manhã, antes da aula começar. Mesmo que tenha sido só um “oi”, acompanhado de um aceno, foi o suficiente para prender a atenção de todos na sala.

 

Afinal, porque o Charlie está falando com ele?”

 

Mesmo que ninguém falasse, era obvio o que estavam pensando. E, por causa disso, era claro que qualquer erro cometido por mim agora seria motivo de pelo menos o dobro de gargalhadas do que normalmente seria.

 

Retirei meu caderno da bolsa, peguei uma caneta e comecei a copiar a matéria que o professor passava no quadro. Consegui distrair-me com isso – e com um desenho da Zoey no canto da página – até a hora do intervalo.

 

Ainda estava distraído o suficiente para ignorar os olhares em minha direção, quando senti uma mão em meu ombro.

 

Oi. É Jesse, né? – Zoey falou, com sua voz doce.

 

Zoey. Zoey! Olhei dela para o meu caderno e do meu caderno para ela. O fechei o mais rápido possível, sentindo minhas bochechas esquentarem. Com tantos momentos para ela decidir falar comigo, tinha que escolher logo esse? Não que eu não estivesse estupidamente feliz por ela ter falado comigo, de qualquer jeito.

 

É. – Foi o máximo que consegui responder, ainda em meu estado catatônico.

 

Será que eu poderia falar com você a sós um momento? – Perguntou, com a mesma voz doce de antes. Felizmente, ela optara por fingir não ter notado meu embaraço.

 

Acenei com a cabeça em sinal de sim e a segui até o corredor. Meu sorriso mal cabia no meu rosto, de tão largo. Esta felicidade exarcebada era certamente algo idiota, mas os apaixonados são sempre assim, não é mesmo? Bem, talvez nem tanto.

 

Você já deve saber que dia quatro vou dar uma festa em comemoração ao meu aniversario de dezesseis anos, então... – “Você quer ir?”, é o que eu esperava ouvir. Mas em vez disso... – Se eu te convidasse você poderia convencer o Charlie a ir também? Ouvi dizer que vocês dois tem andado bastante juntos ultimamente...

 

Algo dentro de mim pareceu ter explodido e por um momento eu pensei que poderia dar um soco com toda a minha força no rosto perfeitamente maquiado daquela garota. Não que toda a minha força fosse fazer um estrago muito grande.

 

Entretanto, contive-me em continuar sorrindo.

 

Que pena, eu já tenho outro compromisso nesse dia... – Repliquei, com o máximo de educação possível. Claro que eu não conseguiria ser ríspido com ela.

 

Tem certeza? – Ela insistiu, decepcionada. Não me olha assim, não me olha assim, não me olha assim... – Será que não podemos sair algum dia qualquer, então? – Objetou, com um olhar de cachorro sem dono diabolicamente irresistível.

 

Vou ver, qualquer coisa falo com você. – Falei, com a voz mais inexpressiva que consegui. Girei meu corpo e voltei para a sala antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa.

 

O diálogo anterior levou mais uns bons minutos para ser absorvido pelo meu cérebro, Na verdade, quando a aula acabou eu ainda não tinha entendido completamente o que estava acontecendo.

 

Zoey me pedindo ajuda para se aproximar do Charlie. Que irônico, hã?

 

E o pior era eu não saber se ela fazia isso em completa inocência sobre meus sentimentos ou se por trás daquele sorriso de anjo ela apenas ria às minhas custas. Não seria surpresa nenhuma se ela decidisse me usar desse jeito.

 

Balancei a cabeça, afastando esses pensamentos. Como eu poderia achar que Zoey se submeteria a algo tão baixo? Se ela fosse assim eu não a amaria tanto... Certo?

 

Quem sou eu para pensar que ela ocuparia algum espaço em sua mente para pensar em mim, mesmo que negativamente? A verdade é que ela nem saberia o meu nome, se não fosse pelo Charlie.

 

Jesse...? – Quase pulei de susto quando Max me chamou.

 

Levantei a cabeça para encará-lo, só então percebendo a mini-poça de baba que se formara na carteira onde apoiava minha cabeça. Guardei meu material sem pressa alguma, esperando que ele fosse embora. Ele não foi.

 

O quê? – Perguntei, cansado.

 

Vamos, não pode ser tão ruim assim. Por que você está com essa cara de bunda? Quer dizer, mais cara de bunda do que o normal? – Ele tentou brincar.

 

Você vai rir de mim se eu contar. –Respondi, com uma voz chorosa que em muito lembrava uma criancinha cujos doces foram roubados.

 

Vamos, a gente está junto nessa. – Falou e, para a minha surpresa, cuspiu em sua mão direita. Olhei de um lado para o outro, conferindo se não tinha mais ninguém por perto, para depois sorrir e repetir o ato. Apertamos nossas mãos, no cumprimento talvez mais idiota da face da Terra, mas também com toda a certeza o mais feliz.

 

Entretanto, como os astros na hora do meu nascimento estavam organizados de maneira a eu ter azar pelo resto da minha vida, quando soltamos nossas mãos, lá estava Charlie, parado na porta da sala. Que ótimo momento para um vórtice se abrir no chão e me sugar para uma dimensão paralela!

 

Max, executando seu papel de ótimo melhor amigo, olhou para ele, olhou para mim, olhou para ele, olhou para mim... E começou a rir.

 

E então, qual é o motivo de tão comovente demonstração de afeto entre amigos? – Indagou Charlie, claramente irônico.

 

A Zoey me chamou pra festa dela achando que assim talvez você fosse também. – Respondi, meio envergonhado por ter sido pego no meio de algo tão estúpido.

 

Ei, agora você deveria estar irritantemente feliz pulando pelos cantos por ter sido convidado. Afinal, era isso que você queria, certo? – Charlie parecia não entender minha reação tão... Fria.

 

Ela não me chamou por ter me reconhecido como ser humano, querer a minha presença ou algo assim... Foi só por sua causa. Não era assim que as coisas deveriam acontecer. Eu disse pra ela já que já tinha um compromisso no dia. – Completei, ainda meio emburrado.

 

Fiquei sem reação quando Charlie me abraçou.

 

Quando alguém te abraça diz a educação que você deve no mínimo abraçar de volta. ­– Ele disse, percebendo que dependendo de mim mesmo continuaria estático por mais um bom tempo.

 

Sorri, passando meus braços magrelos em volta de seu tronco. Talvez eu nunca deixasse de me assustar quando ele mostrasse que não é tão indiferente assim em relação aos outros. Quantas pessoas sabiam que Charlie conseguia ser até... Gentil?

 

Quer que eu vá com você até em casa? ­– Perguntou Max, provavelmente incomodado com a presença de Charlie. Ele ainda tinha um pé atrás em relação ao loiro...

 

Você só quer comer o macarrão da minha mãe que eu sei. – Falei, fingindo indignação.

 

Pode me soltar, moleque. – Reclamou Charlie, provavelmente se dando conta da existência de alguém que poderia mais tarde usar qualquer coisa que ele dissesse agora contra ele mais tarde. Abraçar-me era, provavelmente, tão ou mais estúpido do que cuspir na própria mão antes de cumprimentar outra pessoa.

 

Não, agora que começou a me consolar tem que sofrer as consequências até o fim. – Falei, brincando.

 

Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa meti minha mão embaixo de seu braço, o atacando com cócegas no lugar mais vulnerável que um ser humano poderia ter: o sovaco – ou axilas, se você preferir.

 

Depois saí correndo, ainda com um sorriso no rosto.

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Perdão pela demora (x_x)
E nem desculpa eu tenho porque esse capítulo está pronto a eras, eu que esqueci de postar ~
Enfim, entro de férias em uma semana, aí dá pra retomar a fic direito ()