Scorpius Malfoy arremessou o grande e pesado livro que segurava contra a parede. Era noite de natal e ele estava sozinho em seu quarto, podia, porém, escutar os convidados para a grande festa, que seus pais estavam oferecendo, chegarem. Ele, contudo, não estava com humor para festas, pelo contrário, estava irritado e era, como sempre, culpa da Weasley.

Rose Weasley era um pesadelo. Uma irritante sabe tudo com mania de perfeição, que para todos era realmente perfeita. Ele, todavia, não entendia o porquê. A garota, que recentemente completara 15 anos, possuía todas as características que ele repudiava. Ela era totalmente certinha, controladora e obcecada em seguir todas as regras fielmente. Além, é claro, da irritante mania de ter sempre todas as respostas, mesmo quando não era questionada, e de seu exagero habitual.

Rose era uma hipérbole. Falava demais, sabia demais, irritava demais... Parecia que de alguma forma a menina estava destinada ao exagero, fato que se misturava perigosamente ao seu emocional completamente caótico, causando explosões repentinas. Todos sabiam que de uma hora para outra a doce Rose poderia se transformar em uma fera incontrolável e era, na grande maioria das vezes, Scorpius que provocava essa fera.

Tudo isso e ele ainda nem havia mencionado a mania de perfeição da garota. Perfeccionista seria pouco para descrevê-la. Talvez isso irritasse o loiro mais do que qualquer outra coisa.

O Malfoy se irritava também quando flagrava algum de seus amigos falando sobre a Weasley, ele não entendia como poderiam até mesmo sonserinos estarem interessados por ela. Afinal ela nem era bonita. Não! Rose era ruiva demais, branca demais, baixa demais, magra demais, desengonçada demais e tinha sardas demais... Rose era tudo demais!

Havia ainda aquele maldito livro que a garota levava para cima e para baixo e vivia falando sobre. Cada vez que ele a via relendo o estúpido livro, ou comentando algo que leu em "Hogwarts, Uma História", sentia a irritação tomar conta de seu ser. Será que ela não percebia que ninguém se importava ou queria saber? E se ela já havia decorado cada maldita linha do livro por quê insistia em lê-lo novamente? Ai, como ele odiava aquele livro idiota e como odiava aquela ruiva idiota! Não! Rose Weasley não poderia ser chamada de idiota, e ele sabia disso, mas naquele momento estava enfurecido demais para se importar com algo assim.

De todo modo, queria entender porque havia entrado na Floreios e Borrões essa tarde e comprado justamente um exemplar de "Hogwarts: Uma História", o livro que odiava, por ser favorito da garota que odiava.

Ele não sabia explicar o que acontecera, fora apenas mais forte que ele e quando percebeu já estava saindo da loja carregando o maldito livro. Como se um magnetismo estranho agisse sobre ele o levando ao livro, a mesma força inexplicável que fazia com que seu coração disparasse e ficasse difícil de respirar perto da Weasley. A mesma força que fazia com que a imagem da garota o perseguisse e lhe roubasse o sono. Porque mesmo que ele negasse, e ele negaria até a morte, sabia exatamente o que acontecera. Comprara o livro exatamente por ele ser o favorito da ruiva.

Porque Rose Weasley era tudo demais. Falava demais, sabia demais, irritava demais, era perfeita demais, emocional demais, ruiva demais, branca demais, baixa demais, magra demais, desengonçada demais e tinha sardas demais... Rose Weasley era uma hipérbole, mas era exatamente por isso que Scorpius a amava.