Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 10
Capítulo Dez




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Incrível como tanta coisa pode mudar em tão pouco tempo. Foi exatamente esse o pensamento de Hermione ao entrar em sua sala de aula duas semanas depois, fazia duas semanas que Gina estava com Harry, duas semanas que ela estava em Cambridge, duas semanas que para todos os outros ela passou a conhecer Draco Malfoy.

                Eles se viam três vezes na semana, e no primeiro final de semana ele a ajudou a recuperar a matéria, sendo muito mais paciente e prestativo do que ela havia imaginado, sacrificando a tarde um sábado chuvoso em um apartamento pequeno com vários livros de uma matéria que ele achava desinteressante. Isso contou alguns pontos para ele no conceito de Hermione, certamente.

- Obrigada – ela lhe disse naquela tarde, realmente agradecida por ter a ajuda dele. Já bastava ser a última a entrar para a matéria, não queria ser também aquela que ficaria o tempo todo fazendo perguntas e atrasando a aula com suas dúvidas por não ter acompanhado desde o primeiro dia.

- Você já disse isso – ele respondeu bebericando uma taça de vinho que ela lhe servira. Vinho que ele trouxera, claro, pois Hermione apostava que não conseguiria bancar os gostos caros do homem. – Eu não tinha planos para hoje – deu de ombros. O que seriam seus planos? Passar a tarde na casa de seus pais, ouvir sua mãe reclamando de como ele não aparecia para vê-la e aturando a presença, que parecia constante, de Pansy Parkinson. Ante essa opção, ele verdadeiramente não se importava em estar ali. Claro que poderia estar mais interessante, ele pensou.

                Então depois daquele dia ele passou a levá-la para casa depois da aula, o que foi visto e interpretado pelos outros como um gesto cavalheiro, afinal alguém com a criação de um Malfoy certamente não gostaria de deixar uma dama andando sozinha por ai. Nenhuma especulação havia sido levantada ainda, mas Hermione imaginava que isso não demoraria a acontecer.

                Agora ali estava ela, estendendo um copo de café para Draco Malfoy, porque era sua vez de pagar, e com humor acompanhando-o até a sala onde teriam aula juntos.

- Estão começando a suspeitar – disse Hermione ao entrar na sala ainda vazia.

- Deixe que suspeitem – ele respondeu dando de ombros. Paparazzi já havia se intrometido tanto em sua vida que de fato estava acostumado. Sabia como isso deveria ser incômodo para ela, mas não havia o que fazer a respeito, já sabiam disso quando fizeram o acordo. – É até melhor que já tenham uma ideia de que nos conhecemos.

                Ela suspirou e deixou seu material sobre a mesa, para logo voltar a sorver um gole do café.

- Ontem estive pensando em algumas coisas – ele comentou casualmente sentando-se sobre uma das mesas. – Eu já lhe contei quase toda a minha vida, mas pouco sei sobre você – ela deu de ombros achando irrelevante ele saber mais sobre sua vida, sabia o básico e poderia continuar assim. – E antes que você diga alguma coisa, como posso afirmar que estou com você se não sei nada sobre você.

- Aposto que você fez uma pesquisa bem detalhada sobre a minha vida antes de me propor esse acordo – ela respondeu arisca.

- Claro que fiz – ele deu de ombros. – Mas isso não significa que eu não queira ouvir de você, além do mais não se pode descobrir tudo através de outras pessoas nem ter certeza se as informações são confiáveis.

- Não venha com essa Draco – ela começou a falar, mas ele logo a interrompeu.

- Portanto jantar no meu apartamento, sexta a noite – ele deu de ombros. – Logo tenho que levar você para conhecer a minha família, minha mãe surtaria se eu só a apresentasse no dia do casamento de William – revirou os olhos fazendo pouco caso. – E também temos que procurar um vestido adequado para você... O casamento será em duas semanas e ainda não vimos nada.

- Não vai ser tão difícil encontrar um vestido – ela deu de ombros e ele a observou com minucia. Certamente não seria, Hermione tinha o tipo de corpo que faria qualquer peça lhe cair bem, os seios pequenos mais proporcionais a ela, uma estatura mediana e o corpo magro.

                Nunca havia saído com alguém como ela, Draco se deu de repente, fazia mais o seu tipo as loiras de seios grandes, ou pelo menos pernas longas. Abaixando um pouco a cabeça viu as pernas dela cobertas pela calça jeans, certamente eram lindas, mas ela definitivamente não tinha a altura das modelos e atrizes com quem costumava se encontrar. Nem os seios, pensou com diversão.

- Odeio quando você faz isso – retrucou ela de mal humor.

- Isso o quê? – ele perguntou com um sorriso torto nos lábios e uma sobrancelha arqueada.

- Mandar em mim! – revirou os olhos.

- Não estou mandando em você – ele revirou os olhos, falando de forma ácida. – Só estou pensando em conhecer você, porque caso não se lembre, nosso acordo vai durar pelo menos mais uns três anos, ou mais ainda, até a sua formatura...

                Até a sua formatura? Ela pensou com os olhos arregalados pela surpresa, teria então pelo menos cinco anos na companhia dele?

- O que te faz pensar que nós vamos aguentar tanto tempo juntos? – ela perguntou com uma sobrancelha arqueada.

                Podia nunca ter tido um relacionamento, mas sabia como eles funcionavam, e grande parte deles não durava tanto tempo, menos ainda quando estavam forçados a permanecerem juntos. Era como começar já prevendo o prevendo o fracasso.

- Nós vamos dar um jeito – ele deu de ombros. – Eu sei que vai ser um longo tempo, então, temos tempo para nos acertarmos. E como posso passar tanto tempo com você se nem ao menos sei quem você é? – ela abriu a boca para falar, mas ele não lhe permitiu. – E não me diga que eu já sei o necessário – ele se aproximou perigosamente – serão cinco anos Hermione, mais ainda se for preciso.

                Como poderia argumentar contra isso? A resposta era simples: não podia.

- Sexta a noite, no meu apartamento.

                Antes que ela pudesse lhe dar alguma resposta, o sinal tocou e pela porta passaram vários alunos conversando em voz alta, jogando seus materiais sobre as mesas enquanto aguardavam pelo professor.

                Cinco anos. Era tudo que Hermione conseguia pensar. Cinco anos na presença de Draco Malfoy, era como se ele a houvesse pedido em casamento.

                No intervalo tudo que Hermione queria era distância de Draco Malfoy, ainda chocada com a extensão desse acordo sem que ele a houvesse consultado, sentia-se ultrajada e queria lhe gritar na cara que não podia sair fazendo o que bem entendesse com a vida dela desse jeito, pagar sua faculdade era uma coisa, mas não havia combinado de permanecer com ela até que a faculdade terminasse. De repente lhe deu uma vontade absurda de adiantar as matérias afim de fazer o tempo passar mais rápido, se acabasse se formando na metade do tempo, Draco Malfoy iria embora mais cedo?

                Com um suspiro ela maneou a cabeça sentindo uma pontada de medo se apoderar de seu interior, causando um formigamento estranho. Cinco anos convivendo com Draco Malfoy, depois ele iria embora como se nunca houvesse existido? A única coisa que podia pensar no momento era se resistiria a cinco anos do lado dele.

                Provavelmente não – esse era o seu medo, apegar-se e depois dar adeus nunca era uma boa coisa.

                O resto da semana passou rápido, para o agrado de Hermione que continuava sem fazer nada, essa noite iria jantar com Draco e aproveitaria para lhe cobrar o emprego que ele prometera lhe conseguir, não aguentava mais ficar sem fazer nada.

                Olhou-se no espelho pela décima vez e suspirou, nada parecia ficar o bom o bastante para esse jantar, afinal ele era um Malfoy e não poderia aparecer lá vestindo qualquer peça. O que era um problema, considerando que nos últimos anos havia investido apenas em peças confortáveis e maleáveis, que não a incomodassem durante o trabalho, e como não tinha uma vida social não era preciso vestidos e outras peças mais elegantes, assim que só lhe restou uma alternativa: correr para o armário de Gina e ouvi-la durante horas especulando sobre com quem seria o tal encontro de Hermione.

                Assim que tocou a campainha do apartamento da amiga, em nada lhe surpreendeu ver um Harry sem camisa e com o cabelo bagunçado abrindo a porta. Riu quando ele ficou sem graça e o cumprimentou com simpatia, estava mesmo gostando do namorado que Gina havia arrumado, e do jeito que sua amiga parecia apaixonada por Harry, podia imaginar que essa relação ia longe.

                Totalmente o oposto de como a sua relação com Draco estava começando.

                Entrou no apartamento quando Harry lhe deu passagem, e maneou a cabeça ao ver sua amiga com um short curto e uma camisa masculina que lhe cobria as coxas.

- O que você faz aqui? – Gina perguntou com um sorriso enquanto beijava a bochecha da amiga. – Além de atrapalhar a minha noite, é claro.

- É claro – Hermione concordou bem humorada. Tinha de se manter assim, caso contrário começaria a surtar. – Vim assaltar o seu armário, não se preocupe, podem voltar ao que estavam fazendo – completou com uma careta fazendo a amiga rir.

- E perder a chance de ver você, Hermione Granger, se arrumando toda para encontrar alguém? Nunca – disse ela com diversão. – Harry não vai se importar de esperar um pouquinho.

- Se você diz – Hermione respondeu dando de ombros, sabia que essa seria a resposta da amiga. – Mas anda logo que eu não tenho muito tempo.

                O relógio já batia quase sete horas, tinha menos de uma hora e meia para estar na frente do apartamento de Draco Malfoy, pronta para lhe contar tudo sobre sua vida. Ou quase tudo.

- Quem é o gato? – perguntou Gina lhe estendendo três vestidos. – Eu conheço?

- É só um cara da minha turma – deu de ombros fazendo pouco caso, ergueu o primeiro dos vestidos e fez uma careta. – É só um jantar, não um baile de gala – suspirou.

- Esse? – perguntou Gina e revirou os olhos quando Hermione fez uma careta.

- Curto demais.

- Esse? – só estendeu a peça sem dar importância.

- Pode ser – deu de ombros encarando o vestido azul e o verde que Gina lhe estendeu em seguida.

                Não, o verde era muito exposto para um primeiro encontro, pensou maneando a cabeça e ficou com o azul marinho. O vestido tinha mangas curtas, caia até um pouco acima de seus joelhos e um decote não muito chamativo, amarrado nas costas e marcando sua cintura fina.

- O Malfoy vai adorar – comentou Gina de modo brincalhão.

                Mas a menção do sobrenome de Draco fez Hermione engasgar e encarar a amiga com as bochechas coradas.

- Como se não fosse óbvio – Gina revirou os olhos. – Todo mundo em Cambridge já viu vocês dois juntos, vocês levam café um para o outro e algumas vezes ele já te deu carona para casa.

                Como Gina sabia disso tudo? E se ela sabia, será que todos em Cambridge realmente sabiam também?

- Estava chovendo – ela deu de ombros e Gina riu.

- Por que você não assume de uma vez que estão tendo algo? – perguntou Gina sentando-se na beirada da cama, e Hermione sentou ao seu lado.

- Não é tão simples...

- Vocês é que querem complicar, uma hora ou outra vai todo mundo saber mesmo, na verdade em Cambridge todos já sabem e comentam.

- Nós ainda não temos nada sério – deu de ombros, não podia contar a Gina o que realmente estava se passando entre eles. – Além do mais, Draco não é um homem qualquer...

- Além de ser velho – comentou Gina querendo descontrair e Hermione revirou os olhos a empurrando de leve.

- Ele não é velho – Hermione riu. Draco era apenas quatro anos mais velho que ela.

- Então é ele mesmo – Gina riu abraçando a amiga. Estava realmente contente por Hermione estar saindo com alguém. – Vem logo – puxou a amiga para levantá-la da cama – tenho que maquiar você.

                Exatamente uma hora depois Hermione saía do apartamento da amiga, chamou um táxi e disse o endereço de Draco. Sentia borboletas em seu estômago durante o caminho, e quando finalmente esteve na frente do belo prédio em que Draco morava, pensou que iria desistir de entrar.

                Respirou fundo antes de tocar a campainha, e quando deu por si o elevador já parava no último andar do prédio. As portas se abriram dando direto para o apartamento tão luxuoso dele, Hermione suspirou ante a visão da sala bem arrumada.

- Achei que você tinha desistido – ele comentou com um sorriso. – Mas não, pontual como sempre.

                Ela sorriu com as bochechas coradas, de repente insegura quanto a sua imagem. O vestido lhe caía muito bem, e o sapato preto deixava o look mais discreto, como ela gostava, mas não sabia exatamente o que agradava a Draco.

- Olá Draco – ela disse incerta sobre como agir.

                Ele riu guiando-a para a sala, onde ela se acomodou em um sofá, que dava vista para a espaçosa área externa do apartamento. Ele lhe serviu uma taça de vinho e ergueu a sua, pedindo que ela fizesse o mesmo em um singelo brinde.

                A que brindavam ela não saberia dizer, mas conforme os minutos ao lado dele iam passando, Hermione se sentia relaxar. Talvez o vinho tivesse algo a ver com isso, ou a beleza do homem a sua frente, ou talvez os dois.

- Você está muito bonita – ele comentou encarando bem seus olhos castanhos.

                Para Hermione ele nunca lhe parecera tão sério sem aquele ar de arrogante que parecia possui-lo cada vez que pisava no campus da universidade. Draco Malfoy era uma pessoa em sala de aula, e outra totalmente diferente quando se encontravam as escondidas. E ela gostava dessa segunda personalidade dele, pensou bebericando mais um gole de vinho.

- O que você quer saber sobre mim? – ela perguntou com um sorriso trêmulo.

- Sua família, sua vida, tudo – ele deu de ombros. Havia feito uma pesquisa sobre ela, é claro, mas ouvir da boca dela sobre como era sua vida era totalmente diferente, além do mais, por mais que tivesse confiança em quem lhe forneceu os dados sobre Hermione, sabia que nunca se podia confiar cem por cento.

                Por onde ela poderia começar? Pela vida que tivera antes que seu pai arruinasse tudo? Maneou a cabeça, isso fora há tanto tempo que parecia em outra vida, ela havia tido de crescer com as escolhas erradas de seu pai e as consequências que ela trouxeram, teve de amadurecer até não conseguir ficar no mesmo lugar que ele, vendo-o persistir no erro uma e outra vez.

                Mas Draco não precisava saber dessa parte de sua vida, não ainda.

- Eu sou filha única, cresci no bairro mais interior de Londres, meus pais ainda moram lá, e quando me formei não tinha dinheiro para faculdade, por isso comecei a trabalhar a maior parte do tempo possível, juntando todas as minhas economias para poder ir para Cambridge.

- Isso eu já sei – ele disse simplesmente, ela já havia lhe dito isso. – Eu quero saber do que você gosta, quero saber como foi a sua infância...

- Você não me disse como foi a sua nem do que você gosta – ela retrucou com um pequeno sorriso, não queria ficar em desvantagem ali.

- Nós estamos falando sobre você agora, sobre mim vai ficar para outra hora.

                Com um suspiro ela maneou a cabeça, tinha de começar a aceitar que com Draco Malfoy as coisas tinham sempre de ser do jeito que ele preferisse. Mas se Draco pensava que ela acabaria submissa a ele, estava muito enganado.

                Aproximando-se mais do que Hermione gostaria, Draco a encarou no fundo dos olhos, querendo fazê-la entender de uma vez por todas que não tinha escolha.

- Amanhã nós vamos jantar com os meus pais, portanto é bom parecer que eu conheço você, que eu realmente conheço você há um bom tempo – ele disse inclinando-se para frente, seu tom soando um tanto ameaçador, o que a fez se arrepiar. – Minha mãe é uma das pessoas mais minuciosas que eu conheço, ela vai notar cada detalhe, cada palavra. Então é bom nós nos sairmos bem amanhã!

- Por que você precisa tanto da aprovação deles? – Hermione retrucou com uma coragem que não lhe era conhecida, caso contrário se parasse para pensar nunca perguntaria algo assim a alguém como Draco Malfoy.

- Já lhe disse que preciso de uma esposa que o parlamento possa aprovar, de alguém que seja discreta e fique ao meu lado, mas que seja inteligente...

- É isso não é? – ela perguntou prendendo um sorriso.

                Não havia ido até ele desinformada, pelo contrário, nas últimas tardes em que nada tinha para fazer, Hermione aproveitou para saber como deveria se portar, não que já não soubesse o básico, afinal sua mãe fora muito criteriosa quanto a sua educação, pelo menos durante o tempo em que puderam exigir algo, portanto ela havia aprendido boas maneiras e tudo mais – fato que duvidava que Draco soubesse! Mas queria mesmo saber como as coisas funcionavam. Depois do choque de saber que ele queria permanecer ao seu lado pelo menos até sua formatura, o que para ela soara como ele querendo supervisionar que seu dinheiro estava sendo bem investido e que ela não o desperdiçaria, por isso precisava saber sobre as outras mulheres, os outros membros do parlamento. E ali estava a resposta a sua pergunta.

- Eu não vim despreparada, Draco – ela disse com cara de ofendida, respirou fundo antes de prosseguir, como que buscando mais coragem para continuar a erguer a voz deste modo para ele. – Andei lendo e pesquisando sobre o parlamento, e há uma escola para moças, não há? Uma que na minha opinião mães que mandam suas filhas para lá estão querendo que as garotas sejam uma golpista de alto escalão, preparadas para encontrarem um marido, terem filhos e não fazer mais nada da vida – revirou os olhos com um suspiro. – E uma dessas damas deveria casar com você.

                Ao vê-lo calado, Hermione sorriu sabendo que o havia atingido. Podia até ter que dizer tudo de sua vida para Draco Malfoy, ou quase tudo, mas também iria descobrir tudo sobre ele.

- O que mais você andou pesquisando? – perguntou ele com deboche. – Algum desses sites já lhe disse qual o meu tipo de garota? – perguntou com descaso, sem se preocupar se isso iria ofendê-la ou não.

- Certamente alguém bem diferente de mim – ela retrucou com o rosto erguido, não era nenhuma das modelos com quem Draco já fora fotografado, mas tinha seu orgulho e não se mostraria fragilizada com isso.

- E o que mais? – ele questionou sem negar o que ela dissera. – Lhe disseram que eu vivo indo a Paris, que odeio a Itália e minha casa na Suíça vale um bom dinheiro. Lhe disseram isso na internet também? Besteiras! – ele gritou. – Eu a chamei aqui exatamente por isso, Hermione Granger, não se pode confiar no que a internet diz, eles adoram exagerar, modificar as informações.

- Então as suas cores preferidas não são verde e prata? – ela perguntou com descaso fingido.

- Não é sobre isso que eu estou falando – ele revirou os olhos irritado, aquela garota sabia como tirá-lo do sério. – Na internet diz que eu tenho um filho de três anos, você acreditou nisso também? A suposta mãe dele é uma modelo francesa, e por isso eu gosto tanto de ir a Paris – ele riu com escárnio. – É a isso que eu me refiro! A partir do momento que a imprensa souber sobre nós dois, o que acredito que não vá demorar, eles vão começar a perguntar, a acusar e eu quero que você esteja preparada para isso... Mas eu também tenho que estar, tenho que conhecer você.

- Eles logo vão saber – ela murmurou sem encará-lo. – Pelo menos em Cambridge todos já sabem.

- Um motivo a mais para você cooperar – ele disse nada abalado.

                Draco não era bobo muito menos ingênuo, duas semanas de constantes conversas, troca de café e passeios pelo campus ao lado da mesma mulher iriam levantar suspeitas, certamente. Ele já esperava por isso, e do seu ponto de vista era até melhor que começassem a divulgar imagens suas com Hermione logo, assim no dia do casamento de Kate com o príncipe William não seria tão chocante vê-lo ao lado de uma plebeia. E que ocasião melhor para apresentar Hermione para a sociedade inglesa? Justamente no casamento de um príncipe com uma plebeia, pensou ele com sarcasmo. Pelo menos ninguém ousaria dizer nada maldoso.

                E sabia que pior que Kate, Hermione nunca seria.

                Dizer que ela deveria cooperar mais e o fato de todos em Cambridge saberem sobre eles pareceu fazer Hermione amolecer um pouco, havia entrado naquele apartamento com suas defesas em alta, mas não havia motivo para isso. Se não confiasse em Draco, não haveria ninguém mais em quem confiar.

                Ela lhe contou que sua cor favorita era azul, que adorava cachorros e tinha alergia a gatos, não tinha um perfume em particular que a agradasse mais nem uma peça de roupa, lhe disse também que sempre adorou vestidos, que suas roupas sempre foram simples e não costumava andar de salto alto – o que segundo ele teria de mudar – assim como sempre gostou do seu cabelo liso e já teve vontade de cortá-lo bem curto, mas nunca teve coragem. Contou a ele também que nunca havia namorado, e ficou corada enquanto ele fazia suas deduções. Disse também que não perdoava traições e nem vícios que pudessem prejudicar uma família.

                E em troca ele lhe contou sobre sua vida, os detalhes que ela ainda não sabia, e no final sentia-se exposto porque nunca havia dito a nenhuma outra mulher tudo que dissera a Hermione. Já havia tido diversas namoradas, a maioria ele diria ter sido apenas um caso passageiro, afinal nunca durava, principalmente porque o que mais buscavam era o seu dinheiro. Draco lhe contou que adorava corridas e velocidade, que se não tivesse de seguir o lugar de sua família no parlamento provavelmente tentaria uma carreira de piloto, contou a ela sobre sua época em Cambridge quando mais estudou em sua vida, mas não lhe disse os motivos, expor a ela que algumas vezes sentia que tinha de merecer e conquistar o orgulho de seu pai era mais do que ele estava disposto a contar. Havia aberto sua vida para Hermione, mas não os seus segredos, muito menos as suas fraquezas.

                Se havia uma coisa que ele aprendeu ao passar dos anos convivendo com um homem como Lucius Malfoy, foi que nunca se deve dizer as pessoas o que te faz fraco, pois a qualquer momento elas podem te apunhalar pelas gostas. Não que seu pai fosse um exemplo de homem, pelo contrário, podia apostar que seu pai tinha diversas amantes e que sua mãe sabia disso, e ainda assim permaneciam casados porque a sociedade não suportava escândalos, porque um divórcio sujaria a imagem impecável da família Malfoy, porque sua mãe não saberia viver sem todo o dinheiro que seu pai lhe dava, contentando-se apenas com uma mesada. Por outro lado gostava que eles continuassem nessa farsa, sua irmã era ingênua do tipo que acredita em príncipes encantados e que todo casamento é para sempre, e não gostaria que seus pais fossem os primeiros a partir o coração dela.

                Contou a Hermione sobre sua irmã e sobre a amiga dela, afinal provavelmente Pansy estaria na casa da família Malfoy na noite seguinte, porque parecia não sair mais de lá, mas não disse a ela que se essa relação não desse certo, Pansy seria a mulher a ficar ao seu lado. Também não disse a ela que sua mãe era contra mulheres que queriam trabalhar, e que seu pai como o machista que sempre foi achava que as mulheres deveriam ficar em casa cuidando dos filhos. Detalhes assim Hermione descobriria com o tempo, não precisava lhe jogar tudo na cara de uma vez, até porque provavelmente a afugentaria se fizesse isso.

                Disse a ela também que não suportava mentiras, nem pessoas interesseiras, e que esse foi um dos motivos por ter escolhido ela: ao saber quem ele era, Hermione foi provavelmente uma das primeiras mulheres que não se jogaram em seus braços o pedindo em casamento, isso porque as outras ou eram velhas demais ou já eram muito bem casadas.

- O que você como duque vai ter de fazer? – ela perguntou quando se sentaram a mesa para o jantar.

- Basicamente vou ser responsável pelos assuntos que o príncipe William não conseguir lidar – ele deu de ombros.

                Era como se ficasse com o que William não queria, seus restos. Com sarcasmo ele pensou que no quesito mulher William já estava ficando com o que ele não queria mais, portanto podia suportar alguns assuntos de Estado.

- Você vai ser coroado? – ela perguntou servindo-se da massa estava servida.

- Em breve – ele deu de ombros novamente. – Meu pai andou tendo problemas de saúde, agora ele está bem, mas não sei até quando vai continuar no parlamento. Assim que ele decidir se aposentar, eu devo ser coroado.

- Você não vai precisar ser casado para isso? – ela perguntou curiosa.

                Aquele era o momento de sanar todas as suas dúvidas.

- Não – ele respondeu. – Mas se tem algo que os membros do parlamento levam em consideração é uma boa mulher ao lado de um homem, nunca uma mais inteligente que eles, apesar de que eu duvido muito disso, e nunca uma que seja vulgar ou possa expor mais do que deve sobre os assuntos reais.

- Se nossa relação durar pelos próximos cinco anos e não acabar em nada, seus pais vão pensar o quê?

- Pouco me importa o que eles vão pensar – Draco deu de ombros. – Espero até lá já estar no parlamento e poder guiar a minha vida. Não que eu queira assumir meu papel de duque, mas só de saber que estarei fazendo o que eles querem e que em mais nada poderão opinar, já me satisfaz. Além do mais, muitos homens do parlamento namoraram por anos com uma mulher para casarem com outra depois.

                Isso para ela soou como: ele está se preparando para depois me dar adeus e se casar com uma dessas princesinhas. Mas não quis parecer incomodada nem nada assim, não na frente dele.

- E se sua mãe claramente mostrar que não me aprova? Vou ser descartada e adeus acordo? – ela perguntou com uma sobrancelha arqueada para se fazer de despreocupada, mas a verdade era que internamente vivia morrendo de medo de tudo ser um sonho e logo ter de acordar. Sabia que Draco era um homem de palavra, e que havia dito que cumpriria a parte dele no acordo, mas se a presença dela não fosse mais querida ou necessária, então ele não teria mais obrigação nenhuma quanto a pagar sua faculdade.

- Não vai se ver livre de mim tão fácil, Granger – ele retrucou com um sorriso no canto do lábio, saber disso a fez sorrir. – Tenho um acordo com meus pais de que eu seria responsável por escolher com quem quero ficar.

- E por isso você me alugou por alguns anos? – ela perguntou descontraída.

- Não vejo como um aluguel – ele deu de ombros, mas logo maneou a cabeça. Estava se portando como um homem que nem reconhecia, lhe falando calmo e suavemente e fazendo gentilezas. Definitivamente passar muito tempo com a toda certinha Hermione Granger o estava afetando mais do que imaginara.

- Todas as modelos com quem você já saiu vão ficar carentes e desoladas quando me virem com você – ela comentou prestando atenção na comida, para não ter que olhar para ele.

- Problema delas – ele disse dando de ombros, e logo se serviu novamente.

                Hermione não gostava quando ele falava assim, como se as mulheres não lhe importassem muito, como se todas a quem ele já iludiu ou partiu o coração não tivessem sentimentos.

                Por isso disse a si mesma que não iria se apaixonar por ele, afinal, só sentiria seu coração partido se o amasse, portanto a forma mais segura era se manter distante de amá-lo.

                Porém em cinco anos muitas coisas podem acontecer, e era isso que a incomodava.

- Você não se importa nem um pouco? – questionou Hermione, e assim que as palavras saíram de sua boca ela se arrependeu de tê-las pronunciado.

- Eu me importaria se alguma delas quisesse algo além do meu dinheiro – deu de ombros com a resposta. – Esse é o problema da mídia, Hermione, eles distorcem tudo, enriquecem e embelezam você para que outras pessoas, que só querem o seu dinheiro e ser vistas ao lado seu lado por isso se aproximam. Isso que eu sempre achei engraçado, quanto mais saiam matérias sobre eu com outras mulheres e muita bebida, mas mulheres se aproximavam de mim.

                “E você aproveitava” foi o pensamento de Hermione, mas antes que dissesse algo mordeu a língua.

- Se você vai estar comigo, vai ser só comigo – ela disse ao invés. Esperava que Draco já tivesse consciência disso, ela não era do tipo de mulher que aceitaria ser usada e traída. Não mesmo.

- Eu sei – ele assentiu mirando-a fixamente, sorveu um gole de vinho e estendeu a mão para ela. – Eu já sabia desde a primeira vez que a vi, acredite ou não, chega uma hora que toda essa loucura de festas e bebida perde a graça. Não sei se aconteceu agora pela pressão dos meus pais em que eu encontre uma esposa, ou pelo cargo que eu sei que logo vou ocupar, mas para mim deu disso. Mas espero que isso seja reciproco, vou ser fiel a você enquanto nosso acordo durar, e espero que você faça o mesmo.

- Eu seria incapaz de trai-lo – não por ser quem ele era, na verdade pouco lhe importava quem ele era. Ela seria incapaz de trair qualquer homem que fosse.

- Só quis confirmar – ele respondeu com um sorriso torto e ela maneou a cabeça. Draco Malfoy tinha sempre de ter a última palavra.

                Que Deus a ajudasse a suportar os próximos anos na companhia dele. Porque parecia que seria cada vez mais difícil resistir. Ela havia dito que não iria se apaixonar, mas isso não incluía os desejos do corpo, e o seu parecia formigar e se acender de um jeito até então desconhecido cada vez que ele lhe sorria dessa maneira.

                Quando o jantar chegou ao fim, Draco lhe serviu um petit gateau de sobremesa, e logo estavam de volta a sala, cada um com uma nova taça de vinho em mãos. Hermione sentia suas bochechas coradas pelo álcool e suas pernas não pareciam muito estáveis, enquanto ele, ao contrário, parecia que recém havia começado a beber. Maneando a cabeça soltou um suspiro, se havia uma coisa que os anos que passara trabalhando no pub não haviam ensinado a ela era aprender a beber e se manter sóbria. E nesse momento podia ter certeza disso.

- Deu de vinho pra mim – ela disse quando ele estendeu a garrafa pra voltar a encher a sua taça.

                Com um riso Draco se sentou ao seu lado, deixando a garrafa e as taças sobre a mesa. Sentia-se cansado pela semana exaustiva que tivera, e em antecipação pelo dia seguinte, que ele sabia que não seria fácil. Só esperava que sua mãe não soltasse nenhum comentário maldoso na frente de Hermione. Ela podia não ser o tipo de mulher que sua mãe esperava, mas para ele parecia o tipo certo.

- Acho que sim – riu virando-se para ela.

                Por um momento dedicou-se a observar os traços delicados do rosto dela, e se surpreendeu com quão bela ela realmente era. A princípio já  a havia achado bonita, afinal, disse para si mesmo, não ficaria com alguém que não era atraente, mas conforme a conhecia mais bonita ela parecia se tornar, também mais interessante. E descobriu-se cativado por ela, pelo quê de diferente que ela possuía em comparação com todas as mulheres com quem já esteve.

                Jogou uma mecha do cabelo dela para trás e sorriu maneando a cabeça, queria dizer a si mesmo que estava se deixando levar pela quantidade de vinho que já havia bebido, afinal antes mesmo dela chegar ao seu apartamento, ele já havia bebido algumas taças, mas sabia que não era isso. Era ela o atraindo, como uma mulher atrai um homem.

                Havia dito a si mesmo que não se apaixonaria, principalmente porque não se achava capaz de amar realmente uma mulher. Mas quanto a atração era inevitável, e só agora ele se deu conta disso. Acariciou o rosto dela, sua pele macia e suas bochechas coradas e sorriu se aproximando, a viu fechar os olhos e entreabrir os lábios em um convite ao que estava prestes a fazer, assim que não pensou duas vezes e colou seus lábios aos dela, num beijo que o agradou mais do que imaginava. A língua dela se enroscou a sua de um jeito sexy, e ele se viu querendo mais.

                Encostou-a ao sofá e ao sentir seu corpo ficar tenso soube que havia feito o movimento errado, Hermione não era desse tipo de garota que fica se enroscando a um homem no sofá. Quis bater em si mesmo quando ela se afastou com os lábios abertos e as bochechas ainda mais coradas.

- Isso não deveria ter acontecido – ela murmurou se levantando do sofá.

- Desculpe – ele disse deixando os ombros caírem.

- No nosso acordo não diz nada sobre beijos e...

- Você realmente acha que ninguém vai querer ver nós dois nos beijando? E que eles vão acreditar que você foi ao casamento real comigo apenas como uma amiga? – ele a interrompeu, não querendo ser brusco ao pronunciar tais palavras, mas Hermione precisava entender no que estava se metendo.

- Só beijos – ela disse dando um passo atrás.

                Cinco anos é um longo tempo, Draco disse a si mesmo.

                Além do mais, se os beijos continuassem desse jeito, muito em breve ele não poderia se conter.

- Isso nós vamos lidando com o tempo – ele deu de ombros, não iria fazer falsas promessas.

- Eu tenho de ir – ela disse indo em direção a porta.

                Ele se levantou, sabia que era melhor mesmo, e a acompanhou até a porta.

- Amanhã eu encontro você ao meio dia – ele disse escorado na parede enquanto ela se aproximava do elevador.

- Mas na casa dos seus pais não é um jantar? – ela perguntou com o cenho franzido.

- Sim – ele deu de ombros. – Mas você precisa de um vestido para o casamento, e essas coisas demoram a ficar prontas – ele respondeu dando de ombros e ela conteve a vontade de deixar seu queixo cair. Ele iria mesmo lhe dar um vestido exclusivo? Ele iria mesmo lhe dar um vestido exclusivo! – Busco você no seu apartamento – ele disse com um aceno de cabeça, e tudo que ela pôde fazer foi concordar com a cabeça ao mesmo tempo em que o elevador chegava.

                Hermione suspirou quando a porta se fechou e se olhou no espelho, suas bochechas estavam muito rosadas, pelo menos boa parte era culpa de todo vinho que acabou bebendo e não só por ter dado um beijo em Draco Malfoy. Um beijo que só de lembrar a fazia sorrir.

                Quando o elevador parou no térreo, Hermione se deparou com uma morena muito bonita que lhe sorriu antes de entrar no elevador ao mesmo tempo que ela saia, acabou não reparando muito na mulher estando mais concentrada em parecer bem arrumada. O porteiro lhe chamou um táxi, e quando o mesmo chegou, a acompanhou até ele. O vento frio fez seu corpo se arrepiar.

                Draco a viu sumir atrás da porta do elevador e suspirou jogando-se no sofá. Não queria nem pensar no jantar do dia anterior, assim que, para se distrair, ligou a televisão em um canal que passava um filme qualquer e serviu uma taça de vinho para si. Já era tarde, mas ele não sentia o menor sono.

                O elevador apitou ao parar novamente em seu andar, o que o fez se levantar rapidamente e encarar a porta que estava abrindo. Não esperava ninguém, ainda mais já sendo tão tarde. E quando a morena entrou em seu apartamento, sua boca se abriu em surpresa ao vê-la tão bem arrumada, e sozinha parada ali.

- O que você faz aqui? – perguntou sem vontade, não estava com a menor vontade de encará-la.

- Vim conversar com você – ela deu de ombros e se aproximou, dissimulada como sempre foi. – Sentiu saudades? – ela perguntou tocando em seu rosto com uma unha comprida e bem feita.

- De você? – ele riu com escárnio. – Não mesmo!


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Notas finais do capítulo

n/a: é, acho que o dia de postagem mudou pra sexta feira hhahaha
beijos.