Shadow Kiss por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 10
Capítulo 10




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Eu realmente não gostava quando Rose se portava como uma garota mimada. Ela não era isso. E também não estava gostando de novamente discutir algo que já estava resolvido. Ela tinha que entender que nem tudo era como nós desejávamos.

“Victor sabe sobre nós. Ele poderá falar alguma coisa” ela falou, com um tom mais suave e eu percebi que ela estava preocupada com isso.

“Victor tem coisas mais importantes para se preocupar, nesse julgamento, do que nós.”

“Sim, mas você o conhece. Ele não age exatamente como uma pessoa normal. Se ele sentir que está perdendo a chance de se livrar, ele poderá nos expor, como uma vingança.”

Isso era verdade. Victor era um vilão calculista, capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos. Ele foi a primeira pessoa a perceber que eu e Rose estávamos envolvidos e não pensou duas vezes antes de usar isso para seu próprio interesse. Dependendo da forma como ele expusesse essa situação, poderia ser catastrófico para as nossas vidas. A minha carreira e a de Rose estariam terminadas. Pior, eu poderia acabar condenado por sedução de menor. Eu nunca mais limparia a minha reputação depois disso. Mas, novamente, não era algo que nós podíamos mudar. Não havia como impedir Victor de falar. Estávamos nas mãos dele, sob este ponto de vista.

“Isso é algo com o qual teremos que lidar. Mas se Victor estiver decidido contar, ele fará isso com ou sem o seu testemunho” falei, pensando que, no final das contas, seria bem melhor que Rose não testemunhasse, para não despertar a fúria dele.

Nós dois ficamos em silêncio no resto do caminho até a igreja. Mas o silêncio de Rose não significava uma anuência. Quando chegamos lá, o padre Andrew disse que só teria mais uma caixa para a Sra. Davis e se afastou de nós.

“Eu farei isso. Você não precisa vir” Rose falou secamente.

Eu conhecia bem o que viria depois, quando Rose agia daquela maneira. Ela não aceitou que não podia participar do julgamento e quando ela não aceitava algo, ela não media as conseqüências para reverter a situação. Eu já podia até ver o tumulto que ela causaria. Isso seria péssimo, ela estava sob provação, como Alberta falou.

“Rose, por favor, não faça uma confusão por isso” pedi humildemente para ela.

“Eu preciso fazer isso” ela falou rangendo os dentes “E você não está me ajudando”

Aquela falta de compreensão de Rose fez meu controle ficar por um fio. Ela não podia me culpar por isso. Ela estava agindo com se o controle de toda essa situação fosse meu. Ela não se esforçava para compreender o meu lado, nem por um minuto. Eu não estava agindo contra ela, muito pelo contrário, eu tinha o mesmo interesse que ela.

“Eu estou ajudando você. Você realmente acha que eu quero ver Victor livre? Você acha eu quero nos ver em perigo de novo? Mas eu lhe disse. Eu fiz o que pude. Eu não sou como você – eu não posso fazer uma cena quando as coisas não saem com eu quero.” Falei lutando para ainda me manter em controle, mas estava muito difícil. Rose conseguia fazer isso comigo: me tirar do sério.

“Eu não faço isso.”

“Você está fazendo agora mesmo.”

Rose parou por um minuto, sua expressão mostrava que ela reconheceu que eu estava certo. Ela me olhou diretamente, mudando bruscamente de assunto.

“Por que você veio me ajudar hoje? Por que você está aqui?”

“Isso é muito estranho?” perguntei realmente sem acreditar que, à essas alturas, ela ainda não conseguia enxergar que eu apenas queria ficar mais tempo perto dela.

“Sim. Quero dizer, você está tentando me espionar? Descobrir por que falhei? Ter certeza que eu não ia me meter em nenhuma confusão?”

Eu olhei para ela por alguns minutos, tirando meus cabelos que caíram nos olhos. Ela de fato não conseguia ver o óbvio. Durante a semana meus dias eram preenchidos por trabalho. Nos finais de semana, todos iam para seus afazeres, inclusive a própria Rose. Para mim, essa era uma época de solidão. Neste domingo, eu apenas vi a chance de ter meu dia preenchido por ela. A chance de não ficar sozinho.

“Por que tem que existir algum motivo escondido?” perguntei sem tirar os olhos dela.  A sua expressão não se suavizou.

“Por que todos têm um motivo.”

“Sim. Mas nem sempre são os motivos que você pensa. Até mais.”

Eu saí da igreja com uma confusão de sentimentos dentro de mim. Por um lado eu sentia um pouco de mágoa por ela pensar o pior de mim. Era quase com se ela achasse que eu a via como as outras pessoas viam. Por outro lado eu tinha gostado de passar aquela tarde com ela, e realmente me sentia muito mal por não poder levá-la ao julgamento.

Nós viajaríamos amanhã cedo e eu achei que era melhor tentar descansar um pouco. Cruzei o campus em direção ao dormitório quando uma voz me chamou.

“Belikov!”

Era Alberta. Na certa ela queria me dar algum turno de guarda para essa noite. Eu não tinha idéia de onde ela tinha saído. Mas eu não teria visto de qualquer forma, eu vinha muito distraído pensado nos últimos momentos com Rose. Mesmo assim me mostrei atento.

“Guardiã Petrov” falei acenando com a cabeça.

“Eu estive no seu quarto lhe procurando, também lhe procurei por toda Academia e não lhe encontrei. Tenho uma notícia para lhe dar.”

“Eu estava na igreja, ajudando Rose no seu trabalho comunitário.”

Alberta sorriu, algo que era raro de se ver. “Isso foi uma boa idéia, Belikov. Assim você se certificou que ela cumpriria com o seu dever, sem causar problemas ao padre Andrew.” Ela falou com um tom sábio.

“Você disse que tinha algo a me dizer” eu disse, me mantendo imparcial, apesar de não gostar dessa imagem rebelde que as pessoas traçavam de Rose.

“Acabei de receber um telefonema da Corte. A rainha decidiu que Rosemarie e Vasilisa devem testemunhar no julgamento. Elas viajarão conosco amanhã. O Lord Adrian Ivashkov também irá. A rainha consentiu que a Princesa levasse quem ela quisesse. Eu suponho que ela irá levar Christian Ozera.”

“São muitas pessoas para proteger. A Corte é segura, mas temos a viagem e, de qualquer forma, também não deixam de ser estudantes. Acho devemos rever aqueles cronogramas da viagem.” Eu já estava me focando no trabalho, como forma de manter minha mente distante dos sentimentos por Rose.

“Sim, claro, podemos ir ao meu escritório agora, se você não tiver outros planos”

Eu neguei com a cabeça e a segui até o prédio dos guardiões. Quando entramos na sala, eu não me contive em perguntar.

“O que fez a rainha mudar de idéia?”

“Eu não tenho muita certeza. O Guardião Croft não entrou em detalhes, mas, ao que parece, a rainha atendeu a um pedido do seu sobrinho neto.”

Eu não falei mais nada sobre aquilo, mas fiquei imaginando que Rose também deve ter insistido para que Adrian falasse com a tia. Desta vez ele tinha um ponto com ela. Tinha dado a ela o que ela tanto queria e eu não fui capaz de fazer.

“Belikov?” Alberta me chamou, cortando os meus pensamentos e eu tive a impressão que não era a primeira vez que ela chamava.

“Desculpe, Guardiã Petrov, o que dizia?”

“Eu falava que achava importante que Edison Castile também fosse, assim ele permaneceria na experiência de campo. E com Christian presente, nós também manteríamos Rosemarie em treinamento. Será uma boa prática para eles.”

“Claro. Eu acho perfeito.”


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