A Marca escrita por Sweet Nightmares


Capítulo 15
Richard (Marie)




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Nós estávamos em minha casa, tomando café da manhã. Rebeca tentava nos explicar o que realmente tinha acontecido no dia anterior, a verdade sobre sua suposta tentativa de suicídio.

–Então a cabine caiu e eu pulei. Caí na água, voltei a superfície e a cabine tava onde sempre esteve. Lá no alto da roda-gigante travada. – falou.

–Fato nº 5: Ela sofre de esquizofrenia paranóica. – falou James, anotando isso num bloquinho que estava em seu bolso.

–O quê?! Não sofro, não! – exclamou a brasileira.

–Deixa eu ver isso. – falei, pegando o bloquinho.

Fatos sobre Rebeca Cortez:

– Fato nº1: Ela é mexicana.

– Fato nº2: Ela é nerd, mas prefere nerdzinha.

– Fato nº3: Ela é lésbica, mas não assume.

– Fato nº4: Ela tem um namorado chamado Lucas. Ele é a exceção bissexual dela.

– Fato nº5: Ela sofre de esquizofr

–Me dá isso! – ordenou James, pegando o bloquinho da minha mão e terminando de escrever o fato nº5.

–Qual é a da lista? – perguntei.

–É para me lembrar como vocês são. Tem uma sobre você: Lista de fatos sobre Marie Isabelle Deville.

· Fato nº1: Ela é francesa.

· Fato nº2: Ela entende de cuecas. Estranho? Talvez.

· Fato nº3: Ela é mais gostosa do que a Rachel. Vou jogar isso na cara do Miguel.

Joguei uma almofada nele por isso. Ele continuou lendo:

· Fato nº4: Ela me quer.

Rebeca começou a rir. Joguei outra almofada em James.

–Mentira. – disse. Ele me ignorou e continuou:

· Fato nº5 Ela acha que a Rebeca pega geral. Tadinha.

Dessa vez Rebeca tacou uma almofada bem na cabeça dele.

–Ai!

–Idiota. – ela disse.

–Ué! Vai dizer que tu pega geral mesmo?

–Não!

–Então pronto! Agora me deixa continuar que só falta um. – ele escreveu esse último e em seguida leu:

· Fato nº6: Agora que eu descobri que a Rebeca tem esquizofrenia, a Marie perdeu a graça. Vou parar de escrever sobre ela.

Eu ri. Rebeca jogou almofadas em nós dois.

–Eu não tenho esquizofrenia. E mesmo que tivesse, não tem graça brincar sobre isso! A esquizofrenia não é engraçada. É uma doença! No dia que doenças tiverem graça, me contem. – brigou.

Joguei uma almofada nela para descontrair. Ela jogou outra em mim. Fizemos uma miniguerra de almofadas, até que James falou:

–Certo, vamos focar no que importa. Descobrir o significado da marca. Tem alguma ideia de por onde começar, mexicana?

–Brasileira! – corrigiu.

–Ignore o galinha-cafajeste-exibido, ok? Só diga: Tem alguma coisa útil no caderno? – perguntei.

Beca pegou o caderno do meu recentemente falecido pai – que por sorte não molhara na tentativa de suicídio dela ou o que quer que tenha sido o pulo da roda-gigante – e o abriu.

–Liverpool. Richard Black Houston, setinha, “eu gostaria que estivesse chovendo, ou talvez um tanto nublado”. – disse.

–Quê?! – James e eu ficamos confusos.

–É isso. Liverpool. Richard Black Houston, aí tem uma setinha e tem escrito “eu gostaria que estivesse chovendo, ou talvez um tanto nublado”. É tudo que tem escrito aqui. Tem isso e um desenhinho. – ela disse. Peguei e dei uma olhada.

Percebi que Pablo não era tão bom em artes, talvez eu tivesse puxado isso dele. Mas comparando com meus desenhos, ele poderia até ser chamado de artista profissional. Parei para pensar no que fazer.

–Bem… Talvez devêssemos ir a Liverpool achar uma igreja como esta e falar com o tal Richard.

–E o que significa esse lance de chuva e nublado? – perguntou James.

–Lá a gente descobre. – falei, dando de ombros.

***

Olhei para o desenho no caderno e para a igreja na minha frente pela décima vez.

–Eu tô dizendo – repeti –, é a mesma igreja. O desenho tá idêntico!

–Idêntico nada! Tá faltando os detalhezinhos da janela. – disse James – Acho que não é essa a igreja.

–Tô dizendo que é, menino! – exclamei.

–Mas o James tem razão. Tá faltando o detalhe das janelas. Aqueles desenhos santos e tals… Mas talvez o Pablo não os tenha feito porque não é um gênio da arte.

–Então você concorda comigo? – perguntei.

–É. Essa é a igreja.

–Ótimo, duas contra um. Vamos.

Entramos na igreja, estava vazia. Completamente vazia. Não haviam imagens santas do lado de dentro, nem ao menos aqueles banquinhos para as pessoas sentarem e assistiram e missa, ou um casamento/batizado. Não havia altar. Apenas uma área um tanto mais alta, como um pequeno palco, mas nenhum altar. Nem aquele lugarzinho que o padre fica quando a pessoa vai confessar. Eu com certeza não entendia nada de igrejas, não era religiosa, mas sabia que aquilo não era normal.

–Ahm… Algo me diz que isso aqui não tá certo… – disse James, expressando meus pensamentos.

–E não está. – disse Rebeca. Ela observou que um pouco mais à frente, no palquinho que deveria ser um altar, haviam três portas e foi até elas.

Na primeira porta lia-se Não entre se não for convidado, na segunda, Para aqueles que de informação necessitam, e na terceira, Proibida a entrada. Fique longe. Risco de morte. James colocou a mão na maçaneta para abrir a terceira porta.

–Tá doido?! – exclamei, batendo na mão dele.

–Não, só curioso.

–Você não pode abrir! Está escrito claramente “Risco de Morte”!

–Tá, tanto faz! – exclamou, revirando os olhos.

Olhei para a primeira porta, confusa com o aviso “Não entre se não for convidado”. Fiquei confusa, não havia ninguém lá, quem deveria nos convidar? Olhei para a segunda porta “Para aqueles que precisam de informação”.

–Nós precisamos de informação, vamos nessa. – falei, abrindo a segunda porta e entrando, puxando James pela mão.

O local era como uma biblioteca, o que fazia sentido, já que era para aqueles que precisavam de explicação. Andei até a estante de livros mais próxima, vi um título que me chamou atenção. O livro de Hanaggan. Estiquei o braço para pegar o livro.

–Não toque nesse livro! – gritou um homem, larguei o livro, deixando-o cair no chão. James gritou de susto. Virei para o homem – Ma… Marie… É você?

–Como… Como sabe meu nome? – perguntei.

–Ah, Marie! – exclamou o homem, vindo em minha direção para me abraçar – Como está Pablo?

Morto.

–Ahn… Pablo? Ele…

–Infelizmente Pablo veio a falecer dois dias atrás, senhor. – disse James.

O homem foi tomado pela surpresa. Ele olhou pra mim, me vendo lacrimejar. Instantaneamente me abraçou.

–Ele era seu pai, Marie.

–Eu sei… Ele disse… Pouco antes de partir.

–Ele sempre falava do quanto ele sentia sua falta. Contava histórias das poucas vezes que te visitou quando você era criança… Ele desejava ter sido um pai presente, mas não podia… Seria perigoso para você.

–Como assim?

Ele olhou em meus olhos.

–Você tem os olhos de seu pai… – falou, ignorando minha pergunta - Vocês viram quem o matou? – perguntou. Me afastei do cara imediatamente.

–Nunca dissemos que foi assassinato. – falou James.

–Nem precisavam! É claro que ele foi assassinato… Devem ter descoberto a traição… – falou – E, desde que Marie nasceu, Pablo não mata mais ninguém. Ele se tornou completamente descartável.

–O quê?!

–E, provavelmente, por ele ter revelado a você que é seu pai, eles também devem saber. Você é provavelmente a próxima a ser assassinada… Mas talvez, se eles verem que você não tem o gene de seu pai, podem poupar sua vida.

–Gene? Como assim não tenho o gene do meu próprio pai, tio?

–Me refiro ao gene desenvolvido depois. À mutação. A falsa tatuagem nas costas.

Raciocinei aos poucos o que ele disse.

–Meu pai tinha a marca?!

–Como você sabe sobre a marca?!

Tirei minha bota e James virou seu pescoço.

–Vocês…?

–É. – disse James – Você sabe o que significam?

–Eu… – ele engoliu em seco – Não.

–Está mentindo. – acusei.

–Juro que não sei! Eu… – ele olhou em volta, desesperado – Eles estão aqui.

–Quem? – perguntamos eu e James em coro.

–Eles estão aqui! – ele olhou pra mim e me puxou pelo pulso – Por favor! Não me machuquem! Eu os tenho comigo! Por favor! Me deixem viver e eu lhes entrego a filha de Pablo! – gritou para o nada.

Então, ao lado de uma das estantes, vi um garoto de pele um pouco pálida, cabelos negros e arrumados. Olhos vermelhos. Ele vestia uma camisa preta escrito Everyone should die. And they will. em branco, usava jeans claros e tênis esportivos, aparentava ter uns 20 anos. Ele puxou a gola da camisa, mostrando a marca na clavícula. A estrela de seis pontas.

Logo lembrei do garoto que tentara matar Rebeca usando a mente dela contra si. Pelo menos, acho que foi o que ele fez, considerando que ela jurou que a cabine estava caindo, mas não estava.

–Então ela não tem esquizofrenia, afinal… - comentou James, também reconhecendo o cara.

O jovem apenas sorriu.

–Seria uma troca interessante. – disse, finalmente respondendo o homem da biblioteca – Mas prefiro algo mais… sangrento. – dizendo isso, jogou uma faca no homem, acertando-o diretamente no coração. Soltei sua mão, segurei a de James e corremos. Saímos da biblioteca e, quando estávamos prestes a sair da igreja, parei.

–Por que você parou?!

–Rebeca. – falei, imediatamente lembrando da existência dela – Onde ela está?!

Virei, pensando em voltar para procurá-la na biblioteca, mas tudo que vi foram dois olhos vermelhos me encarando, enquanto eu morria lentamente com uma facada.




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Notas finais do capítulo

"Ui! Como assim? Num pode! A Marie num pode morrer!"Sem mais perguntas.~le saindo da coletiva cheia de moral~
Estou meio sem ideia para o capítulo 16, então se você tiver alguma ideia, entre em contato por favor. /seus créditos serão colocados nas notas do capítulo, obviamente.