PVO Charles

        Matei minha harpia.

        Um sorriso invadiu meus lábios.

        Virei-me para ver como estava Si, quando ouvi Luke berrar:

        --- Charles! A Si... ela... ela... --- ele respirou e pensou --- ambrosia.

        Olhei com mais atenção e percebi que Si estava caída no colo de Luke com os olhos fechados. Ela sorria, porém, estava pálida e ensanguentada.

          Pequei a ambrosia de minha bolsa e corri na direção dela.

          Ajoelhei-me e iluminei seu ombro ensangüentado com a lanterna.

          O ferimento estava feio. O corte se estendia desde o pescoço até parte de seu braço esquerdo, encobrindo seu ombro inteiro. Um mortal comum não sobreviveria por muito tempo com um corte como aqueles, mas Si não era uma mortal comum, não mesmo.

          A fiz engolir um pouco de néctar de ambrosia e aos poucos o ferimento de seu ombro começou a se fechar.

           --- Precisamos seguir em frente --- disse Kathy --- Sinto que Odin está se afastando mais a cada momento. Não podemos mais perder tempo. Temos que continuar, estando Silena acordada ou não.

          --- Eu a carrego --- disse Luke rapidamente --- Vai ser... melhor. Sou o mais forte daqui.

          --- Então tá. Vamos por ali. --- disse Kathy apontando para o túnel da direita.

          Fui caminhando ao lado de Kathy e Luke vinha logo atrás carregando Kathy no colo.

          --- Será que estamos abaixo de onde? --- perguntei tentado puxar assunto.

          --- Canadá --- respondeu ela precisamente --- Estamos abaixo do Canadá. Norte do Canadá, mas ainda assim, Canadá.

          --- Como você sabe?

          --- Não sei... É como se esse lugar falasse comigo. É estranho. Dá até medo as vezes.

           Ela deu uma risadinha.

            Ri também.

           Nossos olhares se encontraram. Num momento ela estava sorrindo, e no outro pude ver sua expressão mudar e seu sorriso desaparecer.

             --- O que... --- comecei a perguntar, mas de repente entendi por que ela parecia assustada.

               O chão estava tremendo. Mas não tremia como um terremoto que acontece na superfície. Era muito pior.

                Pude ver as pedras das paredes do túnel se soltando. Elas caíam em nossa direção.

                 Peguei na mão de Kathy e comecei a correr, tentando desviar das pedras.

                 --- Não Charles! --- gritou Kathy --- correr não vai adiantar! Seremos mais atingidos se corrermos! Abaixe-se!

                   Obedeci. Agachei no chão e protegi minha cabeça com as mãos. Meu primeiro erro.

                  Eu havia pensado apenas em mim. Havia me defendido apenas. Agora uma enorme pedra vinha na direção de Kathy.