Amor por Contrato escrita por pandorabox240


Capítulo 24
II Bodas de sangue


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas bonitas! Demorei menos do que imaginei para postar o capítulo. Espero que gostem.



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Edward Masen POV

Meu Deus, me tire a vida, mas não me tire a razão! Eu preciso dela mais do que nunca.

Como eu podia imaginar que Isabella estivesse planejando tudo isso? Atraiu-me como borboleta à luz e agora me esmaga como um inseto nojento. Como pude cair nessa? Como pude acreditar em tudo que ela me disse, que me amava e que seríamos felizes? Ela é uma dissimulada! Eu deveria ter dado mais atenção ao que Ben sempre dizia. Não imaginava que Isabella seria capaz disso!

Entrei no outro quarto que me fora reservado. Isabella havia mesmo pensado em tudo. Por isso nem aceitou a minha ajuda nos preparativos do casamento.

Caí de qualquer jeito em cima da cama. Enquanto eu olhava para os detalhes do quarto, pensava em maneiras de voltar rapidamente para casa que agora é em Surrey junto a Isabella.

–Preciso fumar!

Procurei em todos os cantos do quarto ao menos um cigarro e um isqueiro. O maço de emergência estava no escritório da fábrica em Londres. Saí do quarto e fui na loja do hotel comprar cigarros e uma garrafa de vodca. Mas que bela noite de núpcias!

Na manhã seguinte, acordei com uma ressaca brava depois de ter virado toda a garrafa em tão pouco tempo. Era o mínimo que eu podia fazer para esquecer o que Isabella me falou:

“Vendido, sim!”

“Achou que eu estava sendo caridosa com você?”

Tomei banho, vesti qualquer roupa, pus óculos escuros e um boné e desci para tomar café. Cheguei até ao restaurante do hotel e vi Isabella, sentada a mesa, tomando café e olhando para a praia.

–Bom dia, meu querido esposo! - comentou quando me viu– Dormiu bem?

–Não está cedo para começar com ironias? - perguntei quando me sentei a mesa.

–Todo horário é bom para se fazer comentários irônicos, mas você não respondeu a minha pergunta.

–Dormi sim, minha belíssima esposa! - disse, dando um sorriso forçado – Para que isso? É para que todos percebam que somos um casal apaixonado? Ninguém nos conhece aqui.

–Me deixa divertir-me um pouco.

–Mais do que já está?

–Mas que falta de modos você tem! Pode tirar os óculos e o boné?

–Já começou com as ordens? - reclamei enquanto tirava os óculos e boné.

Isabella se assustou quando me viu sem os óculos. Será que eu estava com uma cara tão feia assim?

–Voltaremos para a Inglaterra amanhã de manhã. - comentou.

–Mas já?

–E vamos ficar fazendo o que aqui, Edward?

–Não sei... Você disse que tinha reservado o resort por uma semana. Achei que fingiríamos ser um casal feliz postando fotos no Facebook.

–Ao contrário de muitas garotas da minha idade, não sou desesperada por curtidas em redes sociais. Se quiser você pode sair para ver a cidade, mas não conte comigo para isso. Voltaremos para nossa casa amanhã.

–Mais sua do que minha.

–Que seja...

No restante do dia passei o dia todo no quarto assistindo televisão e comendo porcaria. Sequer vi Isabella. Na manhã seguinte já estávamos no avião de volta a Londres. Ao contrário da viagem da ida, cada um estava em seu assento lendo e ouvindo música.

Ao chegarmos em Surrey, Zafrina nos cumprimentou alegremente e perguntou por que voltamos tão cedo. Isabella inventou que não estava se sentindo bem e quis voltar logo para casa. Eu ainda aumentei a mentira dizendo que ela não havia se adaptado ao clima da cidade.

Uma das empregadas me levou até ao quarto onde eu ficaria instalado. O restante das minhas coisas já estava lá. Só não entendia por que havia tanta camiseta, calça e roupas sociais no closet. Havia mais pares de sapatos do que eu havia levado de casa na mala. Foi Isabella quem comprou tudo isso para mim? Fez o mesmo que fez com as minhas irmãs. Gastou dinheiro à toa. Eu que não vou usar nenhuma dessas porcarias!

Nos outros dias, eu fiquei enfurnado no quarto sem falar com ninguém pelo celular para continuar fingindo que estava em Pula. De vez em quando fazia as refeições com Isabella e toda vez que Zafrina ou qualquer outro empregado estava por perto, nós éramos o mais perfeito casal apaixonado. Nós nos abraçávamos, nós nos beijávamos, mas não passava disso.

Ao final da semana da lua-de-mel de mentira, minha mãe e minhas irmãs vieram nos visitar.

–Sei que não é de bom tom visitar vocês tão cedo. - comentou Elizabeth – Mas a verdade é que suas irmãs e eu estávamos morrendo de saudade.

–Eu sei que sim, minha mãe! - afirmei – Como têm passado?

–Está fazendo falta lá em casa. Deveria nos visitar um dia desses.

–Mas é claro! Qualquer dia, Isabella e eu iremos visitar vocês. Como estão no colégio, meninas? Não é por que não estou morando mais com vocês que vou deixar de me preocupar.

–Consegui boas notas nas provas. Se tudo der certo, serei aprovada com médias altas. - afirmou Claire.

–Meus parabéns, Claire! E você, Cathy?

–Fiz o teste vocacional e o resultado foi tudo na área de humanas... Ainda estou na dúvida!

–Eu imagino... Isabella já está vindo para se reunir conosco.

–Falavam de mim? - perguntou Isabella, enquanto aparecia na sala de estar.

–Isabella, minha querida! - exclamou Elizabeth – Está mais bonita do que nunca!

–Muito obrigada, Elizabeth! - disse ela abraçando a minha mãe – Como está a senhora?

–Eu vou muito bem. Obrigada por perguntar.

–E vocês, meninas? Como estão?

–Estamos muito bem, Bella. - falou Claire.

–Só nos desculpe por visitarmos vocês logo após terem chegado de lua-de-mel. - comentou Catherine – Como a minha mãe disse, nós estávamos com muita saudade do Edward.

–Eu imagino que sim. A Zafrina já veio oferecer um lanche a vocês? - perguntou, sentando-se ao meu lado.

–Já pedi que fizessem, Izzy. - afirmei, pegando na mão dela.

–Ah sim... Mas não se preocupem. Eu sou totalmente avessa a essas formalidades.

–Mas nos digam... Como foi a lua-de-mel? - perguntou Claire – Aproveitaram bastante?

–Claire! - pediu Elizabeth – Tenha modos!

–O que, mãe? Só perguntei se eles curtiram a viagem.

O jeito como Claire falava fez a todos rir.

–Sim, nós aproveitamos muito. Não é, Edward? - perguntou Isabella.

–Com certeza! Nós visitamos a muitos lugares.

–É, visitamos o famoso anfiteatro que o Edward tanto falava, as praias... Uma pena que não aproveitamos nos últimos dias.

–Por que? - perguntou Elizabeth.

–Contraí uma gripe horrível. O clima mediterrâneo não me fez muito bem.

–Eu imagino...

Era incrível como Isabella descrevia a viagem. Era como se tivéssemos passado por todas as situações que ela falou. E o mais incrível era que a minha mãe e as meninas acreditavam em tudo e estavam ainda mais encantadas com ela! Impressionante! Isabella deveria tentar a carreira no teatro ou na política.

–Sua família é mesmo encantadora. - comentou Isabella, quando minha mãe e minhas irmãs tinham ido embora.

Às vezes eu não conseguia sentir raiva de Isabella. O modo como ela falava ainda tinha algo da Isabella que conheci e me apaixonei.

–É, elas são agradáveis mesmo. - comentei.

–Vamos jantar! - ordenou.

–Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

–O que disse?

–Nada. Não falei nada.

Segui-a até a sala de jantar, onde comemos em silêncio. Era uma tortura! Não fazia pouco menos de dez dias em que havíamos nos casado e eu não aguentava mais isso. Nos dias seguintes, comecei a trabalhar em casa e mal via Isabella durante o dia. Percebi, quando andava pela propriedade, vários carros guardados no estacionamento. Perguntei a um dos empregados a quem pertenciam os carros e este me respondeu que metade deles era meu. Isabella queria me controlar como um marionete, mas ela ia se ver comigo.

Isabella Swan POV

Achei que pudesse ser mais forte, mas chorei feito uma criança quando Edward bateu a porta do quarto com força. Eu acreditei ainda assim que Edward poderia dizer que eu tinha me enganado e que me amava realmente. Aí nós poderíamos viver o nosso “felizes para sempre”. Como se isso fosse verdade...

Durante a madrugada, eu mal consegui dormir. Sentia-me exausta, mas não conseguia pregar o olho. Liguei a televisão e consegui cochilar um pouco. Poucas horas depois, acordei com os raios do sol invadindo a janela. Continuava cansada, parecia que um trator havia passado por cima de mim. Fui ao banheiro saber como estava a minha aparência. Um horror!

Depois de tomar um banho decente, colocar a minha melhor roupa, desci ao restaurante do hotel para tomar um café da manhã reforçado. Só não imaginava que Edward também teria a mesma ideia. Sentou-se à minha frente usando óculos escuros e boné. Era evidente que ele queria me afrontar. Mandei que ele retirasse os óculos e vi os olhos dele vermelhos e inchados. Resultado de quem passou a noite bebendo. Avisei-o que nós iríamos embora no dia seguinte e que se ele quisesse andar pela cidade poderia ir sozinho. No restante do dia, fiquei no quarto tentando me distrair com algum jogo do celular e tentando não responder às mensagens de Alice. Por Deus! Ela não tinha noção de que eu estava em lua-de-mel?

No dia seguinte, Edward e eu estávamos de volta a Inglaterra. Ao chegarmos em Surrey, Zafrina veio nos cumprimentar e estranhou o fato de estarmos em casa tão cedo. Inventei que não estava bem na cidade e decidimos voltar para casa. Quando estava em meu quarto, Zafrina veio me dar os parabéns pelo meu aniversário. Com tudo que havia acontecido, nem me lembrei que eu estava completando dezoito anos. Nem tinha ânimo... Ainda assim, Zafrina me trouxe um pedaço do meu bolo favorito: de cenoura com chocolate.

Ao final da lua-de-mel de mentira, soube que a mãe e as irmãs de Edward vieram nos visitar. Não estava com a mínima vontade de receber ninguém, mas tinha certeza de que iriam desconfiar. Enquanto eu descia as escadas, ouvia as vozes de Edward e sua família conversando animadamente. Cumprimentei as mulheres e comecei a falar da viagem. Vi quase todos os pontos turísticos e fiquei doente. Não estava mentindo quanto a isso. Nos últimos dias eu estive mesmo doente, mas não estava na Croácia.

Enquanto conversávamos, sempre dava um jeito de tocar as mãos de Edward ou ficar mais perto dele. Não deveríamos mostrar que somos um casal feliz e apaixonado? Só não entendia o motivo de Edward se assustar quando eu fazia isso.

Dias depois, notei que Edward mal aparecia para fazer as refeições comigo ou fingir que conversávamos na biblioteca. Passava dias no quarto. Também pude notar que eu não o via vestindo as roupas que comprei para ele. Foi algo que percebi mais quando resolvi dar uma recepção aos amigos mais próximos para comemorar um mês de casamento. Edward vestia trajes um pouco gastos, para não dizer velhos. Como diria Alice: “As roupas dele estão duas coleções ultrapassadas”. Será que alguém percebeu? O que ele pretendia?

Em outro dia, estava tomando o meu café da manhã antes das minhas aulas particulares quando vi Edward sentando-se à mesa para tomar café.

–Milagre você vir tomar café comigo. – comentei – O que aconteceu? Vai chover?

–Bom dia para você também, Isabella Marie. Não sei por que diz isso.

–Há dias que você não vem fazer as refeições comigo. Até estranhei.

–Você esqueceu de me passar o memorando com os horários das refeições.

–Desculpe-me então. Mais tarde, eu mando afixar na porta do seu quarto o cronograma do dia.

–Tenho certeza de que fará isso. – disse, servindo-se de torradas.

–Também não é para tanto. Só quero que os empregados não desconfiem.

–Tudo bem, eu vou ver o que faço. Quero lhe dizer algo.

–Fale.

–Como sócios da Masen Textiles e você é a sócia majoritária, gostaria de anunciar a minha decisão.

–E qual seria?

–Vou transferir o escritório da fábrica para Surrey mesmo.

–Mas por que? Gastamos muito com aquelas salas comerciais em Londres.

–Eu sei, mas veja bem. Será melhor. Daqui mesmo posso controlar as atividades da fábrica e fica bem mais perto de casa.

–Tudo bem. Alice e Emmett sabem disso?

–Eu vou mandar um e-mail para eles, explicando tudo. Quis lhe contar isso primeiro por motivos óbvios.

–Entendo. Bom, se será melhor para a fábrica, faça como quiser.

–Obrigado. Se tudo der certo, a partir da próxima semana eu inicio a transferência. Por hora, eu vou trabalhando em casa. Quer que eu faça um relatório das minhas atividades, senhora?

–Desnecessário esse seu comentário.

De repente, apareceu a empregada com uma torta de maçã e Edward tocou no meu braço.

–Espero que vocês apreciem a torta que a cozinheira fez com tanto gosto.

–Obrigada, Cora. Mas acho que vocês fazendo essas gostosuras todos os dias vamos acabar engordando.

–É verdade. – comentou Edward – Assim terei de alargar uns dois números das minhas roupas!

Nós dois rimos e a empregada pediu licença. Edward logo mudou seu semblante para uma expressão de enfado.

–Vou para o meu quarto. – falou, levantando-se – Se precisar de mim, é só chamar.

–Estarei na biblioteca estudando. Logo o senhor Price virá para me ensinar.

–Continuará com as aulas particulares?

–Mas é claro. Não vou mudar meus hábitos só por que me casei.

Edward saiu da sala, meneando a cabeça.

Pouco tempo depois, o senhor Price chegou para retomar as lições de matemática que eu havia parado. Com os preparativos do casamento, não tive tempo para ler nada.

Dias depois, recebi a visita de Alice e Jasper em casa.

–É claro que vocês serão sempre bem-vindos a nossa casa. – afirmei – Não sei por que acham o contrário.

–Não sei. Novos hábitos, talvez? – perguntou Alice.

–Não mesmo. Eu continuo fazendo as mesmas coisas de antes.

–É mesmo?

–Sim, ontem mesmo retomei minhas aulas particulares de francês com a senhora Herveaux. É claro que continuo tendo dificuldades, mas sinto que vou melhorar.

–E vai mesmo! – falou Edward, entrando na sala de estar – Ontem mesmo ouvi Isabella treinando o seu francês e parecia a Isabelle Adjani falando. Boa tarde, Alice! Boa tarde, Jasper!

–Edward sempre tão gentil... – comentei, dando-lhe um beijo na bochecha – É evidente que ele diz isso apenas para me agradar.

–Claro que não! Digo isso por que é verdade.

–Deveria se orgulhar de Edward, Izzy. – comentou Jasper – Nem todo homem sabe reconhecer o valor de uma mulher.

–É verdade. Somos mulheres afortunadas por termos homens que nos admiram. – afirmou Alice, olhando para Jasper.

–Você tem razão, Alix. – falei – Mas como vocês estão? Mal conversamos naquela recepção que fiz.

–É verdade. Vocês tiveram de fazer sala para todo mundo. – falou Jasper.

Uma das empregadas nos interrompeu, trazendo o carrinho com chá, bolo e biscoitos.

–Pode se retirar, Carmen. – falei, pegando o bule para servir a mim e aos outros. Era questão de hábito. – Muito obrigada.

Depois que eu servi a todos, Alice retomou a conversa:

–Então... como foi a lua-de-mel?

Edward, que havia acabado de colocar um pedaço de bolo de laranja à boca, começou a tossir engasgado.

–Está tudo bem, Edward? –perguntei, demonstrando preocupação.

–Agora sim. – respondeu depois de tossir várias vezes – Desculpem-me, o que você perguntava mesmo?

–Como foi a viagem para Pula?

–Foi maravilhosa. Passamos dias incríveis na cidade, não é mesmo Isabella? – comentou.

–Sim, é uma pena que ficamos poucos dias na cidade. Estive muito doente.

–Eu soube. Que chato ficar doente logo na lua-de-mel! Nem deve ter aproveitado tanto.

–Quem disse? – perguntou, olhando para a xícara de chá, com um sorriso malicioso.

–Edward! Tenha modos! – disse, dando um leve tapa em seu braço. Alice e Jasper riam.

–Então a lua-de-mel foi divertida do que pensamos. – comentou Alice, divertida.

–Sim, Pula tem muitas atrações para um jovem casal. Não vamos comentar detalhes sórdidos ainda mais a essa hora do dia.

–Tudo bem. Estava brincando. A propósito, vocês conseguiram ver alguma notícia do casamento?

–Não tive tempo para ler coluna social. – comentou Edward – Sinceramente, eu acho um desperdício de páginas em um jornal.

–Sem esquecer daquelas revistas sensacionalistas que publicam notícias horrorosas. – afirmei – Também ainda não vi.

–Pois é, falaram que o casamento de vocês foi o casamento do ano.

–É verdade. Até mesmo aquela emissora de TV que o seu amigo trabalha, Edward... – afirmou Jasper - A apresentadora de um programa de variedades mostrou fotos do casamento e desejou felicitações a vocês.

–Somos íntimos dela! – comentou Edward – Não sei nem o nome dessa criatura!

Nós quatro rimos juntos.

–Particularmente eu não me importo com essas coisas. O que me importa é que Isabella esteja feliz. – afirmou Edward, tocando as minhas mãos.

–Ah, existe amor em Surrey... – comentou Alice.

Pouco depois, Edward e Jasper estavam conversando sobre os tempos de colégio. Alice e eu aproveitamos para irmos à biblioteca mostrar os novos livros que comprei. Na verdade, era uma desculpa para conversarmos mais reservadamente.

–Semana passada estive com Rosalie em meu ateliê. – comentou Alice.

–Sério?

–Sim. Você não sabe o que ela me falou.

–Não sei mesmo. Conte-me.

–No dia de seu casamento, ela tentou falar com Emmett.

–Não me diga! – exclamei, chocada.

–Sim. Rosie achou que poderia conversar com ele, mas Emmett foi ríspido com ela. Por isso que ela saiu com os pais sem se despedir de ninguém. Ao que parece, deveria estar envergonhada.

–Eu também me sentiria. Eu a vi chorando.

–Você viu?

–Mas é claro. Por isso que perguntei a vocês no dia. Eu não imaginava que era isso.

–Pois é, ela veio me contar. Me pediu ajuda. Ela não sabe o que fazer.

–Então quer dizer que ela está mesmo apaixonada pelo Emmett?

–Acredito que sim. Disse que descobriu esse sentimento muito tarde.

–Entendi...

–No que está pensando?

–Em nada. Na verdade, estou pensando em conversar com Emmett.

–Vai dizer para deixarem o passado para trás e tentar algo juntos?

–Claro!

–Você é mesmo uma boa amiga para Emmett.

–Eu me esforço para isso.

Alice sorriu para mim. Na verdade, eu pensava em afastar mais a Rosalie de Edward. Não acreditava nenhum pouco na amizade deles. Sim, eu tinha ciúmes ainda!

Alice e eu voltamos para a sala de estar enquanto Jasper e Edward ainda conversavam.

–Edward gosta mesmo de repetir roupas, não é? – comentou.

–O que disse?

–Vi-o usando esse jeans com uma camisa meio velha quando vocês viajaram em lua-de-mel. Sei que o estilo grunge está em alta, mas ele fez uma combinação desse suéter com uma camisa rosa e uma calça cinza na recepção em comemoração a um mês de casamento de vocês.

–Você repara em tudo, Allie.

–Gosto de olhar as combinações que as pessoas fazem. Tenho uma memória fotográfica muito boa.

–Foi o que imaginei.

Agora que percebi melhor, Edward repete muita roupa. Nos outros dias em que foi a Londres tratar da transferência da fábrica, constatei que ele não usava as roupas que havia comprado para ele. Quando perguntei por que ele não pegava nenhum dos carros que comprei, Edward respondeu que preferia ir de trem. Em uma manhã, depois de me despedir de Edward, beijando-o calidamente na frente de uma das empregadas, estava com Zafrina em meu closet separando as roupas que iriam para a doação.

–Não sei por que Lady Isabella resolve se desfazer de tanta roupa bonita. – comentou a empregada.

–Por favor, Zafrina, deixe essas formalidades para a Rainha. Sabe que não gosto disso.

–Tudo bem. Mas a verdade é que a senhora não deveria doar tantas roupas assim.

–Eu sei, mas existem pessoas menos afortunadas do que eu neste país. Com a venda das peças, posso dar um pouco mais de conforto a eles.

–Entendi, mas o senhor Edward, ao contrário, é muito econômico.

–Como é, Zafrina?

–Foi o que ouviu. A empregada que vai sempre limpar o quarto dele disse que ele mantém tudo fechado.

–Mas como assim?

–Tudo fechado, senhorita Isabella. Desde os perfumes até as roupas que a senhorita comprou para ele. Não utiliza nada. Se ele usa ou veste alguma coisa, é do que ele trouxe de casa.

–Pois eu lhe peço uma coisa, Zafrina... Não fique bisbilhotando a minha vida e a vida do meu marido com o restante da criadagem. Quando alguma das empregadas falar algo do tipo, diga-lhes para não fazer mais nenhum comentário do assunto, senão correm risco de serem demitidas daqui por justa causa. Entendeu bem?

–Sim, senhorita. Prometo que isso não irá se repetir.

–Desculpe-me falar desse jeito com a senhora, Zafrina. Mas às vezes é preciso um pouco de pulso firme em certas situações.

–Entendo perfeitamente.

–Podemos continuar separando roupas?

Zafrina assentiu com a cabeça e continuamos com o trabalho. Levei quase a manhã inteira fazendo trabalho de dondoca. Logo depois, desci à sala de jantar para almoçar sozinha. Logo após, fui para o meu quarto ler o livro que a senhora Herveaux havia passado. No entanto, eu não conseguia me concentrar com a leitura. Só conseguia pensar no que Alice e Zafrina haviam me falado. Será mesmo?

Saí do meu quarto e fui para o quarto de Edward. A essa hora ele estava em Londres cuidando dos detalhes da transferência do escritório para a sede da fábrica. Não havia nada de errado em espiar o quarto dele para saber se os boatos eram verdade ou não.

Abri a porta do quarto de Edward e percebi que não deveria estar naquele lugar: Edward estava no banheiro tomando banho e cantando alguma música do Arctic Monkeys. E eu achando que ele estava na capital! O que eu faria? Bom, eu estava dentro do cômodo mesmo, se eu saísse agora, iria fazer mais barulho e ele iria perceber. Tentei andar na ponta dos pés sem fazer nenhum barulho. Espero que ele não saia logo do banho.

Entrei no closet rapidamente e ainda pude ouvi-lo cantando. Estava tudo do jeito que eu havia arrumado quando estava preparando a residência para o casamento. Assim como os perfumes, loção de barbear e outros objetos de perfumaria. Abri portas e gavetas e constatei o que Alice e Zafrina comentaram. Ele não havia vestido nada, só as coisas que ele trouxe de casa. O que significava isso? Edward queria me afrontar! Queria me provocar! Mas ele que se preparasse para as consequências disso!

Estava saindo do closet quando ouvi o chuveiro sendo desligado e Edward ainda estava saindo do banheiro. Precisava ser rápida! Quando tentei correr, derrubei um porta-retratos da mesa de Edward. No porta-retratos havia uma foto dele com as irmãs e uma foto minha antiga. Mas por que ele guardava uma foto minha?

– Asuming that all things are equal! Who'd want to be men of the people when there's people like you? – Edward saiu do banheiro, cantando pelado. A única coisa que ele tinha nas mãos para se cobrir era a toalha a qual ele estava enxugando o cabelo.

Levei as mãos à boca, chocada. Não sabia o que fazer! Não sabia o que dizer!

–O que faz aqui?! – perguntou ele, assustado

Saí correndo do quarto antes que pudesse inventar alguma desculpa. Meu Deus, ele ainda estava pelado para piorar! Entrei no meu quarto e tranquei a porta. Pouco tempo depois, ouvi batidas na minha porta. Será que era Edward ou Zafrina? Eu poderia fingir que estava dormindo.

As batidas na porta continuaram mesmo assim. Era melhor ver quem era. Abri a porta e vi Edward parado no corredor. Sua expressão era de poucos amigos.

–O que quer, Edward? – perguntei, por fim.

–Eu que pergunto. O que queria em meu quarto?

–Edward, isso não é hora para esse tipo de discussão. Eu estava me preparando para tirar um cochilo.

–Ah, não é hora? Tudo bem. Eu estou indo almoçar e logo depois vou à fábrica para ver como estão as instalações.

–Tudo bem.

–Mais tarde, conversamos sobre este acontecimento.

Engoli em seco e fechei a porta. Teria de falar a verdade.

À noite, Edward e eu jantamos juntos, em silêncio. Quando saía da sala de jantar, disse a ele que me encontrasse na biblioteca para conversar. Estava sentada na velha poltrona que era de meu avô, tentando ler o livro das aulas de francês quando Edward entrou.

–Esperou-me por muito tempo? – perguntou, fechando a porta.

–Não notei. Sente-se. – indiquei outra cadeira para Edward se sentar.

–Obrigado.

Levantei-me e coloquei o livro em cima da mesa.

–Por que entrou no meu quarto daquela maneira hoje? – perguntou.

–Eu... Eu ouvi boatos da criadagem. A seu respeito.

–Eu não sabia que você se importava com que os empregados diziam, mas o que você ouviu?

–Boatos zombeteiros a seu respeito. Diziam que você é um avarento! O que fez das coisas que coloquei em seu quarto?

–Estão intactas, do mesmo jeito que foram deixadas lá. Não se preocupe que não tem nada em nenhuma casa de penhores.

–Não me preocupo. Tudo que está em seu quarto é seu. Você pode dispor deles como achar melhor.

–Tão generosa... Muito obrigado.

–Não precisa me agradecer. Até respeito o direito que tem de dispor do que é seu, mas eu exijo o que adquiri com o sacrifício da minha felicidade. Casei-me com Edward Anthony Masen, um homem distinto, elegante e que até então gostava de ostentar suas poses e não com um avarento. Sabe que é assim que os empregados lhe chamam? Logo será do conhecimento de toda a vizinhança, quiçá de toda a cidade e chegará a Londres!

–Primeiro, o carro... agora o problema são os objetos de perfumaria que você comprou para mim?

–Por que você me desafia com essas mesquinharias?

–Não tem nada a ver com desafio. A senhora comprou um marido e deve exigir dele o respeito, a fidelidade e todas as atenções que um homem deve à sua esposa, mas...

–Mas... faltou mencionar algo insignificante, o amor.

–Estava subentendido. Um detalhe sobre produto. Vou lhe dar um exemplo. Suponha que você não tivesse esses belos cabelos longos e fizesse como as outras mulheres que fazem o que chamam de mega hair. Não teria a pretensão de que os cabelos nascessem da cabeça. Pois bem, o amor que se vende é da mesma natureza desses cabelos postiços. Funciona, mas é falso.

–Como se eu não soubesse que tipo de amor é este. Tempos atrás eu já sonhei com um amor incondicional que não se vende por nada deste mundo. Por um dia, por uma hora desse amor, eu sacrificaria a minha fortuna. Não, eu sacrificaria a minha própria vida! Não... isso é coisa dos poetas ultrarromânticos. Eu não me encaixo nessa categoria.

–Posso continuar? – perguntou – Obrigado. Vou cumprir todas as obrigações que lhe devo como seu marido, seja qual for a humilhação que me impõe.

–Mas eu não comprei um marido qualquer. Comprei um marido elegante, de maneiras distintas.

–Modéstia à parte, até que concordo com você. Tudo que for preciso para ostentar essa sua vaidade de mulher rica, eu farei. Salvas algumas ligeiras alterações que o tempo traz sou o mesmo que era quando fizemos a transação, não sou? Estou cumprindo o contrato com perfeição. Eu lhe vendi como marido e você o tem a sua disposição como dona. Agora eu não vendi o meu caráter, a minha alma, a minha individualidade. Isso não se vende, Isabella Marie Swan.

–Para tudo há um preço.

–Nem tudo. Se me der o capricho de me fingir sóbrio e trabalhador, estou no meu pleno direito. Ninguém pode me impedir dessa hipocrisia e me obrigar a ser um dissipador e um ocioso.

–Características que tinha quando solteiro.

–E que me deram a “honra” de ser distinguido por você entre tantos.

–É por isso que desejo revivê-las.

–Neste ponto sou livre, e você não tem sobre mim o menor poder! O luxo dessa casa exige a mesa farta, carros... não a contrario. Moro nesta residência, sento-me a mesa, faço sala para seus amigos, entrarei nesses carros para acompanha-la, serei a peça perfeita para emparelhar com seus móveis. Agora não me peça para ter apetite para iguarias e ânimo para suas festas... isso eu não me obrigo! E não considero um defeito que cause rebaixamento à condição social o hábito de andar de trem.

–E você acha que é agradável a uma mulher ter um marido que serve de chacota aos empregados por trancar seus pertences? A empregada veio me falar isso.

–Eu compreendo que se sinta ofendida, mas há uma solução para esse problema. Deixem que roubem. – afirmou, sarcasticamente – Ou dê a quem queira. Não vou usar nada do que você me comprou.

–Tudo bem. Não contestarei o direito que você... Como disse mesmo? “Eu não vendi minha alma, meu caráter!”. É uma boa ideia para me deixar contrariada. Não vou roubar esse prazer. Mas se quer saber o que penso...

–Eu tenho o maior empenho. Sua opinião para mim é como um farol.

–E ainda assim se afogou. Mas vamos deixar as ironias de lado. Há pecadores que, depois de obter meios de aproveitar a vida, arrumam duas ou três virtudes para negociar a absolvição da sua alma no dia do Juízo Final.

–Termina o que começou! – Edward levantou-se em um átimo, me assustando.

–Eu já tinha acabado, mas posso ser mais clara... A sua economia e sobriedade são como as virtudes oficiais desses pecadores hipócritas.

–Incrível a sua perspicácia. Deve ser mal de família.

–O que isso tem a ver com todo o resto? – o que ele queria dizer com isso?

–Nada, nada demais. Eu peço desculpas. Vou dormir. Boa noite. – disse, saindo da biblioteca.

E eu imaginando que não poderia ser pior.

FIM DO CAPÍTULO 10


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