P.D.V. Sophie

  Quando eles chegaram ao outro lado da rua, me virei para Annabeth.

   -Hey Annie.

   -Sim?

   -Eu tenho uma pergunta. Se só Éos pode produzir o cristal, porque nós vamos pra lá?

   -Eu estava me perguntando isso também – disse Ashley.

   -Bem, a profecia disse que nós encontraríamos o cristal, e lá é o local mais provável.

  Começamos a andar para o lado contrário de onde eles foram. Annabeth pegou o mapa e procurou por um aeroporto. Cara, eu amo mapas mágicos, parecem GPS.

  Andamos alguns poucos quarteirões (a cidade era grande, mas parece que tudo era meio que perto).

   -Vocês tem passaporte, certo?

   -Como acha que viajamos da ultima vez? – Ashley.

   -Ah, eu tinha me esquecido.

  Fizemos todo aquele esquema de comprar as passagens (foi de ultima hora, mas nada que eu não resolva), o embarque e tals. Já no avião, eu me sentei perto da janela com Ashley do meu lado e Annabeth e Thalia nas poltronas ao lado. Antes de o avião decolar nós conversamos coisas básicas, histórias engraçadas, experiências estranhas, coisas desse tipo. Passou-se algum tempo depois do avião decolar e Ashley me perguntou.

   -Sophie, você tinha nos dito que é filha de Afrodite, mas como você é uma deusa se só tem um parentesco divino?

   -Ah... – abaixei a cabeça e fechei os olhos. Respirei fundo duas vezes.

   -Deuses me desculpe, eu só fiquei curiosa.

   -Não, não é nada. Digamos que eu não me de muito bem com o meu pai. Ele não aceita muito minha... condição. Acho que posso dizer assim.

   -O que é essa tal “condição”? – Annabeth me perguntou. Me encolhi mais ainda.

   -Não é publico, é uma coisa que poucos sabem. Poucos mesmo. Acho que ainda não to pronta para dizer isso para todo mundo. Não se ofendam, mas eu não consigo dizer ainda.

  Elas não disseram mais nada a viagem inteira. Deveria ser melhor assim, perdi meu animo depois dessa conversa.

  Consegui dormir umas duas horas antes de ouvir a voz do piloto no microfone.

   -Senhores passageiros chegamos ao nosso destino, Aeroporto Municipal de Fort Kent. Por favor, coloquem os cintos e aguardem o pouso do avião. (N/A: eu não sei se é assim que ele fala, e provavelmente não é mesmo, mas eu tentei).

  Olhei para as garotas e percebi que Thalia estava dormindo e Annabeth lendo um dos livros que pegou com a mãe dela.

   -Sabe o que vamos fazer quando chegarmos lá?

   -Não tenho certeza dos detalhes, porém sei que devemos, no mínimo, achar a tal caverna antes deles chegarem.

   -Ah, sim. Não é ficar parado por muito tempo – ela disse e o avião começou a pousar.

   -Aham. E então, qual é o seu negócio com o Nico? – sua reação foi meio inesperada, mas não deixou de ser engraçada. Ashley virou com tudo para mim e arregalou os olhos.

   -Como assim? Que negócio? Não to sabendo. O que aquele incompetente andou dizendo a você?

   -Ele não disse nada, sério. É só que rolou um clima. Existe muita tensão em vocês, sabia? Eu estou me perguntando o que rola dentro desse seu coração já faz algum tempo.

   -Não existe nada entre nós. E não há como, sou uma caçadora. Abdiquei a companhia dos homens para servir à Lady Ártemis na caçada. Mesmo que não fosse nunca iria ter nada com aquele sujeito desprezível – terminou com uma expressão levemente irritada.

  Ri antes de dizer:

   -Tenho sérias duvidas, mas não vou insistir. Por enquanto – sussurrei a ultima parte. – Então, se eu não estiver abusando demais...

   -Claro que está, mas continue – isso doeu, ein. – Que foi? Eu estava brincando.

  Revirei os olhos e continuei.

   -Eu queria saber porque você entrou na caçada.

   -Bem simples. Eu namorava um idiota que era dois anos mais velho do que eu. Ele não era tão inteligente, reprovou duas vezes no segundo ano, mas mesmo assim eu o adorava. Ele ia mal em algumas matérias, e me pediu ajuda para estudar. Pouco tempo depois me pediu em namoro, e a idiota aqui aceitou. Depois disso, tempo suficiente para eu achar que o amava, descobri que ele saia com outras garotas, muitas outras. Fui conversar com ele e como resultado fui humilhada publicamente pelo estúpido e duas de suas vadias. Fiquei desolada, não sai de casa por semanas. Quando finalmente minha mãe adotiva...

   -Espera. Você era adotada? – boa Sophie, mais uma dessa e você fica mais insensível que o próprio Zeus.

  Ela me olhou com uma aparência mais triste do que sombria dessa vez.

   -Sim, os biológicos morreram num acidente de carro quando eu tinha dezesseis, dois anos antes – liberaram-nos para sair do avião. (N/A: eu, com minha incrível falta de noção de tempo, consegui colocar essa conversa inteira no intervalo em que o avião pousava. Beleza então, né?). – Podemos continuar a conversa quando desembarcarmos?

   -Sim, claro.

  No aeroporto, Thalia sugeriu que fossemos comer. Achei uma boa idéia, já havia passado da hora do almoço. Pegamos um táxi (minha mãe me mata se descobre que coloquei tudo na ‘conta’ dela) para ir a um restaurante.

   -Velho, eu to morrendo de fome.

   -Thalia, onde estão seus modos? – Ashley a repreendeu pela terceira vez desde que chegamos aqui.

   -Eles estão demorando demais, seria mais rápido se eu caçasse alguma coisa e cozinhasse numa fogueira, aposto.

   -Gosta da floresta gatinha? – perguntou um garoto com pinta de galã e masca chiclete igual a um camelo. Era bonito, loiro, alto, aparentemente musculoso e usava uma jaqueta, provavelmente do time de futebol da escola dele. Tinha mais três amigos atrás dele, todos com a jaqueta e um segurava uma bola de futebol americano. To até vendo, alguém vai apanhar. – Conheço um lugar no meio da mata perfeito para a gente se encontrar.

  A resposta dela foi um olhar absolutamente mortal.

   -Não deveria ter dito isso.

   -Não deveria ter dito nada – Annabeth apoiou Ashley.

   -Qualé, aposto que nós nos daríamos muito bem – ele se sentou numa cadeira virada ao contrario. – Principalmente no bando de trás do meu carro.

   -Vou te dar uma chance, já que estou de bom humor, vá embora agora que finjo que você nunca veio aqui.

   -Você não entendeu, eu estou te oferecendo a oportunidade de ficar comigo. Não é qualquer uma que tem isso.

   -Você devia ter aceitado – falei.

   -O que ela pode faz... – ele nem terminou o que dizia e Thalia o tirou da cadeira. Deu um soco no olho e mais uma joelhada no estomago dele. Ela deu o “golpe ninja” nele (aquele quando você acerta um certo ponto no ombro de alguém e ela desmaia, ou coisa assim) e voltou para a mesa.

   -Será que nossa comida demora?

   -Tomara que não, agora eu estou com fome – respondi. – Ashley, por que não continua a sua historia?

   -Que historia? A do Jeff? – Annabeth.

   -Esse era o nome do cara?

   -Era sim Sophie, mas continuando...

P.D.V Perseus Jackson

  Nico continuava dormindo, e eu conversava com a Gabriela.

   -O que acha que ele tem? – perguntei.

   -Acho que ele está mentindo. O que será que aconteceu?

   -Quero saber quem era aquele cara. E o que ele queria com o Nico?

   -Isso ta ficando cada vez mais complicado. O que será que ta acontecendo no Acampamento?

   -Tenho certeza de que eles estão bem, tem a barreira que o protege e também heróis poderosos que não desistem.

   -Sabe Percy, eu não achava que um deus poderia ser tão... – deu uma pausa, como se pensasse na palavra certa. – Normal. Principalmente um deus homem

  Eu ri.

   -Acho que vou encarar como um elogio. Vocês me surpreenderam também, não sabia que caçadoras eram tão liberais, acho que posso dizer assim. Achei que vocês eram recatadas, agressivas, com homens, e algumas de vocês falassem daquele jeito antigo.

   -Algumas realmente falam, outras se adaptam. Mas eu e Ashley entramos bem recentemente na caçada, diria que não faz 20 anos.