“Dear and sweet diary,

Minha cabeça está a mil hoje. Estou exausta...

Mal cheguei na escola e já ouvi um grupo de meninas conversando:

– Ei, ei, daqui a uma semana é o Saint Valentine’s Day, certo?

– Sim, é mesmo!

– Para quem vocês vão dar chocolates, hein?

– Eu vou dar chocolates da amizade. E vocês?

– Eu vou dar chocolate para um senpai... – A garota fica levemente corada. - E você, Ishii-san? – Diz uma delas se virando para mim.

–N-n-não vou dar nada... – Eu respondo, sem deixar de ficar meio deprimida. Elas pareciam preocupadas comigo, mas voltaram a conversar.

Você sabe, diário... Tenho um certo trauma dessa data...

O-YA-SU-MI.”

– Oriko... – A garota ouve a voz de Fanny chamá-la, percebendo que ela e Emi estão no seu ombro, sentadas. – Vai escrever só isso hoje? Sem falar que o texto ficou meio idiota... Mais idiota até do que o comum... - Fanny completa, preocupada.

– O quê?! Idiota, Fanny?! –Oriko agarra Chara, irritada. – Você sabe, aquela época está chegando... – Explica a garota, já mais calma, soltando a pequenina.

–Claro que sim, mas... É um motivo tão bobo! Não precisa se preocupar com isso!

– É verdade, mas, mesmo assim, todas as pessoas estão apaixonadas. Ou, ao menos, a maioria. Dá pra ver pelos olhos deles. E eu, fico sobrando... – Retruca a dona das Charas, deixando um suspiro tristonho escapar.

– Eu meio que discordo disso, mas, se você quer pensar assim, tudo bem. – Intrometeu-se Emi, que saiu voando de braços cruzados.

– O-o que você quer dizer com isso?!

– Eu concordo com ela. Você também está apaixonada! “Dá pra ver nos seus olhos”... – Diz Fanny ironicamente, imitando Emi e sentando-se ao seu lado na cama.

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– Onde está a Oriko-chan? – Pergunta Amu, que estava junto com os outros Guardians no Royal Garden. – Eu não vi ela sair de casa hoje...

– É possível que ela tenha faltado... – Comenta Tadase, servindo um pouco de chá para a Joker.

– Nhá! Justo hoje, no Valentine’s Day... – Resmunga Yaya. - ... e tá tudo cor-de-rosa e fofoooooo! – Completa ela, animada.

– Ela não parecia muito bem esses dias... Talvez ela estivesse meio doente, e não quis falar nada para poder ajudar na organização da festa sem que nos preocupássemos com ela... – A de cabelos rosa palpita.

– Não... Ela parecia era deprimida. – Corrige Nagihiko.

– Também estou preocupada com ela. – Rima limpa a boca com um guardanapo e se levanta, caminhando para a saída do Royal Garden.

– O que você vai fazer, Rima-tan? – Pergunta a Ás, no seu tom infantil de sempre.

– Vou atrás de Tohru-kun. Talvez ele saiba de alguma coisa...

– Eu vou junto! – Nagi se levanta rapidamente e sai correndo atrás de Rima.

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– Ela me ligou ontem de noite e pediu para que eu passasse a matéria de hoje para ela depois... Mas é só isso. – Responde Tohru, quando Rima pergunta para ele se ele sabia alguma coisa sobre Oriko.

– Olha que se você estiver aprontando alguma coisa, eu te pego, pirralho! Se você aprontar alguma, moleque, eu...! – Irrita-se Nagi, fechando as mãos em punhos.

– Tá bom! Já deu, Nagi. Vamos voltar para o Royal Garden. Obrigada, Tohru-kun. – Rima arrasta Nagihiko pela gola da blusa, em direção ao Royal Garden

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–Nee, nee, Oriko! – Chamava Emi, com uma vozinha de choro. – Você precisa comeeeer!

– Não quero... – Responde Oriko, com a voz abafada por estar com a cabeça enfiada no travesseiro. Só tinha se levantado para ir ao banheiro, e não comera nada. – Tô com preguiça...

– Já são oito horas da noite... Já passou da hora do jantar! – Insiste a Shugo Chara.

– ÓTIMO! SE VOCÊ NÃO VAI SAIR POR BEM, VAI SAIR POR MAL!!!! – Fanny se descontrola, irritada com Oriko. – Chara Change! Happy, Crazy, Funny!

Oriko entra no Chara Change, troca o pijama por uma roupa qualquer e segue para um restaurante.

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Chegando na porta de um restaurante, Fanny desfaz o Chara Change com Oriko, que fica olhando boquiaberta para a loja.

– A-a-aqui é... – Oriko não conseguia dizer nenhuma palavra.

– Sim, é o mesmo lugar. – Responde Fanny, sem sequer ouvir a pergunta inteira.

– Yamazaki’s Kafe? – Emi leu o letreiro acima da porta, e segurou uma risadinha. – Que nome engraçado...

– Eu e a minha mãe comíamos aqui quando eu era pequena... – Um sorriso iluminou o rosto de Oriko. – Acho que já me sinto um pouco melhor... Arigatou NE, Fanny!

– Não foi nada! Agora, quer fazer o favor de entrar?! Eu tô com fome!!!

–Tá, tá... – Oriko segura o riso e abre a porta.

– Olha lá, o Nagi! – Emi aponta animada para uma mesa, bem no centro do restaurante. – Naaaaaaa-giiiiiii! – Ela voa até a mesa com um sorriso bobo no rosto.

– E-emi? Konbanwa. A Oriko está por aqui? – Ele olha para os lados, procurando pela garota.

– Ali, ó! – Ela aponta para Oriko, parada em frente à entrada. O rapaz faz um sinal para que ela viesse e mesmo que emburrada (novamente), foi.

– Por que faltou hoje na escola? – Pergunta Nagi, deixando a preocupação exposta.

– Porque eu quis e... O que é isso? – Ela desconversa, apontando para um monte de papéis jogados em cima da mesa.

– É a minha tarefa de casa, mas... Está meio complicado fazê-la.

– Baka-mór... O resultado é 28,672.

– Ah! É mesmo! Obrigado e... Qual foi a desse “baka-mór”?!

– Vejamos... Talvez... O que você é...? – Ela responde, calmamente.

– Ah, se você não fosse uma menina eu, eu...!

– O garçom está vindo. Vai ficar aí ou vai pedir logo? – Ela desconversa novamente, como se não desse a mínima para o que ele estava falando.

Eles pedem os seus pratos e esses chegam, mas os dois continuam num silêncio praticamente mortal.

–E-ei... – Começa Nagi.

– O que foi? – Pergunta Oriko num tom irritado, sem tirar seus olhos do prato de sopa de cebola a sua frente.

– Assim que terminarmos, quero te mostrar um lugar.

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Os dois caminhavam em silêncio pela escuridão da noite, quando Nagihiko segura Oriko pelo braço e aponta para uma pequena praça.

– É realmente lindo, não...? – Ele comenta, com os olhos meio perdidos.

– E, de alguma maneira, muito triste... – Oriko complementa, olhando fixamente para a paisagem, ao contrário do garoto.

Na praça havia um canteiro de lavandas e flores lilázes e vários arbustos, iluminados por um fraca luz de lamparina, o que deixava o cenário um tanto nostálgico e triste, mas romântico.

– Vem, Oriko... – O garoto puxa a amiga pela mão até um banco que ficava no meio de todo esse cenário.

– Nós vamos deixar vocês a sós, tá...? – Anuncia Emi, saindo de um dos bolsos de Oriko.

– Pombinhoooooos!!!! – Provoca Fanny, saindo do outro bolso e seguindo Emi.

Oriko pulou algumas vezes e tentou esmagá-las, mas elas já estavam voando alto o suficiente para escaparem.

Os dois se sentam e ficam um pouco em silêncio, até o rapaz quebrá-lo:

– Sabe... Eu sempre venho aqui quando estou com problemas ou deprimido...

– Quem disse que eu estou deprimida?! – Retruca a mais nova, olhando-o com raiva nos olhos.

– N-ninguém disse nada, mas se você estiver mal... Pode me contar. – Ele segura o rosto da garota entre as mãos, encarando-a fixamente

– Sei lá, é só que eu odeio ficar sozinha... Sempre sozinha... Por que todos me abandonam? – Uma lágrima escorre lentamente pelo seu rosto, e ela começa a soluçar. – Eu devo parecer muito idiota chorando só por isso...

As lágrimas escorriam velozmente pelo rosto de Oriko, e ela não conseguia conter os soluços histéricos.

Nagihiko, num piscar de olhos, abraçou-a.

– N-Nagi... – Sussurra a garota, abafando o choro no colo dele.

– Não se preocupe, nada de mal vai acontecer. -

– É só que... Meu maior medo... É de ficar sozinha. – Ela explicou, entre os soluços incontroláveis, abraçando-o cada vez mais forte.

“Douka ima dake wa furimukanaide

(Por favor, só por enquanto, não se vire)

Yuugure sawagu kaze fure sou na kyori

(À noite, o sussurro do vento, eu quase posso tocar a distância entre nós)

Kimi wo mitsumeteru zutto

(Eu poderia ficar olhando para você, para sempre)”

Oriko se afasta lentamente, e fica encarando o céu com um sorriso suave no rosto.

– Nagihiko... Arigatou ne. – Agradece a garota, deitando a cabeça no ombro de Nagi, e um tempo depois pegando no sono.

O rapaz fica olhando para ela e acariciando lentamente seu cabelo, com um sorriso bobo estampado no rosto.

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– Iko-chan... – Chamava Nagihiko, cutucando suavemente a garota.

– H-hã...? – Respondeu ela, ainda zonza de sono.

– Você dormiu, mas eu achei melhorar te acordar porque já está meio tarde.

– Quanto tempo... ...eu dormi...? – Perguntou Oriko, tentando se levantar do banco, mas dando dois passos em vão e caindo sentada novamente.

– Umas três horas... – Responde ele, sem dar a devida atenção ao assunto.

– Três horas?! A-A-A-A-Ah! M-me desculpe, Nagi! Eu sou mesmo um incômodo, me desculpeeeee! – Grita a garota, desesperada, finalmente conseguindo ficar de pé.

– Não é incômodo algum, mas... Já está muito tarde, acho melhor eu te acompanhar até a sua casa.

–N-n-nã-n-não! D-de jeito nenhum! Já incomodei demais, vou pra casa sozinha! – Retrucou ela, andando com passos firmes e rápidos na direção contrária de Nagi.

– Você vem comigo, mocinha. – Ordenou ele, puxando Oriko pela mão. – Ah! Só um instante... – Nagi entrou nos arbustos, e começou a procurar alguma coisa.

Depois de um tempo, ele saiu de lá, com uma flor lilás na mão.

– O que é... ...isso? – Pergunta Oriko, olhando confusa para a flor.

– Você não sabe? – Retruca Nagi, com um sorriso maroto no rosto.

– Isso seria...? – Começa a menina, mas pára no meio, por não saber como continuar.

– Haha, você realmente não sabe? Isso se chama “flor”. – Ironiza ele, fazendo com que uma gota aparecesse na cabeça dela. – E essa é pra você. – Completa, estendendo a flor para ela.

– P-pra mim?! – Confirma ela, assustada, mas pegando a flor. – Ma-mas... Por que?

– Ah! É que eu, Hotori-kun e Souma-kun fizemos uma aposta para inverter as coisas e dar alguma flor para uma garota... E eu escolhi você, não pode? É crime agora? - Brinca ele, com o mesmo sorriso maroto exibido anteriormente. – Agora é melhor voltarmos logo. – Ele se encaminha para uma rua escura, e Oriko segue-o.

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Os dois seguiram o caminho para suas casas, caminhando tranquilamente pela rua escura.

– N-n-nee, Nagi... – Chama Oriko, meio insegura.

– O quê foi? – Responde ele, sem tirar os olhos da lua.

– Hã?! Ah, é que... Sobre o seu segredo... Fique tranquilo, eu não vou contar pra ninguém... Nem te subornar ou algo do tipo. – Diz ela, um pouco corada, sem tirar os olhos da flor. – E obrigada pela flor, eu adorei... É muito linda.

– Que bom... – Responde Nagihiko, com um sorriso divertido no rosto. – Fiquei com medo que você achasse que eu só estava me aproveitando de você para ganhar uma aposta, e depois me odiasse... – Fantasia ele, dando algumas risadas ao imaginar a situação.

Oriko encantou-se com o seu riso animado, e ficou encarando-o, admirando-o por um bom tempo, até ele parar de rir e olhar para ela. Os olhares se cruzaram e os corações aceleraram, fazendo com que os dois voltassem a olhar para frente.

“Kimi ni todoke kimi ni todoke

(Estou alcançando você, estou alcançando você)

Kanawanai koi de mo ii kizutsuite mo ii

(Mesmo que seja um amor não correspondido ou se eu me machucar)

Nan do demo tsutaetai

(Não importa quantas vezes, eu quero te dizer)”

–É-é a-aqui... A minha casa... – Mumura Oriko, apontando timidamente para o sobrado.

– E-e-então... Ja nee! – Responde o garoto, correndo para a direção de sua casa, que não ficava muito longe.

– Na-Nagi...! – Sussurra a garota, num tom quase inaudível.

Oriko entra correndo em casa, ofegante, com uma mão tentando acalmar o coração.

– O-o-o que... O que foi isso? – Pergunta-se Oriko, apertando o peito com ainda mais força.

– Será que você poderia ter se apaixonado...? – Palpita Emi, que apareceu de repente, assustando sua dona.

– É como eu disse: “Dá pra ver nos seus olhos”... – Brinca Fanny, também aparecendo do nada.

–É, Fanny... Agora eu estou levando essa alternativa a sério... – Comenta a garota, pensativa. – Mas, de qualquer jeito, vou dormir. – Ela se dirige calmamente até o quarto, ainda com um turbilhão de pensamentos em mente.

Após se preparar para dormir, Oriko deita-se na cama, mas ainda assim fica refletindo sobre a noite do mesmo dia.

“Mas... Foi tão estranho... Eu nunca me senti tão feliz assim, e meu coração nunca bateu tão forte...”

“Talvez... ...Amor à primeira vista?”

“Kimi ga suki de kimi ga suki de

(Eu gosto de você, eu gosto de você)

Nemurenai yoru demo ii asa ga konakute mo ii

(Mesmo seu eu não tiver sono durante a noite e se a manhã não vir)

Nan do demo tsutaetai kimi ni todoke

(Não importa quantas vezes, eu quero te dizer, que eu estou te alcançando)”