Há dias que a garota esperava sem cesar na janela da sobreloja do bar. Isso porque toda vez que a silhueta vermelha vinha se aproximando do recinto, ela era a primeira a descer as escadas correndo para ser, por uma coincidência incrível do destino, a primeira à atender a porta.

O sorriso crescia e um hey vinnie era pronunciado com todo o tom de travessura da menina que abria a porta num movimento rápido - mas não tão rápido para não parecer desesperado demais e oh yuffie você é realmente a mestra da enganação!

A saudação do encapuzado foi formal e curta, como de costume; seu senso de humor continuou inexistente com as tentativas de conversa fiada da garota tentando arrancar do homem mais do que dez palavras em uma uma só sentença.

Mas esse foi o único momento em que Yuffie gostaria de não ter ouvido nada da boca do outro.

— Eu vim ver a Shelke.

E dissimulando e sorrindo e tentando controlar a mágoa pela indiferença, Yuffie apenas parou de segurá-lo no bar, deixou ele subir as escadas e entrar no quarto da garota que Vincent veio realmente ver - a grande ninja Yuffie não pode sentir rejeição, porque ela é a Princesa de Wutai e incrível e forte e maior do que tudo e todos.

Era impossível ela ter a habilidade de se sentir rejeitada.

Usando toda sua monstruosa força de vontade, foi ajudar Tifa no bar, apesar de ser uma oh atividade tão chata e maçante e Cid não iria acreditar que Yuffie sabia uma palavra tão difícil como maçante— e Denzel acabava de sair correndo pela porta escondendo uma coisa em suas mãos e a ninja já esqueceu o que ela ia fazer.

Não devia ser tão importante assim. Deu de ombros e saiu atrás do menino.

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— Aquele menino estúpido me paga! Onde já se viu, tentar enganar a grande ninja Yuffie Kisaragi!

— Denzel andou pregando uma peça em você de novo, Yuffs?

— Como se isso fosse possível! Eu me deixei ser enganada por ele, Tifa.

Incrédula e ensopada do sentimento de vingança e água e frio, Yuffie subiu as escadas com toda a agilidade que conseguia para não morrer escorregando na escada no processo (mas ela era a grande ninja Yuffie e grandes ninjas não morriam de maneiras tão idiotas e simplórias como uma queda no chão molhado!). Talvez ela tinha sido tão sucedida na ação que ela provavelmente tinha chegado ao topo sem ser ao menos notada pela pessoa que acabava de sair de um dos quartos. O mais impressionante não foi sua demonstração ninjística de ser sorrateira. O mais impressionante não foi ela barrar o caminho do corredor por não ter reação.

O mais impressionante foi Vincent Valentine estar sorrindo como nunca fez antes, enquanto fechava a maldita porta da maldita garota que provavelmente foi a causadora daquela maldita expressão facial de felicidade e de repente ficar sério quando percebeu que a idiota e imbecil e molhada e despenteada e infantil Yuffie Kisaragi bloqueava a escada, com olhos cinzas vazios que logo caíram por terra.

A ninja suspirou e sorriu.

— Hey Vinnie, indo já?

— Sim. Até mais, Yuffie.

Ela segurou o sentimento desconhecido que embrulhava seu estômago e machucava seu cérebro e pernas e o simples ato de respirar, enquanto corria para a sua janela e fitava a mesma silhueta vermelha ir embora.

Pois Yuffie não podia, de forma alguma, ter a habilidade de se sentir rejeitada.