Learning To Be a Bitch escrita por JuliaTenorio


Capítulo 26
Inimigos por conveniência, namorados por convivênc


Notas iniciais do capítulo

Me mandaram portar e eu já tratei de fazer isso!



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Amor: uma forma de amnésia onde a garota esquece que existe 1,2 bilhões de outros caras no mundo. Há alguns dias atrás eu diria que isso é uma idiotice – certo, eu estou mentindo, eu amo finais felizes e conto de fadas – mas naquele minuto, eu me sentia a garota mais apaixonada do mundo. Apaixonada? Travis Stoll vai saber o que acontece quando uma garota como eu fica apaixonada.

Respirei fundo.

Ou tentei pelo menos.

Então me apressei em passar direto por ele. Mas Travis me puxou para um corredor, me obrigando a segui-lo. Queria sair correndo dali e voltar para minha aula, mas as mãos de Travis encostaram-me a parede e me cercarão impedindo meu plano genial de fuga.

- Travis, eu preciso ir para minha aula – Chamei-lhe atenção tentando evitar deixar transparecer que eu estou completamente perdida por ele – botânica é muito importante para mim.

Ele riu.

E meu coração deu mais alguns saltos.

-Você vai trocar de estar comigo para aprender a plantar algumas flores?

-Sim, vou – eu assenti – Você pode me deixar ir?

Ele deixou a cabeça cair para o lado, dando uma boa olhada nas minhas pernas. Eu sabia que eu não deveria ter vindo de saia.

-Não estou muito tentado a isso.

Eu bem que poderia bater nele agora.

-Que eu me lembre bem, foi você quem disse que não queria sair comigo.

Travis passou uma das mãos pelo meu rosto, descendo lentamente para os meus lábios.

-Você entendeu tudo errado Katie. – levantei uma sobrancelha indignada.

-“Connor está ficando louco, eu não quero sair com você, mesmo que te beijar seja uma coisa maravilhosa”. Esqueci alguma coisa?

Travis riu, droga, ele sabia muito bem o efeito que seu riso tinha em mim.

-Eu só não queria estragar o que temos.

-Ah, e temos alguma coisa agora?

Senti que ele estava enrolando uma mexa do meu cabelo em seu dedo e se aproximando cada vez mais.

-Claro que temos, somos inimigos, lembra?

Suspirei pesadamente.

-Inimigos?

-Nós não nascemos para sermos amigos, você e eu. Nós nascemos para sermos inimigos, Katie.

Travis disse acariciando meu braço e beijando levemente meu queixo, dando leves arrepios em minha pele.

-Então, eu vou tentar acabar com você, você vai tentar acabar comigo. Certo?

-Certo.

Ele respondeu não dando muita atenção as minhas palavras, descendo os beijos para meu pescoço. Área de perigo.

- Então não devíamos fazer isso, certo?

-Certo.

Travis desceu ainda mais seus beijos, quase alcançando meu colo. O que ele estava querendo, me matar?

-E isso significa que você me odeia certo?

-Certo.

Agora sim, ele beijou meu ombro, descendo a alça da minha blusa para deixar meu ombro livre.

-Mas também está perdidamente apaixonado por mim, certo?

-Certo.

Ele respondeu ainda me beijando, beijos quentes, sedutores e deliciosos.

-Acho que eu ganhei.

Foi então que Travis pareceu voltar a realidade e levantou a cabeça me olhando confuso e se afastando.

-Espera, você me enganou – ele me repreendeu, mas eu apenas escapei de seus braços dando as costas para ele - Katie! Hey Katie!

-Sem encontro, nada de beijos.

Se eu estava apaixonada por Travis?

Sim, eu estava.

Se eu ia fazer ele disser que sentia o mesmo?

Ah sim, eu ia. Mas antes, eu precisava de um encontro certo?

Certíssima Katie. Travis 0, Katie 1.

Mas nem tudo são flores, eu ainda tenho que voltar pra aula de botânica. Entrei correndo na sala quase tropeçando em um vaso de flores na entrada e arrancando risada dos alunos. A professora, senhorita Abbey, evidentemente não ia muito com a minha cara, por que três segundos depois me sentir ser queimada com os olhos.

- Srta. Gardner? É Impressão minha ou a senhorita esta atrasada?

-Depende, em que horário eu deveria ter chegado?

Cambaleei indo em direção a qualquer mesa – foi quando notei que não tinha nenhuma mesa, todos os alunos estavam em pé dividindo um grande balcão de madeira.

- Muito engraçadinha como sempre. Como um pequeno castigo, você e o Malcolm vão fazer, por milagre, a planta sobreviver ao estrago que o senhor quase cometeu.

- O que aconteceu?

Perguntei fitando o garoto que ela apontara, ele deu de ombros olhando com pena para a planta a sua frente.

- Ele afogou a planta.

 Fui em direção a Malcolm, que era um garoto simples, mas bonito – como eu disse, parecia que todos os alunos naquele colégio eram lindos - ele tinha os olhos azuis e cabelos loiros, e por uma estranha razão, me lembrava alguém. Eu estava quase babando em cima dele. Eu não tenho culpa, ele me lembra tanto o Travis, e hoje minha cota de olhares para Travis Stoll não foi muito usada.

- Seu nome é Malcolm certo? – ele assentiu silencioso, dava para ver que era um tanto tímido – Vamos fazer essa planta sobreviver!

Eu acho que me empolguei quando falei isso, por que minha mão quase voou para a cara do garoto, me controlei e tratei de pôr meus livros no chão e colocar minhas luvas.

 Juntei-me a ele na missão de salvar a coitada da planta que logo apelidei de Savannah. Era uma palmeira ráfia, não sei ao certo como haviam a encontrado no meio do Texas, mas por uma questão de sorte, estavam várias delas ali na nossa sala. Tratei de tirar a terra do vaso, enquanto Malcolm secava as folhas da planta.

- Me desculpe senhorita Abbey, por ter chegado atrasado.

-Claro Travis querido, você é sempre bem vindo. Vamos, escolha alguém para fazer par e se sentar.

Escutar aquilo fora a gota d’água, Travis era um péssimo aluno e ainda tinha direitos por chegar no meio da aula? O que a beleza não faz com as pessoas.

- Isso não é justo! Eu também cheguei atrasada e tive que me sentar com ele! – eu reclamei indignada, logo revendo minhas palavras e olhando para o Malcolm - Sem ofensa Malcolm. E o Travis nem gosta de botânica.

- Eu adoro botânica, de onde você tirou isso Katie?

Ele falou com seu sorriso cínico, da próxima vez levanto minha mão perguntado se posso arrancar a cabeça dele.

- Travis é um dos meus alunos preferidos então se você não quiser ser banida da aula de botânica, fique calada Senhorita Gardner.

Agora é oficial. È o Dia “Vamos todos ficar contra Katie Gardner porque é divertido!”. Travis logo sentou ao lado de uma garota, em uma mesa ao lado da nossa. Joguei o meu melhor olhar maligno para cima dele, mas foi irrelevante, por que Travis parecia completamente imune, ele simplesmente deu o seu sorrisinho sarcástico e ficou lá me olhando. Mas se ele acha que eu não vou fazer nada... Ele esta certo, não quero ser expulsa.

Só se eu usar a minha arma super secreta... Que eu ainda na sei bem ao certo qual é, mas eu vou pensar em alguma coisa! Vamos lá Katie, ciúmes talvez? Pode funcionar, com muita sorte é claro.

-Sabe Malcolm, você é tão bonito...

Eu disse me virando para o garoto, ele deve ter me achado uma nova espécie de mutante que saiu do centro da terra, por que me olhou com uma mistura de expressões entre apavorado e desconcertado. Eu era tão assustadora assim?

-Er... Obrigado?

-Não fique com vergonha, bobinho! – eu falei bobamente – As garotas devem ser loucas por você.

Um pequeno sorriso apareceu no rosto dele.

-Está vendo? Estamos nos entendendo! – eu sorri – Venha, vou te ensinar como salvar essa planta.

Ele assentiu e eu dei uma pequena espionada na mesa de Travis, ela falava suavemente com a garota que eu não tinha idéia do nome.

-Sabe, Malcolm, existem garotos que são covardes demais para chamar uma garota para sair, mesmo que vivam beijando a garota, você não é assim, é?

Ele negou com a cabeça, certamente com medo de me contrariar.

-Mesmo que a garota saiba que ele sente alguma coisa por ela. Ele continua a disser que o que os dois têm não passa de ódio.

Malcolm me olhou intrigado, mas ele parecia estar tentando em ficar o mais longe possível de mim ou tirar uma nota exemplar em botânica. Bem, eu só poderia estar surtando.

-Lacy, deixa eu te contar uma coisa, há garotas que não vêem que uma relação de inimizade, não passa além de inimizade. Eles têm que ser amigos, por que amigos podem passar de amigos, para outra coisa mais interessante, você me entende?

-Claro Travis – escutei a voz repulsiva da garota falar, estava me decidindo se eu virava um monstro agora e cortava a cabeça dela, ou simplesmente pegava para assar para o lanche da tarde.

-Sabe, eu sairia com você Lacy.

A garota sorriu bobamente, ela não vê que ele a está enganando? Parece até mais boba do que eu quando ele sorri daquele jeito, céus, que sorriso é esse...

-Sério?

-Claro, por que você não é tipo de garota que enche o saco por que quer sair com um cara, mesmo que o cara sinta alguma coisinha sem significância por ela.

Ah, agora ele chama o que sente por mim de “coisinha sem significância”? Quero ver quando eu começar a chamar ele de porco azedo molhado de lama.

- Mas a Katie é cega o suficiente para não entender, o porquê de eu não querer chamá-la para sair! Parece ate que vamos nos casar! Ela não entende que isso não passa de diversão para os dois!

-Agora já chega!- Eu disse batendo na mesa- Como você tem a audácia de dizer isso Travis? “Só diversão”, quem você acha que eu sou? A Drew?

- Olha quem resolveu falar comigo. E eu tenho certeza que eu também sou só a sua diversão Katie. Você fala como se fosse a senhorita inocência e eu o vilão da historia!

Travis se virou para mim, seu rosto estava vermelho, mas nem isso o fazia ficar menos bonito. Droga, Katie, você está no meio de uma discussão!

- Por que isso é exatamente o que você é Travis! Você sempre vem e acaba com o meu conto de fadas, e pra que? Pra sua própria diversão! Você é realmente tão egoísta quanto eu... – tentei não dar um soco nele naquele mesmo momento e fiz o mínimo que eu podia fazer – Você não se acha tão perfeito? Vai ficar mais perfeito ainda com um pouco de terra na cara.

Joguei nele, mas a terra voou para longe, atingindo a garota atrás de Travis, ótimo, estou oficialmente desclassificada da olimpíada de lançamento de terra.

-Senhorita Gardner! – gritou a professora, mas eu não estava dando a mínima para ela – Senhorita!

Tentei me acalmar, mas estava completamente fora de mim. Minha vida estava um inferno e ela ainda queria piorar?

-Qual é a sua? Eu sou a melhor aluna nessa classe e você nem ao menos gosta de mim!

Nesse momento eu podia jurar que os olhos da professora estavam ardendo em chamas e ela estava pronta para me matar.

-Fora da sala, senhorita, agora.

Levantei seguindo para fora de sala. Era a primeira vez que eu era expulsa para fora de sala e quer saber? Eu não dou a mínima. Segui andando em busca de um lugar para me jogar, mas incrivelmente eu ainda parecia estar no primeiro andar, ou seja, nada de suicídio.

-Katie!

Escutei alguém gritar meu nome, mas continuei andando como se não estivesse ouvindo.

-Katherine Mary Gardner! – Ótimo, nome completo, nem mamãe me chama assim quando está com raiva.

-Eu não sou sua diversão? Então, deixe a diversão aqui curtir sua raiva à vontade.

-Qual é o seu problema garota? - perguntou Travis surgindo na minha frente. – Eu estava apenas brincado.            

-Brincado, Travis? - perguntei indignada – O que eu sou para você?

Ele suspirou, como se eu estivesse tentando entrar em um assunto delicado novamente.

-Você não precisa ficar assim.

-Eu sei que você não me odeia Travis – eu disse mordendo meu lábio inferior – Por que não me diz o que sente? De verdade?

Esperei ele disser que não sentia nada por mim, mas surpreendentemente nenhuma palavra saiu da boca dele.

-Por quanto vamos continuar com isso?

Perguntei desconsolada, Travis finalmente levantou seu olhar, me fitando de uma maneira que me fez me tocar para sentir se eu continuava usando minhas roupas.

-Droga Katie, se você sabe o que eu sinto, por que quer que eu diga?

-Por que meu tempo aqui é limitado Travis, alguma hora eu tenho que voltar e essa brincadeira vai ter que acabar. Não vou ser mais uma peça em seu jogo.

Ele deu dois passos para trás, um tanto atordoado.

-Olha Travis, eu preciso ir para minha aula agora.

Eu disse cansada, discutir me deixava sempre assim. Com vontade de achar meu cobertozinho, um grande copo de leite e pegar um bom cochilo. Continuei a andar, meus olhos ardiam, mesmo que eu não soubesse o motivo.

-É verdade? Você vai mesmo embora?

-Não posso faltar minha aula.

Eu disse tentando sorrir, mas era um pouco difícil.

-Não, sobre você está voltando para Seattle.

Dei de ombros, meus olhos vagando por ele.

-Não há nada que me segure aqui.

Continuei andando em busca da minha próxima aula, mas eu sabia que não havia próxima aula, era apenas mais uma mentira para fugir do imbecil do Stoll. Logo fui até meu armário, não havia nenhuma alma viva no corredor, o que me deu um pouco de medo, mas segurança também, pelo menos eu estava sozinha...

Peguei meus livros e pus dentro da bolsa, pegando também a capa de chuva, já que choveu de manhã, a essa hora a chuva já estava fininha, eu sabia o que eu estava fazendo agora era proibido, mas ninguém nunca deu muito atenção a minha presença e por sorte eu iria passar despercebida. Por causa da chuva não havia ninguém no portão de entrada, mas assim mesmo ele estava trancado. Logo tratei de escalar o portão e rapidamente eu estava fora do colégio.

Eu tinha mais um quilometro e meio pela frente, então me pus a andar.

Eu sempre gostei da chuva, dês de criançinha quando mamãe brigava comigo por chegar suja de lama em casa, papai sempre me deixava continuar a brincar na chuva, mesmo que eu fosse pegar pneumonia logo depois. O bom de andar na chuva é que ninguém nunca nota que você está chorando.

E era isso que eu estava fazendo, chorando como uma retardada mental, pensando que eu havia acabado com a única chance de ter um romance na minha vida e o quilometro e meio que eu estava andando? Eu não estava nem ligando mais, de tantas lágrimas que saiam dos meus olhos.

Maldito Stoll, maldito colégio, malditas pessoas, maldita hora que inventei de vir aqui. Apenas para pegar um papel besta. E quer saber? Eu nem queria fazer parte daquele filme mesmo, ser uma garota desse tipo apenas piorou ainda mais minha vida!

Escutei um carro buzinar para ver que eu estava prestes a ser atropelada, me virei para ver Travis dentro do carro. Ele abriu o vidro e me olhou com pena.

-Entra no carro Katie, você vai pegar um resfriado nessa chuva.

-Dês de quando você se importa?

Eu perguntei cerrando os dentes e continuando a andar.

-Você não vai me fazer sair do carro vai?

-Eu não quero conversar com você Travis – eu gritei – Me deixe em paz.

Ele revirou os olhos, então simplesmente deu meia volta e continuou a dirigir, ótimo, era isso que eu queria certo? Eu queria sim ficar sozinha, pelo menos, é isso que eu pensava.

Senti alguém segurar meu braço, e lá estava ele, me olhando irritado.

-Por que você sempre faz isso?

-Por que é obvio Travis, poxa, não dá para ver? - não Katie, você não vai dizer isso, você não vai dizer isso – eu gosto de você – droga, Travis me olhou espantado – E se você não sente o mesmo por mim, pare de flertar comigo. Por que isso machuca, e muito.

Sua expressão se suavizou e a mão que segurava com força meu braço também, logo ele estava passando a outra mão no meu rosto.

-Você gosta de mim?

Assenti incerta, então ele sorriu, mas não aquele sorriso sarcástico e cínico que ele sempre me dá. Mas um sorriso doce, como se tivesse gostado sinceramente de ouvir aquelas palavras, seu sorriso me fez sorrir bobamente também.

-Eu devo estar parecendo uma boba apaixonada.

-Não mais do que eu.

Ele disse e logo seus lábios estavam nos meus, aquecendo meus lábios e logo depois trazendo uma sensação de frescor, não quero parecer clichê ao ultimo, mas é o que eu sentia, eu sei que parece bobo, mas tudo parecia estar ficando mais bonito, mais perfeito e mais feliz a minha frente. Por que naquele momento, Travis me beijava como se essa fosse sua única missão no mundo e nada mais importasse.

-Achin! – eu espirei parando o beijo – Acho que vou ficar resfriada.

Ele afaga meus cabelos, então passa as mãos pelos cabelos, como se estivesse se lembrando de alguma coisa.

-Sabe, agora lembrando, nos fizemos uma aposta, certo?

-Aposta? – me fiz de boba - Eu não me lembro de aposta alguma.

-Katie...

Ele sussurra rindo, ainda abraçado em mim. Era bom sentir que estávamos no meio da chuva.

-Certo, nós fizemos uma aposta e eu perdi. Mas não, você não vai me cobrar nada. – Digo em tom autoritário.

-Bem, você já me pagou, não? – olho para ele confusa - Você é minha Katie.

Coro intensamente ao me lembrar o que eu havia lembrado na hora em que ele havia proposto aquela aposta.

-Você não pensou que fosse em outro sentido pensou? – ele pergunta ao notar meu rubor.

-Sinceramente?

Ele apenas riu e me abraçou. Naquele momento eu me sentia a garota mais feliz do mundo.

Mal sabia eu...

Nós podemos fazer isso durar pra sempre. Então, por favor, não pare a chuva.”

James Morrison – Please don’t stop the rain


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Notas finais do capítulo

Oiie!
Eu tó bem! E vocês, como estão?
Só quero contar!
O Rock in rio foi demais não? Chorei ao som de Coldplay, gritei ao de Evanescence e pulei ao de Guns n' roses. E o vocalista do Maroon 5 me conquistou *-*