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Então ela matou o Victor antes de eu conseguir a amostra do sangue. Esperto Nyx, muito esperto. Preciso dar um jeito de conseguir encontrá-la, preciso desse sangue para finalizar a experiência do meu irmão.

Marcus podia ser um cientista idiota, e um tirano como irmão, mas ele tinha visão. E esta guerra ainda não acabou, e com toda a certeza ira demorar a acabar, pelo menos enquanto alguém não inventar uma arma que destrua a espécie mais fraca. Já perdi as esperanças de pegar a Nyx viva, e cobaia igual a ela sei que não vou achar tão facilmente, mas posso conseguir algumas de nível inferior facilmente, apenas preciso as manipular e trazê-las para mim, afinal eu sou uma anciã que cumpre as regras...as minhas.

Não tenho o mesmo dom para a ciência que o Marcus, mas existem subalternos para que? Minhas adaptações vêm me favorecendo, mas mesmo assim aquele maldito escondeu muito bem os segredos da sua corporação.

Há uma coisa que me intriga em meio a isso tudo, se a Nyx é mesmo uma jóia em nossa coroa, um ser tão importante quanto venho lendo em seus relatórios, porque ele a deixou escapar? Não consigo acreditar que ela tenha conseguido fugir sem que ele tenha visto, isto é estranho.

-Senhora, as cobaias da fórmula 365 estão tendo uma reação. –Um dos demônios que eu emprestei de Lúcifer disse.

-Quais os sintomas? –Perguntei descendo de meu “novo” trono, e indo em direção a sala de testes.

-Estão sangrando, e parecem estar com epilepsia, estes são os sintomas de recusa a fórmula. O que a Senhora ira fazer?

                -Vamos continuar acompanhando, quero ver se ira acontecer o mesmo que da outra vez. –Falei seguindo para a sala de vidro ao lado. –Como eles estão?

                Não foi uma perda, não, de jeito nenhum porque dá ultima vez eles viraram monstros disformes, sanguinários, que agem através de seu instinto natural, como animais que são, mas são monstros com força e talvez invulnerabilidade que estão a meu favor, contra meus inimigos.  Não me importa se são mamutes sem cérebro, eu os criei para serem meus servos, se cumprirem suas funções poderão continuar com o que acham que é vida.

                -Da mesma maneira, talvez um pouco mais controlados, mas a força aumentou consideravelmente, e pelo o que os tratadores perceberam a sede por sangue também. –O demônio disse me apontando para um vampiro que entrava na sala e em questão de segundos era desmembrado e comido pelos meus monstrinhos.

                 -Logo eles estarão prontos, é só uma questão de tempo para que estejam fortes e sob o meu controle.

                -A Senhora realmente acha que conseguira controlar essas criaturas? –Ele me perguntou enquanto uma das cobaias jogava uma perna no vidro dando-lhe um susto.

                -Claro, com uma pequena ajuda da tecnologia. Não me diga que você esqueceu que instalamos chips dentro de todas as cobaias antes de expô-las a qualquer fórmula? Essa é uma das coisas que eu aprendi com o fracassado do meu irmão, jamais acredite em suas crias, elas podem se revoltar e vir contra você.

                Meu irmão foi um tolo de acreditar que as suas preciosas cobaias estariam com ele quando a verdade de suas intenções fosse revelada, acreditou e foi morto por causa disso.

                -Essa vampira que a Senhora esta procurando... a Nyx. Ela não tem esse chip? –O demônio me perguntou interessado.

                -Não tinha, mais o Victor colocou. Só que ele não tem o mesmo efeito, ela é muito poderosa e mesmo com o chip em perfeito funcionamento eu não consigo a controlar, mas pelo menos posso a rastrear. –Falei sorrindo para as minhas lindas criaturas.

                Ah, minhas pequenas criaturas, sua liberdade esta chegando e graças a vocês eu terei o mundo sob meu controle e a raça humana e seus defensores de joelhos. Eu só queria encontrar o Vinicius antes de destruir a sua preciosa Nyx, sinto falta dele. Ele foi um dos meus poucos servos que teve graça domar, eu gostava do seu jeito romântico, e de como ele expressava o seu amor por mim. Coitadinho sofreu tanto quando eu fingi morrer...

                Talvez eu deva mandar alguém o rastrear. Não, ele virá, é tão divertido quando a caça acredita ser o caçador, isso deixa tudo mais interessante. Aquele amiguinho deles, o Diego será que ele virá também? Acho que ele terá uma surpresa, na verdade ele e a Nyx terão uma surpresa quando virem o meu monstrinho de estimação.

                                                                              ***

                Há um mês estamos procurando a Charlotte, minha nova maldição anda progredindo, começa a ficar difícil esconder que estou morrendo a cada dia que se passa, às vezes perco o controle por alguns momentos, mas consigo retornar com algum esforço.

                Chegamos a uma nova cidade, se é que esse monte de ruínas pode ser chamado de cidade. Não faço a menor idéia de como se chama esse monte de pedras, viemos para cá após ouvir boatos que nessa região andam aparecendo muitos vampiros, tenho a esperança de conseguir encontrar a Charlotte aqui.

                -Nyx... Oi, você esta bem? –Dennis perguntou passando a mão na frente dos meus olhos.

                -Sim, conseguiu alguma informação?

                -Todos estão alarmados, mas ninguém viu nenhum vampiro ainda para chamar alguém da Organização. O que nós vamos fazer Nyx? Sentar e esperar?

                -Não, eu e você sabemos que isso não é do meu feitio, e eu também acabei de ter uma idéia. Vamos para um hotel, ou qualquer coisa do gênero primeiro... Antes que eu me esqueça, se alguém perguntar, nós somos irmãos, e órfãos, certo?

                Dennis concordou com a cabeça, com uma expressão clara de desentendimento, mas sem me contrariar.

                Conseguimos um quarto em uma hospedaria próxima do centro da cidade, mentimos que éramos irmãos e órfãos, e que estávamos procurando uma tia que segundo informações moraria pelas redondezas.

                Assim que entramos em nosso quarto Dennis se dirigiu a porta do quarto e trancou a porta.

                -Agora me diga qual é o seu plano. –Dennis disse ficando a frente da porta e cruzando os braços.

                -Um vampiro vai aparecer na cidade. –Falei sorrindo para ele.

                -Você enlouqueceu? Sabe que não pode se expor, e mesmo assim esta querendo trazer um vampiro para cá?

                -Eu disse que um vampiro vai aparecer na cidade, e se você não percebeu, sou uma vampira. –Falei com tom de irritação.

                -Você... O que você pretende fazer? –Dennis soou derrotado.

                -Amanhã logo cedo, eu irei sair. Você esperara dez minutos e me seguira até a floresta, lá você dirá que eu fui atacada e morta por um vampiro. Eles se obrigarão a ligar para a Organização e a chamar.

                -Tem certeza que isso ira dar certo?

                -É a melhor chance que poderemos ter.

                Logo após amanhecer, desci e fui até a cozinha da hospedaria e fingi tomar café da manhã, logo depois avisei a mulher do dono que eu sairia para procurar a nossa tia, ela concordou e eu sai seguindo para a floresta, para onde Dennis me seguia de longe.

                Encontrei um ponto central, o local seria perfeito para uma luta. Matei um animal que ali passava, preservando o seu sangue, e joguei um pouco sobre mim e sobre o lugar onde eu iria ficar.  Rasguei um pouco as mangas da minha camiseta, e também da calça fazendo parecer que eu realmente fui atacada.

                -Esta se preparando para guerra? –Dennis perguntou com uma face estranha.

                -Sim, eu preciso os enganar perfeitamente. –Falei terminando de rasgar minha calça.

                -Eu ainda acho que isso tudo...

                -Não estarei me arriscando, e caso não seja a Caçadora que a Organização mande nós podemos conseguir informações do mesmo jeito. Agora corre, finja que é um irmão mais novo assustado e preocupado. –Falei correndo com a carcaça do animal morto para escondê-lo ao longe.

                -Cuidado. –Dennis disse antes de começar a correr em direção a cidade.

                -Socorro... Por favor, alguém me ajude. –Um Dennis descabelado, com as roupas rasgadas, e alguns cortes ocasionados pela corrida desenfreada pelos arbustos gritava.

                -O que houve menino? –Um homem robusto perguntou-lhe.

                -Minha irmã, foi atacada por um lobisomem na floresta. Por favor, me ajudem. –Dennis gritou desesperado.

                -Vamos. –O homem robusto chamou outras pessoas e seguiram Dennis até a floresta.

                Dennis os trouxe direto onde meu corpo estava, alguém verificou se eu estava viva, tomando o meu pulso.

                -Ela esta morta. Eu sinto muito. –A voz do homem que verificou minha pulsação disse com pesar.

                -Minha irmã. Vocês têm que pedir o melhor caçador. –Dennis disse com uma voz vacilante.

                -Pobre menino. Irei tirá-lo daqui, enterrem-na. –Uma mulher disse, e eu só pude ouvir sua voz se afastando.

                                                                              ***