- Então... você vai começar a falar qualquer minuto nessa década, Juno? – Santana perguntou impaciente. 

        - Se você não parar com os apelidos, não. – Quinn retrucou.

        - Tá bom então. Começa a falar, Q.

        Quinn sentou na cama de Santana próxima a ela, mas sem ficar de frente para a latina. Ela não conseguiria falar o que tinha para falar olhando para ela.

        - Eu só não sei bem como contar, ok? Eu não conversei com ninguém sobre isso ainda.

        - Como assim você não conversou com ninguém? – Santana perguntou confusa. – Nem mesmo com a Berry? – Quinn fez sinal negativo. - Como diabos você conseguiu entrar nas calças dela sem conversar?

        - Santana! – Quinn corou

        - Olha só quem ficou tímida de repente. Só conta o que aconteceu vai...

        - Obrigado pela ajuda, Quinn. – Rachel disse quebrando o silêncio que durou todo o trajeto de volta a escola. – Foi realmente um gesto inesperado vindo de você, não que eu não ache que você seja capaz de ser legal, é claro, é só que nós nunca fomos próximas e agora que você voltou a ser capitã das Cherrios eu meio que esperava que as coisas voltassem a ser como eram antes da sua, você sabe...- a morena não finalizou com medo da reação que teria da loira.

Quando se tratava de Quinn Fabray, Rachel nunca sabia o que esperar.

- Da minha gravidez. – Quinn completou calmamente. – Você pode dizer a palavra. Não é como se eu fosse surtar ou algo do tipo. – a morena não disse nada. – E eu não vou voltar a ser o que eu era antes. Depois de tudo que aconteceu, eu não acho que seja possível...- a loira se repreendeu quando percebeu que havia dito essa última parte em voz alta.

- Isso é bom. Mudar é bom, Quinn. – Rachel falou timidamente.

- É, eu acho. Acho melhor a gente se apressar, o sinal já vai tocar.

- Obrigado de novo, Quinn. Me avisa se precisar de alguma coisa. – avisou saindo do carro. – Te vejo depois.

Deitada em sua cama Rachel recapitulava o dia que tivera. Esse primeiro dia de aula tinha sido um dos dias mais esquisitos de sua vida. Começou de um jeito horrível - slushie dupla na frente de metade da escola – mas acabou se tornando estranhamente bom. E a razão de ter sido estranho e bom foi uma só: Quinn Fabray. Quer dizer, ter sua inimiga-amiga/capitã-das-líderes-de-torcida-de-novo/garota-mais-linda-que-você-já-viu, te ajudando depois de ser humilhada em público, não é algo que você espera. De jeito nenhum. E Rachel (apesar do seu sexto sentido aguçado) certamente não viu chegando. E depois do que aconteceu de manhã, teve também as várias trocas de olhares entra as duas pelos corredores e salas de aulas. Uma pegava a outra encarando e então elas sustentavam o olhar por alguns segundos antes de desviá-lo para outra direção. Foi assim em todas vezes. Elas não se falaram outra vez, mas Rachel ficou com a impressão de que de alguma forma elas tinham se aproximado. Você não olha uma pessoa nos olhos daquele jeito sem de alguma forma se conectar com ela. Não é possível. Rachel não tinha idéia do que aconteceria quando as duas conversassem de novo. O que ela sabia é que nada voltaria a ser como no ano passado. Quinn mudou. Ela viu isso.  

Uma batida na porta tirou Rachel dos seus pensamentos.

- Pode entrar. – disse se sentando para ver quem era.

- Oi. – uma voz tímida disse entrando no quarto.

- Quinn? – a diva falou confusa – O que você está fazendo aqui? – a loira fechou a porta atrás dela, mas não fez nenhum movimento em direção a Rachel

- Hum... não sei. – respondeu olhando para o chão. – Eu só...meio que... queria te ver?

A morena não disse nada, ela não conseguiu formar palavras, estava em choque. Isso era muito mais estranho do que o que aconteceu de manhã. Depois do que pareceu uma eternidade de silêncio, Quinn finalmente arriscou um olhar na direção de Rachel. E se arrependeu logo que viu a expressão da menina.

        - Claramente foi um erro ter vindo aqui. Eu vou embora.

        Antes que Quinn pudesse abrir a porta ela sentiu uma mão segurando seu pulso.

        - Fica. – falou olhando-a nos olhos – Desculpa pela minha reação, ou melhor, a falta dela. É que isso é definitivamente inesperado...

        - Não brinca. – respondeu ironicamente.

        - Então, é verdade? – perguntou se dando conta do quão próxima as duas estavam e de que sua mão agora estava segurando a de Quinn. Não se incomodou em remove - lá e sair do espaço pessoal de Quinn.

        - O que, Rachel? – falou baixo.

        - Que você está aqui por que queria me ver. - Rachel desviou o olhar.

        - É. – apertou a mão quê segurava a sua, esperando reafirmar o que disse e que Rachel voltasse a olhá-la. Ela o fez.

        - Por que?

        - Por que...

        Quinn não terminou de falar, ao invés disso ela colocou sua mão livre no rosto da morena, se inclinou e a beijou. Rachel foi rápida em corresponder. Foi um beijo leve e de alguma forma estranha, carinhoso. E antes que pudesse se tornar intenso, o celular de Quinn tocou. A líder de torcida quebrou o beijo e rapidamente atendeu, não se incomodando em se afastar para isso.

        - O que foi? Tá bom. Já tô indo para aí! – desligou o telefone. – Eu preciso ir. – Rachel não disse nada. – Rachel? – pediu olhando para sua mão que a morena ainda segurava.

        - Ah. – a morena soltou.

        - Eu já vou.

        Antes que a diva pudesse falar, Quinn já tinha ido. Não que ela fosse conseguir. Ela estava literalmente em palavras. Ainda parada na mesmo lugar, levantou a mão e tocou os lábios. A sensação ainda estava lá. Ela não conseguiria descrever exatamente o que era, mas era tão bom. Ela definitivamente não se importaria em sentir de novo. Nenhum pouco.