— Então, me explica de novo como vai ser esse negócio de “baile comunitário” — pediu Quinn, franzindo a testa.

Rachel revirou os olhos. Sua ideia genial não era tão difícil de entender, poxa! Quinn fez biquinho com uma expressão pedinte muito fofa e ela não resistiu. Claro, como se tivesse algum jeito de resistir a Quinn Fabray.

— É simples — disse Rachel, passando a mão pelos cabelos louros de Quinn. — Temos trinta dólares para alugar os vestidos, irmos ao baile e comer alguma coisa antes no Breadstix. Sam terá de pegar o terno do pai dele e nossos braceletes serão do quintal da casa de Mercedes, mas acho que vai ser um bom baile.

— Vai ser mesmo... — concordou Quinn distraída.

Estava na casa de Rachel, se perguntando como os pais dela ou sua mãe não perceberam a estranha e repentina aproximação das duas. Seu pai sempre julgara os pais de Rachel por serem gays e ela dava graças por ele ter sido expulso de casa por sua mãe. Mesmo assim, se preocupava com a reação dela, afinal estava namorando uma garota...

Será que estava mesmo? Fazia duas semanas que estavam juntas, mas não recebera nenhum pedido de namoro ou qualquer outra confirmação de que Rachel queria ficar com ela, de que não era nada além de uma distração. Não que precisasse... Talvez seu tempo com Sam a tenha deixado um pouco mais romântica que o normal.

— Ei — chamou Rachel —, o que houve com você?

— Nada — respondeu Quinn, saindo do colo de Rachel e sentando na cama. — Só estou... cansada.

— Sei como é. A rotina de ser uma estrela de apenas dezessete anos é estressante. — Rachel riu, mas Quinn apenas deu um sorriso fraco.

— Não tá animada pro Baile?

— Não, é que... — Quinn respirou fundo; teria de contar a Rachel suas preocupações, querendo ou não — Bem, estou concorrendo a Rainha e meu par é o Finn. Não que eu não queira ir com você, Rach, mas é que...

— Está preocupada com o que todos irão pensar, não é? — completou Rachel, mordendo o lábio.

— Não! — exclamou Quinn, começando a ficar irritada. Ela pegou as mãos de Rachel, fitando-a profundamente. — Bem, um pouco, mas... Lembra-se de quando você me deu um selinho, há uma semana? Jogaram raspadinha em você e em mim também por causa de um pequeno beijo. O que podem fazer agora?

Rachel sentiu o rosto ruborizar-se. Como Quinn sabia que tinha levado raspadinha na cara? A partir de amanhã, pensou, levaria uma peça de roupa a mais caso acontecesse de novo.

A verdade é que se sentia culpada pelo selinho, pois seu trabalho de esconder sua relação com Quinn estava indo muito bem: mal a cumprimentava nos corredores, andava apenas com Kurt e Mercedes e os únicos momentos em que trocavam palavras (fora do Glee) eram quando pegavam carona com Kurt.

Tudo isso, no entanto, fora pelos ares quando ficou animada demais com a primeira nota realmente boa em Álgebra e resolveu contar da melhor maneira possível para a pessoa que amava: dando um beijo nela.

— Acho que vamos ter de precisar daquele clube de ajuda gay da Santana — disse Rachel, sorrindo.

— Eu não sou gay — reagiu Quinn, assustada.

— Eu também não, até perceber que seus olhos são os mais lindos do mundo e que sua voz é perfeita. — Rachel sorriu e se aproximou de Quinn, engatinhando pela cama. — Sou gay por uma única pessoa, que é você.

Quinn se deixou levar pelos lábios delicados de Rachel, fechando os olhos e esperando que ela a guiasse. Logo, já estavam deitadas na cama, se beijando quase que furiosamente. Rachel passava as mãos pelas costas de Quinn, que deixava as suas segurando a cintura da outra. Quando Quinn tentou enfiar uma das mãos por dentro da saia de Rachel, esta a parou, sobressaltada.

— Quinn... — disse, tentando conter a garota que beijava seu pescoço e o mordia de leve, suas mãos ainda segurando as da outra — eu sou virgem.

Quinn parou uma mordida e fitou Rachel, petrificada.

— Achei que tivesse feito com... — Ela tentou lembrar o nome do cara do Vocal Adrenaline, mas não conseguiu.

— Jesse? — completou Rachel. — Não, não fiz.

Quinn saiu de cima de Rachel e caiu ao seu lado, em silêncio. A morena contara aquilo tudo para o Glee há algumas semanas, e a razão para ter terminado com Finn fora exatamente isso, mas então por que Quinn não sabia? Talvez na época ela não se importasse tanto quanto se importa agora, imaginou Rachel.

— Não se pode ficar grávida fazendo isso com garotas, pode? — perguntou Quinn, fazendo a Berry rir.

— Não, não pode.

— Então por que não... não vamos em frente?

Rachel suspirou, admirando Quinn. Seus belos olhos verdes brilhavam de expectativa. Caramba, pensou. Como ela podia ser tão linda...? Com aquele cabelo louro perfeito, os olhos... a expressão doce e fofa de descontentamento que passava pelo seu rosto naquele momento.

— Simplesmente não podemos... Estamos no Clube de Celibato, esqueceu?

— Ah, é... — concordou Quinn, um tanto deprimida. — Voltamos aos amassos então?

Ela sorriu e embora fosse bom vê-la alegre de novo, Rachel sabia que tinham um assunto inacabado para resolver.

— O Baile, Quinn. Como faremos isso?

— Lhe digo o seguinte — falou Quinn, tendo uma súbita ideia —: eu desisto de ser Rainha, pedimos ajuda de Santana e seu clube pró-gay e vamos como o segundo melhor casal gay da escola, o que acha?

— Desistiria de ser Rainha... por mim? — Rachel repetiu, não acreditando.

— Diria tchau à minha vida normal por você, Rachel Berry — disse Quinn sorrindo, dando um selinho apaixonado em Rachel. — Pensando bem, acho que eu já desisti.

— E segundo melhor casal gay da escola? — continuou a outra, rindo.

— Claro! De acordo com as pesquisas, estamos em segundo lugar, atrás de Klaine, mas à frente de Brittana.

— Não quero nem saber quem fazer essas pesquisas.

— Adicionaram nosso nome, Faberry — Quinn informou, voltando a ficar por baixo de Rachel. — Devem ter sacado desde sempre que...

Rachel lascou um beijo apaixonado em Quinn antes que ela terminasse a frase.