Harry Potter e o Livro Perdido escrita por Sara_McGonagall


Capítulo 33
A Noite do Regresso


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, espero que gostem.



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O cometa de duas caldas já estava brilhante no céu, não tinham muito tempo para impedir Morgana de voltar. Sarah encontrou o olhar de Harry e ele apenas sorriu. Saber exatamente o que poderia fazer para impedir ele não sabia, mas não adiantava não passar confiança para os amigos.

— Rápido Harry! – disse Hermione – Tem alguma coisa embaixo daquela bola flutuante!

Foi então que o garoto percebeu, tudo se focava na fonte. Haviam ítens abaixo dela, podia-os ver brilhando e cintilando como pequenas estrelas furta cor.

— Tirem o máximo de pessoas que conseguirem daqui! – disse ele a Sarah e Hermione – Vou tentar impedir aquela coisa.

— Eu vou com você! – disse Ron.

Mais que depressa, Harry saiu em disparada em direção a fonte. Enquanto corria e tentava desviar das pessoas que pareciam hipnotizadas pelo que acontecia acima de suas cabeças,  alguém tentou o agarrar por trás para o impedir. Ouviu um forte estampido e um gemido. Olhara a tempo de ver Ron lançando um feitiço na pessoa que acabou caindo.  Ele saltou sobre uma pedra em meio ao lançamento de feitiços de onde ele não tinha idéia do lugar de que eram lançados, Harry correu adiante e tentou observar, era realmente algo horrivel de se ver. Rony logo o alcançou ficando de prontidão como um guarda a espera de que alguém tentasse os impedir.

— O que vamos vazer? – perguntou o ruivo enquanto azarava alguém que tentava chegar perto dele.

— Eu não tenho idéia... então o jeito é improvisar... – disse Harry entrando na fonte e indo até o centro. Ouviu-se mais um clarão e o som de feitiços sendo lançados e um urro ensurdecedor vindo de algum outro lugar mais longe.

— São Trasgos? – perguntou Ron cerrando os olhos para tentar ver no meio da escuridão da floresta atrás deles.

— Não me parece gritos de trasgos... – disse Harry não querendo imaginar o que poderia ser.

O garoto então olhou para o broche e o caderno de Salazar, o broche era o mesmo em que Sarah havia espetado o dedo. Mas como?

— Anda logo Harry! – gritou Ron, agora Hermione e Sarah já estavam dando suporte a Ron. Novamente um urro pareceu preencher o ar agora mais próximo e barracas começaram a ser arremeçadas.

— O que raios é aquilo? – perguntou Hermione enquanto via uma criatura ainda maior que um troll passando atropelando e tentando abocanhar as pessoas.  Vassouras zuniram por sobre suas cabeças.

Harry não pode prestar muita atenção no que acontecia a sua volta, rapidamente levou sua mão até onde estavam o broche e o pequeno livro, erguendo sua mão esquerda através do molde que se formava da bruxa. Ele puxava, mas o broche se opunha, esforçando-se para manter sua posição. Enterrando seus tornozelos firmemente na borda da fonte, Harry puxava com tanto esforço quanto podia. O broche contorcia-se de volta a fonte, cumprindo o compromisso de que a forma o tomasse. A figura então agarrou a beirada da fonte e pareceu gritar, fazendo com que o tom de assombro ficasse mais alto. Harry ofegou e apanhou o pequeno broche,  o qual estava crescendo em tamanho no momento em que a figura sobre a fonte ganhava solidez. Quando olhou, Ron estava se afastando com o livro, segurando-o acima da cabeça.

Lucius parecia estar preso entre tentar se esconder e tentar novamente repor os itens  de volta aos seus lugares. Acenava com seu braço com selvageria em direção a Harry, a mão com a varinha de forma ameaçadora em direção ao broche nas mãos do garoto. Sarah saltitava atrás do espectro assim como Hermione, com uma enorme tora de madeira erguida, então a abaixou novamente, enterrando-o quase até a cintura da figura que se formava. Harry olhou em direção fonte e percebeu que a figura ali, a qual se transformou em um esqueleto completo com musculaturas fantasmagóricas aderindo a ele como musgo, se retorcia horrivelmente, começando a novamente se transformar em névoa. O som da aparatação de Morgana transformou-se em um grito de lamento fúnebre. E então, como se tivesse saído do nada, outra figura estava entre eles. Saíra da escuridão além da floresta, movendo-se em uma velocidade feroz. Era Voldemort.

 - Mestre! Não! Não falharei com My lord! Seu tempo chegou, finalmente! – Lucius falou.

Voldemort meneou seus braços brancos como ossos e uma sombra surgiu, ela se dividiu de algum modo, que simplesmente se transformou em duas enormes garras negras. Elas desceram simultaneamente em direção a Harry e Ron, arrebatando de volta o livro e o broche e lançando os garotos dispersos nos degraus de pedra do que um dia fora a entrada do castelo feudal. As garras giraram, repondo as relíquias em suas posições, e então se retraíram, resvalando em poeira, como se estivessem exaustas.

A figura na fonte estremeceu violentamente, recompondo-se, e as gavinhas de névoa lançaram-se em direção a ela, solidificando-se agora com terrível velocidade. Músculos cresceram dos ossos, camada por camada. Órgãos floresceram dentro do peito e abdômen, formando as veias. O corpo preencheu o vão, e esta tomou forma sobre ele. A pele cobriu o corpo como orvalho, primeiro como uma fina membrana, mas tornando-se espessa e corada.

O barulho do retorno de Morgana determinou-se em um prolongado grito, e a bruxa finalmente perdeu o fôlego, sua cabeça lançou-se para trás, após um longo momento, arrancou seu primeiro suspiro em centenas de anos, preenchendo seu peito, e abaixou a cabeça.

— My Lady Morgana! - chorou uma voz fantasmagórica. Harry olhou para a figura sobre a fonte e a forma que dividira as garras assombrosas. Um homem vestido como um dos membros da vila disse fazendo uma enorme reverencia, quase invisível. Ofegava, sua cabeça com os cabelos claros e maltratados brilhava na fraca luz do luar. – My Lady retornou! Meu trabalho está completo por fim!

— Eu retornei - concordou a voz de Morgana. O rosto estava pedregoso, os olhos fixados sobre a forma medíocre do homem a sua frente. - Mas que tempo é este para o qual me fez retornar, sejas lá quem você for!

— O... O mundo está pronto para sua presença, My Lady! Meu mestre... -  gaguejou o homem, sua voz alta e assustada. – Ele ... eu esperei até o momento perfeito para sua chegada!  - então voltou-se para Voldemort que flutuava magestosamente em seu manto negro.  - O equilíbrio entre os mágicos e não-mágicos está maduro para suas mãos, Mestre! O tempo... tempo finalmente chegou.

Morgana encarava Voldemort como se não fosse nada além de uma figura exagerada e sem o minimo de importância, nem sequer moveu um dedo. Voldemort mostrando soberania encarou Morgana na mesma intensidade.

 - Por favor, Mestre! – advertiu o homem caindo sobre os joelhos, sua expressão Harry pode notar era mais de pavor do que qualquer outra coisa. -  Observei por meses! Esperei enquanto podia mas enfim consegui...

— Cale-se verme... – disse Morgana, seu corpo ainda se formando - ... com que objetivo me trases de volta? Merlim retornou da tumba para que eu pudesse enfim destruílo?

— Não My lady... – agora era Lucius quem falava tão pausadamente e cautelosamente quanto possível. - ... o mago a qual se refere está morto a anos... o que nos motivou a traze-la de volta, foram nada mais nada menos do que objetivos, esses seus e do meu mestre... serem tão semelhantes...

Morgana desviou o olhar de Lucius para Voldemort, este apenas fizera uma reverencia, um tanto contrariado mas cuidadoso ao ponto de não desafiar a bruxa. Lucius então tomou a palavra.

 - Eu a convoquei para cumprir o seu destino, para nos liderar contra os vermes trouxas. Estamos preparados para você. O mundo está maduro para você.

— É essa a marionete imunda que é para ser minha fonte de inspiração? - disse Morgana, sua voz baixa, mas quase trovejando com intensidade. - Vamos vê-la como ela  é, então, não como ela deseja ser vista.

O homem da vila se endireitou e começou a falar, mas nada saiu. Sua mandíbula funcionava, quase de forma mecânica, e então, sons áridos e de sufocação começaram a emergir de sua garganta. As mãos do espectro lançaram-se para cima, erguendo-se para agarrar o pescoço, então o arranhando com longas unhas de modo que tiras escuras começaram a se descascar. A garganta inflou, quase como a de um sapo, e, de repente, o homem inclinou-se até a cintura, como se fosse vomitar. Os olhos de Morgana resplandeceram em direção ao homem e seu olhar gelido brilhou suavemente, as runas entalhadas nas colunas da fonte propagando-se com seu brilho. Finalmente, de forma violenta, o corpo do homem ergueu-se e a mandíbula se alargou, longe dos limites lógicos. Algo surgiu da boca horrivelmente escancarada. Lançou-se para o chão à frente. O corpo se comprimia enquanto a coisa saia de sua boca. Era quase como se corpo se revirasse de dentro para fora, esvaziando-se para fora por sua própria boca, até que tudo o que saiu era a coisa que jazia de bruços ao chão, retorcida e horrenda. Era o homem como realmente era, para surpresa de todos era o professor de Harry, Mesmero.

Os garotos ficaram vendo aquilo horrorisados de onde estavam, nenhum era capaz de fazer ou dizer alguma coisa. Pelo menos não ainda.

Morgana então esquadrinhara com o olhar todo o campo enquanto aos seus pés Mesmero se contorcia, como se estivesse com grande dor, sua forma macilenta e ossuda, os olhos revirados, fitando cegamente o teto.

— Você me trouxe para um tempo morto - disse Morgana, sua voz baixa preenchendo a o lugar com o rugido de centenas de tons. Ela desviou seus olhos da forma patética de Mesmero, retornando para Voldemort e Lucius que se encolhia atrás de seu mestre. - As árvores despertaram para mim, mas estão quase mudas. Inclusive a terra dorme o sono dos séculos. Você me fez retornar por conveniência sua e nada mais.

Morgana ergueu sua mão livre e segurou-a no ar, a palma aberta, em direção a Mesmero. O homem empalideceu mais ainda e recuou para longe, erguendo suas mãos como se para defender-se de um golpe.

 - Não! Não, eu fui fiel! Por favor! Cumpri minha tarefa! Fui fiel! Nããão!

A última palavra estendeu-se e elevou-se em tom, subindo a escala enquanto o Mesmero parecia recuar. Por um momento, então começou a perder inteiramente sua forma. Diminuía, e Harry percebeu que o corpo se contraía na mesma proporção que  Morgana fechava suas mãos, como se a bruxa estivesse comprimindo Mesmero em seu punho estendido. O som de ossos sendo triturados e quebrados, mas sem uma gota de sangue era possivel ser ouvida.  A última palavra de Mesmero vazou dentro de um lamento de horror, reduzindo no momento em que o corpo colapsava em um brilhante ponto de luz cintilante. Morgana comprimiu seu punho, e então abriu sua mão. O corpo se desvaneceu, deixando somente o eco de seu grito final.

Harry não sabia o que exatamente estava acontecendo, qual seria o passo que Voldemort daria a seguir ainda mais que pelo visto a bruxa ali na sua frente além de poderosa não aceitava ordens muito bem.

— My lady... – começou a dizer Lucius mas Voldemort o fez se calar.

— Creio que os termos não ficaram muito claros entre nós My Lady... – disse Voldemort pomposamente - ...sua presença fora requisitada para que tornasse seus planos possíveis...

— Meu plano era matar Merlim com minhas próprias mãos... – disse ela dando um passo pela primeira vez - ... e isso fora me tirado quando ele tentou me matar!

— Sim... um infortúnio injusto eu diria... – novamente Voldemort começou a falar - ... mas bruxos poderosos como nós, não tem a mesma compreensão errônea de certos feiticeiros não é? Penso que com um auxílio mutuo poderíamos nos ajudar a obter exatamente o que queremos...

— Está insinuando que somos iguais? – dessa vez, a voz de Morgana parecia um tanto quanto insultada. O que fez Lucius se encolher ainda mais. Voldemort no entanto, não se abalou.

— E não seriamos? – disse ele flutuando graciosamente enquanto Morgana apenas o observava. – Ambos somos forçados a nos esconder, camuflar nossos poderes, enquanto esses trouxas, humanos sem magia, nos julgam como vermes... como aberrações... – então ele nessa hora começou a rir - ... sendo que eles é quem são a escória da terra!

— E desde quando... um reles bruxo pode ser comparado a uma feiticeira? – disse Morgana em tom de desafio. Harry podia observar que Voldemort não estava muito a fim de conversa, e ele, Harry, precisava aproveitar-se dessa distração e tentar remover novamente o broche e o livro de Salazar. Com certeza teria algo nele que poderia acabar com isso.

— O que pensa que está fazendo? – sussurrou Sarah encarando o garoto.

— Vou tentar pegar o livro do Salazar... - disse ele.

Harry foi se esgueirando o máximo que conseguiu, mesmo com os protestos de seus amigos. Enquanto isso podia-se ouvir a conversa cautelosa de Voldemort com Morgana.

— Não sou um mero bruxo comum... – disse Voldemort tentando visivelmente não perder o pouco de paciência que lhe restava. - ... sou temido pela comunidade bruxa tanto quanto my lady, assim me chamam My lord. Meus súditos compartilham o mesmo objetivo que nós, expurgar os humanos e subjuga-los a escória da terra assim como devem ser. – então com a mão livre, o bruxo fizera um floreio e o livro negro dos mortos apareceu em sua mão. Pôde perceber que Morgana lançara um brilho no seu olhar gélido e rubro quando o vira em suas mãos. – Creio que vem procurando isso a muito tempo, não é?

Morgana dera mais um passo adiante na fonte, ainda desconfiada de algo, porém, a confusão que se instaurava ao redor, a fez fazer um movimento com as mãos. Era como se o tempo tivesse parado, exceto ao redor dela.

— Como um mero bruxo sem talento pode ter conseguido o livro dos mortos que nem Merlim em seus bons tempos conseguiu? – disse ela sem rodeios.

— Com certeza esse mero bruxo tem algum talento o qual Merlim não tinha... – respondeu Voldemort.

— Ha! Não me faça rir... – respondeu Morgana - ... Merlim podia ser um débil, e particularmente ridículo quando o assunto eram os seres sem magia, mas ele não era nem um pouco desprovido de talento...

Harry que estava a meio caminho e pegar o broche e o livro de Salazar debaixo da fonte parou a poucos metros. Cautelosamente ele retirou os itens debaixo da esfera que ainda pulsava como se fosse um coração extremamente grande. Nada aconteceu ou mudou. Quando vira o livro dos mortos nas mãos de Voldemort.

— Tempos diferentes... – disse o bruxo sem perder a linha - ... Merlim fora sim um bruxo muito talentoso e experiente, mas não tinha recursos que meu tempo me dispõe...

O olhar de Morgana, Harry pode perceber voou como uma lança na direção de Voldemort. Não sabia dizer o que exatamente a bruxa havia entendido das palavras do bruxo, mas pode observar que agora pequenos pontos de luz começavam a pipocar no meio do festival. A cavalaria estava chegando. Bruxos com vários uniformes coloridos começaram a aparecer entre os presentes e combates cintilavam entre membros do ministério, e bruxos das trevas. Harry pegara Sarah pela mão, assim como Ron com Hermione e tentaram procurar um lugar onde pudessem se proteger, mesmo porque, em meio aquela chuva de feitiços, algo começou a crescer das mãos de Morgana.

Com apenas um aceno de suas mãos, os olhos da bruxa começaram a emanar um brilho vermelho sangue. Uma escuridão começou a brotar do alto da montanha e se estender pouco a pouco sobre o campo. Com outro movimento do olhar, algo invisível pareceu atacar Voldemort que fora pego de surpresa. Suas mãos largaram o livro dos mortos que caíra na grama com um baque surdo.

Obviamente Morgana não estava nem um pouco a fim de dividir glorias com Voldemort, ou assim como Salazar, ele queria apenas que ela seguisse suas ordens e depois, a mataria.

— Tolo... pensa que podes me dizer o que fazer? – a voz de Morgana ecoou sobre a escuridão. – Eu sou o caos, eu sou a escuridão!

Rapidamente uma sucessão de raios começou a partir da escuridão, Harry não sabia dizer se eram feitiços, ou era alguma descarga elétrica. Apenas vinha de todas as direções. Levou algum tempo para que ele percebesse que eram Morgana e Voldemort duelando.

— Temos que pegar aquele livro! – disse Hermione para Harry. – Deve ter algum jeito de mandá-la de volta de onde veio!

— Mas como? – perguntou Ron.

— Accio! – disse Sarah com a varinha apontada para o livro, mas este apenas tremeu, virou e não voou até ela. – Deve ter alguma magia muito forte, o feitiço convocatório não funciona.

— O jeito é ir até lá e pegar! – disse Harry.

— Você enlouqueceu? – disse Sarah – Os dois estão praticamente tentando provar quem é mais forte, se algum dos feitiços deles...

— Eu consigo! – disse ele com um sorriso. Harry queria passar uma confiança que na verdade ele não tinha.

Harry respirou fundo. Sabia o que tinha de fazer mas não tinha a mínima idéia de como iria executar o plano. O livro dos mortos era a sua única esperança, não sabia o que havia nele, mas se fora capaz de trazer Morgana a vida, possivelmente podia manda-la de volta. O pior que nessas horas nem mesmo Hermione tinha certeza sobre isso. E não tinham a quem perguntar.  Lentamente se arrastou até a primeira pilastra, Morgana acabava de jogar mais uma saraivada de raios púrpura para cima de Voldemort que sem dizer uma única palavra acabou por defender-se como podia.

— Pode tentar se defender... mas não é tão bom assim a ponto de se proteger do meu poder! – dizia Morgana. Novamente sem ajuda de varinha alguma ela apenas meneou as mãos, e uma nova rajada do que parecia agulhas de gelo mágica voaram para cima de Voldemort.

— É realmente uma pena como quis testar meus talentos em uma batalha... – falava Voldemort agora erguendo sua capa como um escudo - ... poderíamos ter nos tornado muito poderosos juntos...

— Não existe poder compartilhado! – disse Morgana novamente. – Somente existe o Poder!

Harry já tinha ouvido essa mesma frase sair da boca de Voldemort, obviamente ele estava enfrentando a si próprio, só que do sexo feminino agora. E o garoto tinha sérias suspeitas se ela não era ainda mais cruel que ele. Aproveitando que Voldemort estava defendendo-se fervorosamente de Morgana, Harry esgueirou-se até o concavo da fonte. Morgana agora estava mais a frente enquanto o livro ainda continuava caído a sombra da pilastra a frente de Harry. Se ele conseguisse chegar até lá, poderia pega-lo.

Foi então que algo grande e animalesco atravessou o campo, com vários camponeses pendurados a ele. Parecia um trago mas Harry jamais havia visto um daquele tipo. Vassouras deram rasantes lançando feitiços sobre ele mas não pareciam fazer efeitos. Um desses feitiços acabou acertando o livro que voou para junto de Harry. Ele o pegou mas assim que o fez, ouviu o grito de Voldemort.

— NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!

Morgana que até então não tinha notado a presença do garoto, rapidamente virou-se para ele.

— Ora... ora...  – Disse ela. Seus olhos praticamente brilhando com crueldade - ... não vai me dizer que pretende usar esse livro contra mim não é meu rapaz...

Harry dera um passo involuntário para trás, praticamente na mesma hora em que um brilho verde acertou Morgana a fazendo voar para dentro da fonte. Ele mais que depressa pegara o livro e correu entre meio as pilastras enquanto mais raios verdes e o grito de Voldemort ecoavam atrás dele. Enquanto corria sem rumo em meio as pastagens, Harry só tinha uma coisa em mente, precisava saber o que havia naquele livro. E pra isso precisava de um lugar longe, mas onde? Foi então que sentiu alguém lhe puxando para trás de uma tenda. Sua primeira reação foi tentar se livrar da pessoa mas, a voz lhe fez ver quem era.

— Sr. Potter!

— Professora Minerva? – disse ele com surpresa.

— Não é hora para perguntas... – agora era Kingsley Shacklebolt quem tomava a palavra - ... temos um problema e dos grandes para resolver aqui...

— Achamos que esse livro pode mandá-la de volta, mas não sabemos como... – Disse Harry na esperança de que alguém soubesse alguma coisa sobre aquele livro.

— Dumbledore nos disse que isso poderia acontecer... – disse Kinsgley. 

— Como você disse Kinsgley... temos problemas e dos grandes para resolver... – disse Minerva. Nesse meio tempo Hermione, Sarah e Rony os encontraram.  - ... e no momento é como tira-los daqui em segurança.

— Mas podemos ajudar... – disse Hermione.

— Admiro e muito esse seu senso de empatia Srta Granger... – disse professora Minerva – Mas não acho que duelar com uma feiticeira com mais de mil anos seja algo que uma adolescente de 17 consiga fazer... eu com meus tantos anos não tenho ideia de como detê-la sem virar pó.

— O livro não pode ajudar? – perguntou Sarah.

— Se você souber ler hieroglifos... – disse Ron já folheando o livro.

— Ou souber o feitiço correto! – todos olharam para frente, Voldemort estava a poucos metros deles.  – Passem o livro para cá.

— Sem chance... – disse Harry.

Com um movimento rápido Voldemort lançara um feitiço que fora rapidamente repelido por McGonagall. Outro movimento de Voldemort e agora Kingsley defendia. Sem dizer uma única palavra, Minerva gesticulou rapidamente com a varinha tentando congelar o feitiço de Voldemort, o qual foi repelido para a fonte. Contudo, foi quando atrás de Harry, algo de repente espirrou na Fonte da Lua. Harry olhou para ela, seus sentidos aguçados em um estado de alerta quase doloroso, e viu ondas caindo na borda do espelho d'água. A água batia nas bordas, tornando-se agitada e áspera, como se algo grande estivesse subindo logo abaixo da superfície. Membros do Ministério agora estavam circundando o local da fonte, parecia que os comparsas de Voldemort ou tinham fugido ou se dissipado. Bruxos montados em vassouras também estavam a postos.

A multidão já ansiosa recuava ainda mais, pressionando inutilmente umas contra as outras, enquanto a água começava a escorrer pela borda da fonte, caindo em cascata pelo estrado e respingando no chão. Então, com um grito profundo e doloroso, as próprias pilastras começaram a tremer, a inclinar-se, a inclinar-se...

 - Atrás de mim! – Professora McGonagall rosnou com urgência, movendo-se para ficar entre os alunos e a fonte, com a varinha erguida. Kingsley rapidamente fizera o mesmo tentando o mais que podia leva-los para longe da fonte.

No estrado, a primeira pilastra tombou, tombando para frente e caindo na borda da fonte. A segunda também tombou, assim como as outras como uma espécie de dominó. A água continuou a escorrer e a cair em cascata sobre a borda da fonte. A própria água da piscina se transformou em uma espécie de protuberância verde e brilhante. E então, massivamente, a protuberância explodiu, expelindo uma figura feminina alta, aparentemente completamente composta de água corrente. A água da fonte caiu dela e ela começou a se solidificar, mesmo quando deu um passo à frente, saindo da fonte e dando o primeiro passo no estrado molhado.

 - Boa noite a todos! -  A mulher aguada anunciou, sua voz retumbante ainda gorgolejando levemente. Morgana parecia estar ainda mais viva. - Espero que todos estejam se divertindo!

Um bruxo uniformizado com uma túnica púrpura disparou. Seu raio de magia passou direto pela figura cintilante, explodindo em prismas ao fazê-lo. A mulher estendeu a mão preguiçosamente, quase casualmente, e ela se transformou em um tentáculo de água se contorcendo. Ele se desenrolou pelo salão e atingiu o bruxo onde ele estava. Desta vez ele bateu numa barraca e quebrou-a ao meio, fazendo com que seu conteúdo explodisse em todas as direções com uma finalidade horrível. A multidão amontoada se encolheu, gritou e se dispersou barraca quebrada. O bruxo não fez nenhum movimento para se levantar.

— Ora, ora...  -  disse Morgana, descartando a violência repentina e descendo para o andar principal. – Como eu tinha saudades dessa recepção calorosa... pena que somente agora é que notaram a minha chegada... E eu sei que também sentiram minha falta.

A atenção agora já não era mais para os céus, e sim para a figura de Morgana que parecia tão poderosa e maligna quanto antes, se não mais. O povo que estava mais próximo acabou esquecendo-se da confusão quando a viu brotando da água.

 - Muito bem... -  a figura aquosa concordou, finalmente solidificando-se completamente na forma que todos ali mais temiam ver. Morgana estava resplandecente em um longo vestido verde água, suas saias cobertas de vieiras justas e seu corpete sem mangas incrustado com diamantes brilhantes. Seu espesso cabelo ruivo estava preso em um coque alto e severo. Obviamente agora contente de ter toda atenção voltada para sua pessoa - ... Obviamente se regressei para esse mundo, tem chegado a hora da supremacia mágica, tomar seu devido lugar no poder...

— Devo concluir que esse poder... não deseja ser compartilhado... depois de todo esse tempo presa nas profundesas da escuridão... - Voldemort disse, afastando-se ligeiramente de Morgana, movendo-se para um espaço aberto no meio do campo. Harry observou isso com cautela, recuando e empurrando Sarah, Hermione e Ron para trás dele.

 - Escuridão? - Morgana pressionou, oferecendo a Voldemort um sorriso desarmante. – Não... não era escuridão... na minha opinião... isso... – ela então meneou os braços no ar – é que é uma escuridão...

Quando ela o fez, com a mão direita, os dedos estendidos para Voldemort. Uma lança de luz azul esverdeada riscou o ar. Voldemort desviou, mas foi forçado a recuar um passo no processo.

 - Que pena que não está interessada em conversar... - ele disse fingindo uma falsa  simpatia, mas com um pouco mais de cautela. - Faz tanto tempo...  achei que pudessemos colaborar um com o outro, afinal, sei que precisa de um certo livro para fazer de seus planos realidade...

— Hummm... – gemeu Morgana encarando Voldemort, seus olhos ainda fixos no livro que estava nas mãos do bruxo.  – Faz tanto tempo que não tenho uma boa diversão... talvez possa você possa me divertir.... quando meu apetite por destruição estiver saciado.

 - Estou apenas tentando colaborar com seus planos... - disse Voldemort calmamente, com o rosto marcado por uma determinação sombria. -  Você ama a morte. E eu a darei a você, começando pelo garoto que está com o livro...

— Isso é confuso... - disse Morgana, franzindo a testa de brincadeira.  - Afinal, você acabou de tentar me matar... E se não me engano, teria conseguido se eu fosse uma feiticeirazinha comum...

— Como disse antes... – disse Voldemort - ... você me atacou primeiro...

— Como um “lord” pode ter tanto medo de enfrentar um garoto! – disse Morgana agora encarando Voldemort. Seus olhos parecendo chamas. O sorriso de cautela de Voldemort sumiu de sua face pálida – O que ele tem de tão especial assim para que você possa teme-lo?

— Eu não tenho medo desse garoto! – esbravejou Voldemort.

— Não é o que parece... – disse Morgana, seu sorriso demoníaco lançando um olhar para trás onde Harry estava com o livro.

Voldemort então atacou novamente, usando as próprias mãos para lançar outra salva de agulhas brilhantes em seu inimigo. Morgana desviou, desta vez com uma risada. Ela revidou, girando e disparando um raio roxo brilhante em Voldemort. O bruxo estava preparado, abaixando-se e conjurando um escudo brilhante. O raio de Morgana atingiu o escudo e o quebrou, mas Voldemort desviou-se, esquivando-se para a esquerda.

— Isso é inútil! - Morgana chamou, ainda rindo. - Continue assim por muito mais tempo e você perderá toda a diversão!

Rapidamente, Voldemort virou-se no mesmo lugar, formando uma pirueta graciosa e, em seguida, agachando-se repentinamente, com o braço esquerdo levantado e o direito apontado para Morgana, com a palma para cima. Acima dela, todo o ar girava, condensando-se em um ciclone denso e se lançavam como uma flecha na direção da mulher vestida de verde.

Morgana cruzou os braços nus formando um X diante do rosto e depois abriu os braços novamente. A flecha de ar condensadas se estilhaçou, espalhando o que parecia ser cacos de gelo por todo o lugar

Voldemort já estava se movendo novamente. Gesticulando com as duas mãos e a varinha, ele levitou duas mesas abandonadas, uma de cada lado. As toalhas de mesa tremulavam e o conteúdo flutuava sobre elas, formando coroas de talheres e pratos brilhantes. Com um movimento de cada pulso, Voldemort jogou as mesas em Morgana. Eles deslizavam pelo ar como lâminas de serra, cercados pelos borrões giratórios de seus talheres.

Morgana bateu palmas e as mesas se chocaram como pratos, quebrando-se em dezenas de pedaços e espalhando-se pelo chão entre ela e Voldemort.

 - Isso é inútil.... - ela cantou, e ainda assim, ao ouvido de Harry, ela parecia um pouco sem fôlego. Quase parecia que Morgana estava na defensiva.

Voldemort atacou novamente. Levitando a estátua do Sr. Feudal, ela bateu em Morgana que partiu-o em dois antes que pudesse atingi-la, depois separou as duas metades, jogando-as uma de cada lado do campo. O coque de seu cabelo estava ficando desfiado, porém, e apesar do sorriso, seus olhos estavam assombrados, selvagens, dançando com raiva crescente. Agora, era Morgana quem circulava, esgueirando-se pela clareira no centro campo enquanto Voldemort a perseguia.

—  Você sabe... -  Morgana o chamou, com a voz embargada.  - Estou começando a duvidar da sua determinação! Ora, não acredito que você pretenda assassinar tantas pessoas, afinal!

—  E porque duvida? - Voldemort sibilou calmamente – Eu lhe disse My Lady, não quero sua destruição, apenas sua colaboração.

— Uma vergonha! Se quisesses realmente matar já o teria feito....- Morgana respondeu, ainda se afastando de Voldemort, circulando, aproximando-se de Harry mais uma vez. – Que pena... Pois eu estava realmente gostando deste pequeno concurso...

 - Acho que não... – disse Voldemort calmamente - ... se quisesse realmente me matar já o teria feito... ou, não tem tanto poder quanto diz que tem...

— Ah, é o que achas? -  Com isso, Morgana atacou primeiro e com a velocidade da luz. Ela não atacou Voldemort, entretanto. Harry ofegou e cambaleou para trás quando uma lança de água passou por ele, fina como uma lâmina e brilhando como gelo, emanando do dedo indicador esquerdo de Morgana. Ele se virou para seguir a mira dela e viu o dedo de gelo apunhalar o ombro de Sarah, logo acima do coração. A força bateu com as costas contra a parede de pedra, mas não permitiu que ela caísse. Ela se pendurou na lança gelada e brilhante, presa à parede por ela, enquanto o sangue começava a brotar em sua camisa. Ela olhou para ele, seu rosto era uma máscara de pura surpresa.

— NÃOOO!!!  -  Uma voz gritou de raiva e dor. Harry ficou surpreso por não ser o seu. Ele se virou, com os sentidos entorpecidos pelo choque, e viu McGonagall caminhando em sua direção, o rosto contorcido. – Sarah! - ela gritou, levantando a mão em direção à garota sangrando.

Morgana atirou em McGonagall com a mão direita, aproveitando a distração. Harrry bloqueou isso, mas de forma ineficaz, a força com que a feiticeira colocara no golpe fora tamanha que ele mal conseguiu segurar a varinha. McGonagall com uma mão, ainda estendendo tentando estancar o sangue no ombro de Sarah, e com a outra, tentando se defender. Morgana riu estridentemente e atacou novamente, desta vez destruindo as defesas de McGonagall. Uma terceira explosão de luz branca explodiu contra o lado de McGonagall, derrubando-a e jogando-a contra a barraca ao lado ou o que tinha sobrado dela. Contudo Harry já estava em pé, não ia deixar aquela bruxa fazer o que queria no seu mundo. Independente se tivesse de ajudar Voldemort ou não.

 - Que vergonha! - Morgana repreendeu, sua mão esquerda ainda estendida em direção a Sarah, mantendo a lança de gelo que a empalava.  - Uma batalha de titãs, arruinada pela mais enfadonha de todas as fraquezas: o sentimentalismo. Estou sinceramente decepcionada…

Enquanto falava, ela se aproximou de McGonagall, que lutava para se levantar, atordoada. Morgana ergueu o braço direito, estendendo-o em outro tentáculo aquático. Ele serpenteou em direção de Minerva, enroscou-se em torno dela e ergueu-a no ar. A professora franzina lutou, mas suas mãos passaram direto pela forma aquosa. Em segundos, o tentáculo transformou McGonagall em uma espécie de casulo líquido e vivo, envolvendo-a completamente. Morgana gargalhou de alegria, alta e vítrea, observando McGonagall se debater, seu cabelo flutuando sobre ela na bola de água rodopiante, suas bochechas salientes, segurando todo o ar que podia.

Morgana puxou o braço, quebrando o contato com a prisão aquosa de McGonagal e, ao mesmo tempo, fazendo-a congelar. A enorme bola de gelo caiu no chão, sólida como pedra, nublada tão densamente que a própria Minerva mal era visível lá dentro.

 - Espero que você pelo menos aprecie a ironia -  Morgana sorriu, inclinando a cabeça para a bruxa congelada à sua frente.  - Você,  não é a única que pode usar o gelo como arma.

Com isso, Morgana retirou a lança gelada do ombro de Sarah. A garota caiu no chão, o sangue escorrendo livremente pelo lado direito, o rosto pálido e manchado. Hermione e Harry correram até ela, ajoelhando-se ao lado dela e segurando-lhe as mãos, uma de cada.

 - Oh! -  Morgana disse, virando-se para eles e colocando a mão em seu rosto. -  Sinto muito, Harry Potter. Eu matei sua namorada foi?

— Sarah! - Harry gritou com urgência, segurando a mão dela. – Me diga que você não está morta!

— Você acha que um espeto de gelo vai me deixar de fora da formatura... está muito enganada! -  Sarah sussurrou fracamente.

— Pressão é o que ela precisa... – Kingsley disse baixinho, tirando a manta de seu pescoço -  Vi relatórios de lesões suficientes no escritório de advocacia do velho para aprender algumas coisas. Amasse isso e segure-o com força contra o ferimento. Ele mesmo fez isso, acenando para Hermione ajudar.

— Precisamos conseguir a ajuda dela imediatamente -  disse Ron, com a voz baixa e furiosa enquanto pressionava o pedaço de tecido contra o ombro de Sarah.  - Não podemos deixar isso acontecer assim…

Harry assentiu impotente, sabendo que havia muito pouco que pudessem fazer.

 - Tão nobre! - Morgana assentiu. - Tão dramático... Dói você saber que não há esperança? Hum?

Harry olhou por cima do ombro para ela. Ela sorriu para ele.

Com um movimento ainda mais rápido, um dos seus tentáculos de água agarrou Voldemort pelo pescoço o levantando no ar. Era obvio que ela não estava nem um pouco a fim de dividir o poder.

— Enfim é chegada a hora... – disse ela olhando para o céu agora tomado de escuridão. - ... conseguem sentir?

Voldemort ainda se contorcia, assim como Minerva, ele não conseguia se desvencilhar dos tentaculos aquosos de Morgana. Com a mão livre ela simplesmente conjurou o livro dos Mortos da mão de Hermione.

— Devolva-me o que me é de direito... – disse ela. Assim que o livro chegou a suas mãos, um novo redemoínho de vento passou a circular a feiticeira enquanto ela ia andando até o local onde estava antigamente o  castelo. - ... e se tiverem um pingo de juízo, não tentaram me impedir...

Harry não deu ouvidos a feiticeira. Estava tão cego de dor por se sentir impotente que mal via o que estava acontecendo a sua frente.  

— Tentem ajudar Sarah... – disse ele encarando Hermione e Ron - ... tenho de impedir essa louca de concluir o feitiço!

— Você viu o que ela fez com a McGonagall! – disse Hermione preocupada.

— E com o Voldemort também! -  disse Ron – E eles são os melhores que temos!

Harry apenas dera um sorriso e olhou para o redemoínho que cercava Morgana enquanto ela praticamente arremeçara Voldemort sufocando em um tentáculo de água o enviando para longe. Não tinha muita opção se não tentar segui-la. Embora soubesse que possivelmente seria jogado para fora do alcance com um simples sopro da feiticeira. Mas não podia deixar as pessoas morrerem, não assim. Virou-se e sem pensar muito começou a correr, saltou sobre a fonte, e seguiu a ventania. Tomando todo o cuidado para que não fosse notado pela feiticeira, ele aproveitou quando o redemoínho abriu para que ela passasse para se jogar praticamente dentro do olho do furacão. Enquanto ela andava para o centro do castelo onde magicamente havia uma luz branca e uma espécie de altar. Harry rapidamente se colocou atrás de um grande bloco de pedra.

Ele tinha a mais absoluta certeza de que ela sabia que ele estava ali, mas ou não estava ligando para um mísero garoto intrometido, ou realmente não o tinha notado.

Morgana então se postrou no meio do centro onde estava a luz. Um pupto de pedra se materializou em sua frente onde ela apoiou o livro. Assim que o fez, o mundo pareceu parar de girar. O vento que os circundava pareceu parar, era como se Harry estivesse no vazio. Em sua mente, o garoto só tinha um único objetivo, tentar impedir a bruxa de terminar seu ritual fosse como fosse. Nem que para isso morresse. Mas como? Tecnicamente ela tinha sido uma grande feiticeira, a julgar pelo que ele tinha ouvido da boca do próprio Salazar Sonserina, ela era a meia irmã de Merlim! Ou seja, o DNA mágico não era tão diferente do dele.

A feiticeira então começou a entoar uma canção. Ele não tinha idéia se aquilo fazia parte do feitiço ou era apenas uma dramática encenação do que estava por vir. Arriscou dar uma olhada por trás da pedra e a viu andando em um círculo maior, ao redor de onde estava o livro enquanto cantarolava em uma língua a qual ele não tinha idéia.

A cada passo que ela dava, um brilho azul celeste saia do chão, era como a cada passo, algo se formava. Em poucos minutos havia um círculo de luz azul celeste brilhando do chão de terra. Ela então abriu os braços e a terra ao redor tremeu. As luzes se tornaram mais fortes e ao redor desse círculo de luz, um novo circulo de pedras, como um pequeno muro de cerca de dez centimetros de rocha apareceu.  Com passos no que parecia ser movimentos de dança, Morgana começava a circular novamente onde o livro dos mortos estava. As luzes que antes eram azuis celestes começaram a se tornar um tom arocheado enquanto a cada movimento dos braços de Morgana, uma chama a mais aparecia entre os dois círculos.

Harry olhou para cima quando um clarão como relampago iluminou o lugar. Sob sua cabeça núvens ou fumaça começava a circular de forma desordenada. Como se um temporal sem som começasse a tomar forma. Ele precisava fazer alguma coisa para impedir, mas o quê? Nenhum de seus feitiços seria forte o suficiente para atordoar uma bruxa com mais de mil anos. Ainda mais, a única que foi capaz de duelar com Merlim.

Mais um movimento com os braços e outro círculo agora de fogo explodiu levemente na outra extremidade do local.  Aos poucos onde antes havia tido um castelo, agora era um círculo de rochas perfeito. Cada uma com uma chama no topo. Fora então que ele ouviu.

— Harry James Potter.... Eu sabia que nos encontraríamos. Saia. Não há necessidade de se esconder.

Harry não conseguia se mover. Seus olhos se arregalaram na escuridão. Não foi só porque ele foi pego. É que a voz estava toda errada. Ele esperava a voz de Morgana, a qual ele já estava “habituado” por assim dizer. Mas essa voz era diferente. Era mais profunda, mais cruel, com um toque de grunhido provocador.

—  Não há necessidade de temer, Sr. Potter -  disse a sombra.

          O garoto olhou em volta, não tinha para onde correr. Primeiro porque estava cercado por chamas agora. Segundo, ele não tinha a mínima idéia de como ela o conhecia. Ouviu Lucius em forma de Ministro falar coisas sem sentido, sobre uma chave mas, ele não tinha a minima idéia do que era isso.

— Por favor, não vamos ficar presos à formalidade. Somos como os amigos mais próximos e os confidentes mais profundos. Você não precisa hesitar na minha presença.

Harry sabia que não podia ficar escondido, ela realmente havia notado sua presença mas porque não o tinha atacado, isso era um verdadeiro mistério.

 - Pergunte o que quiser, Sr. Potter -  disse Morgana enquanto sacudia as mãos, convocando alguma coisa pelo que ele pode perceber. Uma enorme pedra elevou-se sem esforço, brilhando na escuridão, e a seguiu até o centro dos círculos -  Não é preciso ser um especialista em adivinhação para saber que você está simplesmente cheio de perguntas.

Os lábios de Harry permaneceram fechados. A verdade é que ele estava tão cheio de perguntas – e receoso – que se sentiu completamente frustrado. Finalmente, quando Morgana virou-se para ele, uma pergunta veio à tona em sua curiosidade.

— Porque está querendo fazer isso? – disse ele sem rodeios.

Morgana sorriu, virou-se para onde estava o livro dos mortos e então começou a folhea-lo.

— Direto à raiz da questão - ela acenou com a cabeça -  Sua franqueza é uma de suas características mais fortes, Sr. É um presente, realmente.

— Que bom que podemos ser francos então... – disse ele tentando tomar o máximo de cuidado com as palavras. Morgana pelo que ele tinha visto com Voldemort não era exatamente alguém com quem se pudesse ter uma conversa franca, aliás, era mais do tipo de bruxa de quem devia obedecer. - Qual é o objetivo? Quer dizer, me sinto meio mal pelo que aconteceu com você e tudo...

—  Tut – Morgana disse erguendo um dedo sem olhar para Harry fechando os olhos e levantando a mão magra. - Você me entendeu mal, Harry. Você realmente pode tentar ser um pouco mais lógico. É uma coisa símples meu caro jovem inesperiente.

Harry tentava frustradamente pensar no que a bruxa queria dizer com aquilo, como ela o conhecia, bem ele não tinha a mínima idéia. Talvez era capaz de ler mentes? Foi então que algo lhe ocorreu.

— Você queria que eu conhecesse sua história porque isso deixa nós dois empatados. Sem segredos. – disse o garoto finalmente.

 - Precisamente... - Morgana assentiu. - Eu não preciso de sua simpatia, Harry. Nem de mais ninguém. Não invejo mais meu destino. Não, na verdade, eu aceito isso. O simples fato é que não sofro da maior falha do meu “benfeitor”: Merlim, veja bem, era um lendário guardião de segredos. Ele os escondeu daqueles que mais mereciam sua confiança. Se Merlim tivesse sido totalmente honesto comigo, as coisas poderiam ter sido diferentes. Ora, Merlim poderia até ainda estar vivo. – Harry pode perceber pela pausa de Morgana, seu rosto ficando ligeiramente nublado com a ideia. Depois de um momento, ela se sacudiu.  - O que quero dizer é o seguinte: O tão fabuloso Merlim passou a vida inteira escondendo muito e revelando pouco. Eu não sofro desse erro. Eu expus meu passado completo para você, Harry. Como sinal de confiança. De equilíbrio. Por que você acredita que é importante para mim que eu desfaça os erros do meu irmão e inimigo?

Morgana virou-se de Harry, erguendo as sobrancelhas curiosamente e o garoto percebeu o que ela estava tentando lhe dizer.

— Você usou de Malfoy e Corner para que eu soubesse sobre sua história... – disse ele finalmente - ...com isso, suponho que assim como o Merlin precisava de você, você precisa de... Mim?

O assombro dessas palavras saindo da sua própria boca fez Harry ter arrepios, ele ter ido atrás dela no meio do furacão, fazia tudo parte do plano?

  - Rodas dentro de rodas, a história se repetindo e tudo mais. – disse ela voltando sua atenção ao livro – Bem... “necessidade” é uma palavra bastante forte. Mas acredito que, mesmo assim, você chegou ao cerne da questão, e não estou surpresa. O tempo, Harry, é um círculo. Você é muito jovem para saber disso, mas o passado se repete o tempo todo, indefinidamente. Até os não mágicos entendem isso... – ela então olhou novamente para o céu divagando - ...Eles têm um ditado: quem não estuda história está fadado a repeti-la. Mas esta é uma ideia falha. Os mais sábios... – então ela olhou para ele com um sorriso – assim como eu.... não hesitam em repetir a história. Eu procuro reconhecer os padrões e não apenas repeti-los, mas aprimorá-los. Merlim e Baltazar foram o primeiro ciclo. Você e eu, Harry, somos o segundo. Não devemos cometer os erros que eles cometeram. Fiz minha parte ao não esconder meu passado de você, como Merlim fez comigo na minha época. Da mesma forma, espero que você faça um esforço para não repetir os... erros que eu cometi ao pensar que todos compartilhavamos dos mesmos objetivos.

A mente de Harry estava girando. E sabia que a carranca em seu rosto parecia permanentemente estampada ali.

 - Eu... -  ele balançou a cabeça preocupado.  - Eu não sei o que você quer dizer. O que eu deveria fazer?

— É simples, meu querido menino... – disse Morgana com um tom maternal difícil de engolir -  Você começou a se opor a mim. Você não sabe, mas é verdade. Você seguiu minhas pistas até a época dos fundadores, descobriu algum pequeno canto do meu plano e tentou revelá-lo aos poderes constituídos, por todo o bem que isso fará. Não é assim que deveria acontecer, meu jovem amigo. O destino tem um plano diferente para você. Todos nós temos nosso papel a desempenhar. Devemos melhorar a história, não frustrá-la. Não devemos cometer os mesmos erros que Merlim e Baltazar.

Harry balançou a cabeça novamente, desta vez com mais firmeza. - Mas que erro eles cometeram?

— Dadas as circunstâncias... – Morgana assentiu - Isso foi, lamentavelmente, necessário. Horvath por exemplo sofria de delírios de grandeza paralisante. Ele havia se tornado uma caricatura, um megalomaníaco. Ele havia esquecido seu verdadeiro propósito por conta do seu amor... e, portanto, tornou-se um risco. Observei tudo isso, sabia como iria terminar, mesmo sem a ajuda de minhas adivinhações. O ciclo não estava pronto para ser concluído depois desses anos todos tenho de reconhecer que era jovem demais e cometi um grande erro. Mas agora, o ciclo recomeçou. Agora, isso será realizado como deveria ter sido naquela época. A estratégia de bruxos visionários, embora mal compreendidos, desde o próprio Salazar Slytherin, finalmente será concretizada.

Um calafrio percorreu as costas de Harry, instalando-se em seus pés e transformando-os em blocos de gelo. Não pela primeira vez, ele ansiava pelo conselho firme de Dumbledore, cuja visão de mundo sempre pareceu tão confortavelmente simples, embora frustrantemente preto e branco.

— Mas... você está falando sobre destruir o mundo conjurando bruxos mortos... e dominar o mundo trouxa!

— Meu querido Harry... - Morgana balançou a cabeça e riu. -... Veja, você já começou a cumprir o papel que o destino determinou para você. Assim como Baltazar foi fundamental para Merlim, você também está destinado a caminhar ao meu lado, para ajudar a trazer o mundo mágico à sua tão esperada era de ouro.

O garoto não tinha idéia do que fazer, como ele poderia ser parte de algo desse nível? Ele não tinha nada demais, a não ser o elo com Voldemort e a maldição da morte. Mas isso tinha ficado para tráz quando sabe-se lá como, a ligação foi cortada entre os dois. Ele não queria imaginar em como o bruxo das trevas havia feito isso.

— Eu não vejo isso como algo que vale a pena se gabar... – disse ele firmemente. – Porque destruir as pessoas...

O rosto de Morgana escureceu enquanto Harry falava.

— Agradecerei se não usar minha generosidade contra mim, Sr. Potter -  disse ela friamente.  - Eu compartilhei minha história com você para provar minha honestidade. Não para lhe proporcionar a ilusão de que podia me julgar. Já lhe ocorreu que Salazar estava, de fato, certo? Foi o próprio Albus Dumbledore quem cunhou a frase “para um bem maior”. O homem que você reverencia, que vem de um passado sombrio juntamente com um dos maiores bruxos Gellert Grindewald,  sabia que o verdadeiro destino dos bruxos era governar. Elevar-se a uma posição legítima de superioridade sobre o mundo trouxa, não como um tirano - tal foi o erro desse Lord Voldemort - mas como um pastor. Um guardião. E sim, um diretor. Este é tanto o fardo quanto a glória da humanidade bruxa. Para o benefício dos trouxas e também para o nosso. Afinal, eles precisam de nós. Até agora falhamos com eles. O jovem Dumbledore estava certo. Certamente você deve ver isso.

Harry balançava a cabeça lentamente enquanto Morgana falava, com a testa franzida.

— Dumbledore mudou de ideia. Ele ficou mais velho, mais sábio. Ele sabe que se o mundo bruxo chegasse ao poder sobre os trouxas, esse poder seria corrompido. Os tiranos assumiriam o controle. Ninguém consegue lidar com tanto controle sem abusar dele.

— Isso é o que você aprendeu meu caro menino... -  Morgana assentiu.  - E via de regra, é verdade. Mas há um grupo seleto de nós para quem tais axiomas não se aplicam. Para este grupo único, é nosso dever provar a regra… sendo a sua exceção.

 - Então é esse o plano... - Harry disse enfiando a mão no bolso em busca da varinha.

 - Revoluções são matemática simples, Sr. Potter... -  Morgana baixou a cabeça encarando o livro onde parecia que finalmente havia encontrado o que procurava.  - O vencedor é sempre aquele que está disposto a fornecer o número certo de vítimas. O despertar é uma arma misteriosa e covarde – disso não há dúvida. Mas a sua grandiosidade negra é o que o torna tão eficaz. Melhor um ataque único, eliminando toda a oposição de uma só vez, do que uma guerra interminável, repleta de vítimas involuntárias, espectadores inocentes e infelizes escudos humanos. Afinal, é assim que os líderes humanos mantêm a ilusão de superioridade: não sendo os mais poderosos, mas escondendo-se atrás do maior número de soldados. Se você pensar bem, meu plano é mais do que humano. É nossa responsabilidade moral.

— Você está completamente louca... - Harry balançou a cabeça lentamente. -Você não está apenas planejando matar líderes mundiais trouxas. Você matará todo mundo!

— Infelizmente, o câncer também se espalhou para os bruxos, Harry. - Morgana assentiu, fazendo uma careta.  - Mas mesmo entre os bruxos, os líderes governamentais são simplesmente as ferramentas nas mãos da população. Se uma ferramenta deixar de desempenhar a sua função, deve ser destruída e substituída.

Harry recuou um pouco, lentamente, a mão direita ainda enterrada nas vestes, em punho na varinha.

 - O Despertar... - ele disse lentamente. - Então me diga, se eu vou me juntar a você, trabalhar com você... o que isso faz?

— Há uma razão pela qual eu tive que destruir aquele o qual você chamava de professor... - Morgana riu alegremente com os olhos brilhando. - Mesmo meus maiores aliados podem se tornar passivos simplesmente por saberem demais. Mesmero sabia muito, muito mesmo. Foi uma pena matá-lo, pois era uma ferramenta eficaz, mas era prudente e necessário. Se ele tivesse sido capturado, ele poderia ter revelado os mesmos segredos que você pergunta. Acredite em mim, estou lhe fazendo um favor ao não revelar os mistérios e segredos do Despertar... Além disso, você me presta um péssimo serviço. Você não pretende me ajudar, mesmo agora, mas sim encontrar uma fraqueza, tirar vantagem de mim, frustrar-me. Eu não culpo você por isso. Alianças como a nossa levam tempo.

Um pensamento ocorreu a Harry, franzindo a testa enquanto olhava diretamente para Morgana.

— Como você sabe tudo isso? Pelo que dizem... Merlin não confiava em você...

Ele esperava que Morgana ficasse brava com isso, ou chocada e surpresa. Em vez disso, a feiticeira simplesmente balançou a cabeça e riu baixinho, fechando os olhos novamente.

— Harry, meu garoto, admito que esperava mais de você. Você é inteligente. Eu forneci a você todas as peças necessárias. Tudo que você precisava fazer era colocá-las juntas. Mas talvez eu não deva culpar a sua inteligência. É preciso mais do que mera inteligência para compreender tal astúcia. Com o tempo, você poderá desenvolver as habilidades adequadas.

Morgana se inclinou para frente agora, encontrando o olhar de Harry, seus próprios olhos penetrantemente como chamas.

— Olhe atentamente para mim, Harry. O que você vê? – disse ela.

Harry olhou atentamente, semicerrando os olhos. Ele balançou a cabeça vagamente. Não tinha exatamente uma resposta para isso e fosse o que tivesse em sua mente para falar, com certeza seria a resposta que a feiticeira não queria ouvir.

— Alguém que por inveja e ciumes tentou sabotar a própria familia para escravisar os humanos. – disse ele – Não sou como você... e também... Não formarei nenhuma aliança -  finalmente tirando a varinha, trêmulo, do manto.  - Eu simplesmente não vou.

— Isso seria lamentável, Harry. Por favor, para seu próprio bem, imploro que não responda tão rapidamente. A história se repetirá, mas com mudanças sutis. Pense no passado: Baltazar foi morto no decorrer do último ciclo, abatido pela varinha de um inimigo disfarçado de amigo. Se você resistir a mim... se tentar ficar no caminho do destino... temo que desta vez você possa ser abatido pela varinha de um amigo... disfarçado de inimigo.

 - Estupefaça! – disse Harry com a varinha em punho mas com um aceno de mão, Morgana a fez voar assim como o garoto. Harry batera com tudo na outra extremidade do círculo.

— O poder pertence àqueles que não têm medo de usá-lo - disse o Morgana com aprovação, ainda de pé diante do livro dos Mortos - Você poderia aprender muito comigo, Harry. O sangue carrega suas próprias memórias, e o sangue dela é realmente muito rico. Como os de sua bela amada... ou vai me dizer que não sabe que ela descende de um grande legado mágico?

Harry encarou Morgana, a mãe de Sarah era trouxa e, até onde ela sabia, o pai era irmão da professsora McGonagall. Não tinha muito segredo.

— Ora vamos... não esta curioso?  - disse Morgana – Assim como você tem o material que é preciso para terminar meu feitiço, sua amada foi capaz de me trazer a vida... afinal... somos meio como “irmãs” agora...

Harry estudou o rosto de Morgana.

— O sangue... – disse ele finalmente. Tudo fazia sentido, o broche onde Sarah se feriu. Por isso ele não conseguia tira-lo, estava ligado a Morgana.

— Exatamente... – disse a feiticeira - ... Sua adorada amada descende das concubinas de meu irmão. As famosas “feiticeiras de Yves Wildrin”... ou ela nunca lhe contou que fora adotada quando bebê?

Isso era algo que Harry realmente não sabia, na verdade nem ele mesmo sabia se Sarah tinha alguma idéia sobre isso. Depois do feitiço do tempo, ela praticamente teve a vida apagada das suas lembranças. Então como Morgana poderia saber de algo sobre isso?

— O que você quer? – disse Harry sem rodeios.

— Tudo que eu quero, Harry... - ela sorriu.  - É a sua consideração. Sua paciência. Sua disposição em alimentar a ideia de que posso, de fato, estar certa. Você achará isso difícil de acreditar, mas não sou uma homem má. Eu própria sou simplesmente uma ferramenta nas mãos do destino, afortunada o suficiente para estar disponível neste momento tão importante e crucial da história. O que desejo de você é uma decisão: você me ajudará a avançar para uma nova era de ouro da humanidade bruxa? Ou você, como tantos outros, será esmagado pelo progresso?

Enquanto falava, Morgana virou-se e aproximou-se da mesa.

— Veja, Harry, não existe nenhum mecanismo pelo qual o ciclo possa ser interrompido desta vez. Forças além da compreensão se alinharam para garantir isso. O destino não é mais uma força muda, fria e distante. O destino é agora uma de nossas ferramentas... uma corda a ser esticada e amarrada à vontade”, ele olhou para Harry, sorrindo conspiratoriamente - ... um Fio vermelho por assim dizer, está quase ao nosso alcance, pronto para ser costurado como desejamos, formando uma tapeçaria de nosso próprio desenho.

Horrivelmente Harry sabia a que aquela figura horrível se referia. Em sua mente, ele viu o que ela queria dizer, precisavam do seu sangue. Assim como ela precisou do sangue de um descendente de Merlim para poder voltar, para trazer os bruxos de volta a vida, precisava do sangue dele. Mas porque? O que ele tinha de tão importante em seu sangue?

— Meu sangue... – murmurou ele.

Mas Morgana o ignorou. Ela se voltou para a mesa onde estava o livro e, quase delicadamente, pegou uma página do livro virando lentamente.

— Sua escolha, Harry -  ela refletiu, olhando para página do livro - ...não é se juntar a mim ou tentar me impedir. Não há como me parar agora. As peças estão quase no lugar. Os segredos do Despertar estão escondidos com segurança. O plano de anos e séculos está agora em ação. Não, Harry. Sua escolha é se juntar a mim... ou morrer.

Harry então sentiu algo laçando seus braços com tanta força o puxando para trás. Pareciam cipós vindos de algum lugar atrás das pedras. Como serpentes vivas eles o prenderam contra o que sobrara de uma pilastra. Morgana graciosamente veio andando até ele e acariciou seu rosto. Tirando sua franja da testa exibindo a cicatriz em forma de raio.

— Creio que deve estar se perguntando... – começou Morgana - ... o que exatamente meu sangue tem de especial? Bem... a principio, nada... MAS... você recebeu uma carga muito valiosa...

O garoto por mais que tentasse não conseguia se mexer, os galhos pareciam visgo do diabo. Movimentavam-se o apertando cada vez que ele tentava se soltar.

— E que “carga” seria essa? – perguntou ele tentando distraír a bruxa enquanto pensava num jeito de se livrar daqueles cipós.

— A mais pura maldade... – disse Morgana, o brilho sádico e maníaco saíndo dos seus olhos - ... uma maldição Harry... a maldição da morte.

Com uma gargalhada, ela usara sua unha para rasgar a cicatriz em forma de raio na testa de Harry. A dor que ele sentiu fora tamanha que seus olhos chegaram a lacrimejar.

As palavras de Morgana pairaram no ar como fumaça, permanecendo, ecoando na cabeça de Harry. Ele estava realmente sendo ameaçado de morte? Ele olhou para a varinha estendida a poucos metros dele, infelizmente não era tão bom com feitiços não verbais. Ou convocatórios não verbais, devia ter prestado mais atenção nisso quando Hermione chamava sua atenção.

Do outro lado do círculo porém, Morgana usava o seu sangue para enfim concluir o seu feitiço. Em sua mente ele sabia, tinha de impedir ela mas como? Estava preso, não tinha sua varinha e ainda por cima ninguém além dele estava naquele bendito círculo. Foi então que sentiu algo nas suas costas se mexer.

— Veja meu menino!!!! – disse Morgana levantando suas mãos com as palmas para cima e olhando para o céu, o cometa de duas caldas estava exatamente sobre  o livro, ela então começara a entoar um cântico que dava a Harry arrepios. Com a ponta dos seus dedos Morgana passou o sangue de Harry sobre a página que emitiu um brilho rubro e então explodiu em uma luz cegante para o céu. – Está funcionando!

Mais uma vez Harry sentiu algo se movendo em suas costas, até aquela hora ele não se lembrava da mochila que estava carregando nas costas. Na verdade era apenas uma sacola vazia, pelo menos ele achava que era. Chegou a pensar por um momento que aquilo podia ser apenas os cipós tentando aperta-lo ainda mais, até que algo sorrateiramente pareceu começar a comer aqueles cipós.

— Mas que... – murmurou ele baixinho.

Não conseguia ver o que estava roendo os cipós mas eles estavam praticamente se afrouxando e secando como se algo sugasse sua magia. Morgana estava encantada demais com o próprio feitiço para notar que seus cipós estavam se desfazendo. Como Harry ainda não sabia dizer, mas não estava ligando nem um pouco para isso. Apenas o mais silenciosamente que conseguiu deslizou para junto de sua varinha. Na hora em que o céu simplesmente dera um estrondo e um guincho ensurdecedor, tomou conta do lugar. Dezenas de listas de fumaça escura começou a brotar do céu como se fossem cuspidas pela nuvem negra que estava se formando acima deles. Harry não pensou duas vezes, precisava distraír Morgana e dar um jeito de impedir aquele feitiço se é que isso fosse possível.

— Eles estão chegando!!!! – dizia Morgana alto e sorridente. – Meus amigos, finalmente!

A núvem negra estava quase cobrindo todo o círculo quando Harry teve a mais estúpida e rápida idéia.

— Mortiferum Ignem! – disse ele com um movimento rápido da varinha em direção ao livro dos mortos. Este fora atingido por um jorro de fogo ardente tão grande que a chama se chocou com a luminosidade produzindo um som ensurdecedor e uma explosão ainda maior. Harry fora jogado para trás ao mesmo tempo que ouvia o grito aterrorizante de Morgana.


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