A Sociedade Perfeita escrita por fhyuvdkmchjk


Capítulo 2
A Colina


Notas iniciais do capítulo

Gente, se vocês quiserem, eu vou dar trilha sonora para todos os caps.Nesse é a música Vergessene Kinder (Crianças Esquecidas), Do Tokio Hotel.aqui o link: http://letras.terra.com.br/tokio-hotel/936064/espero que gostem.



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Lorena acordou, assustada. 

Olhou para o relógio detonado que guardava em um canto do lado do colchonete mofado que ela chamava de cama. 4:25h. 

Bufou, descontrolávelmente irritada. Sabia que não conseguiria dormir de novo. Era assim todos os dias. Sonhava com o dia em que fora recusada pelo mais perfeito sistema do mundo, provavelmente do universo. Lembrava-se bem do rosto desapontado de seus pais e da sua amiga. Eles a haviam abandonado para se mudar para A Sociedade Perfeita. Desapareceram pela trilha que adentrava a floresta, guiados pela Cordenadora Dos Testes Puros Gerais (mais chamada de C.T.P.G). Ela tentou seguí-los, mas de nada adiantou: fora repelida por uma barreira totalmente invisível, mas com a força de um muro feito de aço.

A garotinha de seis anos voltou para casa sozinha e desolada. E assim ela crescia naquele inferno.

Levantou-se, bufando novamente, vestiu uma roupa qualquer e saiu. Não se importou com o fato de estar completamente imunda, todos daquele lugar eram assim.

Adentrou pela madrugada da cidadezinha em que morava. Dunkelheit*, era o nome do lugar. Um nome muito apropriado aliás, pensava a jovem, uma vez que nada havia naquela cidade senão escuridão e fantasmas de pessoas que perderam todas as suas esperanças.  Pessoas como ela, recusadas pelo Teste Puro. Pessoas abandonadas que haviam tomado os piores caminhos possíveis. Nisso Lorena orgulhava-se de si mesma. Não havia vícios, apenas fumava um pouco, de vez em quando, nada demais. Havia sobrevivido à 17 anos naquele lugar horrível, sem se deixar levar pelas influências ruins a sua volta. Por isso era julgada como maluca. Naquele lugar, os que possuiam a mente sã eram os loucos, e os verdadeiramente malucos eram considerados os normais. Por isso, Lorena não tinha amigos. Vivia em uma sociedade de "sãos", a "maluca" era ela.

Vagou sem rumo pelas ruas imundas da cidade, e, sem perceber, já estava subindo a colina. Sim, a colina. A colina ficava onde era a antiga Berlim. Antiga... não sabia se a cidade ainda tinha esse nome. Não importava. Estava deserta. E com razão. Nenhum recusado gostava de se lembrar que poderia estar no chamado paraíso terreno. Acontece que Dunkelheit ficava a apenas 2 quilômetros da antiga Berlim. Sim, apenas dois quilômetros. Ninguém se importava com distâncias quando não havia ninguém para habitá-la. 

E acontece que Lorena vagou sem saber até aquela colina. A colina que havia estragado sua vida. Ali eram realizados os testes.

Parou abruptamente e olhou-a, a colina majestosa. Uma iluminação anormal a incendiava, como se ali estivessem as respostas para todos os problemas. E estavam, de fato.

Se aproximou mais, curiosa.  

Boquiabriu-se. Uma fila gigantesca se formava em direção à uma salinha minúscula. A Sala Dos Puros. Casais com seus filhinhos, viúvas sofridas, crianças sozinhas, adolescentes, todos iam em direção à majestosa sala, onde eram guardadas todas as suas esperanças.

E ela ficou lá, parada, observando-os. Ninguém parecia se importar.

- Com licença, senhorita. Vai fazer o teste também? - Uma senhora idosa, porém muito bonita lhe perguntou. Lorena a analisou, mas não era a mesma senhora que dera sua perdição 17 anos atrás. 

Ela ficou sem palavras por um instante. Depois olhou para a fila enorme, para a ansiedade estampada no rosto das pessoas.

- Eu vou.

A senhorinha sorriu.

- Então eu preciso saber seu nome, sua idade e sua zona.

-Zona? - perguntou Lorena, muito confusa.

A senhorinha sorriu novamente.

- Sim, minha querida. Onde você mora.

Lorena fez um gesto afirmativo com a cabeça, demonstrando que entendia.

- Sou Lorena Keufer. Tenho 22 anos e moro em Dunkelheit. Sabe? há 2 quilômetros daqui.

- Sei sim -  A senhorinha sorriu novamente. Pode entrar na fila. 

Lorena olhou a fila novamente.

- É enorme...- sussurrou para si mesma.

- É sim - respondeu a senhora - mas não se preocupe. o teste demora apenas alguns segundos, não vai demorar.

- Ok. - respondeu Lorena vagamente e se dirigiu à fila.

****************************************************************

Fios foram grudados à sua cabeça. Ela tentou filtrar todos os pensamentos positivos que podia. Uma voz gentil ecoou por seu cérebro. 

- O teste já vai começar, minha querida Lorena. Está pronta?

A jovem respirou fundo.

- Estou.

Não se lembra de nada. Seu subconsciente foi mergulhado em uma escuridão sem fim. Segundos depois, que lhe pareceram horas, sua consciência voltou ao normal e a voz ecoou novamente.

- O teste já chegou ao fim. Pode aguardar do lado de fora. Não vai demorar, viu minha querida? Só alguns segundinhos e seu resultado ficará pronto.

- Tudo bem...- ela sussurrou, incapaz de dizer qualquer outra coisa.

Ela saiu por uma porta do lado oposto à que entrou. Lá fora era do jeitinho que ela lembrava. Algumas cadeirinhas delicadamente talhadas em madeira, uma outra senhorinha oferecendo alguma comida, que seria a mais maravilhosa que provara em sua vida. E em um canto, próximo à floresta, algumas pessoas tentavam, como ela já fez um dia, violar a barreira invisível que separava os aprovados dos reprovados. Coitados. Nunca conseguiriam.

Foi interrompida de seus devaneios por uma leve pressão em seu ombro.

- Senhorita? - Uma nova senhorinha lhe chamou a atenção. - Me desculpe interrompe-la - Ela abriu um sorriso de orelha a orelha - Mas devo lhe imformar que você passou no teste.


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Notas finais do capítulo

* Dunkelheit significa trevas em alemão.Oi gente, tenho que avisar: daqui a 3 dias (dia 5 de julho de 2011) eu vou me mudar para Berlim (weeeeee) e não sei se vou ter internet lá direto. Então talvez eu fique sem postar por um tempo. Beijão. Clara Gastelois (Killjoy Name: The Hopeless Bandit)Reviews??