A Sociedade Perfeita escrita por fhyuvdkmchjk


Capítulo 13
Vingança


Notas iniciais do capítulo

Eu num disse que voltava?
e dessa vez estou em um pc brasileiro ALELUIA
muitos tils e ce cedilhas pra vcs
e sem confundir ys com zs!
Beijos



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O mês que se seguiu passou tão devagar quanto os outros dois meses de recrutamento anteriores. 

Charlie havia recebido alta e seu humor havia voltado quase ao normal. Lorena percebeu, feliz, que agora que havia contado à amiga sobre a paternidade, o rapaz parecia ter relaxado de maneira assustadora, embora ainda deixasse um rastro óbvio de medo todas as vezes que consultava o enfermeiro para tratar do que ainda restava de seus ferimentos e ao sempre ouvir a resposta de que ainda não poderia lutar sob hipótese alguma. Depois dessas sessões, ele voltava sério e encabulado, mas Lorena sempre puxava um assunto diferente que o fisesse esquecer de todas as suas preocupações. E normalmente estes eram assuntos muito idiotas, mas pelo menos afastavam o garoto de seus devaneios.

Os sentimentos de Lorena ainda se confundiam, de vez enquando, mas ela já havia aprendido a controlar o ser que rugia dentro de si mesma todas as vezes que o rapaz sorria ou lhe dizia algo reconfortante. 

Lorena também não havia voltado para a guerra. Não queria deixar o amigo sozinho matutando sua inutilidade enquanto os outros guerreavam. Além disso, por melhor que ele estivesse, ele ainda estava ferido e ainda precisava de ajuda para realizar algumas atividades. Uma vez ou outra, ela se desesperava ao ouvir um gemido de dor ou um resmungo do outro, mesmo que este insistisse que não era nada, mas aquilo havia se tornado tão raro que o próprio enfermeiro, mesmo sendo o mais exigente em relação à saúde do rapaz, estava amolecendo, diminuindo suas consultas e permitindo que o mesmo realizasse algumas atividades juntamente com o exército.

No dia seguinte, Lorena foi chamada pelo sargento. Iriam lutar em Estocolmo, na Suécia, e essa vez, Lorena tinha que ir. Ela bem sabia que não podia faltar tanto às lutas como havia fazendo por mais tempo, o exército precisava dela. 

Entretando, mesmo animada como estava em voltar à adrenalina de uma guerra, Lorena temia a reação do amigo. O rapaz ficaria irritado, ela sabia, por não poder participar de uma batalha tão importante, e, mesmo que fosse rídiculo, na opinião de Lorena, ela sabia que ele ficaria perdidamente preocupado com o seu bem estar. 

"Sempre tão cavalheiro!" - A mesma flagrou-se repetindo aquela frase novamente em seus pensamentos, enquanto se dirigia à tenda do rapaz.

Ao chegar lá, porém, assustou-se ao ver que não havia ninguém ali. Franziu o cenho e procurou-o nos arredores ta tenda, esperando que o mesmo estivesse tentando lhe pregar uma peça, mas nada encontrou. Ficou preocupada, óbvio. Aonde ele tinha ido, afinal?

Entretanto, não foi preciso pensar muito na resposta, pois o mesmo logo se aproximou, um sorriso de orelha a orelha atravessando o rosto pálido. Lorena levantou-se, raivosa por ter caído na brincadeira do outro. Quase a matara de susto!

- Charlie Léon Träumer! ONDE DIABOS VOCÊ ESTAVA? - a outra bradou, a irritação enfeitando sua voz. O rapaz sorriu ainda mais em resposta, e, surpreendentemente, lhe agarrou em um abraço apertado, lhe beijando a bochecha. Lorena o olhou com uma expressão que transparecia sua confusão. Mas que diabos ele queria fazer? Lorena, porém lembrou-se de um fator importante, que era a razão por ela estar ali. 

- Lie - ela chamou com calma. - Vamos pra Estocolmo amanhã... eu vou ter que ir dessa vez.... - continuou devagar, tentando amaciar o efeito que ela imaginava conseguir com tal notícia.

Entretando o rapaz apenas alargou o sorriso, surpreendendo-a.

- Eu seeeeeeeei - Ele disse em um tom maroto - Por isso estou tão feliz! EU VOU COM VOCÊÊ - ele disse pulando e berrando de alegria. 

Lorena engasgou-se, mas o outro colocou o dedo indicador em seus lábios, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa.

- Eu levei alta total, Lô. Não se preocupa, tá? - e liberando seus labios - Vamos comemorar?!

Lorena hesitou, mas resolveu seguir o amigo. Ele estava feliz, e isso havia feito ela sentir que o dia estava ganho. 

Ela sorriu juntamente com o amigo e adentrou a tenda.

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Acordou, atordoada. Se sentia muito cansada. Quanto tempo havia durmido? meia hora? Sua cabeça doía. Ela abriu os olhos, devagar, e encontrou o amigo dormindo sentado, encostado na parede de lona da tenda. Lorena reprimiu um riso. Haviam mesmo virado a noite por uma comemoração? Era cômico.

Ela olhou à sua volta, observando as muitas garrafas vazias de Apfelsaft* que haviam consumido no dia anterior. Levantou-se, ainda concentrando-se para focar a sua visão. Se dirigiu ao amigo, afagando-o os cabelos.

- Lie...acorda. Daqui a pouco vamos ter que ir – ela disse, percebendo o quão haviam se arriscado ao ignorar o tempo de descanso necessário para a luta que aconteceria a seguir. Cutucou as bochechas macias do amigo,  em uma brincadeira descontraída, mas assustou-se ao percebe-lo tão frio quando suas mãos o tocaram. Desesperada, ela o agarrou pelos ombros e balançou o corpo do mesmo, mas algo estranho percorreu seu corpo, algo como um choque. Ela se afastou, horrorizada. Uma voz infantil ecoou pela tenda.

- Dói, não? – A voz falou, rancorosa, e Lorena virou-se para a direção do qual ela vinha. Uma garotinha de olhos vermelhos e um sorriso maldoso a encarava. As pernas de Lorena falharam quando ela olhou o amigo. Ela o havia...não, não podia. Por que ela mataria algo tão doce o puro como Charlie? Por quê?

A outra riu.

- Ele não está morto, sua tolinha. Ele nem vê você mais, não é? Agora é só você e eu. – ela disse em um sopro de maldade – Tenho que admitir, você é esperta. Esperta demais. – ela continuou.

- O-o que você quer dizer? – Lorena gaguejou.

A menina sorriu de novo.

- Não se engane, minha querida. Não ache que a ligação é insignificante. Ela existe, oh, sim. O seu amigo só não confia em você o suficiente para lhe contar.

Lorena levantou-se, num pulo.

-NÃO É VERDADE! – ela disse, arremessando uma das garrafas sobre a imagem do demônio que erguia-se em sua frente, mas esta a atravessou. A menina riu.

- Você não pode acertar algo que vem da sua mente, minha querida. – ela disse. – Entretanto, você será castigada por tamanha ousadia. – ela disse em um tom irônico. E parecendo pensativa, continuou – Aliás, você não.

Lorena franziu o cenho, amedrontada. Ela sabia o que ela queria dizer. Aquele ser não a feriria, não, ela precisava de um hospedeiro onde pudesse descontar toda a sua maldade, um hospedeiro sadio. Mas isso não significava que ela não pudesse lhe causar dor. Clarisse sempre lhe dissera, quando as duas eram pequenas, que o pior jeito de se machucar alguém era internamente. Lorena sabia que o demônio se aproveitaria disso, só não sabia como.

A menina lhe olhava com maldade, mas seu reflexo sumia dentro da escuridão. Lorena sabia que algo ruim estava prestes a acontecer, mas não podia se mover, não podia impedir o ser que desbotava em sua frente de agir. Quando ela finalmente, sumiu, Lorena ainda não podia se mexer. Uma luz estranha aparecia no lugar onde antes a menina misteriosa se encontrava. Mas Lorena não a reviu. Olhou para aquele ponto, buscando qualquer coisa que lhe tirasse dali, e deparou-se com uma figura familiar.

Ela olhou no espelho que erguia-se ali, embasbacada. Uma moça de cabelos dourados encarava sua gêmea. Mas o reflexo não era normal. Uma parte de seu rosto estava destorcida em uma expressão de total terror, mas a outra possuía os olhos vermelhos e um sorriso tão maldoso quando o do demônio que acabara de sumir em sua frente.

Lorena gritou, socando o espelho, que se quebrou em milhões de pedaços.

**********************************************************************

 - Lorena? Pode me ouvir, minha querida? – uma voz grave soava em sua cabeça.

A moça abriu os olhos e encontrou em sua frente o rosto gordo do enfermeiro, que lhe olhava preocupado. Ela assentou-se na cama, observando com curiosidade a Lona branca do qual a enfermaria era composta. Sentia pontadas de dor em algum ponto de seu corpo. Ela olhou e percebeu, com horror, que sua mão esquerda estava enfaixada. Então fora tudo real? O demônio prometera vingança, ela lembrava, mas nada acontecera com ela. Seria o espelho a vingança, afinal? Não. – Lorena sabia – A vingança seria muito pior.

- Acalma-te, querida – O enfermeiro falou, doce. – Se sente bem? Aquele pobre jovem lhe achou caída em sua tenda, veio a mim com um desespero de dar dó. Poderás vê-lo mais tarde se quiser. – Ele continuou.

Lorena percebeu realmente a ausência do amigo. Onde ele estava? Por que não ficara com ela se havia ficado tão preocupado com seu estado de saúde?

Sua cabeça ardia em tantas perguntas.

- O que aconteceu? Cadê o Lie? – ela as fez em voz alta, com a esperança de que elas pudessem ser respondidas.

O enfermeiro adotou uma expressão de pena no rosto.

- Foi arrumar suas coisas, se não me engano. Ele deve ir pra casa depois de uma notícia tão horrível. Acho melhor você ir também – ele completou – O rapaz me disse que você estava...falando sozinha no sono, digamos assim. – ele disse, devagar – Creio...creio que a guerra não foi muito boa para você, pequena. Devia descansar seus neurônios um pouco. – Ele sorriu.

Lorena demorou a processar o que ouvia. Charlie ia pra casa? Notícia horrível? E sua visão? Se falava sozinha, então o tempo todo ela estivera apenas dormindo?

Mal ela percebera que havia proferido as perguntas em voz alta, o enfermeiro exclamou em surpresa.

- Me desculpe, minha querida! Por dar tantas informações desconhecidas – ele disse, e em um tom  triste, continuou. – O rapaz disse que tentou te acordar antes de atender ao pedido do general. Você estava falando sozinha, foi o que ele disse, mas ele pensou que talvez voe só estivesse tendo um sonho. Quando ele voltou, você... – A voz dele falhou, em uma pausa compreensiva. Só um sonho... Lorena pensou. Um silêncio estranho percorreu o ambiente. O enfermeiro não respondera a todas as suas perguntas. Ela o encarou, ainda esperando a resposta. Ele suspirou, e finalmente respondeu, baixinho.

- Quer saber por que o general o chamou, não é? Você não devia ouvir isso de mim Lorena, mas se será difícil pra você, deve imaginar como deve ser pra ele. – E baixando os olhos, continuou. – Clarisse está morta. – Ele soltou. – A criança sobreviveu, por algum milagre, mas é muito prematura. Está por um fio. – Ele suspirou, e Lorena percebeu a quão sincera era a hospitalidade daquele senhor.

Mas ao mesmo  tempo, ela não podia acreditar. Seu cérebro simplesmente não absorvia aquela informação. Uma onda de horror percorreu seu corpo ao lembrar-se do demônio em sua tenda e do que ela havia dito, uma vingança.

Em um gesto involuntário, ela pulou para fora de sua maca e saiu correndo, ignorando o enfermeiro, que felizmente pareceu entender sua revolta e não a seguiu. Adentrou a tenda do amigo correndo, o medo de que ele tivesse ido embora sem lhe contar surgiu na pele. Mas embora a tenda estivesse arrumada como ela nunca havia visto, o rapaz estava lá, sentado em um canto, a expressão séria. Ao ver Lorena ele deu um sorriso de lado, mas a mesma podia ver com facilidade que ele estava apenas tentando passar-lhe alguma segurança. Ela se aproximou, abraçando-o.

- Eu sinto muito. – Ela lhe disse, tristonha. O rapaz não respondeu, apenas apertou mais o abraço ao qual estavam entrelaçados, desfazendo-se dele logo depois.

- Vem, vamos arrumar suas coisas também. – Ele disse, baixo – Me desculpa Lorena, eu não nunca deveria ter te trazido pra cá. – Ele disse, lançando novamente um sorriso fraco.

Lorena o seguiu, mas estava internamente despedaçada. Ela não podia acreditar no azar deles! Toda hora algo horrível acontecia, ela simplesmente se sentia irritada pela essa série de acontecimentos. Mas ao mesmo tempo, ela se fuzilava internamente, os seus pensamentos quase explodindo dentro de sua cabeça.

Ela havia sido a culpada.


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Notas finais do capítulo

Cap meio chatinho esse, admito

em fim, reviews?



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