Novos Começos escrita por Tenteitudo


Capítulo 6
A Verdade Sobre Judy


Notas iniciais do capítulo

Muitos Flashbacks, explicações e momentos meigos...

Consequências maiores virão no próximo capitulo...

Espero que vocês gostem e comentem!



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Flashback 2009

Mary rezava pela alma de sua neta. Quinn havia acabado de deixar sua casa com lagrimas nos olhos, mas sem dizer uma única palavra contestando sua decisão. A menina havia sido ensinada a respeitar os mais velhos sob qualquer circunstancia e pelo menos isso ainda permanecia intacto em sua personalidade. A barriga já estava visível e Mary sabia o que esperar, Judy e Russel a haviam informado sobre a situação.

Ela não havia esperado que sua neta mais nova viesse procurá-la e não soube como reagir quando a encontrou parada em sua porta. Ela deixou a menina entrar e chorar e contar tudo o que sentia, ela amava sua pequena Quinnie, independente dos erros que ela tivesse cometido. Mas quando Quinn pediu por abrigo... Mary não pode dizer sim. Ela amava a menina, mas não podia perdoá-la pelo que havia feito, ela não podia receber uma adolescente grávida em sua casa. As pessoas iriam comentar e ela sabia muito bem que a maior parte do seu grupo da igreja condenava a jovem Fabray por suas ações.

Ver a filha de sua filha naquele estado quebrou seu coração, mas não havia nada que ela pudesse fazer além de rezar...

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"Eu não sei o que fazer mãe!" Judy sentava no sofá e tinha o rosto enterrado nas mãos. "Eu não pude reagir a ele. Eu deixei que aquele homem mandasse a minha filha embora, só para descobrir que ele me traia!" Seus olhos estavam escondidos, mas Mary podia dizer que eles estavam vermelhos, tanto pelas lagrimas quanto pela quantidade de álcool que sua filha havia ingerido.

Mary desprezava esse hábito, só os fracos recorrem a coragem do álcool.

"E é lógico que eu o mandei embora, mas eu ainda o amo e quero-o de volta. Eu quero Quinn de volta." Judy levanta o rosto das mãos e seus olhos encontram os dourados de sua mãe, tão iguais aos de sua Quinnie. "O que eu faço mãe?"

Mary suspirou fundo. Ela não era muito boa em expressar o que sentia e muito menos em dar conselhos. "Faça a coisa certa Judith." Ela não sabia qual era a coisa certa, uma vez que o que era certo para ela poderia ser diferente do que o que Judy considerava certo, mas ela não podia tomar decisão alguma por sua filha e manter-se imparcial era sua especialidade.

Judy esfregou o rosto com os punhos e piscou algumas vezes antes de levantar e pegar sua bolsa.

"Aonde você vai?" Mary observa a loira mais jovem se encaminhar até a porta, parecendo sóbria de repente.

"Fazer a coisa certa."

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Final do ultimo ano do ensino médio, mansão Fabray.

Quinn entra em casa com um pequeno sorriso no rosto, tudo naquele ultimo ano estava sendo perfeito e ela havia acabado de receber a carta de aceitação de Berkeley. Ela iria para Nova York em menos de 4 meses! Isso era inacreditável! Ela mal podia esperar para dar as noticias para sua mãe. Uma parte da loira estava triste por ter que deixar Judy sozinha, mas a parte maior estava excitada demais com a ideia de sair de Lima, mesmo que ainda não tivesse decidido que curso fazer.

Ela pendura as chaves do carro no gancho e se encaminha para a sala. "Mãe!" Chama ela, tentando localizar a mulher mais velha dentro daquela casa enorme. "Mãe?"

Como não há resposta, ela se encaminha para a sala, chutando os sapatos em baixo da escada. Ela ouve a voz de Judy conversando com alguém no escritório e se aproxima da porta, sorrindo ainda mais e ansiosa para contar as novidades.

O sorriso desaparece assim que ela reconhece a voz numero dois e uma sensação de náusea substitui qualquer alegria que ela poderia estar sentindo. Ela pensa que não pode ser real e abre uma fresta na porta, só para ter certeza.

É mesmo Russel. Quinn sente o chão desaparecer, mas se mantém firme, ele não merece reação alguma da parte dela.

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Ultimo dia em Lima.

"E você vai ligar e mandar emails, não é querida?" Judy abraça sua filha mais uma vez e acaricia seus cabelos carinhosamente, antes de se voltar para Brittany e envolve-la em um abraço apertado também, deixando Quinn e Russel de frente um para o outro. Apesar de conviverem por três meses, teoricamente em paz, a tensão entre pai e filha era visível. Quinn nunca entendeu por que Judy aceitou Russel de volta, mas respeitou a decisão de sua mãe, pedindo apenas distância do homem que havia participado de sua concepção.

"Cuide bem dela, sim?" A loira mais velha agora abraça Santana e a latina sorri, assentindo com a cabeça.

"Tchau." Murmura a ex lider de torcida, sem levantar os olhos para seu pai.

"Tenha um bom vôo." É a resposta dele, em um tom igualmente baixo.

"Mande noticias, está bem?" Judy segura o rosto de sua filha entre as mãos e seus olhos brilham com algumas lagrimas que não caíram. "Sua irmã vai te visitar na próxima semana..."

"Até mais mãe..."

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Dois meses antes do velório.

"Eu não me importo com o que ele diga, eu estou indo para NY!" Judy andava de um lado para o outro no meio da sala de estar da casa de sua mãe, uma mão na cintura e a outra na testa. "Eu nunca devia tê-lo aceitado de volta em primeiro lugar. Fazem dois anos que eu não vejo a minha filha mais nova! Dois anos! Tudo por que ela se recusa a vir enquanto Russ estiver por perto e ele se recusa a me deixar viajar sozinha!"

Mary sente pena por sua filha e pelo que ela fez com a própria vida. A desgraça afetiva provavelmente é de família, já que Mary foi forçada a casar com um homem que não amava e cuidar dele por 10 anos depois do acidente que o fez perder uma perna. Ela só podia esperar que o carma ruim não se aproximasse de seus netos. Olivia parecia feliz com Daniel e Evelyn, a pequena menina era simplesmente adorável e Danny parecia ser um homem carinhoso. Os filhos de seus outros filhos pareciam igualmente felizes e estabilizados, exceto por Johnny, a esposa dele o traiu com o filho do prefeito...

E Quinn... Bem, todos estavam orgulhosos do que ela havia se tornado, especialmente Judy. A menina havia feito mais bem do que todos os Collins e Fabray conservadores que freqüentavam a igreja fielmente. Mary sorri, sentindo uma pontada de saudade invadir seu peito.

"Eu comprei passagens, eu vou surpreende-la no natal, independentemente do que ele disser, nem que eu tenha que fugir!" Judy cruza os braços. "Ele pode ser meu marido, mas ela é minha filha e eu estou tão orgulhosa dela... O que eu mais quero é poder dizer isso para ela."

Um silencio desconfortável cai sobre elas e Judy põe a mão sobre os lábios para abafar o soluço que acompanha seu choro. Mary cruza e descruza as pernas antes de decidir se levantar e fazer algo que não fazia a muito tempo.

Um par de braços familiares e ao mesmo tempo estranhos envolvem o pescoço da loira mais nova e ela para de chorar em surpresa antes de se deixar abraçar por sua mãe.

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Velório – presente.

Evelyn havia pegado no sono nos braços de sua tia e Rachel brincava com os dedos de Quinn distraidamente enquanto contemplava a mulher idosa ao seu lado. Olivia e Daniel haviam voltado do banheiro há alguns minutos, mas resolveram deixar sua filha com a ex líder de torcida e estavam agora sentados em um dos primeiros bancos da igreja.

O padre chega depois de alguns minutos e a missa é rezada, as ultimas homenagens são prestadas e nem Quinn nem Olivia conseguem falar qualquer coisa durante os discursos. Russel não voltou à igreja e todos estão, de certa forma, gratos por isso.

O caixão está prestes a ser fechado agora e a assistente social beija a ponta dos dedos antes de encostá-las no rosto de sua mãe. A igreja está lotada e a diva reconhece algumas pessoas como seu dentista e Sam Evans sentado no fundo, ao lado de um Finn Hudson que parece excepcionalmente confuso. Burt e Carole estão ali também e... Aquela é mesmo Sue Sylvester?

A morena aperta os olhos, desejando que tivesse trazido seus óculos. Ela desvia a atenção do publico, se focando na loira que acabou de voltar ao seu lado e estendendo um braço para ela. Quinn não hesita e aceita o abraço, enterrando o rosto contra o pescoço de Rachel, que consegue sentir o calor de suas lagrimas contra sua pele. A cantora sente vontade de chorar, mas consegue se controlar e segura sua namorada por uns bons cinco minutos. A ex líder de torcida não vê o caixão ser fechado, isso seria demais para ela no momento...

"Está na hora de ir." Murmura Rachel, apertando Quinn antes de soltá-la e encontrar os olhos castanho esverdeados com os seus. Ver a loira tão vulnerável mexe com algo dentro dela e faz com que ela una seus lábios suavemente, já não se importando mais com o que vai acontecer. "Eu estou com você, sempre, está bem?"

Quinn concorda e força um sorriso, se inclinando para mais um beijo antes de se virar para a porta, seguindo o caixão até o cemitério. Uma mão forte repousa em seu ombro quando elas se aproximam da porta e as duas mulheres se vêem envolvidas nos braços de Sam.

"Eu sinto muito Q." Diz ele, beijando sua testa. Ela se afasta e aperta seu ombro em agradecimento. Finn olha para Rachel com curiosidade, como se estivesse prestes a perguntar alguma coisa, mas o olhar da morena o faz parar abruptamente. Ele assente com a cabeça, lançando um olhar para as mãos das duas antes de abraçá-las também.

Os quatro caminham em silencio até o cemitério, que ficava atrás da igreja. A diva percebe uma certa movimentação discreta que não estava ali antes e sabe que fotógrafos as observam. Mas ela realmente não se importa mais e passa o braço pela cintura de sua namorada quando elas param ao lado da cova. Santana já estava lá, em seu casaco rosa, se destacando dos demais.

Russel Fabray observa os acontecimentos de longe, sob a sombra de uma arvore, sabendo que é melhor se manter afastado. O caixão desaparece dentro da terra e as ultimas orações são feitas. As pessoas começam a ir embora, se despedindo de Quinn, Olivia e Mary, mas nenhuma das três verdadeiramente registrou coisa alguma, submersas demais em seu próprio luto para perceber o que acontecia a sua volta.

Rachel levou a mão da assistente social aos lábios e lhe ofereceu um sorriso carinhoso, esperando que fosse o bastante. Santana aparece ao seu lado e prende uma mecha loira atrás da orelha de Quinn. "Você quer ficar lá em casa hoje de noite?" Ela olha para a diva. "Você também..."

"Eu tenho o hotel e vou estar partindo para Chicago antes do almoço..." Responde a cantora.

"Eu acho que vou ficar com a Rach hoje, se você não se importar..." Quinn se sente vazia ao saber que Rachel vai ter que voltar a trabalhar no dia seguinte.

"Está bem. Fiquem bem, Ok? Qualquer coisa, você sabe para aonde correr." A latina beija sua bochecha e se vira para a outra morena. "É melhor você cuidar bem dela Berry..." Diz ela, soando falsamente intimidadora.

"Eu vou."

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"Para aonde vamos Srta. Berry?" Pergunta o motorista, assim que as duas mulheres se acomodam no banco traseiro do carro. "De volta para o hotel?"

"Não, er..." Qual era mesmo o nome dele? Rachel não conseguia lembrar, Alan, Alister, Albert... "Está vendo aquele homem loiro entrando no carro prateado?" Pergunta ela, se inclinando para frente e gesticulando em direção a Daniel.

O motorista assente.

"Nós vamos segui-los."

"Está bem." Responde ele, ligando o carro e esperando Daniel fazer o mesmo.

A diva se recosta no banco do meio do carro, sua coxa firmemente pressionada a de Quinn e seus olhos fixos aos dourados ao seu lado. Havia tantas coisas que ela queria dizer, tantas coisas que ela queria poder fazer para mandar embora a sombra de tristeza que envolvia aqueles olhos.

"Alister?" Arrisca ela, chamando o motorista.

"Sim Srta. Berry?" Ele responde, sorrindo para ela pelo espelho retrovisor.

Ela sorri de volta, surpresa por ter acertado seu nome. "Tem como levantar a divisória entre nós? Eu gostaria de conversar com Quinn em particular por um momento..." Ela morde o lábio e lança um olhar para sua namorada, que continuava distante.

"É só pressionar o segundo botão de baixo para cima no painel ao seu lado." Instrui ele, guiando o carro para fora do estacionamento e atrás de Daniel.

"Obrigada." Ela aperta o botão e um painel preto se materializa entre eles, dando uma certa privacidade para as duas mulheres. A diva solta o cinto de segurança e se move no banco, sentando no colo da loira, depositando uma perna de cada lado do seu quadril. "Oi..." Murmura ela.

Quinn parece levemente surpresa pela posição em que elas se encontram, mas se deixa envolver pela proximidade e acaba relaxando. Rachel leva as mãos quentes para seu rosto e prende duas mechas de cabelo loiro atrás de suas orelhas antes de deixar suas mãos descansarem em seu pescoço enquanto seus polegares acariciam a pele macia que encontra ali.

"Eu sei que não é o melhor momento, mas eu senti tanta saudade..." Comenta ela, se inclinando para a frente e capturando os lábios da assistente social com os seus.

Quinn suspira e retorna o beijo, descansando uma mão na base das costas da diva e a outra em sua coxa. "Eu estou tão feliz que você esteja aqui..." Diz ela, encostando sua testa a da morena. "Eu precisava de você, preciso ainda..."

"Por que você não me ligou Quinn?" Pergunta Rachel, ainda um pouco magoada por causa disso. A loira não responde e desvia os olhos, mas Rachel segura seu queixo. "Fale comigo... Por favor..." Pede ela, sentindo vontade de chorar, ela detesta quando Quinn se fecha assim, algo que tem acontecido com mais freqüência do que ela gostaria. Era como se ela tivesse medo de deixar as pessoas se aproximarem demais.

"Não chora Rach. Me desculpa." Ela abraça a morena com força e Rachel a abraça de volta, repousando a cabeça em seu ombro e tentando engolir as lagrimas.

"Você não confia em mim?"

"É claro que eu confio, Rach... Eu só..." Ela faz uma pausa e respira fundo. "Tantas coisas ruins tem acontecido comigo ultimamente e eu não quero que você se afaste de mim por causa disso. Por isso eu não te liguei, você não precisa se preocupar ainda mais comigo. Já é a segunda vez que você sai de um trabalho importante por minha causa Rachel. Eu não quero atrapalhar a sua vida..."

Rachel a aperta com força antes de soltá-la e se afastar um pouco. "Eu te amo Quinn. Eu faria isso um milhão de vezes se fosse necessário, por que é isso que se faz pela pessoa que se ama." Ela segura o rosto da loira com as duas mãos. "Eu estou aqui agora por que quando você ama alguém tanto quanto eu te amo, você faz absolutamente tudo o que estiver ao seu alcance para estar perto. Seja nos momentos bons ou ruins."

Quinn morde o lábio e fecha os olhos.

"Você não está atrapalhando minha vida." Sussurra a diva contra seu ouvido, abraçando-a novamente. "Por favor, nunca mais diga isso, está bem?"

O carro para de se mover e a voz de Alister avisa que elas chegaram a casa de Mary Collins.

"Eu prometo..." Murmura Quinn.

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Já são quase cinco da tarde, percebe Rachel, olhando para o grande relógio perto da porta. Faz basicamente meia hora que ela, Quinn, Olivia, Daniel e Evelyn estão sentados na sala de estar, em silencio. Mary desapareceu na cozinha, dizendo que iria preparar um café e ainda não voltou.

Quinn mantém seus dedos entrelaçados aos da morena com quem divide uma poltrona, seus olhos fixos em um ponto aleatório na parede. A casa é tão grande quanto a mansão Fabray e Rachel pensa que deve ser um pouco assustador para uma senhora de quase noventa anos morar sozinha em uma casa como aquela.

Evelyn e seu pai brincam com um golfinho de pelúcia e Olivia senta ao lado deles com os braços cruzados e o rosto sem expressão. Seus olhos contemplam o casal de mulheres na poltrona a sua frente e Rachel sente um calafrio quando ditos olhos azuis encontram os seus.

Mary reaparece alguns minutos depois carregando uma bandeja com dois bules e alguns biscoitos de chocolate. "Café preto para nós e chocolate quente para a minha pequena..." Comenta ela, servindo o segundo em uma xícara de plástico e alcançando para Daniel. O homem sorri e levanta do sofá.

"Vamos levar esse chocolate lá pra cima e deixar a mamãe e as titias conversarem com a vovó?" Pergunta ele, estendendo a mão para sua filha.

Evelyn faz que sim e escala o colo de sua mãe, beijando sua bochecha antes de aceitar a mão de Danny e subir as escadas.

Mary serve o café e senta em frente a suas netas e Rachel. "Me desculpe Olivia, mas o que vou falar agora é muito mais importante para Quinn do que é para você." Ela toma um gole do liquido escuro e fumegante. "Você tinha muito mais contato com Judith e tenho certeza que sabia o quanto ela te amava e o quanto ela estava orgulhosa de você."

Olivia concorda. Ela havia visto Judy há três semanas. Ela havia acabado de ser promovida a sócia do escritório de advocacia aonde trabalhava e sua mãe havia demonstrado todo o seu orgulho e carinho. Mas ainda assim, a Fabray mais velha não conseguiu evitar uma pontada de ciúmes ao saber que sua mãe havia deixado assuntos pendentes com sua irmã mais nova e não com ela.

"Judy amava vocês duas. Muito. Como qualquer mãe ama seus filhos... Ela lamentava muito a sua distancia Quinn. Principalmente nos últimos meses, ela estava determinada a ir para NY lhe fazer uma visita. Na verdade, ela até já havia comprado as passagens."

Quinn arregala os olhos a isso, sabendo que seu pai nunca permitiria que sua mãe viajasse sozinha para visitá-la.

"Ela estava tão orgulhosa do que você se tornou, sempre falando sobre você e sobre como o seu trabalho ajudava tantas pessoas..." Continua Mary.

A loira mais nova apóia a cabeça no ombro de Rachel e a morena começa a acariciar seus cabelos involuntariamente, fazendo Mary sorrir e Olivia desviar os olhos.

"Ela sabia sobre isso." A senhora gesticula entre as duas mulheres. "Descobriu há três semanas atrás e eu lembro como se fosse ontem..." Ela franze a testa e Rachel e Quinn a observam em surpresa enquanto ela continua a contar a historia.

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Flashback 3 semanas atrás.

"Ela está machucada, eu preciso ir até lá agora mãe!" Judy fala, sua voz aguda em desespero. Mary a observa sem entender, sua filha havia acabado de chegar e a abraçava com força enquanto lagrimas de pânico deslizavam por sua face. Ela ainda estava se acostumando com todos esses abraços.

"O que foi Judith?" Pergunta ela, tentando se afastar e se perguntando o que Judy Fabray estava fazendo a sua porta as onze da noite.

"Eu não posso deixar que Russel descubra! O que ele iria fazer se descobrisse? Eu tenho que vê-la, mas ele não pode saber..." Ela parece inquieta e Mary tenta entender o que está se passando, será que aconteceu alguma coisa com Olivia ou Quinn?

"Aconteceu alguma coisa com as meninas?" Ela pergunta hesitante.

"Quinn..." Começa Judy. "Eu... às vezes eu digito o nome das meninas no Google, para ver se tem alguma coisa sobre elas, eu gosto de imprimir e guardar em uma pasta, se elas não me contam o que está acontecendo... se Quinn não me conta o que está acontecendo..." Ela chacoalha a cabeça, sentando no sofá e esfregando os olhos. Mary fecha a porta e senta ao seu lado.

"O que você encontrou Judy?" A mais velha se preocupa. "Você... Ela está machucada?"

"Ela está processando um homem por tentativa de abuso."

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"Ela sabia sobre Michael?" Quinn pisca algumas vezes, sem acreditar, se endireitando no sofá. Olivia e Rachel compartilham a mesma expressão de dor. Olivia também sabia sobre Michael, sendo advogada, era difícil não ficar sabendo sobre o caso.

"Ela quis falar com você, mas os motivos por trás do processo a mantiveram em silencio." Explica Liv, atraindo os olhares em sua direção. "Ela queria te proteger de papai, ela não podia deixar que ele soubesse que você era..." Ela engole com dificuldade. "... Gay. Ele não deixaria ela se aproximar se soubesse."

Quinn olha de sua irmã para sua avó e sente a mão de Rachel apertar a sua.

"Ela veio até aqui naquela noite para pedir o que fazer. Você pode imaginar o desespero de uma mãe ao saber que sua filha está sofrendo e não poder fazer nada para ajudar." Mary força um sorriso. "Admito que não reagi muito bem a noticia, não quis acreditar que minha neta poderia ser homossexual."

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"Minha Quinn? Quase foi abusada por estar envolvida com outra mulher? Desculpa filha, mas não posso acreditar nisso." Mary se levanta e caminha até o centro da sala. "E se esse for mesmo o caso, ela merece o que aconteceu, se envolver com alguém do mesmo sexo é um pecado mortal.

"Mãe!" Judy se levanta também, sentindo uma pontada repentina de raiva. "Como você pode dizer isso? Ela é sua neta!"

"Minha neta nunca pecaria dessa forma."

"Sua neta engravidou aos 16 anos, sua filha e genro a expulsaram de casa, você recusou ajuda a ela. Seu genro me traiu e eu o aceitei de volta. Nossa família sempre olhou com desprezo para tudo o que é diferente, sempre excluiu tudo o que não se encaixava em nossos padrões católicos." A voz de Judy é elevada e Mary nunca viu sua filha agir dessa forma, contestá-la assim. "Deus diz que devemos amar o próximo e aceitar as diferenças, você não consegue fazer isso por sua própria neta e ainda ousa chamá-la de pecadora." Ela ajunta sua bolsa do chão e caminha até a porta, olhando por cima do ombro para uma Mary completamente chocada. "Todos cometem pecados, quem somos nós para julgarmos qual é o maior deles?"

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Mary não tentava esconder as lagrimas e Quinn olhava para ela, sem saber o que dizer ou pensar. Ela não precisava olhar para Rachel para saber que a morena se sentia da mesma forma.

"E então eu vim visitar e ela me questionou sobre isso, pediu se eu sabia alguma coisa e era obvio que eu sabia." Olivia fala em voz baixa. "Um colega meu ouviu falar sobre o processo e pediu se eu tinha alguma relação com você. Eu fiquei tão preocupada, mas ao mesmo tempo não sabia o que pensar... Conversei com mamãe e a convenci a se manter afastada por enquanto, eu imaginei que você não iria querer falar sobre isso com nós..."

Quinn sabia que Olivia tinha razão, ela realmente não estava preparada para lidar com tudo aquilo naquela época. Deus! Ela mal estava preparada para lidar com tudo isso agora!

"Depois que sua mãe foi embora naquela noite, eu não consegui dormir, fiquei pensando em todo o mal que havia feito, mesmo que não intencionalmente, por causa dos meus preconceitos. Eu me arrependi de tudo o que fiz, de tudo o que não fiz por você." Seus olhos se encontram com os de sua neta e Quinn sabe que ela está sendo sincera. "Mas por algum motivo eu não consegui mais falar com Judy sobre o assunto, era como se fosse delicado demais, eu ainda não sabia lidar com isso, até um pouco mais de uma semana atrás..."

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10 dias atrás.

Mary se encontrava na mansão Fabray, Russel estava viajando a negócios e sua filha a havia convidado para passar a noite. Elas haviam acabado de jantar em silencio quando a senhora mais velha finalmente cria coragem para fazer a pergunta que a vem perseguindo já faz algum tempo.

"Alguma noticia sobre a Quinn?" A fragilidade em sua voz chama a atenção de Judy, que imediatamente percebe que algo mudou em sua mãe.

"Eu pesquisei ela novamente e..." Os olhos de Judy escaneiam o rosto de Mary, ela sorri e se levanta. "Eu vou te mostrar..." Ela desaparece no escritório e reaparece alguns segundos depois, carregando um notebook.

A loira mais jovem senta ao lado da mais velha e inicia o aparelho, parecendo ansiosa. "O processo ainda não foi concluído, mas Olivia disse que a causa dela já é ganha..."

"E Olivia? Está bem?"

"Sim, Daniel acabou de voltar do Nepal, ele estava acompanhando alguma historia por lá, ele é um ótimo fotógrafo..."

Mary sabia disso, ela via o trabalho do rapaz no jornal o tempo inteiro, ele tinha um talento para capturar emoções com uma câmera que era impressionante. Ela não havia lhe dado muito crédito quando soube que sua neta estava casando com um jornalista fotográfico, mas ele havia mostrado seu valor.

O computador liga e Judy acessa a internet, abrindo os favoritos e carregando três sites diferentes, um com vídeos, um com fotos e um de fofocas.

"Você lembra do Dr. Hiram Berry, não é mesmo? Seu oftalmologista."

Mary faz que sim, sabendo muito bem quem ele é e com quem ele é casado.

"Você certamente sabe quem é a filha dele."

"Rachel Berry, grande revelação de Lima... Como não saber... O que tem ela?"

"Eu acho que ela está fazendo a nossa Quinnie feliz." Mary franze o cenho e Judy indica a primeira pagina. "Existem várias comunidades na internet que falam sobre o final do relacionamento dela com um cantor aleatório e sobre a constante presença dessa loira misteriosa. A loira misteriosa é uma assistente social de NY chamada Quinn Fabray, Rachel trabalha como voluntaria e muitas pessoas acreditam que elas podem estar juntas."

Mary engole com dificuldade. "E você diz isso baseada em rumores?"

"Além de rumores, tem fotos e elas parecem tão felizes..." Ela mostra uma foto das duas mulheres, andando de braços dados e rindo juntas.

"Amigas podem agir dessa forma..."

"Eu também pensei isso no começo, mas então eu achei esse vídeo..." Ela abre um vídeo onde as duas estão se despedindo depois de um almoço juntas, Rachel beija a bochecha de Quinn e aperta suas mãos. "O modo como elas olham uma para a outra... Ninguém, seja homem ou mulher, jamais olhou assim para mim, eu nunca olhei assim para ninguém."

Mary pode apenas concordar. O sorriso no rosto de sua neta faz seu coração parar por um momento e ela inveja o sentimento de felicidade, sabendo que nunca havia se sentido assim. Ela amaldiçoa seu casamento arranjado e a mente arcaica de seu falecido marido, que adotou um casamento por conveniência para cada um de seus filhos.

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"Judy sabia sobre mim?" Rachel parece confusa. "Meu pai é seu oftalmologista?"

"Sim... Ele é um homenzinho muito simpático." Sorri Mary.

Quinn arqueia as sobrancelhas, não acreditando no que está ouvindo. Sua mãe e sua irmã sabiam o tempo todo e Judy não a condenava por ser lésbica. A assistente social se arrepende por ter mantido tanta distancia de sua família e mais algumas lagrimas se formam em seus olhos. Ela queria poder ter visto sua mãe uma ultima vez, ter ouvido todas essas palavras da boca dela.

"Sua mãe me falou uma coisa naquela noite e me ensinou a ver as coisas com outros olhos." Mary olha para as três meninas a sua frente. "Ela disse: 'Eu não sei se elas estão juntas ou não, mas minha filha parece tão feliz nesses vídeos e fotos e não importa quem seja responsável pela sua felicidade, contanto que ela continue a sorrir dessa maneira, seja homem ou mulher. Eu só quero que ela encontre aquilo que eu nunca consegui.'" A Sra. Collins termina de citar sua filha e seca algumas lagrimas de suas bochechas. Ela levanta do sofá e se encaminha para as duas mulheres na poltrona, estendendo as mãos e fazendo-as ficarem em pé. "Eu estou orgulhosa de você Quinn." Ela abraça Rachel e sua neta. "Eu estou tão feliz por vocês duas, e eu sei que Judy também está, esteja ela aonde estiver."

Quinn se agarra ao casaco de sua avó e Rachel relaxa no abraço, sentindo-se feliz que sua namorada estivesse recebendo apoio da família pela primeira vez.

"Eu sei que você e a sua amiga grávida estão voltando para NY amanha. Espero que você mantenha contato agora..." Mary se afasta, mantendo uma mão no ombro de cada uma delas. "Prometo manter Russel na linha."

A assistente social abraça sua avó novamente, abrindo a boca para falar sem ter certeza se as palavras vão conseguir sair. "Isso significa muito pra mim vó..."

"Pra mim também minha querida... Ver você feliz significa tudo para mim." Ela se afasta e puxa Olivia para perto também, a Fabray mais velha chora incessantemente. "Vocês duas são tudo o que eu tenho agora..."

Rachel morde o lábio e se afasta, dando um pouco de privacidade as três loiras (Mary já havia sido loira algum dia...).

"Liv..." Começa Quinn.

"Olha Quinn, eu não..." Olivia passa uma mão pelo rosto. "Eu te amo. Você é minha irmãzinha, mas..." Ela olha diretamente para o rosto de Quinn. "Não me peça para entender. Eu sei que você está feliz e eu fico feliz por ti, mas eu não entendo como você pode amar outra mulher..."

Quinn sente um aperto no peito e desvia o olhar, mas Olivia aperta seu ombro, a forçando a encará-la. "Eu respeito a sua escolha e eu não te amo menos por isso, só estou dizendo que preciso de tempo para entender, está bem?"

A ex lider de torcida assente e aceita o abraço de sua irmã, sabendo que talvez, no final, tudo fique bem...

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Quinn estava vestindo o pijama enquanto Rachel falava ao telefone, a morena havia se trancado no banheiro já fazia quase uma hora e a loira tentava evitar ouvir, mas era difícil não escutar algumas coisas. Era obvio que a diva estava falando com Meg e Quinn se sentia culpada por estar causando tanto transtorno para Rachel.

"Eu vou estar ai amanhã de tarde... Não me importo mais com isso Meg, nunca me importei, achei que estivesse claro!" A loira hesita e bate na porta. "Eu tenho que ir agora... Não quero mais falar sobre isso Megan! Até amanhã!" A porta se abre bruscamente, revelando uma Rachel semi-vestida e relativamente descabelada.

"Eu só quero escovar os dentes..." As duas mulheres haviam jantado na casa dos Lopez e estavam se preparando para dormir agora.

"Desculpa por isso Quinn..." Rachel a abraça, descansando a cabeça em seu peito. "Se eu não fosse famosa isso não..."

"Este é o seu sonho Rach, você não tem por que se desculpar." A loira beija sua testa e entra no banheiro, molhando sua escova de dentes e deixando a porta aberta. Rachel veste as calças do pijama e pega sua própria escova, imitando sua namorada.

Cinco minutos depois, elas estão deitadas em baixo das cobertas, Quinn envolve a diva em um abraço por trás e respira profundamente nos cabelos escuros.

"As coisas vão ser diferentes agora..." Comenta a morena, entrelaçando seus dedos aos da loira. "A mídia vai nos seguir e tenho certeza que a Fox vai exigir que façamos um anuncio sobre o nosso relacionamento."

"Por que você diz isso?"

"Nós fomos fotografadas Quinn. Sem contar que muitas pessoas testemunharam nossos beijos..."

"Você se arrepende?" Sua voz é um pouco incerta, como se tivesse medo da resposta.

"Nem por um segundo."

A última coisa que Rachel sentiu antes de dormir foram os lábios de Quinn se pressionando suavemente contra seu pescoço...

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Notas finais do capítulo

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N/A: A proxima fic que vou atualizar é a Para Provar que se tem um Coração. Pretendo terminar com ela até o final do mês, talvez até da semana se estiver inspirada...

Gostaram do capitulo? Prometo que a fic que sucederá essa não será tão deprimente... Já comecei a escrevê-la! :)

Tirei os sisos hoje de manhã e o formigamento acabou de passar, o que significa que sinto dor... :(

Comentarios são uma ótima distração e eu agradeceria muito se vocês dissessem o que pensam!

Comentem e um grande abraço!

A.



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