– Eu te amo, Yuu. – sussurrou a elfa igual à voz em seu sonho, com um sorriso fraco de derrota nos lábios. Aquilo era só um sonho, não significava nada! Mas por que as lágrimas teimavam em encher seu olhos? Era humilhação demais! Se levantou, bruscamente, mas foi impedida de andar por braços que a entrelaçaram pelo lado. Seu coração parou por um segundo. Olhou de canto para ele, a franja negra escondia os olhos azuis, mas um sorriso amargo estava em sua boca.

— Eu não sou o Alma – avisou Serenhiel, tentando se soltar. Mas ele a puxou para si, protetoramente.

— Eu não preciso do Alma – negou Kanda sério, fitando-a de perto. – Será que você não entende?

— E você? Entende alguma coisa? – retrucou ela ácida. As lágrimas já haviam secado, e os punhos estavam cerrados.

— O suficiente pra saber que eu preciso de você – declarou o moreno, o tom de voz calmo e decidido. O que mais ele precisava fazer para ela entender? Seu coração ameaçava se juntar com seus braços e socar ela, até que ela entendesse o que estava sentindo.

— Precisa? – repetiu, chocada, sentando-se mecanicamente no primeiro lugar que encontrou. Não na cama, mas no colo dele. É, ele ainda não a largara.

— Está agindo como uma idiota – bronqueou ele, irritado. Pelo menos ela não saíra correndo.

— Você é muito estranho mesmo – comentou Serenhiel, olhando para a confusão no rosto dele. Tão perto... Estendeu a mão direita, para acariciá–lo.

Kanda semicerrou os olhos. Por que ela não parava de provoca-lo? E seus sentidos não cooperavam. Aquela proximidade... estava deixando-o louco.

— Não podemos... – a morena sussurrou, nem sabendo o que falava. Mas foi cortada pelos lábios sôfregos do samurai, que selaram os seus. Sua razão? Nem estava mais funcionando. Seu corpo? Parecia ter se derretido, enquanto seu coração martelava no peito, assim como o dele, fazendo-os sentir um zunido no ouvido, de tão altos que estavam.

— Você fala demais, minha princesa – afastando-se minimamente do rosto dela, um sorriso  triunfante pairava no rosto do samurai.

— Tsk – fez Serenhiel, passando os braços envolta do pescoço do moreno e puxando a fita que amarrava os cabelos negros. – Melhor assim – declarou, e ele balançou a cabeça em negação, sorrindo, e selou os lábios outra vez, ao que ela retribuiu o puxando mais para perto, beijando-o ardentemente.

— Arf, Arf, droga, quando vou conseguir despistar essa coisa? – reclamava Lavi enquanto corria desesperado tentando abrir todas as portas que encontrava, mas todas pareciam trancadas. Atrás dele explosões eram feitas pelo Komurin Maximus, controlado por um insano Komui.

— Eu vou te pegar seu aproveitador de irmãs! Muahahaha – ecoou pelo corredor a voz maléfica do supervisor.

— Salvo! Ei, Kanda, eu estou entran...do – e parou estático ao olhar para o samurai com os cabelos soltos, que o fitava com raiva, segurando a cintura de Seren–chan que estava sentada no colo dele, as mãos entrelaçadas no pescoço de Kanda, fulminando Lavi com os olhos.

— Eu já avisei pra você bater antes de entrar, coelho idiota! – rugiu Kanda, irritado com a interrupção.

— Desculpe – murmurou Lavi com uma careta estranha, e lançou um sorriso malicioso para eles antes de sair, dizendo. – Podem continuar o que estavam fazendo.

E saiu correndo pelo corredor, rindo internamente e deixando escapar um sorriso zombeteiro. Eu SABIA Yuu!

— Tsk, agora aquele maldito vai me infernizar para sempre – resmungou Kanda. Ela se soltou de seus braços, se levantando.

— Não é pra menos, se eu soubesse que isso ia acontecer, teria gastado mais meu tempo com os outros guardas – falou Serenhiel sarcástica, olhando-o de lado.

— Hunf, como se eu me importasse – bufou ele, fechando os olhos irritado. Mas abriu novamente, ao ouvir ela abrindo a porta. – Aonde pensa que vai?

— Não se preocupe, eu não vou fugir – disse Serenhiel, com um sorriso de canto. – Só vou dar um jeito naquele robô, não aguento mais essas explosões.

— Acerte a nuca – avisou Kanda observando a cruz nas costas alvas, antes de ela fechar a porta. Deitou–se na cama com cara de paisagem, mas não pode evitar um sorriso triunfante que brotou nos seus lábios. Finalmente havia encontrado Aquela Pessoa.