Lótus Negra escrita por Remmirath


Capítulo 21
Capítulo XX - Asas




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Aquele “Ah, droga!” que Serenhiel emitiu fez Kanda despertar de seus devaneios e conflitos internos, olhando arregalado para seu próprio braço estendido para frente e o deixando cair, ao interpretar aquela exclamação da pior forma. A exclamação que veio depois disso, quase o animou, mas ao olhar para os ombros caídos dela, sorriu amargamente. Então era assim que acabaria sua vida?

— Eu acho que encontrei a solução… – sussurrou Serenhiel, virando para encará-lo. Mordia os lábios, procurando as palavras.

— E qual é? – perguntou o moreno, uma pontinha de esperança ainda restava em seus olhos.

— Bom… é meio óbvia. – falou ela, fazendo as asas aparecerem. Prateadas, como o brilho da lua. E mentiu. – Mas eu não sei ao certo o que fazer…

— As asas! – disse Kanda, se levantando, ao entender. Era muito simples, na verdade. Estava tão na cara que chegava a ser engraçado.

— Preto significa morte, branco, vida. – falou ela, completando a linha de pensamento dele. – O que envenena deve conseguir curar, assim espero. Mas não faço a mínima ideia de como usar.

— Tente falar com sua Inocência, peça para ela lhe mostrar a solução. – sugeriu Kanda, o rosto determinado.

— Hum. – resmungou Serenhiel afastando-se, olhando para o lado, fechou os olhos por alguns instantes, acariciando as asas macias, e quando os abriu, seu rosto estava levemente corado e irritado.

— Então? – perguntou Kanda, receoso por aquela reação tão inimaginável dela. Cruzou os braços.

Ela não respondeu, não tinha como, aquilo era muito estranho para se perguntar a alguém à beira da morte, que você mesma causara. Bufou, lançando um olhar de reprovação para sua própria Inocência, as asas abertas em todo seu esplendor e brilhando ainda mais. Deu passos na direção dele, de cabeça abaixada. Não pode ver o olhar de incompreensão que ele lhe lançava, por ela estar tão perto, perto demais.

E então, respirou fundo e fez o que nunca, em toda sua existência, havia sequer imaginado fazer.

Estendeu os braços para Kanda, laçando-o, e pousando as mãos em suas costas feridas. O puxou para si, em um abraço, quando os braços dele desabaram com o choque. Enquanto estendia as asas em volta dele, completamente, levantando a cabeça para olhar o primeiro ferimento, na clavícula, e sussurrou palavras de cura, em uma língua desconhecida, que surgiam em sua cabeça, fazendo suas asas emitirem uma luz renovadora, curando, e fechando todas as feridas do corpo dele, e de seu próprio. Expulsando os pensamentos de ambos e cegando suas mentes. Era isso o que o Toque de um Anjo provocava em qualquer ser não celestial.

Quando percebeu que as palavras em sua cabeça haviam cessado, Serenhiel largou-o bruscamente e pulou para trás, utilizando-se das asas para se impulsionar velozmente, parou na porta do quarto, sentando-se lá, com as pernas e braços cruzados. Precisava ficar o mais longe dele, sabe-se lá o que ele faria depois de sair do choque em que estava.

Mas quando ele se mexeu, foi só para finalmente usar os braços, arrancando as faixas. Pelo menos não a minha cabeça, pensou ela. Ele lançou-lhe um olhar neutro, já vestido com o sobretudo, e apoiou-se com as costas na janela, de olhos fechados. Aquela única janela, que ficava em frente à porta.


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