Boa Sorte, Lílian Evans escrita por Blue Jay Way


Capítulo 2
Amuletos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/14872/chapter/2

...Dois minutos depois...

...Lílian não conseguia acreditar. Bastou o Potter se afastar e ela já começou a se azarar de novo. Sua mochila, de tão carregada de livros, rompeu deixando vários livros, cadernos e pergaminhos caírem, e um tinteiro que se quebrou no chão.

            - GERARD, ME ESPERA! – um garoto do primeiro ano da Corvinal passava correndo enquanto Lílian tentava juntar seus livros caídos.

Bam. O garoto escorregou na tinta que vazara do tinteiro e caiu sentado no chão.

            - Desculpe! – Lílian exclamou.

O garoto se levantou massageando as costas e tentou ver se suas calças estavam manchadas de tinta. E estavam, um grande borrão preto no bumbum.

            - Tudo bem, eu resolvo isso. – Lílian se levantou e mirou a varinha para a mancha. Com um aceno, a mancha sumiu e o garoto voltou a correr sem agradecer. Lílian consultou o relógio. Quatro minutos atrasada, ainda poderia entrar na aula.

Concertou sua mochila, enfiou alguns livros nela e preferiu carregar outros e alguns pergaminhos.

Foi para os jardins para chegar nas estufas.

            - Oi, Lily – Era Paulina, do mesmo ano que Lílian.

            - Oi, Lina. – Lílian cumprimentou.

            - Fez o relatório daquela planta gosmenta? – Paulina perguntou enquanto andavam até as estufas. – O meu não passou de três páginas...

            - Fiz, o meu tem 16... – Lílian disse animada, mostrando para Paulina um enorme relatório com as folhas soltas.

            - Wooo...olha o vento, segura a saia, hein! – Paulina disse. Certamente, estava ventando. E seu lindo relatório estava desgrampeado. E Lílian estava sem sorte. E, exatamente como você pensou, os papéis saíram voando.

Pelo menos duas folhas caíram no lago. Lílian ainda poderia convoca-las e seca-las, mas, por pura falta de sorte, a Lula-Gigante foi mais rápida. Mais umas cinco folhas voaram diretamente para o interior da floresta proibida. Antes que Lílian pudesse agarra-las no ar, mais três ou quatro folhas voaram até o Salgueiro Lutador, que rapidamente picotou-as. No final, correndo bastante e perdendo quase dez minutos de aula, Lílian conseguiu salvar seis folhas.

Foi correndo para as estufas.

            - Srta.Evans! A aula já começou há dez minutos! – A professora alertou.

            - Desculpe, professora... – Lílian estava arfando.

            - Sente-se por favor. Estou recebendo os relatórios até o final da aula. Coloquem sobre minha mesa, por favor.

Lílian foi se juntar a Alice e um garoto sardento da Lufa-Lufa. Todos ficavam em volta de uma grande mesa branca, que hoje não estava cheia de plantas, mas cheia de pergaminhos.

            - Paulina me disse que o seu relatório saiu voando. – Alice falou preocupada.

            - Pode colocar o meu nome junto com o seu? Por favor...? – Lílian pediu em pânico.

            - Eu já entreguei...quase todo mundo já entregou.

Lílian perdeu as esperanças e pensou se conseguiria fazer outro durante a aula. Ela não conseguia se lembrar direito da planta (cada aluno deveria observar uma muda durante uma semana e fazer um relatório sobre a adaptação dela). Parecia que as folhas que Lílian conseguira resgatar não eram as com observações importantes. Eram só aquelas “a muda permaneceu imóvel durante seis horas”. Começou a se lembrar de alguns detalhes e se pôs a escrever. Até que derramou “a preciosa tinta colorida” de uma Lufa em cima das folhas e, além de perder o trabalho outra vez, teve que ouvir a Lufa ralhar sobre a tinta.

            - Ei, o que vocês fizeram aqui? – Tiago estava passando pela cena do crime.

            - Ela derrubou a minha tinta inteira! – a Lufa choramingou.

            - Era o seu trabalho, Evans? – Tiago perguntou achando graça.

            - Era. Pode dar risada. – Lílian respondeu de mau humor. Ele riu.

            - Que azar...mas você tem muita sorte mesmo assim. Eu ainda não entreguei o meu relatório e se você for boazinha e vier comigo, eu coloco seu nome nele.

Lílian suspirou e achou melhor ir com ele.

Ela seguiu Tiago até o fundo da mesa, onde os alunos mais bagunceiros atiravam bolotas de papel uns contra os outros e falavam alto como se nem estivessem numa aula.

E mais uma vez, andando ao lado de Potter, Lílian sentiu como se nada pudesse dar errado.

Ele pegou um rolo de pergaminho amassado e rabiscado na sua mochila e entregou para Lílian ler. É, não estava ruim...

Ela puxou a varinha e apagou os rabiscos nos cantos das folhas. Usou um feitiço para desamassar tudo e assinou no cabeçalho ao lado da assinatura de Tiago.

            - Que sorte a sua...eu já ia entregar...

Lílian enrolou o trabalho e se afastou discretamente para colocar na mesa da professora.

Voltou a se sentar ao lado de Alice e passou o resto da aula sem falar com ninguém. Sentia que era trapaça fazer aquilo com um trabalho de alguém.

Passou o resto do dia com tudo dando errado.

Foi dormir cheia de raiva.

Lílian acordou tentando adivinhar que tipo de desgraça aconteceria hoje. Colocou sua camisa pequena e o resto do uniforme e olhou para o relógio para ver quanto tempo estava atrasada. Quinze minutos mais tarde que o padrão. Lílian choramingou com a idéia de não ser mais uma pessoa matinal. Escovou os dentes usando a toalha como um tipo de babador, prevendo que iria voar pasta de dente e água na sua única camisa. Por ironia, nada isso aconteceu. Depois de desistir de pegar o brinco que rolou pra debaixo da cômoda e encontrar o outro pé do sapato debaixo da cama, Lílian estava pronta.

Desceu as escadas e fez uma careta ao encontrar as pessoas não-matinais. Ignorou todas elas; tropeçou no tapete do salão e foi tomar café da manhã.

            - Oi Lílian. – Marlene cumprimentou.

            - Oi. – Lílian disse seca, se sentando ao lado da amiga.

            - Ai, que mau-humor...eu sempre digo pra você ir dormir mais cedo na segunda-feira, mas você não me escuta...

Lílian encarou Marlene com uma expressão que fez a amiga se calar. Então Lílian se sentiu um, pouco culpada.

            - Desculpe...não é com você, é que parece que o mundo tá conspirando contra mim. – Lílian se explicou esticando o braço para alcançar a jarra de suco. E derrubando a jarra de suco. -             Droga!

            - Tô vendo... – Marlene limpou a bagunça com um feitiço. – Ah Lílian...deve ser estresse...

            - Deve... – Lílian concordou. Pegou uma torrada e começou a passar manteiga nela.

            - Oi gente. – Tiago apareceu atrás de Lílian. A garota se assustou e deixou a torrada cair no seu colo.

            - Que sortuda, Evans! Caiu com a manteiga pra cima. – Tiago disse. Lílian pegou a torrada e colocou sobre seu prato de novo.

            - Viu, Lílian? O mundo não está conspirando contra você. Ou talvez o Tiago seja um amuleto... – Marlene brincou.

            - Posso ser? - Perguntou Tiago esperançoso.

            - Não.

            - Enfim...estava procurando Pedro, alguma de vocês viu ele? – Tiago continuou. As meninas disseram que não. – Então tá, bom dia pra vocês, e não seja boba, Lília, o mundo não está conspirando contra você, mas pode ser alguém da escola, quem sabe...ah, olha o Pedro ali.

Potter se afastou e a torrada que Lílian estava levando a boca caiu de novo, dessa vez no chão e com a manteiga para baixo.

*tempo passando com musiquinha do Paul McCarteney tocando ao fundo*  ...I hope it isn't too late...Searching for the time that has gone so fast...The time that I thought would last...My Ever Present Past...hmmm

            - PORQUE TÁ TUDO DANDO ERRADO!? GRRR! – Lílian explodiu saindo da aula de feitiços, onde Lílian teve o azar de ser a dupla de um sonserino que não calava a boca e não conseguia acertar nem os feitiços mais simples. Por isso acabou tocando fogo no cabelo de Lílian.

            - Calma, Lily! Ora, o professor resolveu fácil e nem dá para notar a diferença...E aposto que a Madame Pomfrey resolve...ou o Sirius, ele entende de cabelo. – disse Paulina

olhando para o cabelo de Lílian. O lado esquerdo estava pelo menos quatro dedos mais curto.

            - Você diz isso porque tinha uma dupla inteligente e quieta!

            - Ah, eu dei sorte...

            - Pára de falar em sorte.

            - Desculpe, estressada. Se tá tão ruim assim, porque não tenta amuletos? Trevos, ferraduras...gatos pretos*, figas... – Paulina foi sugerindo.

            - Hm.  – fez Lílian. Ela não costumava acreditar nessas coisas, mas estava aceitando de tudo para acabar com tudo aquilo.

Aula de poções. As meninas desceram para as masmorras e se sentaram juntas.

Slughurn explicou que eles iriam revezar as duplas. Era como provar que a teoria que “bolo misturado por muita gente fica ruim” estava errada. Minha avó me falou isso. Por isso eu sempre deixo ela misturar o bolo sozinha. Enfim...de dez em dez minutos, a pessoa sentada na esquerda da carteira com espaço para duas pessoas (Lílian) deveria pular para a mesa do lado.

Na primeira dupla, o mesmo sonserino insolente da aula de feitiços, um pouco da poção respingou no livro de Lílian que acabou com um furo na capa e nas duas primeiras folhas e com as letras borradas pelo menos até a metade do livro.

Na segunda dupla, Pedro, o caldeirão derreteu e Lílian teve de limpar tudo.

A terceira era uma sonserina que ameaçou enfiar a cabeça de Lílian co caldeirão se a mesma não deixasse a garota fazer tudo sozinha.

Mas o problema aconteceu com a quarta dupla. O problema finalmente não era a dupla, mas o que aconteceu.

            - Lílian! Veio me acudir, ainda bem... – era Sirius. Lílian se sentou ao lado dele e começou a corrigir a poção que um sonserino meio burro havia estragado anteriormente.

Esticou o braço para pegar a faca que estava ao lado direito de Sirius e...

RIIIIIP. Sentiu e ouviu sua camisa pequena se descosturando e abrindo debaixo do braço. Pegou a faca e colou o cotovelo no corpo rapidamente.

            - Evans...? Tá tudo bem? – Sirius perguntou estranhando.

            - Tá! Sim, claro, vou consertar sua poção! – Lílian respondeu rápido. Ele não tinha percebido nada.

Em dez minutos, Lílian conseguiu corrigir a besteira que haviam feito na poção de Sirius com o braço direito colado ao corpo. O professor deu o sinal para trocarem as duplas e Lílian se levantou aliviada.

            - Tchau, Evans, cuidado com o rasgão. – Sirius disse.

O queixo de Lílian caiu. Ele tinha reparado! Deveria estar enorme...continuou a aula com o braço colado ao corpo e foi para a próxima mesa, do Potter.

            - Oi, Evans.

E mais uma vez, Lílian sentiu que nada poderia dar errado.

Depois de uns cinco minutos fazendo a poção sem conversar e sem nada ruim acontecer. A poção estava ficando perfeita. Melhor que a do Snape, até.

            - Sua blusa rasgou. – Tiago disse, ele acabara de reparar. Lílian apertou o cotovelo contra o corpo ainda mais.

            - Evans, Evans...por sorte eu tô com a minha capa aqui...você pode colocar, se quiser. – Tiago disse tirando a capa preta da mochila e entregando para Lílian. Ela não teve como recusar. Colocou a capa e continuou fazendo a poção.

Pareceram dez minutos de pura sorte. A poção ficou perfeita, o rasgo foi escondido, o professor casualmente passava pela mesa deles enquanto Lílian explicava perfeitamente para Potter as propriedades da pedra da lua, o que rendeu vinte pontos para a Grifinória e nada inconveniente aconteceu. Parecia mesmo que Tiago era um amuleto.

Lílian trocou de dupla novamente. Eram as últimas dez minutos da aula, as últimas duplas. Lílian se afastou da mesa de Potter aliviada, como se nada ruim fosse acontecer de novo. Mas foi só se afastar da mesa de Tiago e se aproximar da mesa do sonserino com expressão nojenta que Lílian já chutou o pé da mesa sem querer, fazendo o caldeirão virar e a poção inteira ir embora...O sonserino fez uma cara mais nojenta ainda.

Sem falar na dor no dedão.

Muita falta de sorte.

*tempo passando de novo...o resto da musiquinha...* The things I think I did...I do, I think I did...The things I think I did...When I was a kid...

A noite, mesmo sem acreditar, Lílian revirou o dormitório atrás de amuletos. Colocou os gatinhos japoneses encontrados no malão de Maria em cima de sua cômoda, colocou o “colar da sorte” de Marlene, colocou todo tipo de moeda estrangeira que conseguiu arranjar em sua carteira e pediu para Paulina desenhar um trevo de quatro folhas e um gato preto, já que um deles era muito difícil de se achar e outro era impossível de se colocar numa mochila. Valia tudo, até desenho.

No dia seguinte, foi conseguir uma ferradura com Hagrid.

*Gato preto na Inglaterra dá sorte. Nos Estados Unidos dá azar, mas na Inglaterra dá sorte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A música que eu tô usando para passagem de tempo é Ever Present Past (Paul McCartney, Memory Almost Full) e eu simplesmente cismei com ela.
Rewiews plz, o próximo capítulo já vem!