O Pequeno Cão do Mar escrita por Machene


Capítulo 7
O Rapto do Pirata e o Príncipe




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Cap. 7

O Rapto do Pirata e o Príncipe


Por causa da névoa ninguém enxerga nada, e no meio da tentativa de escapada sou empurrada. É preferível ficar no chão que me deslocar e cair em um precipício! Aos poucos a neblina se dissipa e eu levanto, com a ajuda de Hughes. Percebemos que todos estão bem, mas Edgar desapareceu! Sem demora corremos até o navio; Sheska e Mei apontam aflitas para a embarcação da marinha, que logo some no horizonte.

– Vimos você ser levada por eles! Será que estou louca?

– Não Sheska. – interrompe Izumi, atrás das duas – Aquele era o Edgar!

– O quê? – todos nós gritamos. Ela se aproxima aparentemente calma.

– Ed foi seqüestrado? Ai, meu Deus! – Mei se alarma – O que vamos fazer? Como iremos salvá-lo?

– Aparentemente de nenhuma maneira, porque ele tomou a forma da Wendy para que não a capturassem, ou seja: ele não foi seqüestrado, foi raptado! – explica Izumi, sentando em um banco de madeira na borda.

– Mas precisamos reaver nosso capitão de volta! – indaga Falman – Vamos atrás deles!

– Por favor, sem pânico! Eu tenho um plano...!

– E quem é essa? – Sheska aponta com curiosidade.

– É minha prima Peace. Ela foi pega pelo bando do Envy, e... – toco-me – Espera aí! Pode me dizer o que houve antes de chegarmos nesta ilha? Como te pegaram?

– Pegando, oras! De surpresa!... Eu fiz um mapa com uma carta de socorro quando eles me capturaram e jogaram no porão do navio. Assim que nós desembarcamos aqui eu consegui fugir por uns minutos e joguei a garrafa, mas não sabia que eles já esperavam que eu fizesse isto! Estavam observando vocês faz tempo!

– Eu sabia! Senti um frio na espinha durante o percurso todo da viagem! – reclama Breda.

– E o que é que eles queriam aqui, Peace? – pergunto.

– Estavam atrás da coroa dourada do antigo rei alquimista de Alcheard, Erince, que pertence, por lei da família real, ao membro atual no trono. Este é o rei Roy! Ela foi perdida em um naufrágio há anos, e ele só será governante titular quando tiver a coroa, mas vocês chegaram antes que eles pudessem desvendar a última pista do mapa original que eu copiei!... – toma fôlego – Nós temos que pegar a coroa!

– Espera um pouco... Em quê isso ajuda nosso capitão? – estranha Denny.

– Edgar é um pirata. Se o soltarmos e dermos para ele o crédito de achar a coroa e levá-la, sem que os marinheiros percebam, ninguém poderá tocar nem a ele e muito menos a vocês, porque terão a proteção da realeza! – direciona o olhar para mim. Peace é esperta como eu nunca suspeitei...

– Não sejam afobados...! – Izumi cruza as pernas – Eu tenho que contar uma coisa para vocês, e acho bom sentarem, porque ninguém vai sair daqui até eu terminar! – é lógico que eles tenham respeito por ela como têm ao mini projeto de gente, então todo mundo se apóia na proa e se cala – Como os membros mais antigos sabem, Alphonse entrou para a tripulação por ser um conhecido de Edgar e também ter talento para alquimia. – coisa que eu não sabia – O caso é que, antes de vocês descerem, Edgar veio até mim e contou duas coisas... A primeira é que Alphonse é um agente duplo: ele servia a Marinha antes de entrar para o bando e pediu ao vice-almirante para que o deixasse penetrar como membro da tripulação fingindo que iria nos investigar, mas na realidade ele é quem nos tem ajudado a fugir da prisão!

– "Meu santo Pai... E eu que o sufoquei em pensamento!... Desculpa Al!"

– A segunda coisa – continua Izumi, vendo que ninguém pensa em falar nada – é a que vai causar mais impacto: Edgar na verdade é Edward, o filho do rei Roy!

– "O quê?" O quê? – sou a primeira a gritar – Ele é... Ele é o filho do... – meu coração começa a palpitar forte.

– Sim, ele é! E, se eu não estou enganada, você estava destinada a ser sua noiva, não é?

– Como?... "Espera um pouco! Como é que ela sabe disto?" Como você sabe disto?

– Ele também contou que descobriu ouvindo sua tia conversar com um mensageiro da rainha, sua mãe. – com a surpresa eu me desequilibro e caio no mar. Como estamos no raso eu consigo nadar até a margem. Mei e Sheska descem junto de Peace e me ajudam a levantar. Todos começam a rir.

– Acho que o impacto foi muito grande!... – começo a rir junto – Izumi, eu admito toda a sua conclusão! O Ed salvou a minha vida, e agora eu quero salvar a dele. Posso comandar a tripulação para pegarmos a coroa?

– Fique à vontade! – sorri e faz continência. Hughes me dá uma toalha, eu me enxugo e prendo os cabelos – Muito bem, quem está a fim de resgatar o capitão e dar um chute naquele vice-almirante e seus amigos? – todos gritam em confirmação – Peace, você nos mostra o caminho!

– Certo, minha capitã! – ri e caminha na frente.

De acordo com Peace, a gruta com várias armadilhas que protegem a coroa está no centro da floresta, bem perto do lugar onde Ed e eu paramos. Com alguma dificuldade por causa da mata alta nós chegamos e entramos com tochas improvisadas com nossas roupas. As armadilhas não são mais do que buracos cavados, pedras soltas e linhas finas no chão que ativam flechas envenenadas escondidas nas paredes, pelas quais passamos sem o menor problema. Eu consigo passar por uma passarela até a rocha onde está a coroa e escalo com cuidado. Pelo menos nada cai!

Quando retornarmos Izumi coloca cada um aos seus postos para seguir até Alcheard, já que eu apenas me tranco no quarto de Ed na distração da comemoração. Pela minha mente as perguntas de antes começam a dar origem a respostas muito mais claras. Ele é maior que eu por milímetros, mas continua baixinho e tão teimoso como antes! A coroa de Erince reluz em pedras preciosas que enfeitam o arredor da fina estrutura do objeto. A luz do pôr-do-sol entra pela janela e bate nos lambrequins, reluzindo em meu colar.

Abro. Menti para Mei: ele não está vazio! Tenho uma foto minha quando criança junto de Ed e Al, que também era meu amigo de infância. Realmente, faz mais sentido agora!... Pensando melhor, me toco de que nem sinto raiva do Roy por tomar o trono da minha mãe e conseqüentemente o meu, sendo sua filha. Ele até supera meu pai em liderança, mas mamãe é boa também!... Eu nunca quis governar e ser forçada a me casar para o bem do povo, porque isto não me faria feliz! Sempre sonhei em jamais crescer...

Pensar que Edward seria meu marido me assustou quando a tia Ross contou que voltaríamos para Alcheard, mas pela mamãe eu faria qualquer sacrifício da minha felicidade! Ai, me dando conta do que isto significava, eu pensei duas vezes sempre na hora de medir meus atos. Sendo que, agora, minha lamúria não serve de nada. Após duas semanas desembarcamos sem a bandeira negra à vista. Com um capuz, eu sou guiada por Peace até o palácio com a desculpa de ter uma pretendente para o príncipe.

Nisto, os raios de sol do início da manhã, há algumas horas, já despontam nas faces dos guardas ardentemente. Conseguimos uma audiência marcada com o príncipe no dia seguinte. Hughes e os outros se camuflam entre os criados, e já que nem todos conhecem Peace a sua peruca negra só garante o sucesso do primeiro passo da operação. Mei e Sheska são as serventes que trouxe de viagem, Izumi minha tutora, Peace a prima de segundo grau que é, mas sobre a máscara da filha nobre que não existe na classe de marquesa.

Como ela, eu vim de um reino distante do sul e sou a condessa Wind, mas parece que nada disto impressiona Ed, que durante o almoço do dia seguinte não me reconhece a primeira vista e ignora o fato de eu ter esperado sua boa vontade de perguntar ao menos se quero salada ou se gostei do assado de quinta do cozinheiro! O tempo todo eu tenho cuidado para a peruca branca não sair até que termina o almoço. A tarde é francamente chata!

O mais estranho é que Roy, cujo talento para alquimia é igual ao de Edward e Alphonse, não está presente em momento algum!... É então que, no fim do dia, somos paradas na rua por dois militares, que reconhecemos quase que imediatamente quando retiram as capas pretas do rosto.

– Roy? Ma... Mamãe? – a voz me falha.

Continua...


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