Solitude escrita por Morbid Uchiha


Capítulo 1
Unique




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Ela estava sentada no telhado do prédio. O vento sussurrava-lhe doce no rosto, ficando mais frio ao beijar os caminhos que suas lágrimas faziam. Os olhos escuros miravam o horizonte sem vê-lo realmente. Há meses que ela nada via. Tudo era negro, disforme, triste.

Em sua cabeça várias perguntas passeavam sem rumo. Por que ainda estar viva? Por que ela não podia simplesmente se libertar? Havia algo maior preparado para ela? Se estivesse, que não tardasse, sua alma encontrava-se machucada demais para aguentar mais um pouco.

O céu tornava-se alaranjado à medida que as horas passavam, em breve a noite lançaria seu véu melancólico sobre o belo azul do dia, belo para quem visse de fora. Para ela era só mais um dia que se passava, mais um na sua tortura costumeira. Tornara-se uma sombra decrépita dos sorrisos que já dera.

Queria tomar uma providência. Alguém daria por sua falta? Achava que não. Sentia-se tão pequenina, tão insignificante. Ninguém se importaria se ela estava bem ou não. Nunca era relevante.

As lágrimas pesaram mais um pouco em suas pestanas. Odiava-se por estar chorando novamente. Prometera a si mesma que não voltaria àquele pranto desesperado e silencioso. No entanto, lá estava ela. Mortificada, calada, mas gritante por dentro. A raiva se fazia presente. Debaixo daquela dor havia uma centelha de ódio prestes a explodir, tomar aquele corpo fragilizado.

Novamente perguntava-se por que ainda estava viva? Por quê? Deus, se é que ele existia, estava a brincar com sua cara? Péssima ideia. Ele não sabia com quem estava se metendo. Amaldiçoava a todos. Queria que aqueles espectros ditosos perecessem da forma com que ela estava caindo. Queria que eles sentissem o mesmo que ela. Ou pior.
Fechou os olhos tentando mostrar para si mesma que era capaz de colar seus pedaços. Ela já o fizera tantas e tantas vezes, não se daria por vencida ainda. Desejava ver até onde conseguia ir. Sorriu, por mais terrível que parecesse estava se acostumando a conviver com aquele buraco em seu coração. Nada o preencheria, sua vida era cercada de mentiras, conceitos egoístas, amores falsos. Quão idiota fora ao pensar que tudo ficaria bem? Boba.

Alcançou o estilete em seu bolso traseiro. Aprendera que o cérebro não é tão perfeito quanto parece, assimilando a maior dor, fazendo esquecer-se das outras. Mutilar-se se tornou um hábito.

Lembrou-se das várias vezes que se chocara ao saber de pessoas que se machucavam aparentemente “à toa”.  Veja o que a vida fizera. Lá estava ela prensando a lâmina contra a pele branca de sua perna. Enfiou-a de uma vez, reprimiu um gemido, mas o sangue brotou. Escorreu por seu membro sem sentir piedade.

Os olhos miraram seu pulso. Perdera a conta de quantas vezes pensara em fenecer o dom da vida. Todavia não passava de uma garota covarde. Atirou o estilete longe. Aquilo não a levaria a lugar nenhum. Jogou-se brutalmente para trás, esperando que acidentalmente batesse a cabeça forte demais e por ventura morresse. E quem disse que o tal “destino” era beato?

Suspirou derrotada ao perceber que não seria dessa vez. Permaneceu naquele estado de letargia até as estrelas aparecerem formosas. O vento ainda embalava-lhe carinhoso. Seu corpo amolecia perante aquelas carícias afáveis, estava sonolenta. Deixou-se levar. Secretamente rezava que esta fosse a última vez que fechasse os olhos, ansiava que jamais tornasse a ver a cor do céu, seria seu júbilo mergulhar nas águas desconhecidas da morte. Porém, sabia que era cedo para desejar.

O tal “destino” definitivamente não era beato. 


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Notas finais do capítulo

Er... isso aí surgiu de um momento deprê e revoltado, é mais como um desabafo, pois tenho o hábito de fazer textos quando estou triste:x
Desculpe algum erro, não revisei por que tava sem paciência.
kissus
:*



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