Bad Girl Fuckin Perfect escrita por Nikkmoon


Capítulo 2
Cap II - Eu tenho medo.




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Cap II: Eu tenho medo.








Abri a porta de casa com calma, cansada. Voltar aquele inferno... Eu não achei que seria tão ruim, mas quem eu queria enganar? Aquilo nunca mudaria, eles nunca me deixariam em paz.

Coloquei a mochila sobre o sofá marrom velho e fui para a cozinha. Minha mãe, entre seu intervalo de empregos, vinha em casa e deixava meu jantar pronto. Não que fosse necessário, mas ela o fazia com tanto gosto que eu não conseguiria dizer a ela para parar. Abri o forno e peguei o prato de vidro, o frango e o arroz ainda estavam quentes. Coloquei o prato sobre a mesa e me sentei. Devorei meu jantar em pouquíssimo tempo, não que eu comesse demais, mas quando se fica sem comer nada no almoço na escola é normal ficar com fome. Peguei o prato e o garfo e os lavei assim que terminei de comer. Era um pouco mais de duas da tarde e eu havia devorado o meu jantar, provavelmente eu teria que dormir sem comer.

Voltei para a sala e peguei meus cadernos, eu teria muito que escrever durante aquela tarde. Mais e mais paginas de historia, uma infinidade de exercícios de matemática, perguntas e muito mais perguntas de inglês. Escrevi ate a minha mão latejar, já tinha feito boa parte dos exercícios e meu pai estava preste a chegar, era melhor que eu fosse para o quarto. Meu pai trabalhava na companhia elétrica, o salário não era dos piores, mas minha mãe não teria que trabalhar tanto se ele não fosse um alcoólatra e metade do seu dinheiro fosse parar no balcão de algum bar. Quando ele chegava odiava me ver na sala, principalmente em seu sofá assistindo televisão. Ele me expulsaria aos tapas, por isso, sempre um pouco antes das seis horas eu subia para o meu quarto e não sai mais de lá. Ele gritava o meu nome para saber se eu estava em casa e logo em seguida pegava uma cerveja e sentava-se no sofá.

Peguei minha mochila e subi. Coloquei a mochila na cama e fui ate a janela, puxei um pouco a cortina de pano fino e estampado, o suficiente para que eu conseguisse ver a rua. Andando a passos largos pela calçada um homem alto de uniforme azul, cabelos castanhos curtos, pele clara e semblante furioso... Esse era o meu pai, Nicolas Taylor. Quando ouvi o barulho da porta se fechando, sai da janela e me sentei da cama.

- Emily? – a voz aguda e firme do meu pai ecoou por toda a casa. Eu senti um calafrio percorrer o meu corpo.

- E... Estou aqui. – disse baixo, mas sabia que ele conseguiria ouvir.

Ouvi o barulho da televisão, eu já sabia que ele estava acomodado. Peguei uma toalha e fui para o banheiro. Tranquei a porta e me despi lentamente, enfiei-me am baixo do chuveiro e deixei a água quente escorrer. Eu não poderia usufruir de um banho demorado, caso eu demorasse muito meu pai entraria em colapso. Desliguei a água e me enrolei na toalha, atravessei correndo o corredor e me tranquei no quarto. Vesti a primeira coisa que vi, sequei o cabelo com a toalha e fiquei sentada na cama.


Um pouco antes das dez horas senti meu estomago reclamar, mas preferi ignorar o seu ruído e ir dormir. Eu não precisaria dormir tão cedo, afinal não era mais nenhuma criança, no próximo ano já completaria dezessete anos, mas eu não tinha mais nada para fazer. Deitei-me na cama e me enrolei nas cobertas. Dormi logo em seguida. Eu dormia fácil e tinha o sono leve, e foi um ruído agudo que me despertou. O ruído parecia vidro se quebrando ou algo do tipo. Olhei o despertador que ficava ao lado da minha cama, já havia passado das onze da noite. Minha mãe costumava chegar às dez horas ou um pouco depois, o que me levava a acreditar que ela e o meu pai estavam brigando novamente. 

Levantei, com os pés descansos pisei no assoalho frio, abri a porta, mas não tive coragem de me por para fora. Inclinei o corpo para fora do quarto, sem me atrever a pisar fora dele, já era o suficiente para conseguir ouvir tudo. Como eu suspeitava, meus pais estavam a discutir novamente. Eu ainda me lembrava da primeira vez que vi meus pais brigando... Eu tinha seis ou cinco anos, estava dormir quando acordei no meio da noite por causa de um barulho. Desci as escadas e parei no ultimo degrau frente à cozinha, e foi quando eu vi... Vi a mão de meu pai se chocar na face de minha mãe, ele gritava algo mais eu não conseguia ouvir muito menos me mexer. Depois daquele dia as brigas ficaram constantes, quando eu acordava por causa dos gritos me escondia em baixo da cama. Eu tinha medo de que meu pai batesse em minha mãe e depois viesse atrás de mim.

O barulho de vidro se quebrando novamente me fez acordar do devaneio. Eu não queria mais ouvir, fechei a porta e me deitei. Não tinha mais idade para me esconder em baixo da cama, mas eu continuava com medo.

Pouco tempo depois o silencio se fez, eu não tinha idéia do que poderia ter acontecido. Agarrei-me com mais força a coberta, foi quando eu ouvi o barulho da porta se abrindo. Senti o calafrio percorrer o meu corpo, mas eu tinha que olhar.

- Eu te acordei, filha? Desculpa – a voz calma da minha mãe me trouxe alivio e eu pude sentir novamente o ar entrar e sair dos meus pulmões – Eu não queria te acordar, Taylor – ela ligou a luz e sentou-se na cama ao meu lado.

Minha mãe era a única que me chama de Taylor, eu não entendi o por que.

- Não faz mal mãe.

Ela sorriu. Yolanda Duff era uma mulher bonita, mas andava descuidada demais. A pele clara havia adquirido marcas. O cabelo loiro liso era curto para facilitar e não perder tempo os penteando, os olhos verdes-esmeraldas tristes e cansados demais. A minha mãe era muito doce e gentil, e eu não entendia como ela poderia ser casada com alguém como meu pai. O caso foi que ela ficou grávida ainda muito nova, o que me levava a acreditar que esse foi o motivo pelo qual se casou, e o tempo não havia sido justo com ela, mas mesmo assim ela continuava linda. Sua mão macia afagou o meu cabelo, ela ainda me tratava como se eu tivesse dez anos. Ela sabia que eu tinha ouvido tudo, mas não tocaria no assunto. 

- Como foi na escola? Já pegou a matéria? – a voz doce dela era uma melodia apaziguadora.

- Er... Foi normal – forcei um sorriso. Eu nunca contaria a ela sobre o que acontecia, ela já tinha problemas demais – Eu já fiz boa parte da matéria que perdi.

- É assim que eu gosto – ela sorriu de novo – Gostou da comida?

Balancei a cabeça positivamente, ela sorriu novamente e me deu um beijo na testa. 

- Boa noite, filha – levantou-se e saiu do quarto.

Eu não conseguia entender... Como ela ainda conseguia sorrir? Talvez ela já tivesse se acostumado com a dor, ou talvez ela fosse forte demais... Talvez fosse... Mas eu não era...



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Notas finais do capítulo

Yo!Esse ficou mais curto, mas foi para vocês terem uma noção do que ela passa em casa. Perdoem os meus erros de digitação e ortografia, sim?Vou tentar não demorar muito com o próximo.Bjos e ate!!



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