Entre Paredes escrita por LyaraCR


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Segue a trama...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/147356/chapter/5

Quando fechou a porta às suas costas, sentiu todo o seu corpo retesar como se estivesse em pânico. Na verdade sabia que estava. O que diabos fora aquilo? Por que se deixara levar? Onde diabos estava com a cabeça? Queria se bater. Provavelmente Madara pensaria mal de sua pessoa por toda a eternidade. Se sentia um lixo! Uma verdadeira prostituta. E... Um... garoto! Como pôde?

— Deus...

Falou baixinho, indo para o banheiro. Não podia se deitar com aquela roupa molhada, com o corpo gelado como estava. Um nó se formou em sua garganta e se sentiu estranho demais, como se fosse morrer. Na verdade, o que aconteceu foi não poder mais se conter. Simplesmente desabou. Trancado alí, pensava no jeito como fora olhado por ele dentro daquele carro... Toda a sua pele se arrepiou. Se lembrava do jeito que a língua tocava a sua, quase que de um modo promíscuo... Se fosse uma garota, era fato que não estaria se sentindo assim, mesmo se fossem amigos. Mas se tratava dele. Madara. Uchiha Madara.

Colocou a mão contra a face assentando-se sob o jato quente do chuveiro e respirou fundo tentando cessar as lágrimas. O pior de tudo é que queria mais. Pior ainda: Não queria tê-lo feito parar, não. Queria ser bom o bastante para deixar as coisas simplesmente acontecerem. Mas não. Fora idiota e imaturo o suficiente para se assustar! Malditos princípios, malditas idéias já formadas sobre tudo... Por causa delas, agora amargava sozinho, enquanto poderia estar fazendo sabe-se lá o que ao lado dele... Malditos paradoxos infernais, maldito vinho, maldita enxaqueca, maldito Uchiha.

000

Esperar o dia amanhecer talvez fora uma das tarefas mais árduas para sua pessoa dos últimos tempos... Queria que toda a escuridão da noite passasse logo para sair e pensar numa solução para o que fizera. Precisava saber se seria perdoado, precisava do perdão dele. Nunca precisara disso em relação a nada, ninguém, mas se tratava de Minato, aqueles olhos azuis inocentes, aquela pele quase que sagrada... Sua boca estava seca. Olhou para o relógio... Seis. Ainda faltavam ao menos duas horas para que pudesse cometer a burrice de aparecer na frente dele... Sábado. Por que sempre se sentia um trapo nos sábados, principalmente pela manhã?

Fechou os olhos outra vez e tudo o que viu foi a cena daqueles olhos delicados se fechando pouco a pouco, e logo sentiu o gosto doce e macio dos beijos dele outra vez... Droga... já começava a ofegar... e por... um garoto! Não. Não era só um garoto. Era Minato.

Inquieto, pôs-se a pensar num modo ou numa escusa para aparecer do nada. Inútil. Sua mente estava entorpecida pelos acontecimentos da noite anterior... E tudo, mesmo que tão rápido e tão ébrio fora tão perfeito! Como queria sonhar, se prender àquilo enquanto dormia para sempre... Ao menos assim poderia não sofrer por antecipação com toda a sua covardia...

000

Acabara de acordar. Por suposto Jiraya e a garota que nem mesmo sabia o nome já haviam se mandado como prometido pelo de cabelos brancos. Precisava de um banho, uma aspirina e um café bem forte. Antes de tudo, precisava não pensar em Madara.

Levantou-se. Passos lentos foi resolver-se. Casa vazia, banho, coração acelerado... Era como se algo estivesse prestes a acontecer. E por Deus, como tentava se acalmar! Pobre alma fraca, corrompida... Nem mesmo esquecer conseguia. Se sentia tomado por ele, como se fosse um vírus ou uma espécie de feitiço... Nada além do ocorrido conseguia entrar em sua cabeça, revirá-la e não sair... O tempo foi passando e quando deu por si estava preparando seu café ao delicioso som da...

— Campainha? Da porta?

Questionou-se. A única pessoa que podia entrar pela portaria sem ser parada era Jiraya... Não sabia o porque, mas seu coração estava prestes a saltar pela boca.

Andou em passos lentos até a porta, temendo, ansiando e tentando se enganar.. A cada segundo, o tempo passava e cedo ou tarde teria que tocar a maçaneta e abrir. Quando o fez, qual não foi sua surpresa...

— Madara?

Questionou, estagnado, olhos arregalados como se tivesse visto um fantasma ou sua própria sentença de morte.

— E-eu... Olha, — suspirou e sorriu tímido como nunca o havia feito. Era um dos momentos mais difíceis de sua vida, tinha certeza absoluta — eu não tenho nenhuma desculpa pra bater aqui à essa hora, eu só quero saber se... sei lá, está com ódio ou nojo de mim... E... quero saber se me desculpa por ontem... E-eu não sei o que me deu e... de repente estávamos tão próximos e... seu cheiro.. eu não...

Foi cortado por um dedo ante seus lábios.

— Não piore as coisas. Eu não sei o que me deu, mas garanto que estou bem mais apavorado que você. E se veio se desculpar, tudo bem. Menos mal. Significa que você não está com ódio ou nojo de mim.

— Não, eu... Droga, isso é difícil! Eu preciso dizer, Minato... Eu gostei. E peço perdão por isso.

— Entre.

Sério, o loiro ordenou. Madara nem mesmo fazia ideia do que o esperava por detrás da porta então trancada. Seu coração parecia prestes a explodir tamanha aflição.

— Eu não sei como dizer, e nem sei se devo dizer isso, mas acho que não me importo de todo. Sabe, foi um choque, claro, algo que jamais pensara em fazer, mas... eu não sei, Madara... Acho que não... deixei de achar interessante.

Dito isso, Minato viu o outro se aproximar um pouco, hesitante. Talvez quisesse fazer algo e estivesse tomando a coragem necessária.

— Eu posso...

Madara questionou sutilmente, mais perto que o necessário para algo que não fosse o que viria a seguir. Viu o loiro suspirar e olhar para o outro lado, desviando-se daquilo. O viu corar e sorrir de canto como se pensasse num modo de responder sem ofender ou coisa do tipo. Mas não, Madara não era uma pessoa paciente, uma pessoa que sabia esperar. Acariciou os fios loiros forçando contato visual e o admirou por algum tempo antes de deixar-se fechar os olhos e beijá-lo mais uma vez.

As mãos grandes do moreno foram parar na nuca do outro, acariciando, puxando-o mais para si enquanto acariciava a língua dele com a sua... Aquilo era tão gostoso... E pensar que viera para pedir desculpas... Estranho demais, como se não fosse para realmente acontecer. Foi afastado pelas mãos de Minato.

— Não acha que está cedo demais?

O loiro perguntou com a testa colada à do outro. Sem uma resposta dele, afastou-se, indo em direção a uma das janelas, observando a cidade.

— Quer sair? Dar uma volta, comer alguma coisa?

Madara perguntou. Não sabia o que estava fazendo. Era como se estivesse em modo automático. Estava chamando Minato para um encontro? Sim, possivelmente.

000

Sentindo-se bem como há muito não se sentia, como se de repente todo o mundo houvesse voltado a ser uma coisa leve, divertida, andava ao lado dele. Depois de tantos minutos naquele fast-food onde comeram feito desesperados e acabaram por rir de tudo, haviam saído para dar uma volta. Como haviam muitas lojas por perto, decidiram por caminhar. Talvez até comprassem algumas coisas para a noite! Mesmo com o céu cinza, o dia parecia divertido para ambos, colorido o bastante para não pensarem em mais nada. Nada.

000

Olhou o relógio. Já eram quatro da tarde. Era incrível como podia perder todo o dia ao lado dele, sem se cansar, sem ter problemas. Estavam sentados ao sol fraco, no mesmo lugar onde antes se beijaram pela primeira vez. Estavam alí ainda como amigos, como se portaram todo o dia, e não como num encontro. Minato havia cortado as asas de Madara por diversas vezes. Era muito discreto e o outro não queria forçar a barra.

— Vai trabalhar no clube hoje?

— Eu não sei... Estou deixando por conta de Izuna, mas é provável que ainda dê algum assunto para que eu resolva... Pra dizer a verdade, eu nem mesmo queria voltar para casa. Está difícil. Minha mãe viajou com Mikoto e a sogra de meu irmão, meu pai está irritado com assuntos do trabalho, com meus tios... Está um caos. Izuna e Fugaku estão numa corrida desesperada para ver quem impressiona como melhor filho, cada um ao seu modo...

— Acho que te entendo. Mesmo só ouvindo dá pra ver que é desesperador. Olha, sabe onde eu moro, sabe que não é nenhum flat de luxo, mas se quiser pode ficar por lá. Não tem nada muito interessante além da TV, mas sei lá, de repente... Amigos são pra essas coisas, não é mesmo?

Ao mesmo tempo em que Madara sorria ante a gentileza do loiro, se contorcia por dentro. Era como se ele houvesse esquecido o ocorrido, esquecido tudo relacionado a ele.. Isso doía em certo ponto. Nem mesmo as garotas mais velhas o esqueciam assim! Certo, mas talvez fosse apenas uma forma de demonstrar sua discrição. Não queria tentar entender agora, porque sabia, podia sentir que acabaria se machucando. Não dava pra saber depois desse longo dia se Minato o queria como amigo, amante, como qualquer coisa somada das duas anteriores... Ponderou mentalmente por alguns instantes, vendo que seria proveitoso passar a noite fora de casa. Fato que sumir com um carro de luxo de seu pai e passar duas noites na rua era arriscar demais sua situação dentro de casa. Já era conhecido pelo seu jeito boêmio. Para ser castigado por incompetência, imprudência ou qualquer coisa do gênero não custava nada. Mas sequer se importava realmente.

— É, eu acho que pode ser uma boa ideia. — sorriu para o loiro, tomando-lhe a mão em seguida, levando-a aos lábios — não me leve à mal, mas acho que pode ser bem interessante se ficarmos por lá, sem ninguém além de nós mesmos...

Depois de tal carícia, Minato teve que fechar os olhos. As palavras do outro o remeteram a um nível de pensamentos os quais não estava habituado a ter. Mesmo temendo pelo que pudesse fazer, mesmo temendo pelos seus princípios e até mesmo pela sua sanidade, não o impediu. Iria leva-lo consigo.

Levantou-se, sorrindo para ele.

— Vamos.

Sabia, ou podia sentir, que no fundo estava embarcando em algo sem volta, mas sentia que queria explorar as possibilidades. Havia gostado do beijo dele, havia gostado dele como amigo, como pessoa. Que mal tinha em prova-lo mais algumas vezes?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre Paredes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.