Coeur Faible escrita por NRamiro


Capítulo 22
Parte 15.1


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, bem rápido.



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- O que?

- Isso mesmo que você ouviu, Henrie – Meu parceiro estava perplexo. Simplesmente não acreditava nas minhas palavras, então o mostrei a foto.

- Traidor – Foi sua única palavra.

Estávamos no trem de volta para Londres. Nossa chance de encontrar Jason havia se esvaído. Ou talvez não, já que descobrimos um traidor que nos levaria, querendo ou não, ao resto do grupo que há algum tempo estava criando problemas a Coeur Faible.

Se tivesse descoberto da traição de Anthony algum tempo após conhecê-lo, não duvidaria e não hesitaria em entregá-lo a Vector. Entretanto, é difícil confessar, mas havia criado algum tipo de afeição ao inccubus e ao seu jeito irônico.

Por que você teve que fazer isso, Ant? Agente duplo?

- O que você vai fazer? Ir direto a algum superior, digo, Vector.

- É o correto a ser fazer... – Suspirei. – Mas... eu quero falar com ele.

- Amigavelmente?

- Talvez não – Ri.

Durante todo o percurso tentei imaginar uma explicação plausível que não incriminasse Anthony, mas não pensei numa suficientemente convincente. Dias atrás havia amedrontado Abraham pensando que ele poderia ser um espião ou algo assim, contudo, também não obtive uma incriminação. Anthony estava lá todo o tempo.

Talvez houvesse uma resposta plausível. Talvez.

- Até que não foi uma viagem desperdiçada – Henrie analisou ao chegarmos em Londres.

- Não mesmo – Concordei. – E agora, como achamos Anthony?

- Não é como se tivéssemos o telefone dele.

- Ele tem a habilidade de aparecer quando não é desejado. Vamos para coeur, talvez o encontremos lá.

Alguns minutos depois estávamos no Under Four Feet. A casa encontrava-se vazia e logo avistei um rosto conhecido: Ananda Druzik.

- Você por acaso conhece os protegidos? – Perguntei soando um pouco vaga a pergunta.

- Apenas alguns.

- Anthony. Alto, branco, cabelos escuros e o talento de irritar os outros.

- Acho que sim – Ela riu. – Ele me deu uma cantada, mas sabe como é, Ant é um poço de problemas.

- Você nem imagina – Ressaltei. – Sabe se ele está aqui?

- Está com sorte, Francesca. Ele acabou de entrar.

- Obrigado – Henrie agradeceu por mim.

Entramos pela porta de isolamento acústico e caminhei vagarosamente procurando pelo suspeito. Como uma grande ironia, encontrei-o na minha sala.

- Anthony...

- ...Que surpresa – Completou Henrie encostando-se no sobrado da porta.

Ele estava sentado com uma revista de quadrinhos no colo. Olhou-nos ao ouvir seu nome, então sorriu e se levantou. Deixou a revista em cima da mesa e enfiou as mãos no bolso da jaqueta enquanto vinha em nossa direção.

- Eu vim hoje aqui procurar por vocês – Ele disse. – Não estava achando, mas quem é vivo sempre aparece.

- De fato – Cruzei os braços. – Anthony, preciso falar com você.

- Estou de ouvidos abertos, moça bonita.

- Venha até o bar – Henrie sugeriu. Fomos, os três, até o bar do Under Four Feet, fora da coeur. Ananda não estava mais lá, ainda bem, digo. Ela provavelmente poderia querer juntar-se a nós e isso não seria uma boa ideia.

- Até quando você pretendia continuar com isso? – Comecei. – Com essa traição nojenta?

- Do que está falando? – Deu um sorriso fraco de quem não está entendendo o que está ouvindo.

- Henrie e eu estávamos na França há poucas horas. Conseguimos pistas de Jason e... Lilly – Ele respirou fundo à menção do nome. – Achamos um escritório e subimos pra ver. Quando chegamos, parecia que um furacão havia passado por lá, talvez para disfarçar algo; provas quem sabe? E no meio de toda aquela bagunça, sabe o que achamos, Anthony?

- O que? – Seus olhos castanhos estavam fixos em meu rosto. Atônito.

- Isso – Henrie puxou do bolso interno a foto que eu havia encontrado. Colocou-a sobre a mesa da qual estávamos atrás e a deslizou até Anthony. O inccubus pegou a foto e fechou os olhos para logo em seguida abri-los e deixar um suspiro escapar de seus lábios.

- Nunca traí vocês. Nunca traí a Coeur Faible – Disse emergente. – Há uma explicação clara para isso.

- Estamos esperando.

- Tudo bem, olhe, eu a conhe-

- Anthony – Um homem em um sobretudo claro o chamou. Alto, de cabelos tão negros quanto a pele e olhos castanhos. Um inccubus. – Pode me acompanhar?

- Vocês disseram sobre isso para alguém? – Perguntou-nos num sussurro rápido. Neguei com a cabeça. – Obrigado. Por favor, eu vou explicar tudo sobre isso. Apenas... esperem.

Anthony se levantou e foi até o homem, ele que o guiou de volta para o abrigo da coeur. Antes de nos perder de vista, Ant olhou para trás como um pedido silencioso: “Apenas...esperem”.

- Vamos esperar?

- Acha que devemos?

- Quero ouvir a versão dele – Confessei.

- Eu também.

- Então vamos esperar até podermos estar com ele a sós novamente – Suspirei. – O que será que aquele inccubus queria com ele?

- Não é da nossa conta... mas se me permite, provavelmente se meteu em problemas quando não tínhamos que vigiá-lo mais.

- Se for isso, não me surpreenderá.

- Vai continuar aqui, na coeur? Não acho que receberemos nada hoje... e ainda temos que nos preparar para Anthony.

- Vou para casa – Decidi-me em um segundo. – Preciso... fazer algumas coisas. Passe na minha casa amanhã ao amanhecer?

- Certo.

Sem pensar muito, abracei Henrie e o soltei rapidamente. Ele pareceu confuso no primeiro momento, mas já estava sorrindo de leve. Devolvi o gesto e dei as costas a ele, saindo logo em seguida da coeur.

Com a mente confusa fui até ao porsche e dirigi até minha casa. Despi-me ainda na sala e entrei no banheiro para um banho demorado. Foi um momento de calma que dediquei a mim enquanto estava ali, deixando a água morna do chuveiro cair sobre minhas costas. Era uma massagem que afastava minha decepção com Anthony. Entretanto, ele havia afirmado que possuía uma explicação plausível, então acreditaria nele. Caso me convencesse.

Assim que saí do banho e coloquei minhas roupas intimas, escutei meu celular tocar. Antes de levá-lo ao ouvido vi o nome “Abraham” escrito na tela.

- Gabriela?

- Eu.

- Como vai na França?

- Na verdade já estou em Londres.

- Oh.

- É – Ri pelo nariz.

- Já que está aqui. Aceita sair para um bar, talvez um café?

- Um café nesta noite gelada – Respondi com a voz estranhamente doce.

- Quer que eu te busque?

- Não, nos encontraremos já no café.

Combinamos em qual café iríamos e desliguei o telefone. Ainda não entendia como Abraham me fazia sentir à beira da normalidade da qual não pertenço, mas era uma nova experiência sair com ele; era, no mínimo, interessante.


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Notas finais do capítulo

Como acham que vai ser a conversa com Anthony?
E o encontro com Abraham?



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