In The Dark Beside You escrita por JotaBe


Capítulo 11
Eu Preciso Saber


Notas iniciais do capítulo

rs... Então né, oi. HAEUHEAUH
Não existem palavras para descrever o quanto eu sinto MUITISSISISISISISISISMO pelo atraso do capítulo. Eu fiz vocês esperarem quase dois meses e isso é imperdoável. Eu sei. Boa parte de vocês devem ter me abandonado :/ Bem, eu espero que não. Quero pedir desculpas, eu sou o tipo de pessoa que quando acha que não está bom... é porque não esta bom! Perdi a conta de quantas vezes fiz e refiz esse capitulo, apaguei, escrevi de novo, perdi o que escrevi, dai escrevi de novo... Eu só queria que ficasse perfeito pra vocês...Acrescentei músicas maravilhosas, Eu preciso Saber é um capitulo 100% Dean e Olive E eu caprichei o máximo que pude. Espero que vocês gostem.



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Uma semana depois.
Música (Opcional) Para o Pov da Allison e do Sam!
Allison Pov

Voltar para a escola depois de acontecimentos tão perturbantes não foi fácil. A semana se rastejava, e minha parte favorita do dia era quando eu passava a noite toda com Olivia, até o horário de visitantes acabar, era praticamente um alivio poder fugir de todas aquelas pessoas e me sentar ao lado dela, a única que jamais iria me julgar.
A semana toda tentei distraí-la com minhas bobagens, contando o vexame que dei e as repercussões dele pela escola toda. As vezes conseguia tirar uma risada ou outra dela, mas ainda sim senti falta de suas gargalhadas, fiquei com medo de nunca mais ouvi-las. A vida de Olivia havia mudado, drasticamente, pra sempre.
Trombei com Dean algumas vezes, que simplesmente vagava pelo hospital,ou observava Olivia dormir, mas nunca entrava no quarto. Olivia provavelmente nem sabia que ele estava por aqui, e eu não tinha certeza se devia conta-lá. Hoje de manhã Olivia receberia alta, ao chegar no hospital não vi nenhum sinal de Dean, mas Sam...estava sempre aqui! Seguindo aquela maldita enfermeira pra cima e pra baixo, feito um cão sem dono. Fingindo se importar com Olivia. Aquilo me enojava. E eu era obrigada a me controlar e alimentar a ideia na minha cabeça de que eles não estavam envolvidos.
Entrei no quarto e Olivia já estava em pé, tinha um rosto calmo e sereno. Não parecia estar nesse planeta. Bati sutilmente na porta e esbocei meu maior sorriso. Ela olhou para mim e sorriu de volta.
– Ansiosa pra sair daqui?
– Não faço ideia – ela murmurou.
– Está tudo bem? - perguntei e me arrependi de imediato.
Ela riu.
– É uma pergunta estúpida, eu sei. Me desculpe.
Ela fechou o zíper de sua mala e correu os olhos por todo o cômodo, como se despedisse.
– E agora? - ela perguntou frustrada.
– Agora você segue em frente.
– Como? - suspirou – Com que propósito?
– Você vai encontrar algo. Eu prometo. - ela permaneceu em silêncio por alguns segundos - Aqui estão suas coisas.
Entreguei-a uma mala azul com todos os seus pertences.
– Se eu esqueci de algo, peça, e eu vou buscar- tentei não parecer nervosa.
Voltar até a casa de Olivia foi provavelmente uma das coisas mais assustadoras que já fiz em minha vida. O lugar parecia um filme de terror.
– Está tão ruim assim? - perguntou.
Fitei-a com um sorriso desanimado.

– Seja sincera.

– Foi um choque. Havia sangue por todo lado – murmurei, falhando em esconder o quanto aquilo havia me assustado - Só que dessa vez estava lotada de peritos. Coletando evidências com feições sérias e concentradas. Meu Deus, sem mencionar aquele uniforme – ela disse maliciosa – Eu vou ter que casar com um policial!

Ela riu.

– Só me prometa que nunca mais vai voltar pra aquele lugar.

– Eu jamais voltaria por vontade própria. Alguma noticia da minha mãe? - perguntou sem expressão.

–Não. Eu sinto muito.

–Não sinta. Eu agradeço. Espero não vê-la nunca mais.

–Não diga isso.

Ela tentou se focar em outro assunto.

– E a escola? Todos já sabem ou ainda só a metade?

– Ninguém sabe – ela me encarou assustada – Não estou mentindo. O pior que ouvi dizerem lá dentro é que você morreu de overdose em algum lugar.

– Claro – ela riu – Não me surpreende.

– Não se preocupe –a olhei com doçura – Eles não sabem de nada.

Assenti com a cabeça.

– E Xavier?

– Ele está por ai – fiz uma careta – Olive, você realmente vai adiante com tudo isso?

– Eu sabia que você iria me julgar. Estava demorando na verdade.

– Eu não estou julgando! Eu só... Você poderia morar comigo.

– Eu devo muito a ele. Ele só está querendo ajudar.

Encarei-a irritada.

–Se você quer agradecer mande flores, compre um cartão, mas não vá morar com o cara! Olive, você sabe quais são as intenções dele de manter assim, tão perto. Não se faça de cega.
– Eu sei me cuidar – ela deu de ombros – Preciso ir, estou indo até o hospital onde Lisa está, para identificar o corpo.
– Quer companhia?
– Não, eu realmente preciso fazer isso sozinha.
Assenti com a cabeça.
– Boa sorte então...- sorri pra ela.
Ela me olhou por alguns segundos e me abraçou. Meu olho se encheu de lágrimas.
– Vá me visitar – ela disse – Sabe onde eu moro.
– Claro – ri irônica – Cama do meu professor de história, número 23.
Ela riu e deixou o quarto.
Respirei fundo tentando acalmar meus nervos, estava quase na hora do almoço, percebi que eu estava faminta. Me preocupei demais com Olivia, Sam,Dean e essa história toda que senti que não comia direito por uma semana.
Peguei o elevador na esperança de correr até o restaurante mais próximo e me distrair pelo resto da tarde. Quando cheguei ao saguão, assim que a porta do elevador se abriu, senti que tinham aberto a porta para meu inferno na terra.
Senti todo meu corpo se virar ao avesso.
Tudo começa com um pequeno nó na garganta, uma certa tremedeira nas pernas, fraqueza pelo corpo todo, junto com o processo das informações. Toda aquela utopia que você construiu em sua cabeça é impiedosamente destruída. Para que tudo aquilo realmente acontecesse – os cenários que imaginou – o sentimento teria que ser mútuo, o que, quase nunca é.
Cenários que você permitia a sua mente criar, frases que jamais serão ditas e ainda sim você as repete fervorosamente para si mesmo, apenas pelo consolo que sua imaginação pode te oferecer. Mostrando como tudo poderia ter sido diferente. Se ao menos… ele sentisse o mesmo por você.
Então lhe sobra apenas o auto desprezo. Um ódio involuntário por si mesmo, pois no final das contas, foi você mesmo que se colocou naquela posição.
Se lágrimas de raiva e pesar escorrem pelo meu rosto agora, é apenas por eu ter criado um conto de fadas, que nem sequer por um segundo havia existido. Que nem sequer por um segundo havia passado na cabeça
dele.
Por ultimo, a risada irônica dentro de minha cabeça, que sussurra
”Idiota”, ao observar ele partir com outra garota.
Sam ajudou a enfermeira a por seu casaco e saíram juntos em direção a cafeteria que ficava em frente o hospital.
E a partir desse momento vou ter que aprender a odiá-lo, porque sei que não posso tê-lo.


Sam Pov

Uma semana havia passado, toda aquela loucura parecia apenas um sonho distante.
Eu já vivi isso, já presenciei esse acontecimento bizarro que é a tragédia. Nós, seres humanos somos fracos demais para discernir sonho de realidade, seja quando algo bom demais acontece, ou com a perda de algo inimaginável. Apenas paramos nossas vidas por alguns meses, tentando entender, tentando acreditar, perguntando-se o porque. Quando na verdade, tudo que deveríamos fazer é seguir em frente, mas infelizmente ninguém realmente o faz. É de experiencia própria que eu digo o quanto o passado pode ser convidativo, ele se instala em nossas mentes feito um parasita, nos impedindo de fazer qualquer coisa. Alguns são fortes o suficiente para se livrar desse parasita, eu não sou tão forte.
Muito menos Dean. No carro ao caminho do hospital decidi discutir com ele, algo que estava me incomodando a tempo.
– O que você está fazendo? - perguntei.
– Dirigindo – ele murmurou.
Ele era irritante.
– Dean! - gritei frustrado – Você está indo ver a Olivia há uma semana quando ela já deixou bem claro que vai morar com outro cara! O quão masoquista você é?
Ele não respondeu. Continuei.
– Já parou para pensar que isso é um pouco doentio? Qual é o propósito de ir visita-la sendo que nem conversa com ela?
Ele deu de ombros.
– De verdade, não entendo da onde você tira tanta esperança.
-Esperança? - ele perguntou indignado – Esperança de que?

– É óbvio o motivo Dean, está escrito na sua testa. Você ainda a visita porque acredita que ela vai desistir do professorzinho e voltar pra você. Vamos ser realistas aqui por um segundo.
Ele riu.
– Isso é ridículo. Não tenho esperança alguma. Ela deixou bem claro quem ela quer. Posso viver com isso. Só quero ter certeza de que ela está bem.
– Uau. Você é patético.
Estacionamos em frente ao hospital.
– Quer realmente falar quem é patético aqui Sam? - ele perguntou – Você devia tomar cuidado com as coisas que faz, você tem magoado terrivelmente algumas pessoas e finge que não sabe de nada.
Fitei-o sem paciência e desci do carro. Ele continuou la dentro.
– Não vai descer? - perguntei pelo vidro.
– Não, tenho algo pra fazer.
– O que?
– Vou visitar o corpo de Lisa.
Eu ri de nervoso.
– Dean... - desisti no meio do caminho – Quer saber?Tanto faz. Se torture o quanto quiser, eu só não vou assistir.
Ele era impossível. Não existia nada que eu dissesse que o faria mudar de idéia. Eu estava aliviado na verdade. Ele havia encontrado outra obsessão que não fosse nossa mãe. Eu só espero que dessa vez as coisas terminem de maneira diferente.
Senti os olhos de Allison me seguirem na escola a semana toda, de uma maneira quase pesarosa. Eu não conseguia entender. Tinha certeza de que Dean falava dela quando se referiu a mim como o patético. Eu concordo. Eu era patético. Depois de toda aquela carga emocional eu não conseguia dirigir uma única palavra à Allison, muito menos olhar pra ela. Meu ódio por ela havia sumido por completo, mas eu não fazia idéia do que havia sobrado.
Eu não sei o que sinto quando penso nela. Eu não quero ser um babaca. Não quero dar esperanças à alguem quando nem eu sei o que penso. Tudo o que fazemos quando estamos no mesmo cômodo é brigar e eu desprezo todas as meninas que são semelhantes a ela. Simplesmente não faz meu tipo, mas mesmo contra minha vontade, ela cruzava minha mente, pelo menos duas vezes ao dia. Minha cabeça estava uma bagunça e meu cérebro estava limitado apenas ao presente, me esforcei tanto para bloquear coisas do meu passado que acabei bloqueando pensamentos do futuro. Sou limitado apenas ao agora.
Tudo que eu sabia sobre o agora é que tinha um encontro.
Isadora era a enfermeira que conheci no hospital, é apenas três anos mais velha que eu e está fazendo estágios. Nunca conheci alguém tão inteligente, ela tem sonhos, esperanças, um coração gigantesco, é apaixonada pela família e tem um ar bondoso quase irritante. Admito que a invejo. Invejo sua vidinha perfeita, invejo seus planos, invejo-a pelo fato dela saber exatamente o que quer e quem é.
Acho que é isso sobre ela que me fascina. Ela é incrivelmente normal. Leva uma vida monótona e calma e só Deus sabe se já teve algum relacionamento sério com alguém do sexo oposto. Mesmo sendo extremamente bonita, cresceu com a cara enfiada nos livros, sem tempo para a vida social. Eu sinceramente não sabia o que estava fazendo com ela. Nós não combinamos nenhum pouco.
Alguém tão normal comparada com todos meus sérios problemas psicológicos e minhas cicatrizes emocionais. Nós conversamos, rimos, nos conectamos por alguns segundos por gostarmos das mesmas bandas... E a conexão sumiu. Existia afinidade mas não existia calor, ódio, atração, não existia borboletas, nem paixão. Enquanto tomávamos café eu a observava atenciosamente falar sobre seu sobrinho que amava tanto e sobre quanto seus pais foram maravilhosos apoiando cem por cento sua carreira. Era uma realidade muito distante da minha.
Contra minha vontade percebi que me afastava mentalmente daquele momento e uma certa conversa com Allison veio a minha cabeça.

Flashback
''
Ambos seus pais estão vivos? – perguntei.
– Parece que não. Não os vejo a três meses – ela ergueu uma sobrancelha.
– Estamos competindo? – perguntei pasmo.
– É a única coisa que da para se fazer com isso, não é mesmo?
– O que? Ver quem está mais profundamente mergulhado na merda?
Ela soltou uma risada que fez com que o clima ficasse mais leve.
– Em uma escala de zero à dez, o quão patético nós somos? – ela manteve a expressão divertida.
– Quinze – respondi.
''

Foi quando percebi o quanto minha vida era diferente da de Isadora. Eu só me sentiria confortável com alguém que fosse tão mentalmente instável como eu.
– Eu preciso ir – murmurei, interrompendo-a no meio de uma frase.
– Já? -ela perguntou sem compreender.
– A gente se vê – forcei um sorriso.
– Me ligue.
Acenei para ela e corri para as ruas frias de Newark, sentindo aliviado de estar a sós com meus pensamentos e de não ter que fingir ser alguém que eu não era pra mais ninguém.


Dean Pov
Música (Opcional)
Lutei com meus pensamentos a viagem inteira até o hospital, eu não podia racionalizar mais nada, eu acabaria ficando louco. Proibi-me de pensar em Olivia mas eu falhava toda vez. Tudo que eu queria era ver aquela criança mais uma vez. Sinceramente, eu não sabia porque, tudo que eu sabia era que eu precisava vê-la mais uma vez, era tudo que eu queria. Quando realmente se deseja algo não é preciso um motivo melhor do que simplesmente querer. Eu estava convencido que a partir desse momento perderia Olivia e Lisa era a única conexão que eu tinha com ela. Eu tinha que me despedir. Me despedir da nossa relação, das nossas conversas, nossas brigas que ninguém mais no mundo entenderia. Olivia estava fortemente marcada em minha memória, mas eu teria que tira-lá da minha vida assim que ela começasse a chegar na escola todos os dias de carona com o professor. Sam estáva certo, eu não precisava ser tão masoquista. Eu não posso lutar por algo que nunca existiu.
Me informei devidamente na secretária e subi as escadas que levavam ao necrotério. Hospitais me deixavam nauseado e ainda sim eu andei por hospitais a semana toda. E os sacrifícios que eu fiz por ela, só eu vou saber. Entrando no corredor do necrotério me deparei com um vulto.
E lá estava ela, pálida, o cabelo um pouco bagunçado e uma jaqueta grande demais para seu corpo frágil. Olhava para o corpo da irmã através da grande janela de vidro, compenetrada e em silêncio, mal se podia ouvir sua respiração. Abraçava a si mesma, não por frio, mas acredito que por busca de algum consolo. Me aproximei cautelosamente.
Ela suspirou e sem olhar para mim perguntou:
– O que está fazendo aqui? - sua voz estava rouca e fraca.
– Eu vim me despedir.
Houve uma pausa.
– De mim ou dela?
– Acho que das duas.
Ela assentiu com a cabeça, tinha uma expressão torturante.
– Por favor, não faça cerimônia. A saída é logo à esquerda – disse com acidez.
– As coisas não precisam acabar assim e você sabe disso – tentei soar firme.
– Está insinuando que eu sou culpada? - ela finalmente virou-se para mim. Assim que nossos olhos se encontraram pude senti-lá. Borboletas começaram a dançar em meu estômago. Juntei toda a força que existia em mim e me aproximei dela.
– Você sabe como eu me sinto e escolheu ir com ele mesmo assim.
– Isso é ridículo! - sua resposta tinha rastros de frustração.
– É mesmo? - enfrentei-a.
– Quer saber de uma coisa? Você vai ter que parar de agir como se eu fosse sua! - ela aumentou o tom de voz – Não é você quem vai decidir o que acontece agora! Você não tem esse direito! Você não pode cobrar nada de mim!
Eu não sabia decifrar se sentia nela raiva ou desespero. Sua boca dizia palavras que pareciam não condizer com sua mente.
–Você tem razão! - dei de ombros – Você não é minha.
– Dean, eu...
– Mas devia ser – interrompi-a. Ela me olhou assustada - Fique comigo! -pedi- Minha casa tem cômodos o suficiente.
– Não seja absurdo! Eu não posso ir com você!
– Por que não?
– Não posso. Você está enlouquecendo, eu sei que você está acostumado a conseguir tudo o que quer, sinto muito Dean. As coisas não são tão fáceis como pensa.
– Sim Olivia, elas são. Tudo que você tem que fazer é escolher!
Eu beirava a desespero, estava pedindo por ela, me humilhando, destruindo todas as muralhas que eu havia construído de uma única vez. Tentando convence-la do que era a melhor escolha, pois eu sabia mais do que ninguém que estaria com ela até o final.
Ela continuou em silêncio, eu sentia um medo crescer dentro de mim, um medo que deixava bem claro que ela não se decidiria. Pelo menos, não por mim.
– Olivia, eu não vou retirar nada do que disse. Eu não vou dizer nada do que eu não sinto, eu vou lutar por você. Você não precisa ficar sozinha – levei minha mão de leve ao seu rosto que estava frio como mármore, ela fechou os olhos – Eu me apaixonei por você – as palavras ferveram em minha boca – Só deixe-me tentar. Eu posso te ajudar.
Silêncio.
– Eu ou ele? Quem é que vai ser?
Ela abriu os olhos e lágrimas escorreram dele de imediato, me fitou sem expressão alguma.
– Eu não preciso da sua ajuda.
Eu não podia acreditar no que ouvia, era doloroso demais. Minha vontade era de soltar gargalhadas de tão ridículo que tudo isso me fazia parecer. Não tive forças para responde-lá.
– Você acha que eu me importo com tudo isso? - disse chorando descontroladamente – Estamos discutindo nosso relacionamento “não existente” ao lado de uma sala onde se encontra o cadáver de minha irmã! Você acha que eu tenho condições de escolher? - ela perguntou com amargura – Eu não quero isso. Eu não quero mais nada. Tudo isso não tem propósito algum. Pra mim já basta!
– Não foi você quem morreu!– retruquei
Ela me encarou, assustada e tremendo, tentando controlar o rio de lágrimas que escorria por seu rosto e sua respiração que nunca era completada.
– Parece impossível agora Olivia e talvez nunca fique mais fácil – tentei me acalmar – Ela se foi. Lide com isso. O mundo não para por você.
Todas aquelas palavras poderiam soar duras demais, até cruéis, mas eu sempre quis ter alguém que tivesse as dito para mim. Haveria me poupado muito tempo de auto-destruição.
Ela me olhava com dor e uma mistura incrível de sentimentos que vi correr por seus olhos, todos ao mesmo tempo – angústia, arrependimento, indecisão, frustração e medo – e eu sabia que sua irmã não era seu único motivo.

Ela respirou fundo e pois sua mochila nas costas.
– Xavier está esperando por mim.
Consegui sorrir.
– Já percebeu que você faz a escolha errada toda vez?
– Você tem que aprender a não precisar de mim. Estou fazendo isso por você.
– Não Olivia. Você está fazendo isso por você.
– Eu sinto muito – ela sussurrou.
– Espero que ele te use exatamente do jeito que planejou.
Dei-lhe as costas e andei até a saída, ela tinha razão, era à esquerda. A esquerda era o caminho para o meu inferno emocional particular.
O que eu fiz foi suicídio, foi pegar cada partícula viva dentro de mim e entregar à alguem as cegas em uma bandeja de prata. O problema? É que uma vez que você entregue nunca mais tem a bandeja de volta.
Amar é uma merda.


Charles Xavier Pov (Especial)
Música (Opcional)
Olivia veio ao meu encontro, com os olhos encharcados. Abracei-a o mais forte que pude. Seu cheiro era viciante.
– Vai ficar tudo bem. Nós vamos pra casa, tomar um chá quente e você vai poder descansar e se afastar um pouco disso tudo.
Ela apenas assentiu com a cabeça, mas permaneceu em silêncio até o anoitecer.
Já havia passado da meia noite, eu tocava piano enquanto Olivia estava sentada em minha poltrona, a alguns metros de mim, completamente petrificada, segurando sua xícara de chá. Tentei deixar o cômodo o mais confortável possível, acendi algumas velas e tocava a música mais calma que pude achar. Tentando ignorar o quanto seu silêncio me incomodava, apesar de ser uma das coisas que mais amava nela, era também a que eu mais odiava, eu jamais sabia o que estava passando por sua cabeça.
Eu seria julgado por isso, pela instituição em que trabalhava, pelos meus alunos, meu colegas de trabalho, corro risco de perder meu emprego. Apesar de todos os contratempos, Olivia é importante demais para eu ver tudo isso acontecendo e não me movimentar.
Eu tinha completa ciência da nossa diferença de idade, e também tenho ciência de que minha atração por ela é parcialmente física.

Minha vida foi apagada de minha memória por completo, boa parte da minha família está morta e o resto eu nunca conheci. Nunca construí nada sozinho a não ser minha carreira. Eu estava tão solitário quanto ela, Olivia era a única pessoa que realmente fazia parte da minha vida. Eu não queria a deixar ir. Eu não queria perdê-la, mas algo dentro de mim me dizia que minha casa era o último lugar em que ela desejava estar. Deixei o piano e sentei-me ao seu lado.
– Quer conversar?
Ela ergueu os olhos lentamente e me encarou por alguns minutos.
– Eu...
Naquele momento nós dois pulamos de susto quando um envelope atravessou por de baixo de minha porta. Fui buscar o envelope amarelado que não tinha remetente, apenas um único nome escrito com carvão. Olivia. Meu coração se acelerou, eu não sabia se devia entrega-lo. Coloquei-o dentro de meu casaco.
– O que era? - ela perguntou.
– Ah...Envelope de um orfanato, pedindo por doação. Nada demais. - sorri – Você parece cansada, porque não deita um pouco?
Ela se levantou.
– Xavier...
– Você sabe que pode me chamar de Charles – acrescentei suavemente.
Ela parecia perturbada.
– O que você sente por mim?
Assustei-me. Nunca a imaginei sendo tão direta.
– Como? - perguntei surpreso.
– O que você sente por mim? O que quer de mim?
– Olivia, pelo amor de Deus. Eu não estou pedindo nada em troca. Não pense nisso. Eu sinto como se fosse minha responsabilidade te proteger e...
– Mas não é – ela disse com acidez.
– Liv, você está cansada, por favor, deite, nós conversamos pela manhã.
– Você ainda não respondeu minha pergunta. Eu preciso saber.
– Tudo bem – eu disse calmamente - Eu me importo com você. Você faz parte de mim. Nós temos tanto em comum e quando você está comigo tudo que eu quero fazer é abraça-la e protegê-la do mundo todo.
– Você é normal demais Xavier -ela me olhou um pouco irritada – Você tem sido meu psicólogo por dois anos e eu não gosto de ser um projeto seu.
– Longe disso! Você nunca foi um projeto meu Olivia. E normal demais? Sou um homem com quase 30 anos, morando sozinho, apaixonado por uma adolescente de 17 anos e desesperado pra manter ela em sua vida.
– Está dizendo que me ama? – ela sussurrou.
– Com todas as minhas forças Liv.
Me aproximei devagar. Ela evitava olhar em meus olhos.
– Lembra quando você me disse que era errado permanecer ao lado de alguém que não o faz sentir absolutamente nada? Você me disse que pra ser de verdade tem que ter fogo,ódio, amor, paixão e tudo exatamente ao mesmo tempo?
Assenti com a cabeça, esperançoso de que algo bom sairia da sua conclusão.
– Eu disse que algo que não tire uma lágrima e um sorriso seu no mesmo dia não vale a pena ser vivido.
– Exato.
Ela permaneceu em silêncio, encarando os próprios pés, eu estava ficando cada vez mais nervoso, dando voltas e voltas tentando entender onde ela queria chegar.
– Olive... Eu quero você – acariciei seu rosto e me aproximei devagar de seus lábios.
Ela não se moveu.
– Eu não – sussurrou em meus lábios.
Me afastei contra minha vontade, sentindo uma pontada em meu estômago.
– Eu sinto muito – ela disse -Eu não posso ficar aqui.
Eu não conseguia responder.
Ela pegou suas malas depressa e foi até a porta, onde permaneceu parada por algum tempo.
– Eu realmente sinto muito – repetiu.
– Eu não vou impedi-la de fazer o que quer – respondi sem olhar pra ela.
Ouvi a porta bater e eu estava sozinho. Mais uma vez. Completamente sozinho, nem minha própria consciência me fazia companhia. Me joguei em minha poltrona e tentei racionalizar, com toda força que tinha restado dentro de mim. Porque eu sempre corria atrás das coisas erradas? Porque eu sempre queria tudo que não era o bom pra mim? Tudo que não era o certo.
Lembrei do envelope e o tirei de meu bolso. Abri com cuidado e de dentro tinha um pequeno guardanapo com a seguinte frase:

“ Você é a próxima.
Com amor, papai.”

Senti calafrios pelo corpo todo. O que mais aconteceria com essa menina? Tantas tragédias ao mesmo tempo e eu não seria capaz de impedir todas elas. Não seria capaz de ajuda-lá, a não ser que ela deixasse. Fechei meus olhos com força, tremendo de preocupação. Ouvi os trovões distantes que anunciavam uma tempestade. Tudo que consegui fazer foi sentar ali e imaginar como teria sido se eu tivesse terminado aquele beijo e pedir fervorosamente para todas as divindades existentes que a proteja, pois essa história já não estava mais em minhas mãos. Ela não era minha responsabilidade.


Olivia Extra Pov
Música (Obrigatória u_u)
Corri pelas ruas tendo certeza absoluta do que estava fazendo. Eu finalmente tinha minha resposta. As coisas com Dean eram confusas, eu me magoava constantemente, não existiu um único dia desde que o conheci em que nós não discutimos, mas... Quando estamos brigando não existe mais ninguém no mundo, mais nada ao nosso redor. Meu sangue ferve, minha cabeça trabalha a mil, quando eu estou com ele não existe mais nada além daquele momento. Eu o odeio, com todas as minhas forças. Eu odeio sua arrogância, odeio sua teimosia, odeio seu orgulho, odeio sua estúpida mania de achar que ele sempre vai conseguir o que quer. Odeio não conseguir tirar ele da minha cabeça e odeio mais ainda a corrente elétrica e o calor que eu sinto toda vez que ele me toca.
Não é perfeito, não é meu conto de fadas. Dean não é meu príncipe encantado e nós não vamos ter um final feliz, mas é isso que eu quero agora e nada vai me impedir de viver nem que seja por pouco tempo essa loucura, esse monte de sentimentos que se embolam dentro de mim toda vez que o vejo. Eu o odeio, mas isso é real. Essa é a minha realidade e eu iria vivê-la, porque era a única coisa que havia me restado agora.
Me deparei com uma mansão inteirinha feita de madeira, com janelas de vidro grossas e embaçadas por causa da chuva. O jardim imenso com arvores gigantescas que tive que atravessar, todo esse cenário sombrio fazia com que essa o lugar parecesse mal assombrado.
Encharcada soltei as malas no chão da varanda e respirei fundo, três vezes, antes de apertar a campainha. O toque pareceu durar uma eternidade.
Eu podia ouvir meu coração palpitando com força.
Nada.
Apertei mais uma vez. Isso é ridiculo.
Quando eu estava prestes a desistir, a porta imensa de madeira se abriu.
Encarei-o desolada.
Ele demorou seus olhos em mim, depois passou a olhar para minhas malas. Permaneci em silêncio absoluto.
Ele vestia uma camiseta branca amarrotada, um jeans claro e tinha os pés descalços. Seu cabelo bagunçado e a barba por fazer o deixou com uma masculinidade insinuante e envolvente.
– Dean... Se isso é demais eu posso ir embora – indaguei. Minha boca tremia ao falar, eu estava gelada dos pés a cabeça.
Ele balançou a cabeça negativamente
– O que... Como... - gaguejou.
– Ainda posso reconsiderar minha escolha? - perguntei.
– Foi expulsa da sua nova casa? – retrucou com desprezo.
Ignorei-o.
– Eu te acordei?
– São 03:30 da manhã – ele afirmou.
– E você estava acordado. Em plena terça-feira.
– Não pude dormir – deu de ombros – O que você está fazendo aqui?
Demorei em seus olhos que estavam mais vivos do que nunca.
– Eu não fui expulsa. Eu deixei Xavier porque quis.
Ele me encarou surpreso.
– Eu escolho você – sussurrei.
Vi vestígios de um sorriso que foi rapidamente desmanchado.
– Por quê?
– Por que, o quê? - retruquei.
– Por que agora? Porque não conseguiu tomar essa decisão horas atrás?
Revirei meus olhos.
– Por que você tem que deixar tudo mais complicado?
– Olivia, eu preciso saber – pediu com fervor.
– Igual você mesmo disse, eu não sou boa com esse tipo de coisa.
– Diz.
– Palavras não tem significado algum – murmurei.
– Isso não significa que não seja bom ouvi-las.
Respirei fundo tentando acalmar meu coração que batia no mesmo ritmo com que a chuva forte corria pelas ruas.
– Olivia...
– Eu preciso de você. Eu quero você igual eu nunca quis mais ninguém. Só por favor não me pergunte o motivo.
Ele sorriu.
– Você não vai passar dessa porta enquanto não me der pelo menos um único motivo. Se você não se sente da mesma maneira, eu não acho que valha a pena arriscar.
Aos tropeços, as palavras finalmente saíram de minha boca.
– Eu acho que me apaixonei por você. Pronto é o suficiente? É a palavra chave pra entrar em seu grandioso castelo e sair dessa maldita chuva? -perguntei irritada, tentando ignorar o fato de que eu havia acabado de me declarar pra ele. Algo que eu imaginei que jamais faria, pra mais ninguém.
Ele soltou uma risada.
– Vamos te tirar dessa chuva – me puxou pelo braço, fazendo eu colar contra seu peito, quente e macio. Ele me segurou pelo cabelo e pela cintura e me trouxe para dentro da casa, aos beijos. Ambas nossas respirações estavam aceleradas.
Fechou a porta e me prensou contra ela, mal tive tempo ou espaço para notar o breu e o silêncio que estava aquela casa, tudo que eu ouvia era nós dois.
– Minhas malas – sussurrei.
– Você não vai precisar delas agora.
– Mas... - ele me beijou novamente – Eu estou encharcada – teimei.
– Então é melhor tirar sua roupa.
Tudo começou a ficar embaçado, quente, impossível de controlar. Ele olhou no fundo dos meus olhos e sem nenhuma palavra me deixou ciente de que algo incrível estava prestes a acontecer.



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Notas finais do capítulo

Quero agradecer de verdade a todos vocês que não esqueceram de mim, que vieram me cutucar e brigar comigo e falar: E AI JOTA BE CADE O CAP NOVO DE INTHEDARK HEIN SUA PREGUIÇOSA???? Pois é. Não foi preguiça não gente :/ É que eu sou pirada das idéias e só consigo escrever quando to inspirada, se não tem inspiração, não tem capitulo. Sinto muito, mesmo, espero que vocês não me abandonem e nem me odeiem. Eu prometo tentar fazer o próximo capitulo em menos tempo. Agradecimentos especiais à Deborah, Natália, Bia, Mia e todas minhas garotas que encheraaaaaaaaam meu sacooooooooo pra fazer esse capítulo, então meninas, esse capitulo é dedicado a vocês.
Obrigada meus bebes, pelos reviews e pela paciência, espero que não me abandonem! Eu amo muito vocês! beijos, jb.



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