In The Dark Beside You escrita por JotaBe


Capítulo 1
Retrato de Família


Notas iniciais do capítulo

Repito, todos os nomes utilizados na história são apenas homenagens. Nada da história é relacionado a Dean e Sam Winchester ou à história de Supernatural. O primeiro capítulo é uma pequena e humilde apresentação da vida infernal de cada personagem. Espero que gostem e se gostarem, peço que jamais me abandonem :3



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Olivia Pov

Acordei eram 07h10min, atrasada como sempre. Vesti-me e desci a escada correndo, procurando alguma coisa para comer na geladeira, no mesmo instante a porta da frente de casa bate.

– Olivia! – gritou ele.

Fingi não ser comigo. Ele estava bêbado de novo. Ótimo!

– Onde está sua mãe?

– Não sei. - respondi baixinho. Com meu pai naquele estado, era melhor não pecar pelo excesso. Ele subiu a escada caindo aos poucos, respirei fundo e contei até dez. Afinal hoje era o primeiro dia de aula, eu precisava de um pouco de sanidade para enfrentá-lo.

Não sei o que tem de tão excitante em um primeiro dia letivo, geralmente todo mundo adora. Mas eu só iria reencontrar com um bando de infelizes, e sim eu faço parte da galera ‘‘infeliz’’, literalmente. Só tenho uma amiga, que não me entende tanto assim, mas também, quem iria? Minhas notas não são aquelas coisas, mas eu passo de ano. E experiências amorosas? Prefiro evitar. Não quero acabar como a minha mãe.

Falando em acabar como a minha mãe... Ouvi os gritos habituais de quando meu pai chegava naquele estado.

– Você está destruindo nossa família! – berrava minha mãe. - Eu tenho nojo de você! Nojo! – soluçava.

Fechei meus olhos e respirei fundo. Um barulho de vaso quebrando ecoou na casa. Ele voltou a bater nela. No fundo o choro de Lisa -minha irmã de quatro anos- me deixava louca. Lisa é a única razão pela qual eu continuo nessa casa, na realidade, Lisa é a única razão pela qual eu vivo. Minha vontade era de subir correndo, pega-lá em meu colo e fugir. Mas eu não tinha tempo para isso. Se eu não estudasse, como essa menina teria um futuro? Ela depende de mim.

Os vizinhos não reagiam mais, tinham se acostumado. Mas eu não. Eu só queria sumir daqui! Bati a porta e sai correndo pelas ruas sinuosas e escuras do meu bairro, com lágrimas ao vento, desejando não ter que voltar pra casa, pelo menos não hoje.


Dean Pov


Acordei com a porra do celular do meu irmão, que despertava com Dancing Queen do ABBA. E quando eu falava que Sam tinha tendências homossexuais ninguém acreditava.

Escola nova, cidade nova, vida nova, infelizmente. Começar do zero é horrível, mas continuar onde esta é pior ainda, por isso a melhor opção é fugir.

– Bom dia Brow! – disse Sam com um sorriso de orelha a orelha.

– O que é que tem de bom? - olhei pra ele sem expressão.

– Porra, precisa falar assim comigo?

Joguei nele uma almofada. Ele riu. Tentei me levantar, mas as regras gravitacionais fizeram meu corpo se jogar de volta na cama e afogar meu rosto no travesseiro.

Eu não sei como esse merda consegue acordar tão animado assim, só de pensar em descer pra tomar café e ver a cara de cú do meu pai, me fez querer passar o dia na cama.

Aqui em casa, somos três. Minha mãe morreu de Huntington (uma rara doença neurológica) há um ano atrás. Meu irmão e eu superamos, mas sentimos falta dela ás vezes. Foi a época mais difícil da minha vida. Já meu pai não parece dar a mínima e trata Sam e eu com a mesma indiferença. A única coisa pra que ele serve é fornecer dinheiro, ele é um empresário multimilionário e graças aos céus os dias em que ele está presente na minha vida são raríssimos. O que me deixa como última e única opção, Sam. Admito que ele possa ser um pé no saco, às vezes, mas se não fosse ele eu não teria mais ninguém.


Sam Pov

Acordei pronto pra enfrentar o dia, dando graças de ter mudado de casa, de cidade e de ambiente. Cada cômodo em minha antiga casa me fazia lembrar minha mãe, eu não aguentava mais. Eu sentia seu cheiro, lembrava da sua voz, ver a cadeira em que ela ficava sentada me esperando voltar da escola... Nunca tive uma relação profunda com ela, afinal ela era incapacitada em todos os sentidos por culpa da doença. O que tinhamos não podia nem ser chamado de relação; ela não falava, não ouvia, não andava e não correspondia a nada. Foram os piores anos da minha vida! Mas quando me mudei, prometi a mim mesmo que iria pelo menos tentar ser feliz. Ocupar minha mente com coisas banais que fossem o suficiente pra esquecer. Dean é forte, superou melhor que eu, mas eu sei mais do que ninguém que ele vive em constante medo de perder alguém.

Eu estou disposto a mudar isso, por mim, por ele, afinal tudo que nos restou foi um ao outro.

Desci para tomar café da manhã, Dean e papai já estavam na mesa. O ódio entre os dois era quase palpável. Eu imaginava se um dia isso iria acabar... Eu só queria que tudo voltasse a ser como era antes, mas eu sei que isso é quase uma utopia. Como sempre eu remediava a situação e tentava deixar o mais suportável possível.

– Bom dia.

Meu pai desviou os olhos do jornal que tinha nas mãos, me encarou por alguns segundos e sem resposta alguma voltou a ler. Suspirei e me sentei.

– Coma logo. – Dean pediu com autoridade. Perto do nosso pai, Dean nunca conseguia dizer uma única frase que não fosse rude, com grosseria ou com ódio, mesmo que sem intenção. Isso tomava conta dele.

– Pai, até hoje o senhor não disse uma palavra sobre a escola que nos matriculou. Como é? – perguntei.

– É uma escola especial. – ele respondeu com má vontade. – A melhor do estado. Os melhores nomes de família estão naquele lugar.

– Quanto melhor o nome, pior a família. Nós sabemos disso mais do que ninguém. – Dean insinuou com desgosto.

– Dean, por favor. – pedi.

Não logo de manhã, as coisas estavam indo tão bem. O silêncio constrangedor sempre foi melhor do que uma discussão nessa casa.

– Tratem de não sujar meu nome. – meu pai disse em voz alta - Dean esqueça os bordéis que você costuma freqüentar, e Sam, esconda sua maldita sensibilidade. Não quero que falem por ai que tenho um filho homossexual.

– Tinha razão Dean – olhei pra ele – Perdi a fome, vamos logo.

Sai com Dean e entramos no carro. Por um momento, nós dois permanecemos em silêncio, tentando acalmar os nervos.

– Pronto? – Dean perguntou.

– Não – eu sorri.


Allison Pov

Cai da cama, com a desgraça do despertador. Tentando me preparar psicologicamente, espiritualmente e fisicamente para enfrentar a society da escola, de um mundo do qual eu não pertencia, não mais. Tinha certeza que ao entrar pelo portão daquela escola e todos iriam me encarar e pensar o quanto as coisas mudaram para mim desde o ano passado. Tudo que aconteceu... Até minhas amizades já são outras. Maldita sociedade. De amizade com as patricinhas de Manhattan, para a amizade com a bolsista problemática do Brooklin. Que decadência social. Nada contra a Olivia, ela é um amor e me ouve sempre, e mesmo que não me entenda faz um esforço. E me salvou quando ninguém mais pretendia fazê-lo, sem pedir nada em troca, devo a ela minha vida.

Em respeito as minhas antigas ‘’amigas’’, eu sabia que tudo que tínhamos era superficial, a única coisa que importava era o dinheiro, o padrão de beleza e futilidades em geral. O que nós tinhamos não era amizade, era status. Mas eu gostava do meu status.

Sei que com Olivia posso cultivar algo maior, mais forte e mais significativo. Apesar de Olivia ter seus problemas eu a admiro muito, ela tem de sobra a única coisa que me falta; não ter a necessidade de agradar aos outros, ela é o que é, e aceita isso.

Eu vou ter que suportar as fofocas, as malícias, os olhares por um bom tempo, - até que o escândalo passe e todos esqueçam - mas acredito que passar um tempo com Olivia, mudar de ares e fugir de tudo, pode me ajudar a mudar, pode me ajudar a esquecer a pessoa que eu costumava ser e tentar reconstruir meus princípios e até mesmo minha alma. Sigo com uma única esperança, que um dia, vão pagar por tudo que fizeram pra mim. Da mesma forma que eu pagarei por tudo que fiz para muitas pessoas.





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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar e pular para o próximo capítulo. Caso tenha ficado muito confuso, por favor, me avisem. Críticas são sempre bem vindas, tudo que eu quero é melhorar, sempre! Agraço por ter lido desde já.