Desculpas Atrasadas escrita por Yue Chan, MichelleCChan


Capítulo 17
17-Fagulhas explodindo.


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!!
Bem,bem,estou aqui de volta para postar o mesmo capítulo,mas não exatamente o mesmo.O capítulo 17 foi alterado pela Yue e suas alterações foram ótimas!
Vamos a leitura!



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O cotidiano corrido já tinha se tornado tão normal que Kagome nem via as horas passarem. Eram tantos afazeres que era ficava difícil reparar em detalhes assim. Sempre havia algo para entregar e organizar, algumas chegavam a ser interessantes, outras eram tediosas, mas ela não reclamava e exercia corretamente sua função nos prazos estipulados.

A única coisa que a desgastava sobremaneira era ser interrompida no meio de uma atividade, algo não muito difícil de acontecer. Volta e meia era interrompida com alguma ligação. Às vezes deixava o telefone tocar até a exaustão, plano que infelizmente nunca dava certo, visto que sua paciência se exauria primeiro. Deixou que o telefone tocasse por um interminável e desgastante minuto antes de ceder e atender. Encaixou-o com tédio ao ouvido esperando uma conversa não muito importante, porém, sobressaltou-se ao descobrir de quem se tratava.

– Senhorita Higurashi?- disse uma voz masculina pesada e irritada- Aqui é o diretor Kaoru, diretor do colégio do seu filho mais velho, Hayato... –Seus lábios se entreabriram de surpresa e a caneta escorregou entre seus dedos, conforme escutava as palavras.

~*~

Hayato e Mizo estavam sentados no banco de madeira no corredor que dava acesso a sala do diretor. Mizo já havia sido dispensado, porém preferiu ficar ao lado do amigo. A euforia de saber que seu melhor amigo possuía qualidades superiores as de um humano normal era tamanha que não conseguia se afastar. Encarava-o com curiosidade, como se fitasse um monstro, ou um ser mágico, ou um ET, ou tudo junto!Imagine, seu melhor amigo um hanyou! Tinha sido difícil de acreditar, mas o cara mostrou provas de que dizia a verdade.

Hayato não estava a vontade com a analise do amigo, sentia-se incomodado. Não estava acostumado a ser o centro das atenções e Mizo, e seu olhar curioso, o faziam se sentir como uma aberração de circo.

–Então, me conta!- Mizo perguntou sorridente- Conta logo!

–Contar o que?

– Como é ser assim, você sabe...

–Esse não é o momento, Mizo, quantas vezes vou ter que repetir!

Mizo apertou os lábios com os dentes tentando conter a curiosidade, e pela cara deformada que fazia não estava tendo muito sucesso. Era como se engasgasse com as perguntas que queria fazer.

–Quando vai me contar então?

–No momento certo, para de me encher o saco!

Os olhos dourados fitaram o amigo em tom de alerta fazendo a curiosidade de Mizo descer goela abaixo com mais velocidade do que ele teria engolido um sorvete inteiro- coisa estúpida que adorava fazer para passar o tempo. Uma vez tinha ficado entalado com a brincadeira e quase morreu.

Os dois ficaram em silêncio durante um tempo. Hayato pensava na reação da mãe, enquanto Mizo fitava o chão engolindo suas perguntas para não deixar o amigo furioso. Sabia que Hayato tinha razão, não era o momento, teria que aguardar.

Após a briga tinham sido levados até a sala do diretor por um Monitor. Loki não os dedurou, mas tudo indica que um de seus “queridos” colegas acionou um monitor, que veio como um raio ao saber que o filho do prefeito estava levando a pior. Harumi, irmã de Mizo, tentou amenizar a situação, explicando ao monitor que havia sido um “acidente”, que Hayato apenas se defendeu das agressões. Infelizmente os presentes que tinham formado a suposta “plateia” estava dividida em opiniões, alguns negaram a versão de Harumi, reforçando a ideia de que Hayato tinha sido o grande responsável, enquanto outra parte dizia ser Loki o causador da briga, e uma terceira jurava de pé junto não ter presenciado a briga – uma mentira deslavada de alguns medrosos temerosos da fúria de Hayato ou Loki, e que por isso preferiam se manter neutros a apoiar apenas um dos lados–. Mas o monitor não deu atenção a nenhuma das versões e ordenou que todos voltassem para suas respectivas salas de aula. Os simpáticos amigos e companheiros de Loki trataram de tirar fora suas carcaças com medo de punições, principalmente as que podiam partir de Hayato. Todos tinham visto o estado em que ficara o líder deles, Loki, por desafiar a “bailarina” e não queriam terminar como ele. Antes de correr, Loki estava em um estado deplorável tinha as calças molhadas de urina, hematomas e cortes cujo sangramento coagulava aos poucos.

O monitor rapidamente convocou o professor responsável pela turma, retendo Hayato, Loki, Mizo. Os trogloditas amigos de Loki foram dispensados por não terem participado ativamente da briga. Harumi foi de livre e espontânea vontade a fim de prestar seu depoimento e assim ajudar o amigo que era inocente, pelo menos em parte.

O professor responsável quase enfartou ao ver os dois sujos de sangue. Aquele desastre com certeza iria lhe custar o emprego quando o diretor descobrisse, afinal era a aula dele e os dois sua responsabilidade, como iria explicar sua incompetência?Tentou argumentar com o monitor sobre uma maneira de resolver a situação sem envolver o diretor, mas este foi irredutível. Loki era importante demais para que seus ferimentos fossem ignorados, Apesar deste parecer tão ou mais desesperado que o professor. Temia provocar a ira de Hayato novamente. Todos os apelos e esforços foram em vão e os dois foram conduzidos até a sala do diretor.

Quando deu de frente com aqueles dois garotos com o rosto em ruínas o diretor não pode deixar de se apavorar, porém seu pavor durou os poucos minutos que o Monitor levou para explicar a situação. Analisou ambos e quase enfartou ao constatar que Loki, de longe, estava mais deplorável. Aterrorizado, constatou hematomas, cortes, arranhões e todo tipo de injúria no filho do prefeito, e, assim como o professor, temeu perder seu cargo por permitir que alguém machucasse aquele menino. Sua raiva voltou-se contra o garoto de cabelos prateados com a perna engessada que se apresentava em melhor estado. Era óbvio que se tratava de uma briga de garotos corpo a corpo, ambos tinham as camisas de uniforme sujas de poeira e sangue.

Loki foi mandado sem demora e com a escolta do Monitor para enfermaria, enquanto Hayato, Mizo e Harumi explicavam a situação.

Mizo se mostrou preocupado com o colega. Sabia que aquilo não ficaria impune e que Hayato pegaria no mínimo uma suspensão, fez o seu melhor para contar sua versão da história. Pelo olhar ranzinza que o diretor lhe dava era impossível dizer se ele acreditava ou não em suas palavras. Não demorou para cair em si quanto as possibilidades quase nulas de Hayato se safar da enrascada em que havia se metido. Não era segredo nenhum que Loki tinha as costas quentes na escola. A única convicção que tinha era a de que ele, com certeza, não os ameaçariam nunca mais. Hayato tinha lhe ensinado uma bela e dolorosa lição que Mizo duvidava que pudesse ser esquecida tão depressa. Esperava fervorosamente que aquele brutamonte pagasse pelos erros antigos e atuais, apesar de saber no fundo que isso era quase impossível.

–Ei, Hayato... Acha que sua mãe vai pegar pesado com você?

O amigo já estava completamente curado dos ferimentos, impressionando muito Mizo. Não havia sequer cicatriz que pudesse indicar que ele realmente pudesse ter brigado há menos de trinta minutos atrás.

–Mizo, cale a boca, você não para de falar!- Hayato resmungou de maneira irritada.

–Não respondeu minha pergunta...

–Mas é claro que ela ficará brava!

–Desculpa, não era minha intenção irritá-lo. - disse com as mãos em pé como se estivesse se rendendo- Não quero ser arrebentado pelo meu amigo Hulk!

Hayato apertou as têmporas como se pedisse paciência.

–Estou começando a achar que não deveria ter te contado o meu segredo.

–Não se preocupe, ele estará bem guardado comigo, juro- beijou os dedos em forma de cruz como que para selar o que estava falando-Prometo parar de falar nisso!

–Eu agradeceria.

Hayato estava ansioso. Não queria que sua mãe soubesse desse pequeno desastre, tinha até implorado para o diretor para que ele não a comunicasse, mas seus protestos e pedidos foram em vão.

Com o sangue frio, ele agora percebia a burrice que tinha feito. Sentiu-se envergonhado e culpado por ter sido fraco ao se descontrolar e agir de acordo com a sua natureza Yokai. Ele tinha prometido a si mesmo, mas fora incapaz de se controlar. Mesmo assim tinha apreciado a experiência, algo que não esqueceria: a sensação inebriante de poder. O prazer de ser mais forte. Quando bateu em Loki ele tinha sido o dominador. Não se sentia culpado por causa de Loki, nada disso, ele mereceu tudo aquilo, claro, talvez não de maneira tão bruta, mas merecia a surra que levou mesmo assim. Sentia culpa por quase ter matado o garoto. Ele tinha aberto uma cratera no chão de concreto!Se o soco tivesse pegado, provavelmente não estaria na sala do diretor, mas sim em uma delegacia. O que sua mãe pensaria dele?O que seus amigos pensariam dele?Kouga, Sango... Poderia ter acabado de forma ruim, e isso não lhe trazia alívio nenhum, na verdade o assustava. Se houve um momento que sentiu alívio, foi ao constatar que não havia pedaços de cérebro e crânio em seus punhos. Seria muito desagradável que uma pequena desforra terminasse assim. Não era homicida e nem o seria, nunca.

Sentira alívio ao contar seu segredo aos seus dois amigos e ao perceber que eles o aceitavam como ele era. Isso fez com que seu dia não se transformasse em um completo caos. Saber que não precisaria mais mentir para os dois lhe trouxe uma confortável sensação de paz interior.

O diretor aceitou conversar com Harumi que considerou a mais qualificada e sincera para contar os fatos ocorridos. Ouviu a versão dela com cuidado. Já imaginava que Loki tinha sido o causador da briga, mas o que ele poderia fazer afinal? Aquele moleque era filho do prefeito,se o punisse,seria igualmente punido com a perda do seu cargo de diretor, e esse era um risco que não estava disposto a correr.

Perguntou-se intimamente mais de uma vez de que adiantava manter o emprego se sua ética e dignidade eram jogadas pelo ralo conforme protegia um garoto malcriado?Não era certo, mas era a realidade. Ética e dignidade não poriam comida em sua mesa. Preferia se manter sujo a correr riscos. Ademais estava estudando uma maneira de controlar Loki. Enquanto ele estivesse perturbando pequenos garotos não havia problema, seria fácil contornar as situações e forjar castigos inexistentes.

Mas a sorte dessa vez parecia estar jogando com o time adversário. O tal Hayato realmente tinha machucado o garoto e isso sem dúvida se transformaria em uma grande dor de cabeça. Comunicou a Sra. Higurashi, ignorando os apelos de Hayato, e dispensou Harumi com um aceno de mão seco.

Harumi fechou delicadamente a porta atrás de si e olhou para os dois meninos sentados no banco ao lado.

–Fiz o melhor que pude Hayato. Acho que as coisas não estão ao nosso favor.

–Tudo bem, isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde.

–O diretor ainda quer falar com você, mas eu e Mizo estamos dispensados. Queria realmente ficar aqui, mas não há nada o que fazer. Temo que isso piore a situação.

–Podem ir, a única coisa que eu tenho medo é do humor maléfico da minha mãe. -Falou, tentando fazer os amigos rirem.

Harumi deu um sorriso fraco e bagunçou os cabelos de seu irmão.

–Vamos Mizo, temos que ir.

–Pode ir, vou ficar ao lado dele.

–Negativo, agora eu tenho que me virar. Vocês já fizeram tudo para me ajudar. Obrigado. -Hayato respondeu sincero.

–Certeza?

–Nós vemos amanhã. -Respondeu firme.

–Se você não for expulso.

–Sua positividade me assusta maninho. Vamos, antes que tomemos alguma advertência.

Mizo levantou-se e despediu de Hayato.

–Se cuida cara. Se servir de consolo... Você foi demais hoje!

Todos sorriram, apesar de não sentirem graça ao fazer isso.

–Foi mesmo, muito corajoso. -Elogiou Harumi, fazendo com que as bochechas do hanyou se tornassem vermelho rubro. Ela tocou levemente com as pontas dos dedos a bochecha macia de Hayato, sorrindo-Se precisar de algo, ligue para nós, okay?-Então depositou um beijo de despedida na bochecha do hanyou. Um gesto fraterno, sem segundas intenções. Na verdade, ela tinha uma grande afeição pelo amigo do irmão.

–Eeeeca, querem ficar sozinhos?-Mizo reclamou. Harumi riu e abraçou o irmão.

–É feio ter ciúmes!-Bagunçou novamente os cabelos do irmão. -Até Hayato!

–Como se eu tivesse ciúmes de você... -Reclamou, enquanto era puxado corredor afora.

Hayato sorriu, sem nem ao menos perceber que os amigos tinham partido. Nunca nenhuma menina o beijou. Tinha sido o seu primeiro beijo e não tinha vindo de qualquer menina, e sim de Harumi... O cheiro dela estava impregnado a sua volta, um aroma tão delicado que chegava a entorpecer a pele e relaxar os sentidos. Era muito bom.

–Hayato, entre, gostaria de falar mais um pouco com você. -O diretor Kaoru interrompeu os devaneios do menino, que pulou ao perceber que já não estava mais sozinho.

–Claro diretor. -Adentrou na sala organizada. Seu olfato sensível captou o cheiro de urina e sangue, antes de avistar o jovem. Nem sabia que ele já tinha deixado à enfermaria. Avistou os olhos castanhos e medrosos que pediam um perdão silencioso, enquanto o corpo encolhia-se. É, nunca imaginei que um dia veria Loki em tal estado de medo e submissão, pensou enquanto caminhava pela sala em direção a cadeira. Sentou-se ao lado do menino, que instintivamente puxou a cadeira para o lado, afastando-se o máximo possível. Não vou te morder, Loki, não precisa ter medo. Tentou evitar o pensamento irônico, mas por dentro estava tentando um ataque de risadas evitando transparecer diversão. O cheiro de urina era insuportável, ninguém havia dado ao garoto uma calça limpa?Concentrou-se no cheiro de Harumi presente em suas vestes.

–Nunca, em duas décadas de trabalho, constatei um caso tão banal e irresponsável!Sinceramente, vocês me envergonharam meninos.

O diretor, mais uma vez recomeçou a ladainha que sempre repetia; um monólogo irritante e cheio de represálias. Hayato não gostava dele. Não falava coisa com coisa, nunca exercia seu papel de forma correta sempre se importando apenas com seu próprio traseiro. Uma ou duas vezes teve vontade de se levantar e dizer que ele não tinha direito de ensinar o que é certo ou errado ou falar das normas de boa conduta se ele mesmo não as cumpria, mas foi sábio em guardar a língua. Mesmo que Loki adicionasse vítimas a sua lista de maldades todo dia, o que o diretor fazia?Nada. E não era por falta de informação ou provas, oh não, ele sabia o que acontecia dentro dos muros da escola, as próprias vítimas se apresentavam a ele com uma ou duas testemunhas, mas eram sempre dispensadas com promessas vazias de que o caso seria investigado a fundo.

Hayato tinha uma palavra para gente como o diretor: Hipócrita.

Kaoru tinha uma aparência peculiar que resultava em chacotas entre os estudantes. Era alto, de porte grande, e ostentava uma barriga saliente conquistada através de uma dieta nada natural a base de hambúrgueres e falta de exercícios físicos. Um sedentário por natureza a quem deveria ser entregue um prêmio de “glutão”. Porém não era a sua enorme e terrível pança que lhe rendeu um infame apelido, e sim o seu rosto. Suava muito, e sua roupa estava sempre molhada. Quando estava empolgado ou irritado - algo não muito difícil de acontecer- uma veia, grande e feia saltava na sua testa, de maneira pulsante, enquanto seu rosto redondo ganhava uma coloração avermelhada fazendo-o parecer uma grande e redonda bola de chiclete. Por causa disso os alunos o chamavam carinhosamente de Bolhão.

Hayato não o achava uma boa pessoa e nem se importava de conhecer o seu lado bom, afinal, como se importar com isso se o seu lado ruim sobrepujava qualquer boa ação?Definitivamente não perdia seu tempo procurando qualidades em um homem assim. Olhou para a veia que pulsava de maneira repugnante enquanto o diretor resmungava mais um sermão repetitivo e sem importância. Não sabia o que era mais desconfortável, o cheiro nojento de urina ou a veia pulsante.

O diretor falou por três minutos sem parar, e como de costume, vestiu Loki como vítima do acontecido. Gritou que Hayato era um irresponsável e que podia ter ferido outros alunos com seu comportamento bestial, além de incitar os outros alunos à agressão, criar o caos, a desordem e blá, blá, blá.

Por incrível que pareça, Hayato permanecia quieto, fitando o diretor nos olhos com seus orbes dourados sem desviar um segundo que fosse. Era impossível dizer o que se passava em sua cabeça, e isso trouxe certo terror ao inocente colega que se sentava ao lado. Na verdade, Hayato há algum tempo já não prestava atenção nas palavras ou sermões vazios do diretor, apenas o fitava corajosamente.

Ele é como um animal, pensou Loki mais assustado, não para de olhar, como um animal a espreita da presa.

Pelo canto do olho, Hayato observou a reação de Loki. Ele parecia apavorado, prestes a pular pela mesa e fechar a boca de Kaoru.

–Sr. Kaoru, já disse que H-h-Hayato não teve culpa de nada. A culpa foi minha. -Respondeu gaguejante. O menino nem queria saber o que aconteceria a ele, sabia apenas que não queria reviver a experiência de estar sob ataque daquele punho de concreto novamente, mesmo que isso significasse levar toda a culpa.

–Nada disso Loki, você está todo machucado e quer que eu acredite que a culpa foi somente sua?-disse o diretor irado enquanto apertava com força a ponta do nariz.

–Assumo minha culpa – Hayato disse sem hesitar enquanto fitava o diretor nos olhos. Aprendera com Kouga que um homem honrável assume seus atos, independente da situação.

Loki tremeu levemente. Lembrou-se do rosto selvagem de Hayato. O modo como os caninos estavam salientes, o sorriso maléfico, os olhos dourados homicidas que irradiavam cólera, prazer e até um pouco de insanidade. Jamais esqueceria. Tinha sido como encarar o próprio diabo, uma imagem que provavelmente o assombraria por várias semanas, ou mesmo anos.

–Não posso deixar você impune, Hayato. Você cometeu um ato de agressão contra um menino que mal sabe se defender. Um menino exemplar. É errado deixar você livre.

–Não pedi que não fizesse. Dê-me a punição que achar adequada e justa, e eu a cumprirei sem pestanejar.

Bolhão não gostou da atitude de Hayato. Desde que entrara na sala ele estava encarando-o com aqueles peculiares olhos dourados com insolência, como se não temesse ser punido, ou se divertisse com sua irritação. Devia dar um bom castigo, inesquecível talvez, mas qual?Sim, sem dúvida ele precisava ser castigado para aprender a se por no próprio lugar.

–Devo lembrar-lhe que não está falando com seus colegas, garoto. Seja mais educado, pois não vou tolerar falta de educação. Não na minha escola, e nem no meu escritório.

Loki ao lado pressionava os dedos com força temendo a ira de Hayato como um rato encurralado por um gato.

–Não faltei com educação com o senhor e sei qual é o meu lugar, algo que parece que você esqueceu, diretor.

Kaoru ergueu-se de um salto. Seus olhos espreitavam o hanyou a sua frente com ódio.

–O que quer dizer com isso garoto? Que não faço o meu trabalho bem?

–Pense o que quiser- Hayato disse desinteressado, inexpressível.

–Esse comportamento vale uma suspensão. Não o chamei para falar sobre a minha conduta e sim sobre a sua. Escolha bem as palavras, pode ser que lhe rendam uma expulsão.

–Vai me expulsar por quê?Por reagir? Por não aceitar mais ser o saco de pancadas do seu preferido?Por dizer a verdade?Veja-gritou finalmente irritado enquanto apontava Loki que quase pulou da cadeira com ação raivosa de Hayato- Olhe atentamente para nós dois!Olhe o tamanho dele para o meu, compare!Olhe a minha perna engessada, com um osso partido ao meio!- segurou o gesso com as duas mãos- Que motivos eu teria para arranjar confusão com ele?Acha mesmo que fui eu quem começou, acha isso? Se for o que acredita não passa de um cego, diretor.

–Expulsão!É isso que vai ganhar- Bolhão disse com o dedo em riste- Diga mais uma palavra e pode se considerar expulso da minha escola!

Com dificuldade, Hayato tentou refrear seus impulsos. Não podia se correr o risco de perder seus amigos por causa de algumas ofensas ou verdades, mesmo que não fosse justo ter que se calar por apontar os erros o diretor. A respiração foi se normalizando deixando a cabeça mais leve. O orgulho é uma faca afiada de dois gumes, ouviu Kaede dizer uma vez. Teria que se manter tranquilo caso não desejasse se cortar.

O diretor observou-o por alguns minutos com a sua veia pulsante a ponto de explodir. Deixou um pequeno sorriso vitorioso surgir em seu rosto ao perceber que o garoto apenas o encarava com o olhar sem dizer nada. Apesar do olhar também lhe parecer insolente, era melhor do que a língua afiada que ele provou possuir. Nenhuma criança tinha tido a audácia ou astúcia suficientes para lhe afrontar daquela maneira. Não podia se deixar ser ridicularizado por um moleque de peito, muito menos na frente de outro aluno. Destruiria a imagem de profissionalismo que construiu em muitos anos de serviço.

Não havia dúvida de que Loki seria tratado como vítima novamente, mas não era esse pensamento que mais o exasperava Hayato, e sim o modo como Kaoru desempenhava seu papel. Era persuasivo, argumentava de modo conclusivo, sem deixar espaço para argumentações. Apresentava fatos de maneira distorcida sem deixar que se tornassem. Ótimo ator, péssimo diretor. Suspirou. Da maneira como ele o crucificava até mesmo sua mãe o julgaria um monstro, ele mesmo começava a se perguntar se realmente não era o culpado por tudo o que tinha acontecido. Na arte de ferrar a vida dos outros, bolhão era um artista nato, um expert. Um comportamento que enojava Hayato por ser tão baixo. Sentiu uma súbita vontade de arrebentar a cara dele em duas, perguntando-se se poderia estourar aquela irritante e nojenta veia. Quase riu ao imaginar as possibilidades. Será que o sangue jorraria com a pressão ou escorreria uma gosma verde?Imaginar a cena lhe rendeu uma satisfação grotesca. O que não daria para ver aqueles olhos de leitão esbugalhados de medo, heim?O sangue pulsou em resposta como um aviso, um martelar constante. Aqueles pensamentos despertavam em seu corpo sensações primitivas e tentadoras. Mas acima de tudo, perigosas.

De um pulo, Loki levantou-se da cadeira ao perceber o olhar desafiador e violento que Hayato endereçava ao diretor. O coração batia acelerado ao vislumbrar novamente o olhar assassino que quase deu fim a sua vida. Era a última coisa que desejava ver novamente. Olhou desesperado para Kaoru que não reparara na mudança, ou se tinha reparado, parecia não se importar.

No olhar onde Loki vislumbrou violentas ameaças silenciosas, Kaoru viu apenas mais uma tentativa de desobedecia explícita. Perdeu a paciência ao ver um sorriso desdenhoso surgir no rosto de Hayato.

–Posso saber por que sorrindo?Por acaso acha graça no que fez, ou no que estou dizendo?

Hayato nada respondeu, apenas continuou fitando-o intensamente como se preparasse o bote. O sorriso continuava lá, mas não continha nenhum que indicasse desobediência. A única coisa que brilhava no sorriso era insanidade, pura e simples.

– Responda Hayato - Ordenou firme o diretor não querendo perder a pose. Por acaso aquele moleque estava tirando sarro de sua cara?!

Loki ganiu de medo ao ver o sorriso abrir ainda mais, e por pouco quase que se urina novamente. Temeroso de acabar sobrando pro seu lado tentou avisar ao diretor.

–A-a-a-acho m-melhor não perturbar ele. -Loki respondeu vacilante. Quase correu ao ver que as mãos dele, que seguravam com força o acolchoado da cadeira. As unhas expandiram-se, parecendo com garras que deslizavam sussurrantes, perfurando e adentrando no estofamento.

Bolhão podia ser um bom ato, mas certamente não conseguia enxergar um palmo a frente do nariz a menos que esse o acertasse com força.

–Não o perturbar?!Quieto, ele deve exercer um comportamento respeitável!Exijo que você pare agora Hayato, ou vou tornar a minha ameaça de expulsão verdadeira.

As palavras do diretor chegaram ocas aos ouvidos do hanyou, que quase não conseguia discernir mais o que era certo e errado. A única coisa que via a frente era uma presa que deveria ser abatida depressa e com toda a maestria que sua herança Yokai lhe dera. Um humano insolente, não um diretor, apenas uma criatura inferior.

Kaoru ia voltar a falar quando foi interrompido pelo som de batidas na porta. O barulho foi captado pelos sentidos em alerta de Hayato, mas o que fez sua transformação regredir não foi o som, e sim o cheiro familiar que esperava do outro lado, um aroma reconfortante. Sentiu-se arremessado dentro da realidade novamente, repreendendo-se mais uma vez por se deixar levar pelos instintos.

A porta se abriu revelando Kagome.

–Com licença diretor Kaoru, o que deseja tratar comigo?

Hayato sentiu o coração falhar uma batida ao ver a mãe. Abaixou os olhos envergonhados sem coragem de olhá-la nos olhos.

–Meu Deus Hayato, o que aconteceu aqui?!-Exclamou enquanto corria para perto do filho.

Desde que pisara no prédio, Kagome se sentira desconfortável ao sentir a energia pesada que pairava no lugar. Chegou a se assustar ao imaginar Hayato tinha se descontrolado, rezando para não encontrar um ambiente desolado pela devastação de uma transformação. Sabia muito bem a destruição que um hanyou descontrolado poderia criar, tinha vivido na pele. Aliviou-se ao perceber que nada estava destruído, e que Hayato conseguiu se controlar quando ela chegou. Mesmo assim não pode se sentir cem por cento tranquila, pelo menos não depois de ver os dois garotos sujos de sangue. Estava temerosa quanto ao que podia descobrir. O outro garoto parecia preste a sair correndo a qualquer instante como se estivesse na presença do próprio tinhoso. O que diabos tinha acontecido?

–Está machucado?O que aconteceu?- disse vistoriando o filho na busca de ferimentos. De repente voltou-se para fitar o outro garoto. Perceber que ele estava coberto de hematomas e feridas não a animou - E você?Como se chama?

Não houve resposta por parte do garoto ferido e amedrontado. Kagome fitou a todos esperando que alguma das perguntas que deixara no ar planando fosse fisgada por um deles e respondida.

Mas ninguém o fez e as perguntas perderam-se.

–Hayato o que você fez?- Resolveu interrogar o filho. Ao menos ele devia-lhe uma resposta. Mas ele desviou o olhar para evitá-la.

–O que aconteceu aqui?Alguém tem que me responder- disse cansada do silêncio. Parecia que iriam anunciar a morte de um ente querido tamanho suspense. Respirou fundo e fitou o diretor. Se nenhum dos dois estava disposto a dizer o que tinha acontecido, então recorreria ao adulto presente- Foi Hayato provocou esses ferimentos nesse garoto, senhor Kaoru?

Como que por milagre todos falaram ao mesmo tempo.

–Oba-sama a culpa não foi do Hayato, eu estou bem, juro!

–Mãe, juro que não queria machucá-lo... Aconteceu, eu...

–Senhorita Higurashi, seu filho bateu em um aluno.

Kagome olhou de maneira interrogativa para os três. Era certo que ter as perguntas ignoradas era irritante, mas ouvir tantas respostas de uma vez só não era exatamente a solução dos seus problemas. As vozes se misturaram e nenhuma informação conseguiu chegar intacta ao seu cérebro. Para sua sorte, o diretor compreendeu sua dificuldade e correu em seu auxílio pedindo para que os dois garotos permanecessem em silêncio enquanto ele explicava a situação.

–Sinto informar, senhorita Kagome, que o motivo pelo qual convoquei sua presença não é agradável. Por favor, puxe uma cadeira e sente-se, temos muito que conversar.

Kagome aquiesceu e fez como lhe foi pedido. Ainda sentia-se confusa demais para formular qualquer ação que fosse.

–Meninos, saiam e permaneçam do lado de fora até a segunda ordem.

Instintivamente, Kagome venceu o torpor que tomava a mente. Se Hayato tinha feito algo muito sério iria ensiná-lo a assumir como um homem.

–Gostaria que meu filho permanecesse, ao que parece ele tem uma participação principal nessa história. – disse com o olhar mais sério possível.

O Hanyou nada disse. Podia prever o esporro que iria levar só de vislumbrar o olhar da mãe. Tentou reunir coragem, mas isso parecia um trabalho impossível em sua atual condição. Tudo o que conseguia pensar era em como estava ferrado.

–Como queira- respondeu o diretor de maneira educada. Também preferia que o pequeno animal ficasse as suas vistas. Voltou-se para o brutamonte vestido de donzela em perigo - Loki, pode se retirar.

Loki sentiu vontade de beijar o diretor por aquela ordem mais que bem vinda. Tudo o que não desejava era estar perto de Hayato para o caso de um novo acesso de fúria. Já tivera o suficiente para uma vida e meia, pensava ele.

–Loki, é esse o seu nome, não é?!- esperou que o garoto confirmasse para então continuar- Peço desculpa pelo o que aconteceu a você. Sinto muito. -Kagome disse antes que ele pudesse se afastar. O garoto mantinha um olhar tão temeroso que chegava a causar comoção.

–Tudo bem, estou melhor agora - Disse Loki, antes de sair do recinto.

A porta bateu com um pequeno estalido e a sala mergulhou novamente em um curto período de silêncio contemplativo.

Em seu coração, Kagome sentia crescer duas certezas: A de que Hayato tinha se descontrolado e machucado um ser humano, e a de que ela tinha falhado como mãe. Não tinha dúvidas quanto a ser culpada por aquela situação, se tivesse sido mais atenta, mais zelosa... Olhou para o menino e tudo o que viu foi dor em seu olhar, e vergonha. Não sabia a intensidade, mas não era difícil perceber que Hayato estava sofrendo, e momentaneamente viu o rosto de InuYasha estampado no dele. Assim como o filho, InuYasha também sofria quando não conseguia se conter. Disso lembrava muito bem. O olhar, o arrependimento, o remorso e a culpa não eram sentimentos bons para ser cultivado em um coração tão tenro como o de Hayato, ele era ainda muito jovem.

Jovem, mas perigoso. Devia se lembrar disso. Não podia tratar Hayato como um filhote de peito, se tinha idade para ferir também tinha para ser punido a assumir as consequências de seus atos.

–Sra. Higurashi, já deve ter uma vaga ideia do que aconteceu...

–Desculpe-me, senhor diretor, mas gostaria que o senhor evitasse rodeios e fosse direto ao ponto.

Bolhão se sentiu desconfortável com a resposta brusca. Pigarreou sutilmente. Pensava em ser mais cortês, mas se eram fatos nus e simples que ela desejava era isso que teria.

–Como queira. Hayato foi detido por bater em Loki. Não sabemos quem começou, mas basta olhar e comparar os ferimentos de ambos para chegar à conclusão de que seu filho foi o agressor- Kagome consentiu.

–A mim parece que os dois se agrediram. Ao que percebo meu filho também está machucado.

Kagome sabia que os ferimentos de Hayato há muito estavam curados, mas não tinha como explicar um fato anormal desses ao diretor sem ser tomada como louca.

–Sim, mas Loki está visivelmente mais machucado. E...

–Eu o vi, senhor diretor. Realmente o garoto está machucado. Uma pena, mas nada fora do normal.

–A senhora acha normal os ferimentos que o seu filho fez naquele pobre garoto?

–Não. O que acho normal é o fato de dois garotos brigarem e saírem machucados. Não é nenhuma novidade esse tipo de comportamento.

Hayato estava um pouco surpreso. A mãe o estava defendendo?

–De fato, crianças brigam, mas devo dizer a senhora que em dez anos como diretor nunca vi uma briga tão violenta, nem nessa, nem em outras escolas. Entenda, o seu filho...

–... Não é santo, mas também não é nenhum demônio como o senhor parece querer vesti-lo.

O diretor sentiu-se ofendido.

–Eu sou um profissional, nunca faria algo assim, senhorita Higurashi. O que aconteceu hoje pode até ter sido uma briga entre dois garotos, mas as consequências foram graves.

–Diga-me aonde quer chegar, senhor diretor?

–A questão é que o seu filho começou a briga, e...

–O senhor está dizendo que foi ele quem começou a briga?

–Sim, basta olhar para o estado de Loki para entender isso.

–Escute aqui, senhor diretor, o Hayato não é nenhum arruaceiro. Aceito que ele tenha brigado e que deva sofrer as punições necessárias, mas não acredito que ele tenha começado a briga, de jeito nenhum.

–Mas foi o que aconteceu, senhora, queira a senhora acreditar ou não.

–O senhor então terá que me provar o que está dizendo. Acredito que tenha provas, certo, já que o está acusando?

–A prova está lá fora, senhora. O que mais precisa? Aqueles hematomas não provam nada?

–Provam sim, que os dois brigaram apenas isso, mas hematomas e cortes não falam, senhor. Por acaso estava presente na hora da briga, viu com seus próprios olhos?

–Não, mas haviam muitos alunos presentes que...

–... Nunca desmentiriam a sua versão. Poupe-me diretor, se não viu com os próprios olhos não pode afirmar afinal não se pode contar em versões infantis. Se perguntar aos alunos ouvira quinhentas versões diferentes. Acredito que os seus anos de educador tenham lhe ensinado isso, estou certa?

–Sim- disse sem alternativa. Pelo visto a mãe era tão ou mais agressiva que o filho. Não espantava que ele fosse daquela maneira, não mais.

–Senhora, vamos voltar ao ponto. Sinceramente peço desculpas por qualquer mal entendido.

–Não precisa se desculpar, senhor diretor, só peço que falemos a mesma língua. Não sou criança e percebo quando algo está errado.

–Bem- ele resolveu ignorar o comentário ácido -O que aconteceu hoje nos pegou de surpresa. Até hoje nunca havíamos tido problema com seu filho. É um garoto tranquilo.

–Eu também não entendo- disse fatigada -Meu filho não é agressivo, e, se foi, duvido que tenha sido sem motivo algum. Volto a repetir que não acredito que tenha sido o meu filho que começou a briga.

–Entendo que para a senhora seja difícil acreditar que seu filho tenha cometido essa atrocidade, mas se analisarmos as histórias contadas pelas testemunhas... -Kagome o interrompeu.

–Novamente as testemunhas. Se vamos usá-las, bem, que as usemos direito. Elas disseram quem começou a briga?

–Bom, ainda não tive a oportunidade de interrogá-las, mas o monitor me garantiu que conversou com algumas.

–Até onde sei a maioria dos monitores vê, ouve e fala o que deseja, principalmente se é um problema causado pela sua incompetência. Se houvesse algum monitor trabalhando corretamente a briga não teria passado de discussão, tenho certeza disso.

Kaoru suspirou. Definitivamente não seria fácil persuadir aquela mulher.

–Hayato, diga-me, foi você quem começou a briga? Não minta para mim!

–Mãe, eu não comecei a briga, eu...

Kagome esperou pacientemente. Hayato engoliu em seco. Era difícil e doloroso admitir seus erros para ela. Era a última pessoa no mundo que gostaria de decepcionar. Respirou fundo se controlando.

–Eu não queria machucá-lo, mas o sangue subiu minha cabeça e acabei perdendo o controle. Peço desculpas mãe, se pudesse voltar no tempo, juro que teria me controlado.

Foi impossível manter a pose de mãe durona ao ver os olhos dele brilharem úmidos pelas lágrimas que se esforçava para segurar, e Kagome acabou por envolver o filho nos braços, ignorando o diretor e o que ele podia pensar daquele ato. Como podia cobrar dele autocontrole se não prestava atenção a seus pedidos silenciosos?Como ralhar com ele se também sabia que parte daquilo era culpa sua? Não podia.

–Tudo bem, vamos enterrar esse assunto, e nos prevenir para que não ocorra outra vez, certo?–Kagome disse ternamente.

Hayato definitivamente não esperava essa reação da mãe. Teve vontade de chorar ainda mais quando ela se afastou enxugando uma lágrima que descia do seu olho com os dedos. Por um instante sentiu-se com três anos novamente e ao mesmo tempo mais forte do que agora.

–Sinto que o caso não possa ser resolvido com apenas uma conversa, senhorita Higurashi. Esse tipo de comportamento deve ser punido para evitar que volte a acontecer.

–E o que o senhor sugere, senhor diretor?

–Três dias de suspensão.

–Três dias?Tudo bem, acho que um tempo de castigo vá fazer bem para os dois.

–Não, a senhora não entendeu. São três dias de suspensão para o seu filho.

–E quanto ao outro? Sairá impune?

–Acho que Loki já teve sua punição depois de apanhar do seu filho. Não vejo necessidade de puni-lo mais.

–Sabe o que eu não vejo aqui, senhor Kaoru? Não vejo justiça. Desde que entrei aqui a única coisa que o senhor fez foi jogar na minha cara que o meu filho é ruim. Diga-me, nunca teve problemas com esse tal de Loki? Ele nunca fez nada errado para visitar a sua sala?

Kaoru teve que ser manipulador.

–Não. Loki é um garoto exemplar. Bom aluno, atencioso...

–Mesmo, então acho que o senhor não vai ver problema se eu resolver interrogar alguns alunos a respeito desse aluno maravilhoso.

A veia pulsante tinha desaparecido, mas o rosto ficou lívido quando Kaoru suou frio.

–Se quiser posso convocar alguns para a senhora conversar.

–Não será necessário, eu gosto de fazer minha própria pesquisa. -disse se levantando- Gostaria de lhe fazer uma última pergunta. O senhor gosta do cargo de diretor?

­-Não entendo o por que dessa pergunta.

–Vai entender depois que eu mobilizar os pais insatisfeitos. O meu filho tem sido vítima de Bullying nessa escola, e nos últimos tempos eu tenho conversado com outros pais que afirmam que o mesmo acontece com seus filhos e filhas e todos apontam um valentão como agressor principal. Pensando bem as descrições batem com esse rapaz aqui fora. Acho que o ministério vai achar muito interessante esse assunto- Levantou-se da cadeira- Vamos Hayato. Passar bem, senhor diretor.

Kagome saiu com o filho da sala deixando bolhão estupefato com um olhar assombrado atrás de si.

~*~

A youkai passou os dedos entre os cabelos longos e ruivos enquanto cantarolava baixinho. Observou em silêncio o homem que entrava na caverna a luz da manhã, mas não interrompeu o trabalho.

–Ohayou Kouga, dormiu bem?-Perguntou com a voz macia.

–Ohayou Ayame, dormi feito uma pedra. E você?

–Tive uma ótima noite de sono. Me sinto revigorada. -Falou sorrindo, enquanto prendia os cabelos em um rabo de cavalo como fazia todos os dias. Levantou-se e depositou um beijo na bochecha de seu parceiro. –Desculpa por aquele dia, não queria ter brigado daquele jeito com você.

–Tudo bem, são águas passadas; tudo o que peço é que seja mais compreensiva Ayame.

–Claro, prometo ser -Sorriu novamente – Estava pensando em um modo para me redimir e percebi que já está na hora de conhecer meu enteado.

Desconfiado, Kouga levantou as sobrancelhas.

–Como assim? –Observou a youkai. Os olhos verdes brilhavam cheios de cuidado.

–Kouga, querido, não tenho mágoas com o pequeno Yusuke, mas acho que já está na hora de conhecê-lo. Não apenas eu, mas também está na hora dele conhecer os descendentes dele, a parte youkai, sabe? Todos querem conhecer o pequeno herdeiro.

Kouga apertou o maxilar, pensativo.

–Não sei. Irei falar com a Kagome.

–Ele também é seu filho, tenho certeza que ela deixará, caso ao contrário você deve exigir que ela permita...Esqueça Kouga, peça a ela e diga que todos desejam conhecer Yusuke.

–Já disse que pedirei Ayame, sem pressão. -Ela sorriu e depositou um beijo nos lábios de Kouga.

–Tenho certeza que ela deixará. Estou tão ansiosa! Bem, tenho que ir verificar se tudo está em ordem.

–Não precisa, já verifiquei. Pode ficar aqui. –Um alívio percorreu o corpo de Kouga. Finalmente Ayame estava deixando a sua própria mágoa de lado e seguindo em frente. Mesmo assim uma parte dele pedia para ter cautela.

–Algo interessante para fazer, Kouga?-Perguntou, sentindo a malicia queimar nos olhos. Ele apenas a puxou, trilhando o pescoço com beijos. Ayame, pela primeira vez na manhã, sorriu verdadeiramente. Finalmente a primeira parte de seu plano estava dando certo, agora tudo era questão de tempo.





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Notas finais do capítulo

A Yue me impressiona cada vez mais!É uma honra participar dessa história e adoro ser surpreendida com o enredo criado pela Yue,pois veja bem,sou mais uma leitora do que uma co-autora.Uma pena que eu não possa postar os meus comentários,mas posso garantir que fico pulando de excitação quando a Yue me manda os rascunhos.
Espero que vocês tenham gostado e agradeceríamos muito se todos os leitores deixassem apenas um "gostei" ou "isso ta uma merda",sei lá,aproveitem a oportunidade de participar do enredo,levamos em consideração a opiniões de vocês!
E logo o capítulo 18 sairá.



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