Quando eu tinha sete anos, eu me deitei na grama daquele campo e observei as flores de lá.
Enquanto houvesse Sol, eu estaria lá, apenas observando as flores e te imaginando lá.
Havia uma vermelha joaninha em meu nariz, mas eu não a via.



Quando eu tinha treze, eu me sentei no chão e observei os planetas no céu.
Por uma noite inteira, eu apenas observei formando o seu nome com aqueles planetas.
Havia uma fumaça que escapava por meus lábios, mas eu não a via.



Quando eu tinha dezessete anos, eu fiquei de pé em um salão branco e observei os balões coloridos.
Por apenas vinte e quatro horas, eu observei.
Havia várias manchas na parede, mas eu não via nenhuma.



Quando eu tive vinte e três anos, eu me deitei em uma maca branca e observei as luzes do PS passarem correndo por mim.
Por apenas sete dias, eu observei as luzes formarem seus olhos.
Havia várias pessoas ao meu redor, mas eu não via nenhuma.



Quando eu tive trinta e três anjos, eu me deitei em uma caixa vazia e negra e observei todas aquelas flores ao meu redor.
Por apenas cento e trinta e um dias, eu observei o negro de seu coração.
Havia anjos ao meu redor, mas eu só sentia um.



Havia um anjo em meio às flores e havia um demônio em meio ao fogo.
Por apenas treze segundos eu os observei o demônio que era você.
Quando eu tive um anjo e um demônio dentro de mim, eu me deitei em um campo onde havia fumaça manchadas no teto florido.



Havia seis demônios em minha frente, mas eu só via treze.
Por apenas sete minutos, meu coração foi a pedra mais dura.
Quando eu tive sete demônios dentro de mim, o sétimo se chama Gabriel.



Com sete, com treze, com dezessete, com vinte e três e com trinta e três anjos e demônios.
Com Gabriel cantando a melodia de um assassinato.
Com Gabriel sussurrando docemente em meu ouvido:
- Você espalha sofrimento, porque você não consegue sentir nada além disso. Você faz todos infelizes, porque é a única marca que você pode deixar. Você gosta de poucas pessoas, e muitas pessoas não gostam de você. Você é a Miss Hipocrisia, e mesmo assim eles beijam seus pés.


Com Gabriel sussurrando esta melodia em meu ouvido:
- Você se sente infeliz e tudo o que você faz é ser infeliz. Você não se importa com o ódio, mas você adora não amar. Você sorri, mas no fundo você sofre. Você é a Impenetrável Rainha do Gelo, você é infeliz, é miserável, e mesmo com todas as suas células mais importantes, você não se importa com mais nada.


Com Gabriel sussurrando aquele grito em meu ouvido:
- Você não pára para olhar para alguém, além de seu nariz. Você veste o cinismo e anda em sua torre de falsidade. Você tem um cigarro em seus lábios, e você suga amor e solta sofrimento. Você espalha sofrimento porque você não consegue sentir nada além disso. Você me faz infeliz, porque é o único sentimento que você possui.


Sofrimento. Sofrimento. Sofrimento.
Infeliz. Infeliz. Infeliz.
Sofrimento porque você só sente.
Infeliz porque é o que você é.
Porque é o quê você se tornou.
A Impenetrável Rainha do Gelo.