James conversou com Sara boa parte da viagem sobre o caso, ela definitivamente havia mexido com ele, e isso era inexplicável. Há muito tempo tinha deixado adormecido em um canto de sua vida, qualquer sentimento mais profundo por outra mulher, desde a morte de Anna, sua esposa. Seus relacionamentos tendiam a ser superficiais e esporádicos, sem importância alguma.

Ela se mostrou uma mulher inteligente e sagaz, de raciocínio muito rápido, ia gostar de trabalhar ao lado dela. Notou que não usava aliança, o que já parecia um bom sinal, talvez fosse inadequado abordar esse assunto logo de cara, na verdade ele tinha perdido o jeito com as mulheres, por isso a inabilidade de algo mais profundo. Ele esperaria uma oportunidade, tinha a paciência típica de um homem de meia idade, isso era um ponto favorável, certas mulheres não gostavam de serem sufocadas, e ela, com certeza parecia extremamente independente e forte.

As vezes o silêncio se fazia presente e ele gostava daquilo, mulheres que falavam demais não faziam sua cabeça, as discretas ganhavam sua atenção, só uma coisa talvez pesasse contra, a diferença de idade. Imaginou que ela não teria mais que trinta anos, enquanto ele em alguns meses completaria cinquenta.

Mas, o que estava acontecendo com ele, fantasiando sobre prós e contras de um relacionamento com alguém que acabara de conhecer ? Resolveu espantar esses pensamentos e prestar atenção na estrada, mas não conseguiu.

Ela encostou a cabeça no assento alto de sua suv e fechou os olhos, o sol criava reflexos avermelhados em seu cabelo escuro, seu coração estava batendo mais rápido, o que o assustou de verdade, teve uma vontade enorme de tocar seu rosto, tinha uma beleza diferente, um tanto quanto exótica, talvez estivesse muito tempo sem ninguém e isso fazia sua mente o trair. O que ela estaria pensando ?

O que ele não sabia na verdade era que seu pensamento estava exatamente no lugar em que havia deixado para trás. A imagem de Grissom, a olhando com tanta tristeza, as palavras que ele nunca conseguia dizer, mas que seus olhos, de um intenso azul, não negavam. Ela o amava tanto, por isso estava disposta a ter toda a paciência do mundo, o simples fato de tê - lo em sua vida, mesmo que não frequentemente, lhe bastava para sentir vontade de sorrir e, instintivamente foi o que fez. Sua mente estava pregando peças, com flashes dos momentos doces que eles viviam. Ás vezes, sem que percebesse, gostava de olhar para ele, as suas mãos que sabiam muito bem onde tocar, a boca gostosa que a fazia viajar para fora da realidade, seu cheiro, o arquear das sobrancelhas, tudo nele era apaixonante.

James continuou dividindo a atenção na estrada e nela, para quem seria aquele doce sorriso, feliz do homem a quem seus lábios se abriam. Quem seria o dono de seu coração, ela teria realmente alguém ?