Leo Tsubaki em Gensokyo escrita por Atmo


Capítulo 1
Capítulo 1




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-Patchouli-sama, Leo está dormindo em serviço de novo! – diz Koakuma com um largo sorriso no rosto.

Eu levanto a cabeça da mesa e olho pra ela. Poderia pregar uma peça nela ou fazer alguma outra brincadeira para me vingar, já que ela sempre faz esse tipo de coisa mesmo comigo. Mas não tenho coragem de fazer isso: eu a amava.

Já deve fazer 3 meses que estou aqui em Gensokyo. Como fui chegar aqui é uma resposta um tanto quanto bizarra: me lembro de atravessar uma rua para chegar no trabalho, depois me lembro de sentir muita dor e frio, e ai estava num lugar completamente escuro.

Sim, eu morri. Atropelado por um ônibus ou caminhão desgovernado, disso tenho certeza.

Minha vida anterior era muito boa, conhecia pessoas legais que gostavam das mesmas coisas que eu, era fã de videogames e RPG de mesa, e sempre estava me socializando. Claro que eu ainda gosto dessas coisas, lembro também de minhas perversões sexuais e tudo o mais.

Dizem que nossas almas vão para o lugar que acreditamos que deveriam ir quando vivos: céu, inferno, vazio, um mundo fantástico cheio de gente doida... Acho que tive sorte.

Algum tempo depois de estar naquele lugar escuro que mencionei, uma luz surgiu na minha frente. Tinha uma forma levemente humanóide, mas com certeza era algo divino. Até achei que poderia ser Madokami, mas eu não era uma garota mágica nem nada que pudesse chamar sua atenção. Enquanto tentava desvendar o que seria, a luz foi se aproximando, sua forma se tornava mais e mais humana a cada “passo”, e, enfim, eis que ela se revela: Shikieki, a Juíza do Céu e do Inferno, aquela que decide se você vai pro céu ou para o inferno. Ela me olhou de cima a baixo, deu algumas voltas, como se procurasse algo em meu corpo, e finalmente disse, num tom melancólico:

-Você está morto.

-Já percebi. – eu disse, me assustando com a possibilidade de ainda poder falar enquanto morto.

-Não seja arrogante, eu vim te fazer uma proposta.

Agora sim eu fiquei com medo. Shikieki não agiria dessa forma com uma alma nem com uma pessoa, já que todos os materiais de Touhou que pude ler a mostravam como uma garota animada e responsável.

-Não, você não está na Gensokyo que conhece.

-Pra falar a verdade eu nem sei onde estou! Tem como me explicar o que está acontecendo antes de me fazer a tal proposta?

Lá estava eu, morto, negociando com um Juiz da Morte... Isso nunca aconteceria comigo numa mesa de RPG, com certeza!

-Você sabe que as pessoas gostam de romantizar suas histórias, deixando a dura realidade disfarçada.

-Sim, é verdade! Quer dizer que—

-Isso mesmo, você se encontra num espaço entre o Mundo dos Vivos e o dos Mortos.

-Não era bem isso que eu ia falar—

-Deixe-me explicar de forma simples: este lugar, que você conhece por Gensokyo, esconde muitas coisas sinistras e violentas. O que eu quero lhe propor é o seguinte acordo: você renascerá nesta Gensokyo como um Yokai e deve participar de um torneio contra outros 6 escolhidos pelo poder máximo dos desejos.

-Outros 6? Onde eles—

Quando olho em volta, percebo ao longe 6 esferas de luz vermelha, imóveis.

-Não se preocupe com eles, estão descansando e não podem nos ouvir. Você receberá parte do poder dos desejos, assim como eles, mas deve ter extremo cuidado em como o usa. Cada utilização destruirá uma pequena parte da sua alma. Imprudência o levará ao esquecimento.

-Como vou saber—

-Sempre que usar o poder dos desejos, que funcionam para você também, alguma parte de seu corpo físico perderá a sensibilidade. Creio que seja parecida com uma doença de seu mundo natal, a Hanseníase.

-Apenas a sensibilidade? Quer dizer que se eu usar a ponto de não poder mais sentir o meu braço eu ainda vou poder usá-lo?

-Você entendeu rápido. Acho que não preciso perguntar se aceita a proposta.

-Sim. Não quero saber para onde iria se não a aceitar. Tenho uma chance única aqui! – minha felicidade não podia ser mais verdadeira nesse momento de terror.

-Quero lembrá-lo de que esse torneio não é algo trivial. Seus oponentes farão de tudo para vencer, incluindo atormentá-lo matando pessoas queridas a você. Quem perde num duelo de espíritos será jogado nesta sala novamente, e irá esperar até que o último sobreviva e decida para onde todos os perdedores irão. Entendeu tudo?

-Sim, vamos começar com isso.

-Você é agora um Yokai do Pacto de Sylph. Espero que dê o seu melhor.

Não sei quanto tempo depois eu estava caindo e caindo, parecia que era um buraco sem fim, até me arrebentar num chão duro de madeira. Estava nu, com a minha barriga gorda á mostra. Logo desejei que fosse mais magro e não é que tinha funcionado? Tudo bem que senti uma dor incômoda enquanto a minha barriga diminuía, mas valeu a pena.

-AAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!

Olho pra trás e vejo uma garota de longos cabelos castanhos, de roupas negras e com um pequeno par de asas saindo da cabeça. Ela derrubou uma pilha de livros que segurava para levar uma das mãos á boca, talvez tentando abafar o grito, sei lá, e apontar a outra para mim.

-Onde eu estou? – pergunto pra ela enquanto me levanto cobrindo “as partes” com as mãos.

-Sakuya-sama, tem um pervertido aqui!!

No momento em que ela grita isso, uma dupla de empregadas fadas aparece e começa a lançar Danmaku em minha direção. Em uma fútil tentativa de me esquivar dos tiros eu levanto as mãos, revelando as “jóias de família”. As três ficam vermelhas como tomates e fogem desesperadas. Quando disse fútil foi por causa dos cinco tiros que me acertaram em cheio na cabeça, desmaiando esse que vos fala.


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