Redemption escrita por SakyChan


Capítulo 9
Capítulo 8




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Capítulo VIII

Não sei quanto tempo fiquei trancada. Quando resolvi sair já havia parado de chorar e meus olhos estavam voltando ao normal. Eu sabia como ele estava se sentindo, já havia sido rejeitada antes, mais do que qualquer um gostaria. Para falar a verdade quem gostaria? Achava-me um monstro, mas ao mesmo tempo sabia que tinha feito a coisa certa. Eu não gostava dele o suficiente e não iria abdicar minha felicidade para o bem só dele. Parecia egoísmo, mas acredito que foi melhor assim.

O pior de tudo é que eu sabia que naquela hora não havia mentido. Eu gostava de alguém, mas não iria admitir, nunca, até ter realmente certeza dos meus sentimentos.

Sai do banheiro e procurei meu celular. Quase meia noite e meia. A música tinha mudado. O bate estaca martelava no ritmo do meu coração. Não encontrei Sun nem Kay. Queria ir para casa e obviamente minha carona não ia me aceitar, e eu tinha bom senso. Estava lúcida o suficiente. Talvez pegaria uma carona com Sun, mas o problema era acha-la no meio da muvuca. Será que eu conseguiria chamar um táxi?

Para completar minha noite aparece Lindsay na minha frente.

– Olá anjinha. – ela deu um sorriso desdenhoso.

– Vai se catar. – me virei sem paciência, mas ela pegou meu braço.

– Você não vai falar mal de mim e se livrar de boa. Justo quando estou tão boazinha para deixá-la conversar comigo.

– Tão convencida, parece alguém que eu infelizmente conheço. Ah, se encontra-lo por aí, mande-o ir se catar também.

– Ótimo, já foi direto ao assunto.

– Oh, você não veio até aqui para me ameaçar? Pode ficar com Evan, não quero vê-lo nem pintado de ouro. – ela deu outro sorriso.

– Que foi Zoey? Já desistiu tão facilmente, nem teve graça.

– É porque ele é um narcisista convencido, irritante e que me fez magoar alguém muito importante para mim e também está me dando nos nervos. – acho que a assustei com tantos “apelidos carinhosos”, pois ela me soltou.

– Tanto faz. Não pense que a perdoei por ter jogado comida em mim e por ter tomado Evan de mim. – olhei para ela, sem paciência.

– Lindsay, eu realmente não queria brigar com você, me solta. E fica com Evan, ele é todo seu. Aproveite e se suicidem, será um bem para toda a humanidade.

– Cala a boca, perdedora. Deixe-me adivinhar, ele te deu um fora, por isso está entregando-o a mim tão facilmente. Nada anormal, James fez a mesma coisa. Quem iria querer uma garotinha tão insignificante... – dei um tapa em seu rosto com tanta força que deu para ouvir o barulho, mesmo com a música alta. Percebi o que tinha feito só depois de alguns segundos. Lindsay apertou a bochecha e ficou me olhando sem acreditar.

– Estou cansada dessa sua arrogância! Se toca! Você não é melhor do que ninguém, para de agir feito uma retardada asquerosa. – ela tentou revidar, mas segurei sua mão. – Encosta um dedo em mim e será uma otária morta.

Escutei alguns barulhos atrás de mim, mas no momento não dei atenção. Lindsay tentou agarrar meus cabelos, mas derrubei-a. Acabei caindo também, pois ela me puxou de repente. Ela tentou rolar para cima de mim, mas a empurrei para longe. Tentei me levantar, mas ela se jogou sobre mim e finalmente agarrou meus cabelos. Sempre achei isso uma coisa de fracos, que não sabiam lutar e só puxavam os cabelos. Eu havia treinado golpes o suficiente para bater nessa idiota. Tentei rolar debaixo dela, mas ela puxou com mais força. Doeu ainda mais e soltei um gemido.

Juntei todas as minhas forças para empurrá-la, Lindsay acabou caindo no chão. Dei um soco em seu olho o mais rápido possível para desnorteá-la. Ela soltou um grito de surpresa. Tinha acertado em cheio seu nariz. Consegui me levantar, mas ela reagiu e me empurrou. Acabei batendo a cabeça na parede. Parecia que tinha quebrado ela, tamanha foi a dor.

Finalmente descobri o motivo dos barulhos. Olhei para uma das alas que estava pegando fogo. Uma parte do meu cérebro me mandou correr enquanto a outra reclamava da dor. Lindsay continuava caída, gemendo de dor. Uma sensação de torpor me invadiu, misturando-se com a dor. Percebi que minhas pernas não respondiam, estava ajoelhada olhando as chamas se aproximarem, os alunos que restavam correrem. Havia cortinas e estátuas que tampavam Lindsay e eu da visão dos outros. Só conseguíamos ver eles, mas não nos viam.

Se nada estivesse acontecendo eu ficaria ali, tentando me recompor. O único problema era aquele incêndio. O fogo começava a se alastrar pelas outras cortinas, indo da ala dos Condenados para a ala do Castelo, a próxima seria a ala da Casa mal assombrada, por último a ala ao meu lado, a do Cemitério. Isso não era bom. Nada bom. Todo mundo passava correndo, algumas garotas estavam gritando. Tentei chamar alguém, mas o barulho era muito alto e minha cabeça latejava de dor. Pensei ter visto Sun, mas era apenas uma “bruxa”. O torpor não me deixava mexer minhas pernas, meus braços estavam um pouco fracos. Mas não podia ficar ali, vendo o fogo se aproximar.

Forcei-me a levantar. Tornei a olhar para Lindsay que rastejava para fora, ainda segurando o nariz. Consegui segurar uma das mesas e tomei impulso. Mas acabei caindo novamente. A dor estava insuportável, o torpor me invadia, mal conseguia me levantar.

– Zoey! Zoey! – escutei alguém me chamar.

– Aqui. – consegui dizer. Uma pessoa empurrou as cortinas. Um vulto negro se aproximou. Quando percebi que era Evan quase pulei de felicidade. Isso se pudesse pular.

– Zoey... O que aconteceu? – ele pôs os braços em torno de mim e consegui passar os braços em seu pescoço.

– Adivinha. Começa com L, nem preciso dizer como termina. – falei baixinho. Ele deu um sorriso fraco. Percebi que não sentia mais o chão e vi que ele tinha me levantado. Evan percebeu a presença de uma Lindsay cambaleante e foi em sua direção. – Vai ajudá-la? Deveria deixá-la morrer. – fiz um careta e apertei minha cabeça.

– Eu sou um anjo. Qual o dever dos anjos? – resmunguei um pouco. Fechei os olhos pelo o que pareceu uma eternidade. Aos poucos fui retomando a consciência, ouvi vozes aliviadas. Abri os olhos com muito esforço.

– Zoey, você está bem! – Sun respirou aliviada. Kay estava quase chorando. Não vi Chris em nenhum lugar. Suspirei.

Estávamos fora do ginásio, todo mundo olhava para dentro. Bombeiros foram chamados assim como a polícia. Os professores se certificavam se todos estavam sãos e salvos. Evan me pôs em uma das ambulâncias. Uma para-médica examinou minha cabeça, mas disse que foi apensa uma leve pancada. Só que a pequena pancada havia me deixado com dor de cabeça. Senti um enjôo em meu estômago, talvez pela bebida. Isso Zoey, continue bebendo coisas da qual você não está acostumada e um dia acabará morrendo.

Lindsay tinha quebrado o nariz e reclamava o tempo todo. Disse que iria me matar e fez outras ameaças. Ignorei todas elas, não tinha tempo para me preocupar com ela.

– Bem, pelo menos não teve nenhum assadinho de Zoey. Você prefere bem passada ou mal passada? – brinquei. Fiquei até um pouco surpresa ao ver que Evan também não gostou da piada sem graça. Todo mundo me olhou de cara feia.

– Estou espantado com a sua capacidade de fazer piadas com sua própria vida. – ele disse azedo. Sun concordou com ele e foi minha vez de ficar azeda. Eu não tinha culpa, era uma mania. Uma forma de dizer que estava bem feliz por ter escapado da morte. Mais uma vez.

Perguntei se tinham visto Chris, mas Kay respondeu que ele tinha saído mais cedo. Conseguiram controlar o fogo e descobriram que foi proposital. Talvez algum aluno ou penetra tenha posto fogo em uma das cortinas ou iluminações. Lembrei daqueles garotos que não reconheci. Insisti para que Evan me ajudasse a andar até o policial. Consegui ser útil e disse sobre os garotos que tinha visto antes. Era provável que tivessem saído antes de darem notícia, mas pelo menos tinham quatro suspeitos.

Ninguém sabia o porquê, nem eu sequer imaginava. Talvez por pura curtição. Pelo menos ninguém tinha se ferido. Sun e Kay tinham se afastado para conversar com outros alunos, deixando eu e Evan a sós na traseira da ambulância. Minhas pernas ainda bambeavam um pouco, mas conseguia me mexer. Graças a Deus, pedi para tomar um remédio para dor de cabeça. Mas o enjôo continuava. Talvez se eu vomitasse melhorasse. Não era uma idéia agradável, mas era verdade. É só vomitar que alivia, assim tiro essa coisa do estômago de vez.

– Terei que contar a Lindsay a verdade. – Evan falou subitamente. Olhei espantada para ele.

– Está falando sério? Contar a ela tudo? Imagina qual será a reação dela. – reclamei. Contar a Lindsay. Ótimo, ela teria mais um motivo para me encher o saco.

– Ela tem o direito de saber, é uma descendente de nefilim.

– Fala que vai ser mau e irá assustá-la. Diga que é um anjo que retornou do inferno para assombrá-la. – ele me olhou com um sorriso malicioso.

– Você é bem sacana, não é?

– Não seja gentil com ela. Lembra quando me contou? Minutos depois se passou por um maníaco que me observava à noite e se jogou em cima de mim. Não seja bonzinho com ela, porque tenho que ficar com o pior? – fiz uma careta. Ele se apoiou na porta, ficando a centímetros de distância.

– Hum, incrível que você se lembre do seu ataque. Admita que você adorou ficar debaixo de mim. – ah, ele voltou ao seu estado normal. Fiz outra careta.

– Quem não teria um ataque? Isso que é ter muito amor-próprio, você pensa que todos o amam. – resmunguei.

– Com licença. Preciso resolver algo. – ele começou a se afastar, mas peguei sua mão.

– Me leva para casa. Mais tarde. – ele apertou-a.

– Claro.

E foi até onde Lindsay estava, há alguns metros de distância, bem longe da multidão. Era bom mesmo, pois o papo entre eles não seria muito comum. Como estava sentada e meus pés não encostavam no chão, comecei a balançá-los. Sun veio em minha direção e me abraçou.

– É tão bom vê-la sã e salva. Evan é o seu anjo da guarda, literalmente. – era óbvio que ela não falava sério, mas imagina se ela soubesse a verdade.

– Digo o mesmo.

– Bem, eu não queria perguntar, mas... O que aconteceu para Chris ir embora? – ela estava meio indecisa. Reprimi um gemido. De todas as coisas que eu não gostaria de comentar essa era a primeira.

– Ele confessou a mim. – respondi sem jeito. – E não pude correspondê-lo. – ela fez um cara de tristeza.

– O pior é que estava na cara que você não sentia o mesmo. Eu e Kay havíamos percebido há um certo tempinho, e tenho que dizer uma coisa: você é bem lenta Zoë. – ela sorriu fracamente.

– Como eu poderia imaginar? – defendi-me.

– É fácil. Ele era seu melhor amigo. – tentei fingir que não percebi a palavra “era”. – Chris vivia ao seu lado e não escondia seus ciúmes por você. Ele odeia Evan, parece impossível odiar uma cara daqueles, mas Chris conseguia. Ah, afinal ele provou ser homem. Hum, e Kay jurava que ele era gay. Até eu tinha minhas suspeitas... – ela começou um monólogo. “Fechei” meus ouvidos e olhei para Evan e Lindsay. Ela tinha uma expressão de surpresa que ficava estranhamente engraçada na sua cara. Principalmente com o nariz cheio de ataduras. Tive que segurar uma risada.

–... , hein Zoey? – Sun perguntou algo que eu não tinha escutado.

– O que? Repete, por favor.

– Você gosta de outra pessoa? É quem eu estou pensando? – ela me olhou desconfiada.

– Não. Não é ele.

– Se você me disser que é o James ficarei de queixo caído.

– Não Sun! Tenha dó. Eu simplesmente não posso corresponder a ele. Não posso ficar com alguém que não amo. Só sinto amizade entre nós dois.

– Poxa, é tão chato. Amar é fácil, mas ser correspondido que é o bicho. – ela sentou ao meu lado.

Ficamos algum tempo sentadas em silêncio. Observei o fogo ser totalmente apagado, as pessoas começarem a ir embora lentamente. Sentia-me bem melhor em relação ao que havia acontecido antes do incêndio. Sabia que não daria para Chris me perdoar e continuarmos amigos. A relação ia esfriar muito. Dei um suspiro bem pesado.

Não iria mais pensar nisso. Deixarei para pensar amanhã, pois afinal, amanhã é um outro dia. Já estava dando uma de Scarlett O’Hara. Mas eu tinha que ser forte, não ia me destruir por isso, era difícil, mas iria superar.

Começava a fazer frio. Já era madrugada, talvez quase duas horas da manhã e estávamos no final de Outubro, agora início de Novembro. Tinha esfriado bastante, logo o inverno começaria. Raramente nevava aqui, mas ficava frio o bastante para querer ficar em casa todas as noites, debaixo das cobertas. E percebi que tinha esquecido minha jaqueta em casa, pois achava que voltaria bem mais cedo. É, a vida te prega peças. Sacanagem. Comecei a arrepiar, me abracei tentado me manter aquecida ou pelo menos o corpo quente. Se minha temperatura abaixasse eu congelaria sem blusa. Sun se levantou.

– Uau, está ficando bem gelado. Eu e Kay vamos para casa. Quer uma carona?

– Não precisa. Evan irá me levar. – e ia ser ótimo se ele não demorasse mais.

– Ok. Me liga se precisar de algo. Inclusive desabafar. – ela piscou e saiu.

– Pode deixar. – sussurrei. E fiquei sozinha.

Evan continuava conversando com Lindsay, mas não quis olhar para ter certeza. Caminhei até o carro de Evan, mesmo no escuro era fácil encontra-lo. Estava do outro lado do estacionamento.

Comecei a pensar em bobeiras, coisas banais, só para poder matar o tempo. Encostei-me no capô e cantarolei algumas músicas. Estava tudo muito quieto. Silencioso de mais. Pensei em chamar Evan, mas percebi que ele já estava vindo. Com Lindsay.

Poxa, ela não tem um carro não?

Ele deve ter percebi que eu estava encolhida, pois tirou o casaco e pos em meus ombros. Novamente senti aquele cheiro, um odor convidativo e sedutor. Abanei a cabeça para tentar esquecer alguns pensamentos.

– Vou ter que dar uma carona a ela. – ele disse baixinho e deu de ombros na direção de Lindsay.

– Ela não parece nem um pouco abalada. Consegue ir para casa até mesmo a pé. – resmunguei. Ela morava a quase três quilômetros da cidade, um certo exagero, mas eu não iria perder mais tempo com ela. - Eu quero ir para casa. - quase choraminguei.

– Ela está sem carro. Não reclame, se eu pudesse já teria ido embora e a deixado.

– Mas teria me levado, não é? – eu estava sendo meio sarcástica. Até fiz uma carinha inocente.

– Claro. – ele deu um sorriso bobo, aceitando a brincadeira. – Vamos.

Eu já ia entrar no banco da frente quando Lindsay se enfiou na minha frente. Fiquei olhando, abismada, ela se sentar.

– Você quer morrer? Não tem mais ninguém aqui para impedir, aposto que Evan adoraria assistir, mas eu vou te matar. – reclamei. Eu não queria estar fazendo isso, dizendo isso.

– Tente, otária. – e fechou a porta. Minha raiva foi tão grande que... Sentei-me no banco de trás.

Raiva de tudo e de todos, principalmente de mim mesma. Eu queria esganar Lindsay por me fazer mostrar minha fraqueza: minha queda por Evan. Eu queria enfiar a cabeça no forno e deixar tostar, quem sabe assim eu teria um pouco mais de orgulho e parasse de dar bandeira na frente de todo mundo. Principalmente na frente dele.

Quase tive que segurar o choro, eu era extremamente emocional. Qualquer emoção forte de mais eu chorava. Isso era horrível. E tantas coisas vinham acontecendo que foi difícil segurar. Só consegui porque Lindsay estava aqui e definitivamente não queria dar esse gostinho a ela.

Os minutos passaram correndo enquanto eu, perdida em pensamentos, olhava a janela, controlando a infinidade de emoções que eu estava sentindo. Um sentimento de humilhação, tristeza, melancolia, vergonha... Sinto uma onda depressiva vindo. Capaz que eu iria ficar depressiva e pessimista durante algumas semanas, ou talvez meses, até uma onda de felicidade e sorte aparecer. Talvez eu tenha crises depressivas, elas apareceram depois da morte de meus pais e pelo visto ainda estão comigo. Enquanto eu tentava descobrir a razão dessa nova crise, Evan parou o carro. Lindsay abriu a porta e saiu. Olhei-a de relance, o suficiente para perceber que ela piscara para ele. Era nojento ver como ela não perdia uma. Ela poderia estar morta, carbonizada neste momento, mas não parece nem um pouco traumatizada.

Não consegui ver a reação dele, mas logo que ela entrou, ele suspirou cansado.

– Zoey, senta aqui na frente. – ele pediu.

Não sei por que, mas um sentimento de revolta passou por mim. Senti a raiva voltar. Fiquei com um ódio de tudo e de todos, por fazerem tanta sacanagem comigo.

– Não. – respondi simplesmente. Ele suspirou novamente, mas dessa vez pude sentir uma irritação.

– Zoey, anda logo. Preciso falar com você.

– Não consegue fazer isso comigo sentada aqui? Ou você prefere quando eu estou na sua frente aí você pode usar a sua sedução e me deixar suspirando e grogue? – ele riu sem humor nenhum.

– Está tão engraçadinha. Posso saber o motivo desse sarcasmo?

– Hum... Não?! Eu simplesmente resolvi dar uma de rebelde. Sim, eu estou nervosa. Com o que? Nem eu sei, talvez com o mundo inteiro por ser tão babaca.

– Então está descontando em mim? – ele se virou para me olhar, indignado e surpreso.

– Claro, você é uma das causas. – respondi friamente.

– Uma das causas? Isso eu tenho o direito de saber. – seus olhos escurecerem, obviamente indicando o quanto estava furioso. A tensão era tanta que quase podia apalpá-la.

– Primeiro: eu odeio aquelas idiotas que vivem te perseguindo e atrapalham toda conversa séria que temos, e você ainda deixa de prestar atenção e fica aí se vangloriando falando feito um babuíno “oh, como eu sou belo! Bah, bah, bah”. Segundo: você não me conta nada, tudo superficialmente e isso acaba comigo, como se eu também não tivesse o direito de saber. Não, não quero saber o que você fez em tal século, com quantas saiu, isso é assunto seu, mas há coisas importantes que você não me diz. Terceiro: o seu hobby é ficar me enchendo o saco, me irritando à toa e eu obviamente odeio isso! – falei tudo tão rápido, tão alto, com tanto ódio que a rua inteira deve ter ouvido. Aposto que Lindsay deve estar lá em cima toda contente.

Evan me observava com uma careta de raiva e indignação contidas.

– E o seu problema é que reclama demais, nunca está satisfeita, e quer que eu mude minha personalidade para ficar mais “agradável” para você?! Zoey, você conseguiu o impossível. Fez-me arrepender de tê-la salvado. – sempre fui boa em esconder o que estava sentindo então foi fácil esconder o quanto fiquei magoada com isso. – Se pudesse voltar atrás nunca teria ido até o meio da rua e salvado-a, sinceramente você foi uma decepção. Não precisa de um anjo da guarda, precisa é de uma bóia para que não se afogue ainda mais. Só reclama, é tão insegura que nunca faz nada sozinha, morre de medo de ficar só, é uma inútil no que diz respeito a relações entre outros indivíduos, aposto que tem medo de que os outros desvendem você, pois não irão gostar de ver o quanto é fraca.

Eu nunca tinha sentido aquilo. Era como se meu coração tivesse se partido em dois, literalmente. Senti um aperto no peito que tentei ignorar o máximo possível. E o pior é que ele estava certo. Eu sempre fora fraca, a morte de meus pais só me deixara mais insegura e medrosa. Eu realmente era inútil. E agora estava aí, sendo desmascarada pela última pessoa que eu queria que fizesse isso. Pude sentir minha visão se nublar diante das lágrimas. Eu iria chorar, como a boa medrosa que era.

– Então se me odeia assim, nunca, nunca mais apareça na minha frente. Vou fazer o mesmo. Adeus Evan. – abri a porta do carro e saltei para escuridão.


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