Capitulo 1°: Pequeno Harry

 - Força – disse a mulher, Lilian segurou com força na barra de ferro que tinha no espelho de sua cama, estava escuro do lado de fora, ela pode ver pela janela quando olhou para o lado.

 - Eu não vou agüentar – disse, sua voz demonstrava o quanto ela estava cansada, o suor escorria pelo seu rosto sem cessar.

 - Já estou vendo ele Lily, força você vai conseguir – disse com entusiasmo ao ver cabelos pretos aparecendo, Lilian fechou os olhos buscando forças dentro de si, estava quase desistindo quando sentiu um alivio e escutou o choro.

 Não era um choro qualquer, e sim o de um bebe, o seu bebe, o seu filho. Ela soltou o espelho da cama e suas mãos escorregaram para o lado do seu corpo, ela respirava forte e sorria, viu a mulher embrulhar o bebe em um lençol e ir para o seu lado.

 - Me dê ele Alice, me dê meu filho – pediu estendendo os braços.

 - É um menino Lily – disse contente, Lilian sorriu mais ainda, do jeito que ela queria.

- Parece com o Tiago – disse com lágrimas nos olhos, o menino que chorava ate aquele momento parou assim que sentiu o cheiro da mãe, seus olhos se abrindo devagar para vê-la – têm meus olhos, Harry, meu pequeno Harry – falou emocionada, Alice sentou na cama ao lado dela admirando mãe e filho juntos.

 - Não acha que esta cedo para dizer com quem parece? – perguntou Alice olhando o bebê, ele ainda estava sujo de sangue e tinha uma massa branca por todo seu corpo.

 - Você não vê Alice? É a cara do Tiago – insistiu Lilian contente.

 - Eu não... – Alice foi interrompida por um barulho, a porta havia sido aberta bruscamente e um homem alto e corpulento entrou pelo quarto a passos largos, parou em frente à cama e ficou olhando a mulher que segurava o bebê protetoramente.

 - Me dê ele – disse ríspido, Lilian negou com a cabeça, ele se aproximou da garota e com força arrancou o menino de seus braços.

 - Não pai, não faça isso, PAAAAAI – ela gritava desesperada ao ver seu pai sair com a criança que chorava alto, e incapaz de ir atrás de seu filho Lilian ficou ali, chorando a dor de tê-lo perdido.

***

 - O que você vai fazer Richard? – perguntou Pietra quando viu o marido passar por ela com a criança chorando nos braços, ele olhou com raiva para a esposa.

 - Vou me livrar do bastardo – ele disse grosso olhando para ela.

 - Mas é seu neto – disse, colocou a mão sobre a barriga apreensiva.

 Ele não respondeu, apenas saiu com a criança que ainda chorava, nos fundos da casa entrou em um quarto pequeno, colocou a criança na cama com certo cuidado e ficou esperando, minutos depois uma mulher apareceu de cabeça baixa, era a mesma mulher que havia feito o parto, Alice.

 - O que o senhor pretende fazer com a criança Conde? – ela perguntou apreensiva sem olhá-lo.

 Todos os empregados agiam dessa mesma forma, ele não permitia que seus “subalternos” o olhassem, ele dizia ter sangue nobre, era descendente do Conde de Doncaster, veio de uma família muito antiga de Londres, por isso se julgava da nobreza e estava acima de todos os outros.

 - Você o levará para bem longe – ela assentiu com a cabeça – eu não quero ouvir falar nessa criança – assentiu novamente – e depois você vai desaparecer – ela olhou para ele de olhos arregalados – você será a única a saber de sua localização, não a quero por perto, darei dinheiro para que suma de Londres – ela assentiu novamente, não pretendia ir contra uma ordem do Conde, ele era um homem bastante poderoso.

 Ele saiu do quarto deixando Alice e o bebe chorando para trás, ela olhou para a criança na cama pensando no que faria quando saísse dali, para onde iria, ela se ajoelhou em frente à cama olhando Harry, ficou observando o bebe e viu que Lilian estava certa, ele parecia realmente com Tiago.

 - Alice – disse um homem entrando no quarto, ela olhou para trás vendo Frank parado a olhando da porta, ela se levantou e correu ate ele o abraçando.

 - Ele mandou que eu desaparecesse Frank, mandou dar um sumiço no pobre Harry, o que eu vou fazer? – ela perguntou nervosa abraçada ao homem, à cabeça encostada no seu peito.

 - Não se preocupe Alice, ficara tudo bem – ele disse soltando ela – agora arrume suas coisas, e... – ele parou olhando o bebe deitado quieto na cama, viu que ele ainda estava sujo – de um jeito na criança, o Conde me mandou acompanhá-la ate a estação.

 - Vai me deixar sozinha? – ela perguntou sentindo o medo a atingir, ela já não sabia o que fazer, e ficar sozinha não iria ajudar em nada.

 - Nunca Alice, nós vamos encontrar Tiago na estação, ele pegara o filho e você vai para Bexley, vai ficar me esperando lá e em alguns dias irei buscar você e vamos embora de Londres – ela olhou para Frank os olhos cheios de lagrimas, não parava de pensar em Lilian e em Harry, e no que o Conde faria se descobrisse.

 - Estou grávida Frank – ela disse de repente, ele arregalou os olhos como se não acreditasse naquilo.

 - Está falando sério? – ele perguntou e ela assentiu, ele encostou os lábios no da garota feliz – comemoraremos depois temos muito o que fazer agora, cuide Alice.

 Com um pouco mais de ânimo Alice cuidou de Harry, depois de dar um banho na criança colocou uma das roupas que Lilian tinha conseguido para seu filho, enrolou ele em lençóis para que ele ficasse aquecido e colocou-o dentro de um cesto grande, arrumou todos os seus pertences que não eram muitos, coube tudo em uma única mala.

Quinze minutos após sair da propriedade dos Evans, Frank e Alice chegaram à estação, estava tarde e não tinha muita gente, as ruas estavam vazias, Alice estava agarrada ao braço de Frank e segurava o cesto em que Harry dormia quieto, Frank levava a pequena mala da mulher, não demorou em que achassem Tiago, que assim que os viu correu até eles ansioso.

 - Vocês demoraram – disse nervoso – como Lily esta Alice? – ele perguntou, a aflição na sua voz era notada facilmente.

 - Lilian esta bem, ocorreu tudo bem não se preocupe com isso – disse, então ele notou o cesto, um sorriso bobo se formou no seu rosto ao perceber o que havia no cesto.

 - É ele? É o Harry? – Tiago perguntou ansioso.

 - É sim, mas como sabe que é menino? – Alice perguntou sorrindo, passou o cesto para Tiago.

 - Eu e Lilian sabíamos que seria um homenzinho – ele disse emocionado olhando o filho – parece comigo – ele disse contente.

 - Tem os olhos da Lily – ela disse, Frank assistia a cena calado, colocou a mão sob a barriga de Alice se lembrando do que ela havia contado, mas antes que Tiago conseguisse pegar seu filho nos braços uma voz atrapalhou.

 - Eu temia que isso fosse acontecer – Tiago levantou rápido se pondo na frente do cesto – temia que você fosse um traidor Frank, igual ao seu amigo Potter – Richard disse, estava cercado dos seus capangas, ele se aproximou lentamente – já vi que terei que dar um fim no bastardo eu mesmo – ele disse, Tiago rosnou de fúria o que surpreendeu Alice ao seu lado.

 - Você é um monstro Richard, não vai se aproximar do Harry, nunca tocará no meu filho – ele disse com raiva.

 - Fique olhando Potter – disse e fez sinal para os seus homens que a passos largos se aproximou do trio.

 - Alice, pegue o Harry e saia daqui – Frank disse se pondo na frente dela ao lado de Tiago.

 Ela pegou o cesto no chão e saiu apressada, Harry acordou com o movimento e começou a chorar, Alice ainda olhou para trás no momento em que uma briga havia começado, viu três homens com Frank e mais três com Tiago, mas seu medo só fez aumentar ao ver que um dos homens vinha atrás dela.

 Assustada Alice não sabia para onde correr, a estação estava vazia, e mesmo que tivesse alguém, não haveria quem a ajudasse. Avistou o banheiro e correu para dentro, sabia que não poderia fazer muito ali, mas não sabia mais o que fazer, ela trancou a porta e correu por ele sem saber para onde ir, entrou em um dos boxes e colocou Harry ali o ninando na esperança que ele parasse de chorar ate que escutou a batida na porta.

 Por sorte ou não ela não conseguia decidir o garoto parou de chorar, ela fechou a porta do Box e foi para trás de um armário. Olhou pelo lugar a fim de encontrar algo que pudesse usar como arma, mas nada parecia ser útil.

 - Abra Alice, sabe que não vai poder ficar ai para sempre, facilite as coisas para mim – ela escutou alguém dizer do lado de fora, ela reconheceu a voz na mesma hora, era Snape – vamos Alice, não me faça arrombar a porta – ele falou novamente, alguns segundo depois um estrondo alto soou no banheiro, Snape havia derrubado a porta. O barulho acordou Harry que começou a chorar – eu avisei – ele disse, ela sentia a malicia em sua voz, Alice viu quando Snape devagar seguia o choro de Harry, então ele abriu a porta do Box que ele estava, um sorriso se formou no rosto dele, Alice não sabia o que fazer.

 - Não Severo – ela disse saindo de trás do armário, ele olhou para ela estava parado na porta do Box, Harry chorava alto – não faça isso Severo – ela pediu.

 - E por que eu não deveria fazer?

 - É o filho da Lilian – ela disse.

 - Com o Potter – ele respondeu fazendo careta.

 - Por favor, Severo! Pelo que você sente pela Lilian, não faça mal ao Harry – ela pediu e o viu hesitar, se aproximou pensando que havia conseguido alguma coisa – é uma criança que não tem culpa do que aconteceu, e o mais importante Lilian ama ele, ama o Harry – ela disse parando em frente ao homem, ele olhava para o nada, Alice pensou ter conseguido, olhou para dentro do Box onde Harry estava e quando ia entrar sentiu alguém segurar seu braço.

 - É o filho do Potter, não posso fazer nada por ele – ele disse puxando Alice de perto do bebe.

 - Severo não você não... – ele interrompeu Alice dando-lhe uma tapa, ele estava com raiva e usou força demais ela caiu para trás inconsciente, Snape prendeu a respiração vendo o que havia acabado de fazer.

 - Snape – ele escutou alguém chamando, se apressou em pegar a criança e saiu antes que os outros entrassem ali, os outros homens o esperavam do lado de fora.

 Eles seguiram em direção onde outras pessoas os esperavam, quando chegou onde o Conde estava ele viu Tiago e Frank caídos no chão, inconscientes, ele parou na frente do Conde e mostrou o bebe.

 - Livre-se dele Severo, sei que você vai conseguir isso – ele disse sério, Snape assentiu e assistiu o homem sair da estação seguido dos capangas.

17 anos depois...

- Kart 17 vai para a última volta – a voz do narrador soou pelo Kartodromo – ele esta em primeiro lugar seguido do Kart 15.

 - Vai Ron! – a ruiva gritou empolgada assistindo a corrida.

 - Ele não vai te ouvir Gina – o seu irmão disse ao seu lado.

 - Eu sei Jorge, só estou empolgada – ela falou e o garoto deu de ombros.

 - Ele esta próximo da linha de chegada, o Kart 17 pilotado por Ronald Weasley, esta perto de ganhar à final, e ele passa em primeiro lugar – o homem fala, a gritaria ecoa pelo local.

As pessoas nas arquibancadas gritavam contentes com o resultado, Ronald era o favorito para ganhar o campeonato interno, ele parou o Kart logo depois da linha de chegada e saiu do carro, tirou o capacete sorrindo e acenou para a arquibancada, ele era conhecido entre as pessoas que gostavam daquela atividade e tinha um futuro promissor como piloto de Formula um.

 - Parabéns Ronald – um homem disse o fazendo desviar sua atenção dos seus colegas que o parabenizavam.

 - Sr. Jules, muito obrigado – ele disse apertando a mão do homem, ele era o diretor do Kartodromo e tinha preparado o campeonato.

 - Vim entregar o troféu – ele disse, Ron seguiu o homem junto dos outros que também receberiam o troféu, havia um pequeno palanque em um canto do Kartodromo com um pódio, eles subiram no lugar e o homem pegou um microfone – em terceiro lugar Katie Bel – ele entregou um troféu menor a uma garota – em segundo Draco Malfoy – ele disse entregando a um garoto loiro o troféu um pouco maior – e em primeiro lugar Ronald Weasley – ele entregou o maior troféu ao ruivo, ele ergueu o troféu cheio de si ouvindo a gritaria pelo Kartodromo.

 - Parabéns maninho! – disse Gina abraçando o irmão.

 - Valeu Gina, e então prontos pra festa? – ele perguntou animado entrando no carro que esperava por eles.

 - Rony, estávamos com uma duvida... – Jorge começou.

 - E se você tivesse perdido como ficaria a festa? – Fred completou, Ron sorriu olhando para os irmãos sentados de frente para ele e Gina na limusine.

 - É verdade Ron, o que você faria se tivesse perdido a corrida? – Gina perguntou tão curiosa quanto os outros irmãos.

 - Ta de brincadeira né? Eu perder? – ele disse presunçoso fazendo seus irmãos rirem.

 - Leon você pode para na MC Donalds? Estou morrendo de fome – Gina pediu, os irmãos negaram algo com a cabeça.

 - Claro Srt Weasley – o motorista disse.

 O carro parou, e o de trás que os seguia também, Gina desceu e dois homens de preto desceram e ficaram ao seu lado, ela revirou os olhos detestava aquilo.

 - Só vou comprar um sanduiche – ela disse e um dos homens voltou ao carro.

 Antes que Gina pudesse entrar na lanchonete algumas pessoas saíram correndo de lá, e a gritaria chamou sua atenção, os três que saiam apressados esbarraram na ruiva quase a derrubando, mas o outro que passou sozinho conseguiu derrubar a garota caindo por cima dela, Gina olhou bem para o garoto que ficou em cima dela alguns segundos e foi impossível não notar seus olhos verdes.

 - Me solta – ele gritou para o segurança que o tirou de cima de Gina, ele se soltou do homem desesperado e saiu correndo na mesma direção que os outros, Gina ficou olhando atônita na direção em que ele saiu.

 - Esta bem Srt Weasley? – o homem perguntou ajudando ela a se levantar.

 - LADRÕES – um homem apareceu na porta gritando, mas já era tarde, o grupo já tinha sumido de vista.

 - Gina você ta bem? – Rony perguntou, ele tinha saído do carro e corrido ate a irmã.

 - Ta tudo bem, só acho que arranhei meu cotovelo – ela disse levantando o braço e mostrando o lugar arranhado.

***

 - Vem Harry corre – a garota gritou, o grupo corria rapidamente pelas ruas de Londres.

 Harry correu mais e conseguiu acompanhar o grupo, e em apenas alguns minutos eles estavam em Kings Cross, à estação de trem de Londres, e indo pelo caminho que só eles conheciam, entraram no que eles chamavam de casa, o lugar abandonado que ficava “embaixo” da estação.

 - Conseguimos – uma garota loira disse contente.

 - Ainda bem Luna, porque eu to morrendo de fome.

 - Quando você não esta com fome Lino? – o outro garoto perguntou rindo.

 - Ok, vamos ver o que conseguimos – Harry disse, os garotos sentaram no chão – e então Simas?

 - Fiquei com as fritas – ele disse contente.

 - Luna?

 - Consegui salvar dois refrigerantes.

 - Lino?

 - Consegui todos os sanduíches, quatro – ele disse orgulhoso, os garotos estavam contentes com aquilo.

Em vinte minutos eles comeram tudo, estavam satisfeitos deitados em colchonetes espalhados pelo pequeno quarto, mas nenhum deles parecia ser garoto de rua, vestidos com roupas em perfeito estado, ninguém acreditaria que eles não tinham pais.

 - Vou lá pra cima – Harry disse se levantando e olhando seus amigos.

 - Vou com você Harry – Luna disse ficando em pé.

 - Ok! Vejo vocês depois.

 Eles subiram as escadas que arrudeavam a estação e saíram sem serem vistos. Tinham que fazer aquilo com cuidado, não queriam que o “lar” deles fosse descoberto, ele e Luna estavam na frente da estação quando uma voz atrás de Harry o fez parar.

 - Achei você.