Ah, o Amor... escrita por rooh_


Capítulo 1
Capítulo único




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E havia sol. O astro rei emanava sua radiação sobre os mortais viventes e aquecia aquele ambiente infantil. Havia areia, uns balanços, umas gangorras, dois escorregadores e aqueles brinquedos giratórios cujo nome ninguém nunca sabe. Algumas babás distraídas com romances baratos descansavam as pernas sentando-se sobre os bancos, usando bonés feios de cores que não combinavam. As crianças corriam, gozando a liberdade da fase inicial da vida.

Aquelas faces rosadas que, se não fossem coradas dessa forma, seriam brancas como porcelana, complementadas por olhos castanhos escuro, cabelos de mesma cor que não sabiam se se esticavam ou se enrolavam, presos dos dois lados da cabeça, bem no alto. Aquela que mais parecia uma bonequinha de louça brincava, quieta, no banco de areia, sem se preocupar com a umidade sobre a qual estava sentada, que provavelmente sujaria seu vestido azul-bebê. Nada disso importava; a mãe observava ao longe, através de seus óculos de sol vintage, à la gatinha, sob seu chapéu de palha, com seu batom vermelho e seu macacão florido, espevitada. “Ah, mas ela é mesmo um chuchu!” gemia de prazer diante de tamanha fofura, e tirava tantas fotos que jamais poderiam ser catalogadas. E a menina virava o baldinho, cheio de areia.

Para ela, nada havia que poderia superar a beleza da areia entornando, formando uma pequena e delicada duna. A beleza do derramamento a embebia – ela despejava o conteúdo do balde lentamente, e depois o enchia para despejá-lo de novo. Chegou a fazê-lo dezenas de vezes, sem importar-se com o que acontecia ao redor. Sem perceber que era observada.

Aqueles olhinhos inquietos finalmente sossegavam – um par de íris cor-de-mel fitava com uma atenção nunca antes registrada. O alvo: aquela desconhecida branquelinha que brincava de despejar baldinho. Que retardada! Aquela idiota não sabe o que é brincar. Por que estaria me preocupando com ela? Ela é só uma boba, que deve ser muito chata. É tão limpinha que com certeza nunca se divertiu. Coitada!

 - Oi – disse o garoto.

 - Oi – respondeu a linda menina.

 - Quer brincar no balanço?

 - Minha mamãe falou que eu posso machucar...

 - Não, não machuca não. Eu brinco lá desde que eu tinha cinco anos e meio e nunca machuquei.

 - Quantos anos você tem?

 - Seis. – Aquele olhar inquieto do novo conhecido inspirava nela um ar de aventura que ela nunca havia experimentado. A superproteção da mãe a havia privado de várias experiências. Seus cabelos dourados brilhavam à luz diurna daquela manhã de Abril. E, num impulso, seguiu o colega na direção do temido brinquedo.

 - Qual seu nome?

 - Francisco. E o seu?

 - Celina.

 - Que nome estranho!

 - O seu é que é. Nome do meu avô. Você tem nome de gente velha!

E a conversa durou.


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Notas finais do capítulo

Deixar reviews não dói (eu acho) e agrada ao autor. (:



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