I Hate You Then I Loved You escrita por Tatiana Mareto


Capítulo 4
Capítulo 4




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No hotel, várias horas mais tarde.

_Brenda. – Julie entrou banheiro adentro. A amiga escovava os dentes. Não tinha falado nada desde que voltaram do jantar. Jantar que Julie adorou, apesar de ter ficado um tanto apavorada. Alex era uma pessoa espirituosa, divertida e linda. Sim, ele era lindo... desde o momento em que o vira na porta do quarto até o momento em que se despediram, no mesmo lugar, ele era... lindo. Jamais achou que a Ásia escondia beldades como aquela.

_Xim... – Boca cheia de espuma.

_O que tem para me contar que você não contou e que seu ex-noivo ficou doido para falar?

_Ah... esse assunto de novo? – Brenda lavou a boca. – Não existe nada disso, o Alex só que me infernizar. Ele adora isso; é seu esporte favorito.

_Ele quer, mas pareceu falando sério.

Brenda coçou a cabeça. Ela não se livraria de contar a Julie alguns segredos do passado. Ela tinha muitos, mas ela não sabia quais precisaria revelar. Pensou que poderia esperar as situações acontecerem, mas Julie estava extremamente curiosa... e não a deixaria em paz. Era melhor abrir-se logo... mas era também um tanto doloroso.

_Céus, meus fantasmas estão de volta. – Brenda jogou-se na cama. – Estou cansada, podemos falar sobre isso amanhã?

_Agora. – Julie não desistiu.

_Tá bom... – Brenda respirou fundo. – Não vai me deixar fugir, certo?

_Certo.

_Ok. Alex foi meu noivo... nos conhecemos no dia em que cheguei a Taiwan. Ele sempre gentil, simpático, maravilhoso... você viu. Ele é lindo. Me apaixonei instantaneamente... mas foi só paixão.

_Só paixão? – Julie riu. – Ah, quem me dera um homem desses apaixonado por mim!

_Estou falando sério. – Brenda atirou um travesseiro em Julie. – Na verdade, foi paixão... e depois nosso amor se desenvolveu de um jeito diferente. Eu me sentia como sua irmã... temos uma relação de pele e alma que nem eu mesma entendo. Pois bem... eu acabei me mudando para Hong Kong por causa dos estudos. Nos afastamos um pouco, e eu passei por problemas.

_Problemas?

_Psicológicos. Eu fiquei internada em um hospital por seis semanas... só ele sabe isso. E agora você. Eu passei por... bem, eu um dia te conto o que houve, ok? Eu posso dizer que tive os problemas, que fiquei internada, mas falar sobre isso... agora não, hoje não, depois de ver Alex não.

_Ok... – Julie entendeu que a amiga já havia se esforçado demais. – Obrigada por confiar em mim... mesmo com tanta pressão.

Brenda apagou a luz do abajur e pensou em dormir. Se ela conseguisse... afinal Brenda não dormia facilmente. Mas passar duas noites em claro seria demais, nem ela agüentaria. Seu corpo desabaria, ela sabia. Mas...

_Você se esqueceu de uma coisa. – Julie devolveu o travesseiro. – Não me disse quem é Wannie.

Brenda ficou em silêncio, tentando fingir que dormia. Ou ao menos que estava surda. Julie colocou a mão no interruptor e acendeu a luz.

_Brenda... Wannie.

_O que você quer saber? – Brenda sentou-se, irritada. Aquela conversa não teria fim! Fantasmas... todos eles de uma vez só.

_Quem ele é... você disse um ser humano desprezível, o Alex disse que você não o suporta...

_E não suporto. Ele é amigo do Alex... eu os conheci praticamente juntos, mas ele é uns dois anos mais novo que eu. É uma praga... perturba, é metido... eu não o tolero. – Era o que Brenda pretendia contar sobre Wannie.

_Ok... agora você me fez querer conhecê-lo. – Julie apagou a luz e se deitou, imaginando afinal que monstro verde e verruguento seria o tal Wannie.

_Não queira... ele é irritante. Vai grudar em você...

_Tá bom.

 

Um dia no escritório.

O dia chegou, quente e desafiador. Era dia de trabalho; primeiro dia de trabalho em outro continente. Brenda e Julie foram de táxi ao escritório onde trabalhariam. Elas ainda não tinham certeza se ficariam na produção musical ou comercial, mas tanto fazia. Elas faziam de tudo mesmo. Gregory deixara organizado com a equipe que as ajudaria em Hong Kong, pois o projeto era da Venon. A empresa de Hong Kong apenas seria o vetor de tudo. Isso as duas sabiam, e fariam dar certo. Afinal, o projeto foi cuidadosamente desenvolvido por elas...

Brenda chegou falando em mandarim, conversando com todos. Julie sentiu-se meio excluída, pois não entendia nada do que falavam. Realmente, aquele trabalho seria interessante... e talvez penoso. Todas as diferenças seriam complicadas de lidar... mas pela interação de Brenda com o ambiente, talvez ela tivesse alguma sorte.

_Ok, você pode traduzir tudo para mim. – Julie protestou, sentando-se na cadeira que lhe era destinada.

_Sim, posso... mas é melhor falarmos em inglês. – Brenda notou que precisava ajudar a amiga.

_Seu celular está tocando. – Julie resolveu fazer a amiga notar o que acontecia. O celular de Brenda tocava há segundos e ela não respondia.

_Sim... deve ser o Alex.

_Deve?

_Só ele tem esse número aqui...

_ATENDA, mulher! – Julie pegou o telefone, nervosa. Ela não estava suportando a nova Brenda... tão parada e lenta. – Alô...

*_Brenda? É você?

_Ok, pânico aqui! – Julie jogou o telefone para Brenda. – O cara falou em uma língua bem estranha... ele não disse alô.

_Mandarim?

_Como vou saber?

Brenda comprimiu seus lábios e decidiu atender. Deveria ser Alex, de brincadeira com Julie. Aquele taiwanês... insuportável.

*_Wei...

*_Não falo mandarim... você deveria saber.

O sangue de Brenda ferveu instantaneamente. Todo o calor do ambiente estava então dentro de suas veias. Se estivesse em um desenho animado, sairia fumaça de seus ouvidos. Seus olhos ficaram vermelhos como duas bolas de fogo. Julie sentiu algo errado com a amiga. Uma simples frase, um telefonema... mas algo a tirou do controle, completamente.

_Brenda... o que foi?

*_Como você descobriu esse número? – Ela indignou-se

*_Lee me deu.

*_Ah, deveria saber... o que você quer comigo, musgo?

*_Faz tempo que ninguém me chama assim... então, está em Hong Kong! Voltou para casa...

*_Aqui não é minha casa. E você, não tem trabalho? Por que está me ligando?

*_Sim, tenho... não quer saber qual?

*_Não.

*_Lembre-se da palavra Shinhwa. Quando a ver, vai querer me ligar.

*_Eu conheço a palavra Shinhwa, musgo. E fique ciente de que nada nesse mundo vai me fazer ligar para você. Nem mesmo o Shinhwa.

Brenda desligou o telefone com a respiração acelerada. Era impressionante como aquele homem a afetava. Ela simplesmente mudou da mulher tranqüila e focada no trabalho que chegou ao escritório para uma pessoa possessa e cheia de ira.

_O que foi? – Julie continuava perguntando. – Que língua é essa? Quem era?

_Isso é Coreano... eu estava... falando com Wannie. – Brenda disse, entre os dentes.

_Wannie? Aquele, do jantar?

_SIM! Ele ousou me ligar, acredita?

_Bem, ele pega no pé... como você falou.

_Sim, um musgo. Esse é o apelido dele... musgo. Arght, vamos trabalhar... ao menos, vamos descobrir o que vamos fazer. Preciso me concentrar, e ele atrapalha qualquer tipo de concentração.

Julie riu, e foi com Brenda pegar os papéis das contas que gerenciariam. Aquele horror todo a um homem não podia ser normal... a não ser que ele fosse realmente um ser asqueroso. E ele ligando, no segundo dia dela na cidade? Julie não acreditava em tanto pavor assim, havia algo atrás daquilo tudo.

Os papéis das contas foram trazidos pelo office boy, e as duas mulheres começaram a analisar o material com que trabalhariam.

_Seremos produtoras musicais... – Brenda coçou a cabeça. – E também lidaremos com comerciais? Vão nos explorar por aqui!

_Bem, faz tempo que não fazemos isso! – Julie respirou fundo. – Será bom trabalhar com música outra vez, ao menos.

_Vamos trabalhar bastante com o Alex, pode ter certeza. Ele toma conta de Taiwan... ehe.

_Isso não será ruim...

_Aha... – Brenda riu. – Então gostou de Alex... ele tem que ficar sabendo disso.

_Nem pensar! Quem disse que gostei dele?? – Julie, envergonhada.

_Vocês passaram uma noite discutindo sobre meu passado sombrio... e agora você quer fugir de ser a bola da vez? Aha! Nem vem, vou gostar disso... Julie Simmons interessada em Alexander Wang Lee Hom?

_Pode parar, Brenda. – Julie continou a ler os papéis. – Arght, não entendo nada do que está escrito aqui... só tem bolinhas e tracinhos! Só essa palavra eu entendo... Shinhwa, nem sei como fala.

Uma luz de alerta acendeu na cabeça de Brenda. Aquela palavra era conhecida...

_Deixe-me ver isso! – Brenda tomou os papéis da mão de Julie. – Shinhwa... isso é coreano, Ju. Estou sendo perseguida, só pode... não acredito que eles estão na GoodEnter!

_O que é GoodEnter??

_Nosso melhor cliente Coreano. – Uma pessoa juntou-se às duas. Tinha feições orientais e vestia-se como executiva. – Deixe-me apresentar... Mei Xing, acessora. Vou ajudá-las com o projeto. Como eu dizia, a GoodEnter é nosso melhor cliente. Ela adora divulgar seus produtos pela Ásia em geral, e seus artistas sempre fazem todo o tipo de promoção...

_O que tem esse Shinhwa então, Brenda?

_São um grupo vocal. – Mei Xing sorria, explicando tudo como se elas pouco conhecessem os fatos.

_É o grupo do Wannie. – Brenda bateu com a cabeça na mesa. – Os deuses conspiram contra mim... só pode ser brincadeira.

_Ah... entendi. – Julie mais uma vez caiu na gargalhada. – Isso significa que você terá que trabalhar com seu odiado amigo e eu terei que conhecê-lo.

_Não entendi nada... – Mei Xing coçou a cabeça.

_É uma história interessante... posso te contar no almoço. – Julie não parava de rir. – Mas diga, você teria uma foto desse grupo aí?

_Claro!

Mei Xing caminhou até uma estante, e retirou algumas pastas enormes.

_Esses são portfolios... todos os trabalhos fotográficos ficam ali. Você quer foto do grupo? – Mei Xing mostrou um photoshoot em tamanho extra grande a Julie. Brenda tentava afogar-se na madeira, enquanto a amiga se divertia com aquilo.

_Eles são... bem simpáticos. – Julie tentou ser educada.

_São sim... bastante lindos. E são coreanos.

_Isso faz alguma diferença?

_Bem, coreanos são mais fotogênicos... e o grupo tem um apeal bastante sensual... eles sempre fotografam assim. – Mei Xing mostrou uma foto bastante sensual para Julie. Era um rapaz vestindo uma camisa e apenas uma cueca boxer. – Propaganda de uma grife de underwear...

_Você tem alguma coisa assim da pessoa de quem ela falou?? O tal Wannie?

_Wannie? Kim Dongwan? – Mei Xing riu, ficando com as bochechas vermelhas. – É ele mesmo... esse da foto é ele.

Julie arregalou os olhos, franzindo as sobrancelhas. Seu queixo tocaria o chão. Ela olhou para Brenda, e para Mei Xing... e de novo para a foto, completamente atordoada.

_Como assim é esse da foto? – Julie pegou a foto nas mãos. Sua expressão era mais de espanto do que de satisfação em finalmente conhecer Wannie. – Brenda, esse homem é o homem que você diz odiar? Que acabou de te ligar???

Julie fez Brenda levantar a cabeça e olhar para a foto, depois de seu escândalo. Brenda apertou os lábios, cara de desdém. Sim, era ele... como sempre, ele. E ela sentiu um calafrio lhe percorrer o corpo. Ele estava diferente... mas ainda era o mesmo.

_Sim, é ele... o que tem demais? Ele vive de cueca mesmo.

_COMO ASSIM O QUE TEM DEMAIS? Ele é... lindo! – Julie respirava difícil. – Ok, ele é mesmo lindo... o que é tudo isso???

_Nah, ele não é tão lindo assim... o Alex é muito mais.

_PODE SER! Mas... ok, guarde essa foto por favor! – Julie entregou a imagem a Mei Xing, que estava se divertindo com a conversa entre as duas amigas. – Você sabe como eu imaginava esse homem? Desde ontem, depois que você me disse que o odiava, e desde que você o chamou de musgo? Eu o imaginava verde!! Um monstro feio, verde, enrugado!

_Ele definitivamente não é verde. – Mei Xing ria.

_Nem monstro e nem enrugado! – Julie teve que concordar. – Aliás, ele é um deus grego!

_Podem parar... isso é só fisicamente. Ele é muito perturbado, se você o conhece pessoalmente.

_Não vou mais ouvir você falar dele. – Julie colocou as mãos sobre o ouvido. – Não vou... recuso-me a acreditar que tudo isso seja tão irritante como você fala. Então Mei Xing... é com eles que trabalharemos primeiro?

_Sim, é com eles. A conta mais importante é da GoodEnter, e seu chefe disse que vocês eram as melhores... então, entregamos só essa conta a vocês pelas duas primeiras semanas do projeto.


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